2. Patologia Geral
• INFLAMAÇÃO: ou flogose (Latim
inflamare e do Grego phlogos ->
significam “pegar fogo”).
• É uma reação dos tecidos
vascularizados a um agente
agressor, gerando saída de líquidos
e de células do sangue para o
interstício.
• Em geral a inflamação é um
importante mecanismo de defesa
contra inúmeras agressões, mas
também pode causar danos ao
organismo.
Capítulo 5: Inflamação
Sinais Cardinais
3. Patologia Geral
• O agente inflamatório ou
flogógeno (causa da inflamação)
age sobre os tecidos induzindo a
liberação de mediadores
químicos, que ao agirem nos
receptores das células da
microcirculação e nos leucócitos,
produzem ↑ da permeabilidade
vascular e exsudação de plasma e
células sanguíneas para o
interstício.
Capítulo 5: Inflamação
4. Patologia Geral
• Os estímulos que levam à liberação dos
mediadores dessa reação, levam também
(de modo mais lento) à liberação de
mediadores com efeitos antinflamatórios,
responsáveis pela redução da exsudação dos
leucócitos e pela proteção contra os
possíveis efeitos lesivos dessas células.
• Assim cessada a ação do agente
inflamatório, reduz-se a liberação de agentes
pró-inflamatórios, passando a predominar
os agentes antinflamatórios.
Capítulo 5: Inflamação
Resolução do processo inflamatório:
Remoção dos micróbios, células mortas e debridação
Restauração da integridade e perfusão vascular
Regeneração do tecido
Remissão da febre (aumento de temperatura)
Alívio da dor
5. Patologia Geral
• A consequência é que a microcirculação
recupera a hemodinâmica original e o
líquido e as células exsudadas voltam à
circulação sanguínea (principalmente
pelos vasos linfáticos).
• Se ocorre necrose o tecido destruído é
fagocitado, surgindo logo depois os
fenômenos da cicatrização ou de
regeneração (dependendo da extensão
da lesão e do órgão acometido).
Capítulo 5: Inflamação
6. Patologia Geral
• O processo inflamatório é um
fenômeno dinâmico e essa é a
razão pela qual seu aspecto
morfológico se modifica com o
tempo.
Capítulo 5: Inflamação
Processo de cicatrização tecidual
7. Patologia Geral
• Sinais cardinais:
• A reação inflamatória é conhecida há
bastante tempo.
• Na antiguidade os Gregos já a definiam
pelos seus sinais e sintomas típicos que
são:
• - Calor
• - Rubor
• - Tumor (edema)
• - Dor
• Só muito mais tarde (séc. XIX), foi dada a
devida importância a perda da
funcionalidade que quase sempre
acompanha as reações inflamatórias
Capítulo 5: Inflamação
Aulius Cornelius
Celsius – 25ac a
50 dc
8. Patologia Geral
• Essa caracterização por sinais cardinais baseava-se
exclusivamente em observações de inflamações em
órgãos passíveis de visualização a olho nu (pele,
cavidade bucal, garganta. etc...).
• Após a descoberta da circulação sanguínea ocorre
também a preocupação de se conhecer melhor a
reação inflamatória (tentativa de se produzir o
fenômeno experimentalmente).
• Uma das primeiras observações científicas sobre a
inflamação foi feita por John Hunter em 1794 (fez
descrições macroscópicas do processo sugerindo
sua relação com fenômenos circulatórios).
Capítulo 5: Inflamação
John Hunter
9. Patologia Geral
• Os trabalhos clássicos de produção experimental
de inflamação são de Julius Cohnhein (1839-
1884), feitos no século XIX.
• Cohnhein utilizou a membrana interdigital da rã,
mostrando alterações vasculares e exsudação
celular após irritação direta da pele.
Capítulo 5: Inflamação
10. Patologia Geral
• No início do século XX, os estudos
experimentais se aceleraram após a
descoberta do primeiro mediador da
inflamação (Histamina) por George Barger e
Henry Hallet Dale.
• Daí em diante os processos experimentais se
multiplicaram, possibilitando além do
conhecimento do processo inflamatório
como também a investigação de drogas
antinflamatórias muito úteis para o
tratamento das inflamações.
