O documento discute a ética contemporânea, destacando como o Iluminismo separou a ética da religião no século XVIII, enfatizando a razão. Também aborda como autores como Kant, Darwin, Bentham e Nietzsche influenciaram o pensamento ético moderno, estabelecendo a ética como ciência normativa baseada na construção interna do sujeito e preocupação com o outro.
2. ÉTICA E BIOÉTICA
• A ética contemporânea:
• O Iluminismo separou a ética da
religião no século XVIII inaugurando
uma releitura da ética, quando
estabeleceu críticas voltando a
centralizar o foco na razão, o que foi
uma aposta na autonomia humana
e na crença do progresso.
• A visão ética é estabelecida em um
viés amplo, não só a determinado
grupo e sim no contexto da
humanidade.
Aula 4 - A Ética contemporânea
3. ÉTICA E BIOÉTICA
• A revolução francesa pregou o ideal
de Liberdade, Igualdade,
Fraternidade, centrando o foco na
questão da tolerância com as
diferenças e o estabelecimento de um
“pacto social”.
• O que deveria ser garantido pelo
“Estado” para permitir uma igualdade
efetivada pela restrição parcial da
liberdade.
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Revolução Francesa pintada por Eugenne Delacroix
(1798 – 1863).
4. ÉTICA E BIOÉTICA Aula 4 - A Ética contemporânea
Neste período, iniciou-se um dialogo em torno
dos direitos humanos, culminando com a
“Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão” em 1789.
Representando o iluminismo alemão, Immanuel
Kant exerceu forte influencia na universalização
dos preceitos conceituais da ética humana.
“Não é tarefa da ética normatizar, pois, sendo de
caráter puramente racional, é guiada apenas pela
boa vontade”.
Assim, a ética segue os mesmos parâmetros da
moral, mas ao racionalizar os atos, seleciona
como corretos apenas o que está em
concordância com a razão. Immanuel Kant
5. ÉTICA E BIOÉTICA Aula 4 - A Ética contemporânea
O agir corretamente passa, não só pelo conceito de liberdade,
mas também de responsabilidade pelos próprios atos e
intenções.
O problema é que o ato pode não corresponder à intenção,
motivado pela inclinação moral, onde a racionalização serve
de parâmetro.
Reside neste ponto outro problema, já que o homem encontra-
se na menoridade, sendo incapaz de fazer uso do próprio
entendimento.
Os ideais iluministas aparecem como inicio da maioridade
humana, justamente por proporem o conhecimento como base
da racionalidade.
6. ÉTICA E BIOÉTICA Aula 4 - A Ética contemporânea
Pensando na natureza falha da razão humana, Kant propõe que
imperativos passem a servir de referência para o agir.
O imperativo é uma regra obrigatória que deve nortear a
normatização da vida racional.
O imperativo categórico, aquele que deveria ser dever de toda
pessoa, estando também vinculado com a moral, é definido como
agir pela vontade, de tal forma que a ação possa ser tomada como
uma lei universal da natureza.
Portanto, tornar padrão o comportamento que seria aprovado
como correto em qualquer caso e por qualquer pessoa.
7. ÉTICA E BIOÉTICA Aula 4 - A Ética contemporânea
A partir das leis da física de Isaac Newton, a sociedade passou a
ser vista como máquina, onde a ética atenderia e regularia seu
funcionamento.
Esta concepção de ética, a tendência utilitarista, inaugurada
pelo empirismo, também ganhou força a partir do século XVIII,
principalmente por conta dos avanços da Ciência.
“Se pude enxergar mais longe é porque estava de pé sobre os
ombros de gigantes”
“Se fiz descobertas valiosas, foi por ter mais paciência do que
talento”
8. ÉTICA E BIOÉTICA Aula 4 - A Ética contemporânea
Enquanto a teoria evolucionista de Charles Darwin possibilitou
conceber a moral como produto da evolução do comportamento
humano.
Tendências que transformaram a ética em Ciência do julgamento dos
atos morais, alterando normas de comportamento, pensadas em
beneficio da utilidade para a vida coletiva harmoniosa.
Charles Darwin – 1822 – 1911
“A origem das espécies”
“O homem ainda traz em sua estrutura física a marca indelével de sua origem
primitiva”
“A beleza é o resultado de uma seleção sexual”
“Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas sim o que melhor se
adapta as mudanças”
9. ÉTICA E BIOÉTICA
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Essas tendências transformaram a ética em
Ciência do julgamento dos atos morais,
alterando normas de comportamento, pensadas
em beneficio da utilidade para a vida coletiva
harmoniosa.
