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ÉTICA E BIOÉTICA
Professor: Cleanto Santos Vieira
Aula 4 - A Ética contemporânea
ÉTICA E BIOÉTICA
• A ética contemporânea:
• O Iluminismo separou a ética da
religião no século XVIII inaugurando
uma releitura da ética, quando
estabeleceu críticas voltando a
centralizar o foco na razão, o que foi
uma aposta na autonomia humana
e na crença do progresso.
• A visão ética é estabelecida em um
viés amplo, não só a determinado
grupo e sim no contexto da
humanidade.
Aula 4 - A Ética contemporânea
ÉTICA E BIOÉTICA
• A revolução francesa pregou o ideal
de Liberdade, Igualdade,
Fraternidade, centrando o foco na
questão da tolerância com as
diferenças e o estabelecimento de um
“pacto social”.
• O que deveria ser garantido pelo
“Estado” para permitir uma igualdade
efetivada pela restrição parcial da
liberdade.
Aula 4 - A Ética contemporânea
Revolução Francesa pintada por Eugenne Delacroix
(1798 – 1863).
ÉTICA E BIOÉTICA Aula 4 - A Ética contemporânea
Neste período, iniciou-se um dialogo em torno
dos direitos humanos, culminando com a
“Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão” em 1789.
Representando o iluminismo alemão, Immanuel
Kant exerceu forte influencia na universalização
dos preceitos conceituais da ética humana.
“Não é tarefa da ética normatizar, pois, sendo de
caráter puramente racional, é guiada apenas pela
boa vontade”.
Assim, a ética segue os mesmos parâmetros da
moral, mas ao racionalizar os atos, seleciona
como corretos apenas o que está em
concordância com a razão. Immanuel Kant
ÉTICA E BIOÉTICA Aula 4 - A Ética contemporânea
O agir corretamente passa, não só pelo conceito de liberdade,
mas também de responsabilidade pelos próprios atos e
intenções.
O problema é que o ato pode não corresponder à intenção,
motivado pela inclinação moral, onde a racionalização serve
de parâmetro.
Reside neste ponto outro problema, já que o homem encontra-
se na menoridade, sendo incapaz de fazer uso do próprio
entendimento.
Os ideais iluministas aparecem como inicio da maioridade
humana, justamente por proporem o conhecimento como base
da racionalidade.
ÉTICA E BIOÉTICA Aula 4 - A Ética contemporânea
Pensando na natureza falha da razão humana, Kant propõe que
imperativos passem a servir de referência para o agir.
O imperativo é uma regra obrigatória que deve nortear a
normatização da vida racional.
O imperativo categórico, aquele que deveria ser dever de toda
pessoa, estando também vinculado com a moral, é definido como
agir pela vontade, de tal forma que a ação possa ser tomada como
uma lei universal da natureza.
Portanto, tornar padrão o comportamento que seria aprovado
como correto em qualquer caso e por qualquer pessoa.
ÉTICA E BIOÉTICA Aula 4 - A Ética contemporânea
A partir das leis da física de Isaac Newton, a sociedade passou a
ser vista como máquina, onde a ética atenderia e regularia seu
funcionamento.
Esta concepção de ética, a tendência utilitarista, inaugurada
pelo empirismo, também ganhou força a partir do século XVIII,
principalmente por conta dos avanços da Ciência.
“Se pude enxergar mais longe é porque estava de pé sobre os
ombros de gigantes”
“Se fiz descobertas valiosas, foi por ter mais paciência do que
talento”
ÉTICA E BIOÉTICA Aula 4 - A Ética contemporânea
Enquanto a teoria evolucionista de Charles Darwin possibilitou
conceber a moral como produto da evolução do comportamento
humano.
Tendências que transformaram a ética em Ciência do julgamento dos
atos morais, alterando normas de comportamento, pensadas em
beneficio da utilidade para a vida coletiva harmoniosa.
Charles Darwin – 1822 – 1911
“A origem das espécies”
“O homem ainda traz em sua estrutura física a marca indelével de sua origem
primitiva”
“A beleza é o resultado de uma seleção sexual”
“Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas sim o que melhor se
adapta as mudanças”
ÉTICA E BIOÉTICA
Aula 4 - A Ética contemporânea
Essas tendências transformaram a ética em
Ciência do julgamento dos atos morais,
alterando normas de comportamento, pensadas
em beneficio da utilidade para a vida coletiva
harmoniosa.
