Platão (428-347 a.C.) foi um importante filósofo da Grécia Antiga que desenvolveu uma filosofia baseada na busca da verdade por meio da razão, não dos sentidos. Ele acreditava na existência de formas ideais eternas que representam a essência das coisas materiais. Sua influente teoria separava o mundo sensível do mundo inteligível das ideias, ilustrada na alegoria da caverna.
2. Sobre Platão
Platão (428-347 a.C.) foi um filósofo e matemático do período clássico da Grécia Antiga,
o mais importante continuador da obra de Sócrates, autor de diversos diálogos e
criador da Academia de Atenas.
É ele quem dá à filosofia a sua primeira grande sistematização, desenvolvendo o foco
da filosofia como a busca da verdade inteligível, que não está no mundo material. Essa
concepção exerce grande influência na filosofia ocidental e nos pensadores futuros.
Essa concepção de filosofia influencia todo pensamento da Idade Média até a Idade
Moderna, somente no período Contemporâneo que a filosofia volta a se tornar um
saber mais amplo e relativo, retomando seu caráter prático.
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3. Possíveis
influências no
pensamento
de Platão
Algumas escolas de
pensamento filosófico e
filósofos possivelmente
exerceram influência no
desenvolvimento da
filosofia de Platão, entre
eles os pré-socráticos
Pitágoras e Parmênides.
4. Pitágoras
Pitágoras acreditava na imortalidade da alma em sua reencarnação, por meio do
movimento cíclico onde um mesmo espírito, após a morte do antigo corpo em que
habitava, retorna à existência material, animando sucessivamente a estrutura física de
vegetais, animais ou seres humanos. O corpo era visto como a prisão da alma, tendo um
certo desprezo pelo corpo e pelo sensível, em detrimento da alma e o inteligível.
Também enfatizava o estudo da matemática e da geometria, pois acreditava que toda a
natureza era traduzida por números, e que por meio deles era possível a harmonização
da alma com o cosmo, realizando assim uma purificação da alma. As crenças dos
pitagóricos, estranhas à religião homérica (oficial), levaram-nos a ver no corpo uma
prisão da alma.
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5. Parmênides
Parmênides (544-450 a.C.) Filósofo grego da escola eleata (nascido em Eléia). Para ele, é
a mudança e o movimento que são ilusões. O *devir não passa de uma aparência.
Segundo ele, os nossos sentidos nos levam a crer no fluxo incessante dos fenômenos,
porém isso não é o real. O real é o ser único, imóvel, imutável, eterno e oculto sob o véu
das aparências múltiplas.
Deste modo, se ocupa de descrever sobre o ser eterno e a substância permanente das
coisas, que são imutáveis e imóveis.
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8. Platão e a política
Desiludido da política de sua época, por conta de crises e problemas na democracia,
Platão abandona o ideal de participação política e passa a louvar o que chama de
“verdadeira filosofia”, defendendo que somente à sua luz se pode reconhecer a justiça
na vida pública e privada.
Ele compra uma propriedade nos arredores de Atenas e ali funda, por volta de 387 a.C.,
uma escola, a Academia, onde desenvolve seus estudos.
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9. Matemática e geometria
Platão procurou reformular e conciliar duas grandes tendências filosóficas do período
Pré-Socrático, o imobilismo eleático (de Parmênides de Eleia) e a filosofia do mobilismo
universal (de Heráclito de Éfeso).
A matemática é, segundo Platão, a base do pensamento filosófico. Para ele, filosofar é
pensar para além da matemática, é fazer metamatemática. O filósofo se utiliza de
recursos inspirados na matemática para combater o relativismo dos sofistas, os quais
afirmavam que não há verdade, mas apenas opiniões circunstanciais e relativas.
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10. Dialética e metafísica em Platão
Segundo Platão, o diálogo não deve permanecer no nível do embate de consciências,
mas precisa se tornar um embate entre teses, por meio de um método que suba do
plano relativo e instável das opiniões até a construção de formas mais seguras de
conhecimento, de modo a se alcançar a verdade.
O diálogo promove o despertar de consciências e também resolve questões teóricas.
Para ele, permanecer no nível das sensações é tornar impossível a construção de um
conhecimento seguro e estável, pois as sensações fornecem apenas evidências
momentâneas e individuais. Ele explica a situação atual do universo e dos seres, não
por meio de uma situação anterior, mas por meio de causas intemporais, que explicam
o por que das coisas sempre terem sido como são.
