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Inês Severino nº 8
      12ºA
Wilhelm Wundt nasceu em
1832, na Alemanha. Oriundo de uma
família    com     fortes   tradições
intelectuais, faz um percurso escolar
onde se regista uma reprovação.
         Aos 19 anos, entra na
universidade, tendo-se formado em
Medicina      na   Universidade     de
Heidelberg. No decorrer do curso
compreende que o seu interesse não é
propriamente a medicina e especializa-
se em fisiologia.
         Enquanto professor, investiga
o modo como se processa a informação
sensorial, o que o leva a orientar-se
para a psicologia.
A Consciência


        O objecto de estudo de Wundt era a consciência e os
processos mentais. Partilhava com os empiristas e os associacionistas
do século XIX a convicção de que a consciência era constituída por
várias partes distintas e que se deveria recorrer à análise dos
elementos mais simples. Tal como os átomos constituem as
substâncias químicas, as sensações seriam os elementos simples da
mente e da consciência.
Para Wundt, os elementos da consciência não eram estáticos : a
consciência tinha um papel activo na organização do seu próprio conteúdo.
         Existiria como que uma força de vontade em organizar os conteúdos da
consciência em processos mentais superiores. Wundt considerava que era
compatível o reconhecimento dos elementos simples da consciência e a
afirmação de que a mente consciente tem capacidade para proceder a uma
síntese desses elementos em processos cognitivos de nível mais elevado.
         Por isso, a metodologia a seguir deveria partir dos elementos básicos
dos processos conscientes, identificar o modo com esses elementos eram
sintetizados e organizados em experiências mentais complexas e determinar as
leis que orientavam este processo.
As sensações e
           os sentimentos


        Os elementos simples constitutivos da
consciência eram as sensações e os sentimentos.
As sensações ocorrem sempre que um órgão dos
sentidos é estimulado e esta informação é enviada
ao cérebro.
        O sentimento é a componente subjectiva
da sensação; são as qualidades que acompanham as
sensações e que não fazem parte do estímulo.
        Assim,     uma    sensação    pode    ser
acompanhada      de      um     sentimento     de
prazer/desprazer, de excitação/depressão e de
relaxamento/tensão. A emoção seria constituída
por um conjunto complexo de sentimentos.
Segundo Wundt, todos os processos psicológicos podem ser descritos
como passagens de elementos mais simples aos mais complexos: é um
processo progressivo de complexidade em que, partindo de elementos simples
como as sensações, a consciência, no seu processo criativo de organização,
produzia ideias.
        Quando percepcionamos uma casa percebemo-la como uma unidade, um
todo, e não como uma soma de elementos que podem ser estudados num
laboratório . para explicar esta experiência consciente unificada, Wundt
recorre ao conceito de apercepção: processo de organização dos elementos
mentais e que formam uma unidade, uma síntese criativa.
Para conhecer os elementos      Metodologia
constitutivos da consciência, Wundt
utiliza como método a introspecção            de
controlada: só o sujeito que vive a      investigação
experiência é que pode descrevê-la
introspeccionando-se, isto é, fazendo
a auto-análise dos seus estados
psicológicos       em        condições
experimentais.      Nas      condições
experimentais      os   observadores
treinados eram alunos ou psicólogos
que trabalhavam com Wundt, que
exigia uma grande rigor nas
descrições, que seriam quantificadas.
         Antes de se submeterem à
introspecção controlada, isto é,
experimental, teriam de ter feito
cerca     de    10000    auto-análises
individuais. Este pré-requisito dava a
possibilidade de os indivíduos serem
rápidos e rigorosos nas suas
observações internas.
Assim,          a            Contudo, a
introspecção era uma         introspecção
percepção interna que        controlada só dava
dava a possibilidade de      a    conhecer    os
aceder aos elementos         elementos básicos
básicos para se conhecer     da consciência, as
a consciência, que é o       sensações     e  as
objecto da psicologia. As    percepções;      os
outras            ciências   processos mentais
recorriam à percepção        complexos, como a
externa para obterem         memória       e   a
dados sobre o seu            aprendizagem, não
objecto de estudo, que é     poderiam        ser
a realidade. O objecto da    estudados
introspecção é o próprio     experimentalmente,
sujeito,    enquanto     o   tendo      de    se
objecto das observações      recorrer          a
que se fazem nas outras      metodologias
ciências é o real exterior   qualitativas.
ao sujeito.
Conclusão


