Este documento resume os principais problemas filosóficos abordados por David Hume, notadamente: (1) a inexistência de um eu substancial, apenas uma sucessão de percepções; (2) a impossibilidade de justificar a existência independente do mundo exterior; (3) a formação da ideia de Deus a partir da imaginação, sem fundamento empírico.
5. PRINCÍPIO DA CÓPIA
SEGUNDO O PRINCÍPIO DA CÓPIA, TODA A IDEIA
É CÓPIA DE UMA IMPRESSÃO SIMILAR, OU SEJA,
TEM DE EXISTIR UMA IMPRESSÃO QUE LHE
CORRESPONDA;
SE ENCONTRARMOS UMA IMPRESSÃO DA IDEIA
DE EU, ENTÃO É POSSÍVEL TERMOS
CONHECIMENTO DO EU. SE NÃO, ENTÃO ...
6. ARGUMENTAÇÃO:
TEMOS TENDÊNCIA A SUPOR QUE O EU É UMA
ENTIDADE ESTÁVEL, QUE PERSISTE ATRAVÉS DO
TEMPO E DA MUDANÇA, OU SEJA, QUE HÁ UM
SUBSTRATO DA NOSSA PERCEPÇÃO, DO NOSSO
PENSAMENTO;
NO ENTANTO, NÃO HÁ IMPRESSÃO DO EU, APENAS
TEMOS IMPRESSÕES PARTICULARES, COMO AS DE
CALOR OU DE FRIO, DE DOR OU DE PRAZER, ETC.
7. A INTROSPECÇÃO NÃO
PERMITE ENCONTRAR
QUALQUER SUBSTRATO
INALTERÁVEL (IMPRESSÃO DA
IDEIA DE EU), MAS SIM UMA
SUCESSÃO DE IMPRESSÕES
EFÉMERAS NUMA ESPÉCIE DE
TEATRO EM QUE VÁRIAS
PERCEPÇÕES OCORREM
SUCESSIVAMENTE.
ARGUMENTAÇÃO
8. HUME RESPONDE NEGATIVAMENTE À
QUESTÃO: “SERÁ QUE PODEMOS TER
CONHECIMENTO DO EU? DADO QUE NÃO
HÁ QUALQUER IMPRESSÃO DA IDEIA DE EU;
Logo, a introspecção (análise interior) apenas
nos permite PENSAR o eu como um feixe de
PERCEPÇÕES MUTÁVEIS, e não como um
substrato permanente. A crença num eu estável
é um produto da imaginação.
9. PROBLEMA DO
MUNDO EXTERIOR
FORMULAÇÃO DO
PROBLEMA DO
MUNDO EXTERIOR
RESPOSTA DE HUME
SERÁ QUE OS OBJECTOS
QUE PERCEPCIONAMOS
TÊM UMA EXISTÊNCIA
INDEPENDENTE DA NOSSA
PERCEPÇÃO?
NÃO PODEMOS JUSTIFICAR
A NOSSA CRENÇA NA
REALIDADE DO MUNDO
EXTERIOR.
10. TEXTO DE HUME
“É uma questão de facto se as percepções dos sentidos são
produzidas por objectos externos, a elas semelhantes: como
irá decidir-se tal questão? Pela experiência, certamente,
como todas as outras questões de natureza similar. Mas,
aqui, a experiência é e deve ser inteiramente muda. A
mente nunca tem algo presente a si a não ser as percepções
e, possivelmente, não pode obter qualquer experiência da
sua conexão com os objectos. Por conseguinte, a suposição
de uma tal conexão é desprovida de todo o fundamento no
raciocínio. Recorrer à veracidade do Ser supremo para
demonstrar a veracidade dos nossos sentidos é, sem dúvida,
realizar um circuito muito inesperado. Se a sua veracidade
estivesse nesta matéria deveras implicada, os nossos
sentidos seriam totalmente infalíveis, porque não é possível
que Ele nos possa enganar.”