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11. A teoria separada da prática
Platão procura um fundamento sólido para a conduta humana, pois, segundo ele, as
ações não se justificam por si mesmas, nem as opiniões sobre essas ações.
Segundo ele, é preciso se afastar da vida prática dos homens, desviando o olhar para
um outro lugar onde se possa encontrar a “verdade”, para fazer dela matéria de
contemplação, deste modo ele abandona a política para se dedicar ao desenvolvimento
dessa teoria.
Somente a teoria pode fornecer critérios para as ações humanas, e esses critérios só
podem ser baseados na própria teoria. É somente ela que poderá proporcionar a cada
ação, a sua justificativa.
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12. Essencial e “fabricante”
A dialética de Platão acontece por meio de afirmações e objeções a elas, que vai se
formando um consenso tornando-se uma unanimidade de pensamento. As conclusões
que se chega são incontestáveis e não admitem nenhuma outra solução. Desse modo,
de passo em passo, o pensamento separa o que é aparente do que é essencial.
Platão supõe a existência de um deus, “fabricante” ou “artesão” que, contemplando a
beleza das ideias já existentes, tratou de reproduzi-las. Tomou então do material
disponível, e foi modelando à semelhança das ideias, todos os seres do mundo. A obra
é perfeita, descontada a imperfeição do material empregado.
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13. Mundo ordenado
Platão entende o mundo como um todo que apresenta uma ordem, como a figura mais
perfeita, que representa o único, o limitado e o eterno.
A “verdadeira filosofia”, proclamada por Platão não está no mundo sensível, pois
permaneceria apenas no nível das aparências, que são o modo como as coisas
aparecem aos homens e o modo como estes as percebem por meio das sensações, dos
sentidos. As aparências constituem assim o mundo dos sentidos, o mundo sensível, em
que tudo é instável e variável, de acordo com as circunstâncias e os pontos de vista.
Nesse mundo sensível, cada um se apega a um aspecto das aparências e o transforma
em certeza. E, como cada um percebe o mundo de maneira diferente, as opiniões que
resultam dessa percepção também são variadas e divergentes.
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14. Formas e essências
Platão afirma a existência de “formas”, “essências” ou “ideias”, que seriam os modelos
eternos das coisas sensíveis. Essas essências seriam incorpóreas e imutáveis, existindo
em si mesmas.
Elas não existem na mente humana, como conceitos ou representações mentais, nem
nos objetos, nem nos sujeitos. Para Platão, uma cadeira, por exemplo, que vemos ou
tocamos pode ser de madeira ou metal, desta ou daquela cor, deste ou daquele
formato; ela muda, envelhece, é destruída com o tempo. Já a essência de cadeira
permanece sempre a mesma, fora do tempo e do espaço, e é sempre única. Pois é o que
qualquer cadeira, em qualquer época ou lugar, tem de ser para ser cadeira. É o modelo
perene de todas as cadeiras em qualquer tempo.
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15. Conhecimento intelectual
Segundo Platão, não podemos conhecer por meio dos sentidos essa essência ou ideia
incorpórea e intemporal, pois nossos sentidos só captam o material, o dotado de
alguma concretude, que está no espaço e no tempo. Mas podemos alcançá-la por meio
do intelecto, pois ela é inteligível.
A cada tipo de objeto corresponde uma forma ou etapa no processo de conhecimento.
A escalada parte do mais obscuro e instável até a máxima clareza e a máxima
segurança. Cada etapa remete à que lhe é imediatamente superior, e nela se sustenta e
se aclara. A verdade não é dada de início. É prometida para o final, depois que todo o
caminho ascendente for percorrido, depois de vencidas todas as etapas intermediárias.
É conquista, a última. Nunca uma dádiva gratuita inicial.
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16. Alcançar verdades
A escalada do conhecimento somente resultará na garantia da verdade se, no final,
depois de percorridas todas as hipóteses, levar ao absoluto, ao necessário, ao não
hipotético. Platão considera que, usando o conhecimento dialético, o filósofo pode
atingir as essências eternas. E, seguindo as articulações que ligam determinadas
essências a determinadas essências, vai conquistando essências cada vez mais gerais.
Até que, por fim, contempla aquele absoluto, uma superessência. Na República, Platão
o denomina de Bem. Ele seria a fonte de toda luz, fazendo com que os objetos possam
ser conhecidos e que nós possamos conhecê-los.
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17. Concepção de “verdade”
Segundo Platão, a opinião jamais pode proporcionar o verdadeiro conhecimento, que é
a ciência. E o conhecimento, que ultrapassa o nível das opiniões, só pode ser acessado
por meio das essências.