         Wundt desmarcou-se do pensamento dominante da época
procurando autonomizar a psicologia da filosofia. Definiu um
objecto (a consciência) é um método de investigação (introspecção
controlada) com a finalidade de dar um estatuto de ciência à
psicologia. Procurou desenvolver uma teoria sobre a natureza da
mente humana que conjugasse a componente biológica e a
componente social, o mundo interno e o mundo externo, a dimensão
individual e colectiva.
         Actualmente, muitos dos contributos de Wundt encontram
a sua fundamentação nas investigações das neurociências
contemporâneas.
1. Wundt definiu como objecto da psicologia:
   A- o comportamento e os processos mentais.
   B- o desenvolvimento e processos mentais.
   C- a consciência e os processos mentais.
   D- o inconsciente e os processos mentais.

2. Segundo Wundt, a consciência é constittuída por elementos simples:
    A- as percepções e as emoções.
    B- as percepções e os sentimentos.
    C- as sensações e os sentimentos.
    D- as sensações e as percepções.

3. Wundt utilizou como método:
   A- o método clínico.
   B- a consciência controlada.
   C- o método experimental.
   D- a introspecção controlada.
4. Analisa as afirmações que se seguem sobre as concepções de Wundt.
Seleccione, depois, a opção que as avalia correctamente.

        1. A consciência conhece-se a partir da observação do
comportamento.
        2. A psicologia deve estudar fenómenos individuais e sociais.
        3. Os processos mentais elementares podem ser estudados
experimentalmente.

A- 1 e 2 são verdadeiras; 3 é falsa.
B- 1 é verdadeira; 2 e 3 são falsas.
C- 2 é verdadeira; 1 e 3 são falsas.
D- 2 e 3 são verdadeiras; 1 é falsa.
                                                           Soluções:

                                                           1. C     2. C
                                                           3. D     4.
Jerome      Seymour
Bruner nasceu em 1915, em
Nova Iorque. Em 1937,
formou-se na Universidade
de    Duke.   Após    ter-se
doutorado em Psicologia pela
Universidade de Harvard,
desenvolveu a maior parte da
sua carreira como professor
e investigador. Com o início
da Segunda Guerra Mundial,
Bruner desenvolveu a sua
tese de doutoramento sobre
as técnicas de propaganda
nazi, direccionando o seu
interesse para a psicologia
social.
Bruner interessou-se pelo estudo
da evolução das competências cognitivas      A Cognição
das crianças e pela necessidade de
estruturar os conteúdos educativos. Tal
como Piaget, considerou que a maturação e
o    meio    ambiente     influenciavam  o
desenvolvimento intelectual. A abordagem
de Bruner à cognição passa pela análise da
percepção.
         Distingue na percepção duas
determinantes: a autóctone que inclui as
qualidades da percepção directamente
relacionadas com o sistema nervoso,
reflecte directamente as propriedades
dos órgãos dos sentidos e dos sistema
nervoso e a comportamental que se
relaciona     com     a     motivação,   a
personalidade,    a     aprendizagem,   as
atitudes, as necessidades sociais, o
contexto cultural, etc.
Bruner e Cecile Goodman concluíram que as crianças mais
pobres cometiam poucos erros de avaliação das moedas de menor valor
e que sobrevalorizavam as moedas de valor mais elevado. Esta
experiência mostra que a percepção não é neutra, mas depende do valor
que se atribui a um objecto.
Esta abordagem da percepção, a que se chamou “new look”, defende que
o sujeito é activo no acto de percepcionar, dado que atribui um sentido
ao que percepciona em função das suas expectativas, interesses,
necessidades, valores e experiências anteriores vividas. A teoria “new
look”, assim designada para acentuar que se trata de uma nova
abordagem, vai orientar a investigação da percepção tendo em conta os
quadros de referência do sujeito.
Modos
         de
    representação