David Hume, trad. port. Artur Morão, Investigação sobre o Entendimento
humano, XII, Parte I, 120.
13. QUESTÃO
MAÇA EM
CIMA DE
UMA MESA
2. TACTO E VISÃO
1.TEMOS A
IMPRESSÃO
SENSÍVEL DA MESA
E DA MAÇÃ
3. FORMAMOS A
IDEIA DE MESA E
DE MAÇA
SERÁ A IDEIA DE MAÇA E/OU DE
MESA SUFICIENMTE PARA
CONFIRMAR QUE A MESA E A
MAÇA CONTINUAM A EXISTIR
INDEPENDENTEMENTE DA SUA
PERCEPÇÃO?
16. A mente apenas conhece as suas próprias percepções, ou seja, as impressões e as ideias. Não
devemos confundir a percepção de um objecto com esse objecto. Por exemplo, as percepções de
uma escova de dentes são distintas consoante nos aproximamos (maior) ou afastamos (mais
pequena) dela.
No entanto, creditamos que as percepções representam os objectos exteriores, isto é, que são
causadas por eles. Acreditamos porque na realidade só temos acesso às nossas percepções,
que se encontram na nossa mente. Temos tendência (acreditamos) a estabelecer uma ligação
(conexão) entre as percepções (conteúdos da mente) e a existência de objectos exteriores . Ora
essa crença não tem justificação: é o resultado da nossa inclinação pessoal (instinto).
Donde surge essa crença?
Da aparente constância das coisas, ou seja, do facto das coisas ou dos objectos que vemos ou
tocamos hoje serem mais ou menos iguais aos que vimos e tocamos ontem. Se a pasta de
dentes que eu usei ontem, hoje está “igual”, então acredito que exista independente das minhas
percepções.
ARGUMENTAÇÃO:
17. As alucinações e os sonhos provam que é
possível que existam percepções sem que lhes
corresponda qualquer impressão.
Intuitivamente somos levados a supôr que o
mundo externo é feito de objectos estáveis. Mas
aquilo de que temos experiência é efémero
(momentâneo) dado que não temos impressão
da conjunção constante entre as nossas
percepções e os objectos físicos exteriores.
Logo, a nossa crença instintiva de que o mundo
é feito de objectos diferentes e constantes é
injustificada.
CONCLUSÃO
DE HUME
18. O PROBLEMA DA
EXISTÊNCIA DE DEUS
TÓPICOSADESENVOLVER:
1. A relação entre as impressões e as ideias e
entre as ideias simples e as ideias
complexas;
1. A identificação da ideia de Deus como ideia
complexa que tem por base ideias simples
que a mente e a vontade compõem e
potenciam.
19. 19
A RELAÇÃO ENTRE AS IMPRESSÕES E AS
IDEIAS
1.AS IMPRESSÕES
(PERCEPÇÕES MAIS
VÍVIDAS E
INTENSAS), e 2. AS
IDEIAS
(PERCEPÇÕES
MENOS VÍVIDAS E
INTENSAS).
20. AS IMPRESSÕES
abragem as
nossas sensações
externas (visuais,
tácteis, auditivas,
etc) e os nossos
sentimentos
internos (desejos,
emoções, etc).
A RELAÇÃO ENTRE
AS IMPRESSÕES
E AS IDEIAS
21. A RELAÇÃO ENTRE
AS IMPRESSÕES E
AS IDEIAS
AS IDEIAS
são as percepções
mais ténues (cópia
das impressões) que
constituem o nosso
pensamento.
As ideias podem ser
simples ou
complexas.
22. PRINCÍPIO DA CÓPIA:
Todas as nossas ideias são cópias
das nossas impressões. HUME negA
a existência de ideias inatas dado que
todas as nossas ideias têm uma
origem empírica, isto é, em
impressões externas (dados dos
sentidos) ou internas (sentimentos e
desejos).