Platão denomina essas essências como ideias ou formas. Assim, se no mundo sensível
há vários cavalos diferentes, existe, por outro lado, uma única ideia de Cavalo. E, para
os diferentes círculos que percebemos, há uma só idéia de Círculo. A pluralidade das
coisas e as mudanças são próprias do mundo sensível.
Cada ideia, ao contrário, é única e imutável, existindo verdadeiramente. Para ele, o
mundo inteligível (das ideias) existe anteriormente ao mundo sensível, e é nele que
estão as verdades que se apresentam de modo imperfeitas para nós.
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18. Mundo sensível e mundo das ideias
Esses dois mundos, segundo Platão, embora separados, estão relacionados de modo
que as coisas sensíveis imitam as ideias que lhes correspondem, do mesmo modo como
um pintor imita em seu quadro a natureza. Como imitação, as coisas sensíveis são
sempre imperfeitas, e isso explica por que o mundo sensível é variado e sempre em
mutação.
Conhecer é portanto reconhecer, lembrar-se das ideias que foram contempladas pela
alma, mas esquecidas por conta do apego do corpo às coisas sensíveis. A alma possui
essa capacidade de reconhecer as ideias pois, de certo modo, faz parte do mundo das
ideias. A ideia é imaterial, incorpórea e impalpável, constituindo um elo de ligação que
mantemos com o inteligível.
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20. Alegoria da Caverna
Platão ilustra os passos desse amor que deseja conhecer por meio da célebre alegoria
da caverna, que abre o Livro VII de A República. Segundo essa alegoria, o mundo
sensível é como uma caverna em que os homens se encontram acorrentados de tal
modo que só podem olhar para as paredes escuras. Atrás deles há uma fogueira cuja luz
projeta na parede sombras obscuras— a única realidade, para esses homens. Mas um
deles consegue escapar. Fora da caverna, a intensa luz do Sol ofusca-lhe a visão. Os
olhos, porém, acostumam-se à claridade e ele vê a verdadeira e bela realidade: o
mundo inteligível. Maravilhado, não pode deixar de voltar à caverna, a fim de
comunicar aos companheiros a sua descoberta. Mas eles não o compreendem. Riem e,
depois, matam-no.
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21. Alegoria da Caverna
O filósofo que chega à verdadeira realidade tem uma missão: a de voltar à caverna, ao
mundo sensível dos homens, mesmo que ali seja incompreendido. Afinal, viu a luz do
Sol que ilumina toda a realidade; a luz que, ao possibilitar o conhecimento,
proporciona também o conhecimento de como os homens devem agir. Conhecer, para
Platão, é conhecer o Bem, a Idéia suprema que, como o Sol, ilumina as demais idéias,
tornando-as compreensíveis. Conhecer o Bem significa que finalmente é possível
organizar a cidade não mais segundo as opiniões, mas ten-do como base o verdadeiro
conhecimento.
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22. Platão influenciou
O pensamento de Platão teve papel decisivo na construção da teologia, da mística e da
filosofia cristãs. De fato, nos primeiros séculos da Idade Média, as tentativas de
harmonização da razão filosófica com a fé religiosa foram geralmente feitas com base
no platonismo. E mesmo depois que, a partir do século XIII, a conciliação entre fé e
razão passou a se fundamentar na filosofia de Aristóteles (com Santo Alberto Magno e
Santo Tomás de Aquino), o platonismo continuou a ser o alicerce de importantes
correntes teológicas e filosóficas medievais, como as do pensamento inglês.
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23. Filosofias Modernas
A concepção platônica de que o conhecimento do mundo físico exige a utilização de
recursos matemáticos inspira a criação da física-matemática, a partir do Renascimento.
Por outro lado, as filosofias modernas de índole racionalista retomam e reformulam
teses platônicas. É compreensível: como o maior filósofo-geômetra da Grécia, Platão
influencia toda a longa linhagem de pensadores que se apoiam na matemática e que
veem na razão matemática o modelo da razão, até a atualidade.
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24. Referências Bibliográficas
Curso de Filosofia. Antonio Rezende. Rio de Janeiro: Zahar, 2016.
Dicionário Básico de Filosofia. Japiassú, Marcondes. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
Filosofando: Introdução à Filosofia. Aranha, Martins. São Paulo: Moderna, 2009.
Fundamentos da Filosofia. Fernandes, Cotrim. São Paulo: Saraiva, 2013.
Os Pensadores: História da Filosofia. Bernadette Siqueira Abrão. Nova Cultural, 1999.
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