         Segundo Bruner, o desenvolvimento cognitivo organiza-se em torno
de determinadas capacidades: a pessoa que aprende tem de dominar certos
conhecimentos ou acções para poder dominar outros mais avançados. Bruner
defendia que o desenvolvimento intelectual da criança depende do modo
como a mente usa a informação que recebe. No decurso do seu
desenvolvimento, a criança adquire três diferentes modos de
representação do meio que a envolve, da mais simples à mais complexa:
“enactivo”, icónico e simbólico. O nível anterior da representação é condição
do desenvolvimento do nível seguinte. Assim, a criança só atinge a
representação simbólica se os modos anteriores de representação
estiverem já presentes.
O      primeiro     nível    de
representação        designa-se      por
representação “enactiva”, isto é, ligada
à acção, à manipulação.
         Bruner retira conclusões ao
nível educativo: os professores podem
induzir os estudantes a usarem a
representação enactiva no processo de
aprendizagem         proporcionando-lhes
experiências,    materiais    sugestivos,
exemplos de comportamento, etc.
Na      representação
“icónica”, o pensamento baseia-
se nas imagens mentais dos
objectos e situações não
presentes,      adquire    uma
importância maior à medida que
a criança cresce e aprende
conceitos e princípios que não
se podem “mostrar” e realiza-
se por interiorização dos
gestos e das percepções sob a
forma de esquemas estáveis.
         Bruner     considerava
que os professores poderiam
recorrer a filmes e a outros
materiais audiovisuais como
forma de enriquecimento dos
estudantes.
Na        representação
                              “simbólica”, a representação do
                              meio faz-se através de símbolos,
                              assumindo particular importância
                              a linguagem falada e escrita.
                                       A linguagem possibilita
                              que   a    criança    aceda   ao
                              conhecimento disponível no seu
                              meio, ultrapassando-o, é o
                              elemento         vital        do
                              desenvolvimento intelectual.


         A linguagem é o
principal sistema simbólico
utilizado pelo adulto na
aprendizagem.    No    fim
desta fase, o sujeito tem
os instrumentos mentais
que lhe permitem outros
desenvolvimentos.
Poder-se-ia dizer que, para Bruner, existem três estádios:

 “Enactivo” – aprender fazendo;

 Icónico – aprender por meio de imagens e gravuras;

 Simbólico – aprender por meio de palavras ou números.
A mente            Bruner       foi   um     dos
          impulsionadores da teoria cognitivista
          mas acabou por se afastar, por
          considerar o modelo proposto muito
          limitativo e redutor.
                   Bruner    defende     que    o
          desenvolvimento da mente está ligado
          à construção de significados pelos
          seres humanos na sua relação com o
          meio. Estes significados construídos
          pelos sujeitos nada têm a ver o modo
          informático do processamento de
          informação. A mente é criativa,
          produz sentido, é pessoal e subjectiva,
          mas é partilhada com os outros que
          fazem parte do seu contexto social. A
          pertença a um dado grupo social marca
          a forma de uma pessoa pensar e de
          comportar-se; por isso, não podemos
          compreender os processos cognitivos
          sem termos em conta o factor cultura.
Bruner reconhece que existe, em cada
cultura, o que comummente se chama psicologia
popular que consiste na forma como, num dado
contexto social e cultural, cada um de nós procura
explicar o que são as pessoas, por que razão se
comportam de determinada maneira, como encaram os
problemas, etc. Variam de sociedade para sociedade
pois dependem das práticas sociais e das instituições.
         A psicologia popular é uma teoria da mente
que procura explicar as causas dos desejos, crenças,
intenções e motivações. A psicologia popular produz
um conjunto de narrativas que organizam estas
explicações, que descrevem um modo padronizado de
pensar os comportamentos, as motivações, as
intenções. Diferentemente da psicologia científica,
que organiza as suas teorias conceptualmente, a
psicologia popular fá-lo através das narrativas.
A Aprendizagem