A rigor, o utilitarismo surgiu na Grã-Bretanha,
representado por Jeremy Bentham e John
Stuart Mill, contrapondo-se a ética kantiana ao
relativizar o conceito de eudaimonia, afirmando
que o “correto é aquilo que traz felicidade para o
maior número de pessoas”.
“É inútil falar no interesse da
comunidade sem entender o
interesse do indivíduo”
“O gênio só pode respirar
numa atmosfera de liberdade”
ÉTICA E BIOÉTICA Aula 4 - A Ética contemporânea
Friedrich Hegel, no século XIX, discute se os princípios
éticos condicionam a história, ou, ao contrário, esta modifica
os parâmetros.
Algo que poderia conferir a ética uma grande semelhança
com a moral.
Embora Hegel nunca tenha escrito especificamente sobre a
ética, até porque considerava esta como mero sinônimo de
moral, sua concepção foi herdeira das discussões do século
XVIII, vinculando a vivência ética com a política, a
sociedade e a história.
Para ele, como também para a tradição estabelecida a partir
do século XVI, o Estado deveria garantir a vivência ética.
“A história ensina é que os governos e as
pessoas nunca aprendem com a história”
– Friedrich Hegel – 1770 - 1831
ÉTICA E BIOÉTICA Aula 4 - A Ética contemporânea
Friedrich Nietzsche, na segunda metade do século XIX, tornou
a ética definitivamente uma Ciência, totalmente desvinculada
da religião.
Para ele, a ética é o centro, justificativa e fundamentação das
ações humanas; constituindo o elemento que torna possível a
convivência, estabelecendo padrões de comportamento que
reprime a natureza.
É neste contexto que se insere o conceito de além-do-homem
- Übermensch -, erroneamente traduzido como super-homem.
Trata-se da defesa do sujeito superar sua humanidade, sua
natureza falha, para ir além do bem e do mal, da moral
estabelecida, racionalizando as ações para transformar-se de
escravo em senhor, guiado pela autonomia de pensamento.
ÉTICA E BIOÉTICA Aula 4 - A Ética contemporânea
Esta conjuntura formou o conceito e ética como Ciência
normativa, baseado na construção interna do sujeito e
externalizada na preocupação racional com o outro; a despeito
de sua ramificação circunscrita a contextos específicos, como a
ética profissional.
Friedrich Wilhelm Nietzsche
“Há sempre alguma loucura no amor. Mas há sempre um pouco de
razão na loucura” – Do livro assim falava Zaratrusta
“Quanto mais nos elevamos, menores parecemos aos olhos daqueles
que não sabem voar”
“O fanatismo é a única forma de força de vontade acessível aos
fracos”
ÉTICA E BIOÉTICA Aula 4 - A Ética contemporânea
A crise da ética:
O século XX, centralizado na sociedade de consumo e no
individualismo, desvirtuou o caminho da preocupação com a
coletividade, inaugurando a crise da ética em sentido amplo.
A preocupação com o outro foi substituída pelo egoísmo
focado apenas no eu em detrimento do nós, com um ambiente
de permanente competição.
A despeito de alguns pensadores terem tentado retomar a
tradição grega, agregando elementos desenvolvidos
posteriormente, a tendência platônica de normatização de
comportamentos, diferenciada entre grupos, é que prevaleceu
no século XXI.
A ética passou a ser um termo comum na boca de todos,
mas esvaziada de sentido concreto, conceitualmente
interpretada pelo senso comum de forma torta e
equivocada.
ÉTICA E BIOÉTICA Aula 4 - A Ética contemporânea
A ética profissional passou a dominar o cenário
globalizado em um sentido extremamente especifico,
aplicada apenas entre supostamente equivalentes.
O busílis da questão (cerne) é que a ética deve
justamente repensar posturas que fazem de alguns
mais iguais que outros, refletindo sobre sua natureza
generalizadora e universalizante, racionalizando as
ações humanas até o limite do possível, diante da
natureza emotiva e movida por sentimentos
individualistas.
REFERÊNCIAS
BENTHAM, Jeremy. Uma introdução aos princípios da moral e da legislação. São Paulo: Abril
Cultural, 1974.
DARWIN, Charles. A origem das espécies e a seleção natural. Curitiba: Hemus, 2003.
HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. A fenomenologia do espírito. São Paulo: Abril Cultural, 1974.
KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes. São Paulo: Abril Cultural, 1974.
NEWTON, Isaac. Princípios matemáticos. São Paulo: Abril Cultural, 1974.
NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Além do bem e do mal. São Paulo: Cia. das Letras, 2005.