A rigor, o utilitarismo surgiu na Grã-Bretanha,
representado por Jeremy Bentham e John
Stuart Mill, contrapondo-se a ética kantiana ao
relativizar o conceito de eudaimonia, afirmando
que o “correto é aquilo que traz felicidade para o
maior número de pessoas”.
“É inútil falar no interesse da
comunidade sem entender o
interesse do indivíduo”
“O gênio só pode respirar
numa atmosfera de liberdade”
10. ÉTICA E BIOÉTICA Aula 4 - A Ética contemporânea
Friedrich Hegel, no século XIX, discute se os princípios
éticos condicionam a história, ou, ao contrário, esta modifica
os parâmetros.
Algo que poderia conferir a ética uma grande semelhança
com a moral.
Embora Hegel nunca tenha escrito especificamente sobre a
ética, até porque considerava esta como mero sinônimo de
moral, sua concepção foi herdeira das discussões do século
XVIII, vinculando a vivência ética com a política, a
sociedade e a história.
Para ele, como também para a tradição estabelecida a partir
do século XVI, o Estado deveria garantir a vivência ética.
“A história ensina é que os governos e as
pessoas nunca aprendem com a história”
– Friedrich Hegel – 1770 - 1831
11. ÉTICA E BIOÉTICA Aula 4 - A Ética contemporânea
Friedrich Nietzsche, na segunda metade do século XIX, tornou
a ética definitivamente uma Ciência, totalmente desvinculada
da religião.
Para ele, a ética é o centro, justificativa e fundamentação das
ações humanas; constituindo o elemento que torna possível a
convivência, estabelecendo padrões de comportamento que
reprime a natureza.
É neste contexto que se insere o conceito de além-do-homem
- Übermensch -, erroneamente traduzido como super-homem.
Trata-se da defesa do sujeito superar sua humanidade, sua
natureza falha, para ir além do bem e do mal, da moral
estabelecida, racionalizando as ações para transformar-se de
escravo em senhor, guiado pela autonomia de pensamento.
12. ÉTICA E BIOÉTICA Aula 4 - A Ética contemporânea
Esta conjuntura formou o conceito e ética como Ciência
normativa, baseado na construção interna do sujeito e
externalizada na preocupação racional com o outro; a despeito
de sua ramificação circunscrita a contextos específicos, como a
ética profissional.
Friedrich Wilhelm Nietzsche
“Há sempre alguma loucura no amor. Mas há sempre um pouco de
razão na loucura” – Do livro assim falava Zaratrusta
“Quanto mais nos elevamos, menores parecemos aos olhos daqueles
que não sabem voar”
“O fanatismo é a única forma de força de vontade acessível aos
fracos”
13. ÉTICA E BIOÉTICA Aula 4 - A Ética contemporânea
A crise da ética:
O século XX, centralizado na sociedade de consumo e no
individualismo, desvirtuou o caminho da preocupação com a
coletividade, inaugurando a crise da ética em sentido amplo.
A preocupação com o outro foi substituída pelo egoísmo
focado apenas no eu em detrimento do nós, com um ambiente
de permanente competição.
A despeito de alguns pensadores terem tentado retomar a
tradição grega, agregando elementos desenvolvidos
posteriormente, a tendência platônica de normatização de
comportamentos, diferenciada entre grupos, é que prevaleceu
no século XXI.
A ética passou a ser um termo comum na boca de todos,
mas esvaziada de sentido concreto, conceitualmente
interpretada pelo senso comum de forma torta e
equivocada.
14. ÉTICA E BIOÉTICA Aula 4 - A Ética contemporânea
A ética profissional passou a dominar o cenário
globalizado em um sentido extremamente especifico,
aplicada apenas entre supostamente equivalentes.
O busílis da questão (cerne) é que a ética deve
justamente repensar posturas que fazem de alguns
mais iguais que outros, refletindo sobre sua natureza
generalizadora e universalizante, racionalizando as
ações humanas até o limite do possível, diante da
natureza emotiva e movida por sentimentos
individualistas.
15. REFERÊNCIAS
BENTHAM, Jeremy. Uma introdução aos princípios da moral e da legislação. São Paulo: Abril
Cultural, 1974.
DARWIN, Charles. A origem das espécies e a seleção natural. Curitiba: Hemus, 2003.
HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. A fenomenologia do espírito. São Paulo: Abril Cultural, 1974.
KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes. São Paulo: Abril Cultural, 1974.
NEWTON, Isaac. Princípios matemáticos. São Paulo: Abril Cultural, 1974.
NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Além do bem e do mal. São Paulo: Cia. das Letras, 2005.
Vulture - Kevin Carter - prêmio pulitzer de fotografia em 1994