         A cada modo de representação corresponde um modelo de
aprendizagem. Bruner considera que as aprendizagens devem ser compatíveis
com as diferentes fases de representação. Assim, na fase enactiva
dominarão as aprendizagens centradas sobretudo na manipulação dos
objectos; segue-se, na fase icónica, uma aprendizagem das representações
dos objectos e das suas características; na última fase, a capacidade
simbólica vai possibilitar a compreensão de conceitos lógicos e abstractos e
as suas combinações em sistemas.
         Um mesmo assunto pode ser abordado de formas distintas nas três
fases, num percurso que vai de uma abordagem mais simples até à mais
complexa. Propõe o que se designa por currículo em espiral.
Bruner defende que existe um
desejo natural de aprender por parte da
criança, uma motivação que, se for
aproveitada pelos professores, conduzirá a
um maior sucesso escolar. Tem de se ter em
conta as necessidades do aluno e a sua
capacidade para entender a estrutura do
que está a aprender. Primeiro deve ser feita
uma abordagem icónica e depois uma
simbólica.
         Finalmente, referia a necessidade
do reforço: uma aprendizagem bem-
sucedida deve ser reforçada, para aumentar
a probabilidade de se repetir.
Bruner     deu    grande
importância à aprendizagem por
descoberta: se o aluno estiver
envolvido na exploração e pesquisa
de um determinado assunto,
aprenderá melhor e desenvolverá
as suas capacidades intelectuais,
designadamente o pensamento
intuitivo. Este tipo de pensamento
antecipa as hipóteses antes de
estar de posse de todos os dados,
explorando,      correndo    alguns
riscos,       procurando       uma
compreensão        imediata      do
problema. O professor age como
um facilitador que encoraja os
alunos a descobrirem os princípios
por si próprios e a constituírem o
conhecimento, para resolverem
problemas reais em cooperação
com os outros.
Metodologia de investigação


         Bruner considerava
que, se queria compreender
o        processo         de
aprendizagem,         deveria
observar        alunos      e
professores em contexto
da sala de aula.
         Adoptou
procedimentos             da
metodologia experimental
procurando compatibilizar
as suas investigações com
as regras científicas.
Conclusão


         Bruner abandona o cognitivismo,
por considerar que a busca de uma
cientificidade conduziu esta corrente à
adopção de um modelo explicativo dos
processos da mente que não respeita o
seu carácter criativo e dinâmico.
         Bruner considerou a elaboração
das representações mentais e da
categorização da informação como
processos fundamentais do pensamento
humano. A criação de significados é o
centro dos processos cognitivos que são
partilhados pelas narrativas de cada
cultura. Reflexo da importância que
atribui à ligação entre o desenvolvimento
cognitivo e a cultura é a criação da
psicologia cultural.

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A psicologia de Wundt e a introdução da introspecção controlada