Capítulo 5: Inflamação
11. Patologia Geral
• Fenômenos da inflamação:
• Fenômenos irritativos -> consistem
num conjunto de modificações
provocadas pelo agente inflamatório
que resulta na liberação de mediadores
químicos responsáveis pelos
fenômenos subsequentes da
inflamação.
• Células e mediadores da inflamação:
• Os tecidos possuem inervação,
microcirculação, células
parenquimatosas e estroma (tecido
conjuntivo).
• Agentes lesivos atingem um ou vários
desses componentes que vão produzir
uma resposta local para adaptar os
tecidos à nova situação.
Capítulo 5: Inflamação
Iniciação química da nocicepção
12. Patologia Geral
• Isso favorece a eliminação da agressão ou de seus efeitos.
• Essa resposta ocorre por liberação de mediadores que induzem
modificações na microcirculação e migração de fagócitos para o
interstício.
• A forma a qual o agente agressor irrita o tecido é variável:
• a) Liberação de substâncias que encontram receptores nas células, que
quando ativadas, liberam mediadores;
• b) Indução de modificações em moléculas dos tecidos, que, quando
ativadas desencadeiam reações liberando também mediadores;
• c) Produção, por ação direta, de lesões celulares ou da matriz
extracelular, cuja consequência será a liberação de mediadores.
Capítulo 5: Inflamação
13. Patologia Geral
• Essas reações dos tecidos que liberam
mediadores imediatamente agindo no
próprio tecido, tentando adaptá-lo à
agressão, são muito semelhantes a
variados agentes agressores, pois
fazem pela liberação de um grupo
restrito de mediadores e são
necessárias em qualquer tipo de
agressão (resposta inata).
• Os mediadores da resposta imunitária
inata, são complementados por
mediadores produzidos pela resposta
imunitária adaptativa.
Capítulo 5: Inflamação
14. Patologia Geral
• A resposta adaptativa, modula a
resposta inflamatória, tornando-
a mais eficaz na eliminação da
agressão.
• Por isso as respostas inata e
adaptativa estão sempre
associadas na resposta
inflamatória.
Capítulo 5: Inflamação
15. Patologia Geral
• Os mediadores liberados após uma agressão ficam
armazenados em células (ex: mastócitos presentes
em todos os tecidos conjuntivos) ou terminações
nervosas sensitivas, ou são produzidos por outras
células (endotélio, monócitos, macrófagos,
neutrófilos, linfócitos, células parenquimatosas ou do
estroma).
• Essas subtâncias recebem nomes variados
(mediadores endógenos, autacóides, citocinas,
quimiocinas) e desempenham papel fundamental nas
respostas locais e sistêmicas após agressões.
Capítulo 5: Inflamação
16. Patologia Geral
• Os mediadores de liberação
imediata são responsáveis pelo
início dos fenômenos vasculares e
exsudativos, enquanto os de
liberação mediada ou tardia atuam
na manutenção desses fenômenos
ou na reparação e produtivos,
levando à cura ou à cronificação
do processo.
Capítulo 5: Inflamação
17. Patologia Geral
• Mastócitos:
• Dois tipos:
• MTC -> mastócitos de tecido conjuntivo, são células grandes
que se originam de um precursor mesenquimal
(mesênquima é um tecido embrionário originado do
conjuntivo) ainda não conhecido. Os MTC tem
diferenciação e proliferação independentes dos linfócitos T.
• MM -> mastócitos das mucosas, se diferenciam a partir de
um precursor da medula óssea sob influência da IL-3
(interleucina 3, atua na maturação e liberação de histamina)
e se localizam geralmente na lâmina própria de mucosas
(exsudam para locais de reação anafilática no período
imediato ou tardio). Os MM são essencialmente
dependentes de linfócitos T.
Capítulo 5: Inflamação
MTC – mastócito de
tecido conjuntivo
18. Patologia Geral
• Ambos possuem receptores Fce de alta afinidade (imunoglobulinas –
anticorpos).
• Possuem também receptores para C3a, C5a (fragmentos de proteína
derivados da clivagem de C5 pelo sistema complemento).