IMPRESSÕES
IDEIAS
A RELAÇÃO ENTRE AS IMPRESSÕES E AS IDEIAS
24. Todo o conhecimento começa com a
experiência. Não há ideias inatas,
ideias que precedem as impressões
correspondentes, ao contrário do
que pensam os racionalistas. Se as
ideias são cópias ou imagens das
impressões, derivam da experiência.
O EMPIRISMO DE
HUME
25. O
EMPIRISMO
DE HUME
Para Hume, as impressões
sensíveis estabelecem o limite
do nosso conhecimento: não
posso afirmar nenhuma coisa ou
realidade da qual não tenho
qualquer impressão sensível
(como, por exemplo, Deus).
26. IDEIAS
SIMPLES E
COMPLEXAS
AS IDEIAS SÃO CÓPIAS DAS IMPRESSÕES,
AS IDEIAS SIMPLES DIZEM RESPEITO À
MEMÓRIA (exemplo, a ideia de cavalo) E
AS IDEIAS COMPLEXAS À IMAGINAÇÃO
(exemplo, a ideia de cavalo alado). Apesar
de nunca termos tido impressão de um
cavalo alado, formamos essa ideia
complexa a partir das ideias simples
(cópias das impressões) de cavalo e de
seres com asas.
27.
28. “ (…) ao analisarmos os nossos pensamentos ou ideias, por
mais compostos e sublimes que sejam, sempre descobrimos
que elas se resolvem em ideias tão simples como se fossem
copiadas de uma sensação ou sentimento precedente. Mesmo
as ideias que, à primeira vista, parecem afastadas desta
origem, descobre-se, após um escrutínio mais minucioso,
serem delas derivadas. A ideia de Deus, enquanto significa um
Ser infinitamente inteligente, sábio e bom, procede da
reflexão sobre as operações da nossa própria mente, e eleva
sem limite essas qualidades da bondade e da sabedoria.
Podemos prosseguir esta inquirição até ao ponto que nos
agradar, onde sempre descobriremos que toda a ideia que
examinamos é copiada de uma impressão similar.”
Hume, Investigação sobre o entendimento humano, Edições 70, tradução de
Artur Morão, Lisboa, 1985, pág. 25.
TEXTO DE
HUME
29. SEGUNDO HUME; TODA A IDEIA É CÓPIA DE
UMA IMPRESSÃO (EXPERIÊNCIA).
A ideia de Deus (Ser infinitamente inteligente,
sábio e bom), é uma ideia complexa que
procede das ideias simples de seres inteligentes,
bondosos e sábios , e como ele próprio afirma
“eleva sem limite essas qualidades da bondade e
da sabedoria”.
Como?
ATRAVÉS DA IMAGINAÇÃO.
QUESTÃO
COMO FORMAMOS A IDEIA DE
DEUS?
30. CONTRARIAMENTE A DESCARTES;
HUME DEFENDE QUE NÂO HÁ
CONHECIMENTO DE REALIDADES
METAFÍSICAS.
PORQUÊ?
PORQUE NÂO PODEMOS TER
EXPERIÊNCIA DIRECTA (IMPRESSÔES)
DESSE TIPO DE REALIDADES.
ARGUMENTO ANTIMETAFÍSICO: A frase
"Deus existe“ não é uma proposição
empírica nem analítica: é uma frase
metafísica. Logo, como todas as outras
frases metafísicas é desprovida de
significado, isto é, não exprimem qualquer
espécie de conhecimento.
31. CONSULTAS: Lopes, António. Galvão,
Pedro, Preparação para
o exame Nacional 2012,
Porto editora, 2012.
Luís, Rodrigues,
Filosofia, 11º Ano,
Plátano Editora,
2008.
Rodrigues, Luís, Nunes,
Álvaro, Filosofia para a
Prova Intermédia do 11º
Ano, Plátano Editora.,
2012.
A Arte de Pensar,
Filosofia 11º Ano,
Didáctica Editora.