  • 2. Wilhelm Wundt nasceu em 1832, na Alemanha. Oriundo de uma família com fortes tradições intelectuais, faz um percurso escolar onde se regista uma reprovação. Aos 19 anos, entra na universidade, tendo-se formado em Medicina na Universidade de Heidelberg. No decorrer do curso compreende que o seu interesse não é propriamente a medicina e especializa- se em fisiologia. Enquanto professor, investiga o modo como se processa a informação sensorial, o que o leva a orientar-se para a psicologia.
  • 3. A Consciência O objecto de estudo de Wundt era a consciência e os processos mentais. Partilhava com os empiristas e os associacionistas do século XIX a convicção de que a consciência era constituída por várias partes distintas e que se deveria recorrer à análise dos elementos mais simples. Tal como os átomos constituem as substâncias químicas, as sensações seriam os elementos simples da mente e da consciência.
  • 4. Para Wundt, os elementos da consciência não eram estáticos : a consciência tinha um papel activo na organização do seu próprio conteúdo. Existiria como que uma força de vontade em organizar os conteúdos da consciência em processos mentais superiores. Wundt considerava que era compatível o reconhecimento dos elementos simples da consciência e a afirmação de que a mente consciente tem capacidade para proceder a uma síntese desses elementos em processos cognitivos de nível mais elevado. Por isso, a metodologia a seguir deveria partir dos elementos básicos dos processos conscientes, identificar o modo com esses elementos eram sintetizados e organizados em experiências mentais complexas e determinar as leis que orientavam este processo.
  • 5. As sensações e os sentimentos Os elementos simples constitutivos da consciência eram as sensações e os sentimentos. As sensações ocorrem sempre que um órgão dos sentidos é estimulado e esta informação é enviada ao cérebro. O sentimento é a componente subjectiva da sensação; são as qualidades que acompanham as sensações e que não fazem parte do estímulo. Assim, uma sensação pode ser acompanhada de um sentimento de prazer/desprazer, de excitação/depressão e de relaxamento/tensão. A emoção seria constituída por um conjunto complexo de sentimentos.
  • 6. Segundo Wundt, todos os processos psicológicos podem ser descritos como passagens de elementos mais simples aos mais complexos: é um processo progressivo de complexidade em que, partindo de elementos simples como as sensações, a consciência, no seu processo criativo de organização, produzia ideias. Quando percepcionamos uma casa percebemo-la como uma unidade, um todo, e não como uma soma de elementos que podem ser estudados num laboratório . para explicar esta experiência consciente unificada, Wundt recorre ao conceito de apercepção: processo de organização dos elementos mentais e que formam uma unidade, uma síntese criativa.
  • 7. Para conhecer os elementos Metodologia constitutivos da consciência, Wundt utiliza como método a introspecção de controlada: só o sujeito que vive a investigação experiência é que pode descrevê-la introspeccionando-se, isto é, fazendo a auto-análise dos seus estados psicológicos em condições experimentais. Nas condições experimentais os observadores treinados eram alunos ou psicólogos que trabalhavam com Wundt, que exigia uma grande rigor nas descrições, que seriam quantificadas. Antes de se submeterem à introspecção controlada, isto é, experimental, teriam de ter feito cerca de 10000 auto-análises individuais. Este pré-requisito dava a possibilidade de os indivíduos serem rápidos e rigorosos nas suas observações internas.
  • 8. Assim, a Contudo, a introspecção era uma introspecção percepção interna que controlada só dava dava a possibilidade de a conhecer os aceder aos elementos elementos básicos básicos para se conhecer da consciência, as a consciência, que é o sensações e as objecto da psicologia. As percepções; os outras ciências processos mentais recorriam à percepção complexos, como a externa para obterem memória e a dados sobre o seu aprendizagem, não objecto de estudo, que é poderiam ser a realidade. O objecto da estudados introspecção é o próprio experimentalmente, sujeito, enquanto o tendo de se objecto das observações recorrer a que se fazem nas outras metodologias ciências é o real exterior qualitativas. ao sujeito.
  • 9. Conclusão Wundt desmarcou-se do pensamento dominante da época procurando autonomizar a psicologia da filosofia. Definiu um objecto (a consciência) é um método de investigação (introspecção controlada) com a finalidade de dar um estatuto de ciência à psicologia. Procurou desenvolver uma teoria sobre a natureza da mente humana que conjugasse a componente biológica e a componente social, o mundo interno e o mundo externo, a dimensão individual e colectiva. Actualmente, muitos dos contributos de Wundt encontram a sua fundamentação nas investigações das neurociências contemporâneas.