• Receptores β-adrenérgicos (receptor adrenérgico predominante nos
músculos lisos que causam o relaxamento visceral).
• Receptores colinérgicos (proteína integral de membrana que gera uma
resposta a partir de uma mólecula de acetilcolina).
• Receptores H1 e H2 para histamina (amina biogênica vasodilatadora
envolvida em processos bioquímicos de respostas imunológicas).
Capítulo 5: Inflamação
19. Patologia Geral
• Os receptores β-adrenérgicos e os H2
são antagonistas da desgranulação, e
os receptores colinérgicos e os α-
drenérgicos são agonistas da
desgranulação.
• Os mastócitos armazenam em seus
grânulos (histamina, heparina,
algumas proteases e outros produtos.
• A desgranulação se faz por diferentes
estímulos: Calor, trauma mecânico,
frio, reação de antígenos, etc...
Capítulo 5: Inflamação
Grânulos
Os grânulos liberando os mediadores químicos no
interstício
20. Patologia Geral
• A histamina liberada produz
vasodilatação arteriolar, ↑ a
permeabilidade vascular e possibilita
a passagem de proteínas do plasma
para o interstício, especialmente o
fibrinogênio.
• Os mastócitos também sintetizam e
liberam prostaglandinas,
leucotrienos, IL-4, IL-5, IL-3 e
quimiocinas, especialmente eotaxina
(subfamília das quimiocinas
eosinofílicas responsáveis por ações
contra parasitas multicelulares e
infecções em geral)
Capítulo 5: Inflamação
21. Patologia Geral
• Basófilos: são células circulantes que
se originam de precursores da medulla
óssea.
• Seu número no sangue é pequeno (0,1
– 1% dos leucócitos; 50 a 80/mm³).
• Tem núcleo lobulado e numerosos
grânulos eletrodensos no citoplasma.
• Possuem receptores de membrana
para Fc (porção das imunoglobulinas)
de anticorpos IgE (imunoglobulina E).
Capítulo 5: Inflamação
Basófilos
22. Patologia Geral
• Plaquetas: importantes fontes de
mediadores da inflamação, os quais
ficam armazenados em seus grânulos.
• Sintetizam TXA₂ , lipoxinas e
macrófagos.
Capítulo 5: Inflamação
23. Patologia Geral
• Terminações nervosas: armazenam peptídeos conhecidos como taquicininas (a
mais conhecida é a substância P).
• A substância P age em diferentes receptores celulares produzindo contração da
musculatura lisa intestinal e brônquica, vasodilatação arteriolar, aumento da
permeabilidade vascular (provavelmente por indução da liberação de histamina) e
efeito quimiotático sobre células polimorfonucleares e macrófagos.
Capítulo 5: Inflamação
24. Patologia Geral
• Endotélio: As células
endoteliais produzem
substâncias diversas que
atuam na coagulação,
aderência de leucócitos e
vasomotricidade.
• Já foi descrito mais
detalhadamente no capítulo
anterior.
Capítulo 5: Inflamação
25. Patologia Geral
• Sistema complemento: é um
conjunto de proteínas (pró-
enzimas) que se ativam em
cascata, e formam sobre a célula
onde o sistema foi ativado um
complexo macronuclear
anfipático (molécula que tem
regiões hidrofóbicas e
hidrofílicas), que se aprofunda na
membrana, criando um poro
hidrofílico através do qual a célula
perde elétrons e morre.
Capítulo 5: Inflamação
Opsonização:processo que facilita a ação do
sistema imunológico em fixar opsoninas ou
fragmentos do complemento na superfície
bacteriana, permitindo a fagocitose
26. Patologia Geral
• O sistema complemento pode ser ativado de três formas:
• A) via clássica, ativada por complexos Ag-Ac (antígeno-anticorpo);
• B) via alternativa, desencadeada pela ativação do C3 convertase (única
proteína do complemento capaz de se quebrada sem a ação de uma
enzima) pois ela sofre hidrólise convertendo-se em C3a e C3b na
superfície do patógeno;
• C) via das lectinas, incia-se pela ligação da lectina MBP (Manose Binding
Protein)- proteína de origem não-imunológica, que aglutina hemácias
graças à sua propriedade de se ligar reversivelmente a carboidratos) a
resíduos de manose existentes na superfície de microorganismos.