Vulture - Kevin Carter - prêmio pulitzer de fotografia em 1994

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éTica e bioética - etica contemporânea - cap 1 aula 4

  • 1. ÉTICA E BIOÉTICA Professor: Cleanto Santos Vieira Aula 4 - A Ética contemporânea
  • 2. ÉTICA E BIOÉTICA • A ética contemporânea: • O Iluminismo separou a ética da religião no século XVIII inaugurando uma releitura da ética, quando estabeleceu críticas voltando a centralizar o foco na razão, o que foi uma aposta na autonomia humana e na crença do progresso. • A visão ética é estabelecida em um viés amplo, não só a determinado grupo e sim no contexto da humanidade. Aula 4 - A Ética contemporânea
  • 3. ÉTICA E BIOÉTICA • A revolução francesa pregou o ideal de Liberdade, Igualdade, Fraternidade, centrando o foco na questão da tolerância com as diferenças e o estabelecimento de um “pacto social”. • O que deveria ser garantido pelo “Estado” para permitir uma igualdade efetivada pela restrição parcial da liberdade. Aula 4 - A Ética contemporânea Revolução Francesa pintada por Eugenne Delacroix (1798 – 1863).
  • 4. ÉTICA E BIOÉTICA Aula 4 - A Ética contemporânea Neste período, iniciou-se um dialogo em torno dos direitos humanos, culminando com a “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão” em 1789. Representando o iluminismo alemão, Immanuel Kant exerceu forte influencia na universalização dos preceitos conceituais da ética humana. “Não é tarefa da ética normatizar, pois, sendo de caráter puramente racional, é guiada apenas pela boa vontade”. Assim, a ética segue os mesmos parâmetros da moral, mas ao racionalizar os atos, seleciona como corretos apenas o que está em concordância com a razão. Immanuel Kant
  • 5. ÉTICA E BIOÉTICA Aula 4 - A Ética contemporânea O agir corretamente passa, não só pelo conceito de liberdade, mas também de responsabilidade pelos próprios atos e intenções. O problema é que o ato pode não corresponder à intenção, motivado pela inclinação moral, onde a racionalização serve de parâmetro. Reside neste ponto outro problema, já que o homem encontra- se na menoridade, sendo incapaz de fazer uso do próprio entendimento. Os ideais iluministas aparecem como inicio da maioridade humana, justamente por proporem o conhecimento como base da racionalidade.
  • 6. ÉTICA E BIOÉTICA Aula 4 - A Ética contemporânea Pensando na natureza falha da razão humana, Kant propõe que imperativos passem a servir de referência para o agir. O imperativo é uma regra obrigatória que deve nortear a normatização da vida racional. O imperativo categórico, aquele que deveria ser dever de toda pessoa, estando também vinculado com a moral, é definido como agir pela vontade, de tal forma que a ação possa ser tomada como uma lei universal da natureza. Portanto, tornar padrão o comportamento que seria aprovado como correto em qualquer caso e por qualquer pessoa.
  • 7. ÉTICA E BIOÉTICA Aula 4 - A Ética contemporânea A partir das leis da física de Isaac Newton, a sociedade passou a ser vista como máquina, onde a ética atenderia e regularia seu funcionamento. Esta concepção de ética, a tendência utilitarista, inaugurada pelo empirismo, também ganhou força a partir do século XVIII, principalmente por conta dos avanços da Ciência. “Se pude enxergar mais longe é porque estava de pé sobre os ombros de gigantes” “Se fiz descobertas valiosas, foi por ter mais paciência do que talento”
  • 8. ÉTICA E BIOÉTICA Aula 4 - A Ética contemporânea Enquanto a teoria evolucionista de Charles Darwin possibilitou conceber a moral como produto da evolução do comportamento humano. Tendências que transformaram a ética em Ciência do julgamento dos atos morais, alterando normas de comportamento, pensadas em beneficio da utilidade para a vida coletiva harmoniosa. Charles Darwin – 1822 – 1911 “A origem das espécies” “O homem ainda traz em sua estrutura física a marca indelével de sua origem primitiva” “A beleza é o resultado de uma seleção sexual” “Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas sim o que melhor se adapta as mudanças”