  • 10. 1. Wundt definiu como objecto da psicologia: A- o comportamento e os processos mentais. B- o desenvolvimento e processos mentais. C- a consciência e os processos mentais. D- o inconsciente e os processos mentais. 2. Segundo Wundt, a consciência é constittuída por elementos simples: A- as percepções e as emoções. B- as percepções e os sentimentos. C- as sensações e os sentimentos. D- as sensações e as percepções. 3. Wundt utilizou como método: A- o método clínico. B- a consciência controlada. C- o método experimental. D- a introspecção controlada.
  • 11. 4. Analisa as afirmações que se seguem sobre as concepções de Wundt. Seleccione, depois, a opção que as avalia correctamente. 1. A consciência conhece-se a partir da observação do comportamento. 2. A psicologia deve estudar fenómenos individuais e sociais. 3. Os processos mentais elementares podem ser estudados experimentalmente. A- 1 e 2 são verdadeiras; 3 é falsa. B- 1 é verdadeira; 2 e 3 são falsas. C- 2 é verdadeira; 1 e 3 são falsas. D- 2 e 3 são verdadeiras; 1 é falsa. Soluções: 1. C 2. C 3. D 4.
  • 12.
  • 13. Jerome Seymour Bruner nasceu em 1915, em Nova Iorque. Em 1937, formou-se na Universidade de Duke. Após ter-se doutorado em Psicologia pela Universidade de Harvard, desenvolveu a maior parte da sua carreira como professor e investigador. Com o início da Segunda Guerra Mundial, Bruner desenvolveu a sua tese de doutoramento sobre as técnicas de propaganda nazi, direccionando o seu interesse para a psicologia social.
  • 14. Bruner interessou-se pelo estudo da evolução das competências cognitivas A Cognição das crianças e pela necessidade de estruturar os conteúdos educativos. Tal como Piaget, considerou que a maturação e o meio ambiente influenciavam o desenvolvimento intelectual. A abordagem de Bruner à cognição passa pela análise da percepção. Distingue na percepção duas determinantes: a autóctone que inclui as qualidades da percepção directamente relacionadas com o sistema nervoso, reflecte directamente as propriedades dos órgãos dos sentidos e dos sistema nervoso e a comportamental que se relaciona com a motivação, a personalidade, a aprendizagem, as atitudes, as necessidades sociais, o contexto cultural, etc.
  • 15. Bruner e Cecile Goodman concluíram que as crianças mais pobres cometiam poucos erros de avaliação das moedas de menor valor e que sobrevalorizavam as moedas de valor mais elevado. Esta experiência mostra que a percepção não é neutra, mas depende do valor que se atribui a um objecto. Esta abordagem da percepção, a que se chamou “new look”, defende que o sujeito é activo no acto de percepcionar, dado que atribui um sentido ao que percepciona em função das suas expectativas, interesses, necessidades, valores e experiências anteriores vividas. A teoria “new look”, assim designada para acentuar que se trata de uma nova abordagem, vai orientar a investigação da percepção tendo em conta os quadros de referência do sujeito.
  • 16. Modos de representação Segundo Bruner, o desenvolvimento cognitivo organiza-se em torno de determinadas capacidades: a pessoa que aprende tem de dominar certos conhecimentos ou acções para poder dominar outros mais avançados. Bruner defendia que o desenvolvimento intelectual da criança depende do modo como a mente usa a informação que recebe. No decurso do seu desenvolvimento, a criança adquire três diferentes modos de representação do meio que a envolve, da mais simples à mais complexa: “enactivo”, icónico e simbólico. O nível anterior da representação é condição do desenvolvimento do nível seguinte. Assim, a criança só atinge a representação simbólica se os modos anteriores de representação estiverem já presentes.
  • 17. O primeiro nível de representação designa-se por representação “enactiva”, isto é, ligada à acção, à manipulação. Bruner retira conclusões ao nível educativo: os professores podem induzir os estudantes a usarem a representação enactiva no processo de aprendizagem proporcionando-lhes experiências, materiais sugestivos, exemplos de comportamento, etc.
  • 18. Na representação “icónica”, o pensamento baseia- se nas imagens mentais dos objectos e situações não presentes, adquire uma importância maior à medida que a criança cresce e aprende conceitos e princípios que não se podem “mostrar” e realiza- se por interiorização dos gestos e das percepções sob a forma de esquemas estáveis. Bruner considerava que os professores poderiam recorrer a filmes e a outros materiais audiovisuais como forma de enriquecimento dos estudantes.