Capítulo 5: Inflamação
27. Patologia Geral
• Mediadores lipídicos: os lipídeos das
membranas são fonte de mediadores
extracelulares ou de mensageiros
intracelulares gerados por ativação de
receptores de membrana.
• Os derivados do ácido fosfatídico e a
esfingomielina são a principais fontes
desses mediadores.
• A fosfolipase hidrolisa fosfolipídeos,
liberando ácidos graxos e radicais
ligados ao fosfato.
• A esfingomielinase age sobre a
esfingomielina clivando-a em ceramida
e fosforilcolina.
Capítulo 5: Inflamação
28. Patologia Geral
• Por a ação das cicloxigenases
(COX) do citosol, o ácido
aracdônico libera
prostaglandinas (PG), que
agem em receptores de várias
células, produzindo uma vasta
gama de efeitos biológicos.
Capítulo 5: Inflamação
29. Patologia Geral
• As lipoxigenases (LO-5, LO-12 e
LO-15) agem sobre o ácido
aracdônico e produzem os
leucotrienos, que são poderosos
quiomiotáticos, aumentando a
permeabilidade vascular,
causando vasodilatação e
contraem a musculatura lisa do
intestino e brônquios.
• As lipoxinas LX – Lipoxygenase
interaction products, são
derivadas do ácido aracdônico.
Capítulo 5: Inflamação
30. Patologia Geral
• Fenômenos vasculares:
• As principais modificações são:
• 1) – vasodilatação arteriolar, produzida na maioria das vezes por ação da
histamina e do reflexo axônico (ação da substância P das terminações
nervosas e da histamina). Ocorre o aumento do fluxo sanguíneo para a
área agredida, hyperemia ativa.
• 2) – As vênulas menores se dilatam, mas as maiores sofrem uma
pequena constrição, aumento da pressão hidrostática na
microcirculação.
Capítulo 5: Inflamação
31. Patologia Geral
• Fenômenos exudativos: são
resultantes da saída dos elementos
do sangue (plasma e células) do leito
vascular para o interstício (Latin –
exudare – passer através de).
• Em geral a exudação plasmática
precede e exudação cellular.
• A exudação de leucócitos é o
elemento morfológico mais
característico das inflamações.
Capítulo 5: Inflamação
32. Patologia Geral
• Exudação plasmática: começa
nas fases iniciais da hiperemia e
continua durante o processo
inflamatório.
• O exudato pode ser rico ou
pobre em proteínas, e sua
quantidade é variável.
Capítulo 5: Inflamação
33. Patologia Geral
• Exudação cellular: o
primeiro evento é a
marginalização leucocitária,
onde os leucócitos migram
do centro da coluna
sanguínea passando a
ocupar a periferia do vaso.
Capítulo 5: Inflamação
34. Patologia Geral
• Agentes quimiotáticos: são
liberados no interstício e se
difundem criando um gradient que
diminui em direção ao vaso.
• Os leucócitos saem do vaso e se
dirigem ao centro do processo
inflamatório quiados por agentes
quimiotáticos.
• As substâncias quimiotáticas
podem ser exógenas (trazidas pelo
agente inflamatório) ou
endógenas, produto da ativação do
Sistema complemento.
Capítulo 5: Inflamação
35. •REFERÊNCIAS
BOGLIOLO, L.; BRASILEIRO FILHO, G. Patologia. 7ªed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.
GOLJAN, E. F. Resumo de Patologia. São Paulo: Roca, 2002.
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ROBBINS, S. L.; KUMAR, V. (ed.); ABBAS, A.K. (ed.); FAUSTO, N. (ed.). Patologia: Bases Patológicas das
doenças. 7ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.
ROBBINS, S. L.; COTRAN R.S.; KUMAR, V. Patologia Estrutural e Funcional. 6ª ed., Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 1991.
STEVENS, A.; LOWE J. Patologia. 2ª ed. Barueri: Manole, 2002.