  • 9. ÉTICA E BIOÉTICA Aula 4 - A Ética contemporânea Essas tendências transformaram a ética em Ciência do julgamento dos atos morais, alterando normas de comportamento, pensadas em beneficio da utilidade para a vida coletiva harmoniosa. A rigor, o utilitarismo surgiu na Grã-Bretanha, representado por Jeremy Bentham e John Stuart Mill, contrapondo-se a ética kantiana ao relativizar o conceito de eudaimonia, afirmando que o “correto é aquilo que traz felicidade para o maior número de pessoas”. “É inútil falar no interesse da comunidade sem entender o interesse do indivíduo” “O gênio só pode respirar numa atmosfera de liberdade”
  • 10. ÉTICA E BIOÉTICA Aula 4 - A Ética contemporânea Friedrich Hegel, no século XIX, discute se os princípios éticos condicionam a história, ou, ao contrário, esta modifica os parâmetros. Algo que poderia conferir a ética uma grande semelhança com a moral. Embora Hegel nunca tenha escrito especificamente sobre a ética, até porque considerava esta como mero sinônimo de moral, sua concepção foi herdeira das discussões do século XVIII, vinculando a vivência ética com a política, a sociedade e a história. Para ele, como também para a tradição estabelecida a partir do século XVI, o Estado deveria garantir a vivência ética. “A história ensina é que os governos e as pessoas nunca aprendem com a história” – Friedrich Hegel – 1770 - 1831
  • 11. ÉTICA E BIOÉTICA Aula 4 - A Ética contemporânea Friedrich Nietzsche, na segunda metade do século XIX, tornou a ética definitivamente uma Ciência, totalmente desvinculada da religião. Para ele, a ética é o centro, justificativa e fundamentação das ações humanas; constituindo o elemento que torna possível a convivência, estabelecendo padrões de comportamento que reprime a natureza. É neste contexto que se insere o conceito de além-do-homem - Übermensch -, erroneamente traduzido como super-homem. Trata-se da defesa do sujeito superar sua humanidade, sua natureza falha, para ir além do bem e do mal, da moral estabelecida, racionalizando as ações para transformar-se de escravo em senhor, guiado pela autonomia de pensamento.
  • 12. ÉTICA E BIOÉTICA Aula 4 - A Ética contemporânea Esta conjuntura formou o conceito e ética como Ciência normativa, baseado na construção interna do sujeito e externalizada na preocupação racional com o outro; a despeito de sua ramificação circunscrita a contextos específicos, como a ética profissional. Friedrich Wilhelm Nietzsche “Há sempre alguma loucura no amor. Mas há sempre um pouco de razão na loucura” – Do livro assim falava Zaratrusta “Quanto mais nos elevamos, menores parecemos aos olhos daqueles que não sabem voar” “O fanatismo é a única forma de força de vontade acessível aos fracos”
  • 13. ÉTICA E BIOÉTICA Aula 4 - A Ética contemporânea A crise da ética: O século XX, centralizado na sociedade de consumo e no individualismo, desvirtuou o caminho da preocupação com a coletividade, inaugurando a crise da ética em sentido amplo. A preocupação com o outro foi substituída pelo egoísmo focado apenas no eu em detrimento do nós, com um ambiente de permanente competição. A despeito de alguns pensadores terem tentado retomar a tradição grega, agregando elementos desenvolvidos posteriormente, a tendência platônica de normatização de comportamentos, diferenciada entre grupos, é que prevaleceu no século XXI. A ética passou a ser um termo comum na boca de todos, mas esvaziada de sentido concreto, conceitualmente interpretada pelo senso comum de forma torta e equivocada.
  • 14. ÉTICA E BIOÉTICA Aula 4 - A Ética contemporânea A ética profissional passou a dominar o cenário globalizado em um sentido extremamente especifico, aplicada apenas entre supostamente equivalentes. O busílis da questão (cerne) é que a ética deve justamente repensar posturas que fazem de alguns mais iguais que outros, refletindo sobre sua natureza generalizadora e universalizante, racionalizando as ações humanas até o limite do possível, diante da natureza emotiva e movida por sentimentos individualistas.
  • 15. REFERÊNCIAS BENTHAM, Jeremy. Uma introdução aos princípios da moral e da legislação. São Paulo: Abril Cultural, 1974. DARWIN, Charles. A origem das espécies e a seleção natural. Curitiba: Hemus, 2003. HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. A fenomenologia do espírito. São Paulo: Abril Cultural, 1974. KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes. São Paulo: Abril Cultural, 1974. NEWTON, Isaac. Princípios matemáticos. São Paulo: Abril Cultural, 1974. NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Além do bem e do mal. São Paulo: Cia. das Letras, 2005. Vulture - Kevin Carter - prêmio pulitzer de fotografia em 1994