  • 19. Na representação “simbólica”, a representação do meio faz-se através de símbolos, assumindo particular importância a linguagem falada e escrita. A linguagem possibilita que a criança aceda ao conhecimento disponível no seu meio, ultrapassando-o, é o elemento vital do desenvolvimento intelectual. A linguagem é o principal sistema simbólico utilizado pelo adulto na aprendizagem. No fim desta fase, o sujeito tem os instrumentos mentais que lhe permitem outros desenvolvimentos.
  • 20. Poder-se-ia dizer que, para Bruner, existem três estádios:  “Enactivo” – aprender fazendo;  Icónico – aprender por meio de imagens e gravuras;  Simbólico – aprender por meio de palavras ou números.
  • 21. A mente Bruner foi um dos impulsionadores da teoria cognitivista mas acabou por se afastar, por considerar o modelo proposto muito limitativo e redutor. Bruner defende que o desenvolvimento da mente está ligado à construção de significados pelos seres humanos na sua relação com o meio. Estes significados construídos pelos sujeitos nada têm a ver o modo informático do processamento de informação. A mente é criativa, produz sentido, é pessoal e subjectiva, mas é partilhada com os outros que fazem parte do seu contexto social. A pertença a um dado grupo social marca a forma de uma pessoa pensar e de comportar-se; por isso, não podemos compreender os processos cognitivos sem termos em conta o factor cultura.
  • 22. Bruner reconhece que existe, em cada cultura, o que comummente se chama psicologia popular que consiste na forma como, num dado contexto social e cultural, cada um de nós procura explicar o que são as pessoas, por que razão se comportam de determinada maneira, como encaram os problemas, etc. Variam de sociedade para sociedade pois dependem das práticas sociais e das instituições. A psicologia popular é uma teoria da mente que procura explicar as causas dos desejos, crenças, intenções e motivações. A psicologia popular produz um conjunto de narrativas que organizam estas explicações, que descrevem um modo padronizado de pensar os comportamentos, as motivações, as intenções. Diferentemente da psicologia científica, que organiza as suas teorias conceptualmente, a psicologia popular fá-lo através das narrativas.
  • 23. A Aprendizagem A cada modo de representação corresponde um modelo de aprendizagem. Bruner considera que as aprendizagens devem ser compatíveis com as diferentes fases de representação. Assim, na fase enactiva dominarão as aprendizagens centradas sobretudo na manipulação dos objectos; segue-se, na fase icónica, uma aprendizagem das representações dos objectos e das suas características; na última fase, a capacidade simbólica vai possibilitar a compreensão de conceitos lógicos e abstractos e as suas combinações em sistemas. Um mesmo assunto pode ser abordado de formas distintas nas três fases, num percurso que vai de uma abordagem mais simples até à mais complexa. Propõe o que se designa por currículo em espiral.
  • 24. Bruner defende que existe um desejo natural de aprender por parte da criança, uma motivação que, se for aproveitada pelos professores, conduzirá a um maior sucesso escolar. Tem de se ter em conta as necessidades do aluno e a sua capacidade para entender a estrutura do que está a aprender. Primeiro deve ser feita uma abordagem icónica e depois uma simbólica. Finalmente, referia a necessidade do reforço: uma aprendizagem bem- sucedida deve ser reforçada, para aumentar a probabilidade de se repetir.
  • 25. Bruner deu grande importância à aprendizagem por descoberta: se o aluno estiver envolvido na exploração e pesquisa de um determinado assunto, aprenderá melhor e desenvolverá as suas capacidades intelectuais, designadamente o pensamento intuitivo. Este tipo de pensamento antecipa as hipóteses antes de estar de posse de todos os dados, explorando, correndo alguns riscos, procurando uma compreensão imediata do problema. O professor age como um facilitador que encoraja os alunos a descobrirem os princípios por si próprios e a constituírem o conhecimento, para resolverem problemas reais em cooperação com os outros.
  • 26. Metodologia de investigação Bruner considerava que, se queria compreender o processo de aprendizagem, deveria observar alunos e professores em contexto da sala de aula. Adoptou procedimentos da metodologia experimental procurando compatibilizar as suas investigações com as regras científicas.
  • 27. Conclusão Bruner abandona o cognitivismo, por considerar que a busca de uma cientificidade conduziu esta corrente à adopção de um modelo explicativo dos processos da mente que não respeita o seu carácter criativo e dinâmico. Bruner considerou a elaboração das representações mentais e da categorização da informação como processos fundamentais do pensamento humano. A criação de significados é o centro dos processos cognitivos que são partilhados pelas narrativas de cada cultura. Reflexo da importância que atribui à ligação entre o desenvolvimento cognitivo e a cultura é a criação da psicologia cultural.