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JB NEWS
Filiado à ABIM sob nr. 007/JV
Editoria: Ir Jeronimo Borges
Loja Templários da Nova Era nr. 91(Florianópolis) - Obreiro
Loja Alferes Tiradentes nr. 20 (Florianópolis) - Membro Honorário
Loja Harmonia nr. 26 (B. Horizonte) - Membro Honorário
Loja Fraternidade Brazileira de Estudos e Pesquisas (J. de Fora) -Correspondente
Loja Francisco Xavier Ferreira de Pesquisas Maçônicas (P. Alegre) - Correspondente
Academia Catarinense Maçônica de Letras
Academia Maçônica de Letras do Brasil – Arcádia de B. Horizonte
Nascer do sol em Florianópolis. Ou seria Meio-Dia?
Saudações, Prezado Irmão!
Índice do JB News nr. 2.300 – Florianópolis (SC) – segunda-feira , 16 de janeiro de 2017
Última Edição da série JB News
Bloco 1 - Ir Jeronimo Borges – Good Bye (Editorial)
Bloco 2 - Ir Sérgio Quirino – Melquisedeque e a Maçonaria
Bloco 3 - IrEleutério Nicolau da Conceição – Nossa Senhor do Desterro – Primeiros Anos
Bloco 4 - IrE. Figueiredo – in (Tolerância)
Bloco 5 - IrValdemar Sansão – Visitação e Trolhamento – (Maçonaria em Gotas – XV)
Bloco 6 - Ir Diógenes de Sínope – O que se pode e deve ler no Poema “Régio e Manuscrito de
Cooke”
Bloco 7 - Ir José Anselmo Cícero de Sá – Reminiscências Maçônicas de “D. Pedro I”
Bloco 8- Fechando a Cortina. É Meia-Noite Venerável Mestre!
JB News – Informativo nr. 2.300 – Florianópolis (SC), segunda-feira, 16 de janeiro de 2017 Pág. 2/28
Ir Jeronimo Borges
Editor do JB News
Estimado Leitor do JB News,
Esta mensagem pode ser um choque para muitos. Para outros, nem tanto.
Está sendo escrita no costumeiro linguajar simples, como sempre postado no
informativo JB News.
Por razões de cunho pessoal, pedindo vênia para não enumerá-las, envio hoje a
derradeira edição normal do JB News.
As poucas que ainda se seguirão, serão edições especiais, apenas para publicar os
artigos ainda pendentes, como as “Perguntas & Respostas” do Venerável Irmão
Pedro Juk.
Foram milhares de horas trabalhadas e milhares de informativos maçônicos desde o
começo de uma longa jornada que se iniciou em 2003, levando informações
conhecimento e cultura, com modéstia, singularidade e sem qualquer pretensão, não
existindo barreiras de feriados nem datas festivas, para impedir suas publicações e
nem de local onde estivéssemos, quer a passeio ou a compromissos maçônicos.
Foram ao todo, somente com a nomenclatura JB News, 2.300 edições diárias.
Foi particularmente para mim uma excelente terapia ocupacional, como
preenchimento de tempo de um magistrado aposentado, acostumado ao duro e
exaustivo trabalho diuturno, de saudosa vida judicante.
1 – Editorial – Good Bye
JB News – Informativo nr. 2.300 – Florianópolis (SC), segunda-feira, 16 de janeiro de 2017 Pág. 3/28
O aprimoramento do JB News deu-se paulatinamente na continuidade dos anos,
aperfeiçoando-se pelos erros cometidos e por auxílio ou correção do próprio leitor.
Esse apoio foi fundamental, aliado à inegável participação de notáveis irmãos
escritores, do Brasil e Exterior, a quem rendo minhas homenagens e profunda
gratidão.
Trabalhamos juntos e juntos acabamos fazendo história na imprensa maçônica
nacional e sendo referência internacionalmente reconhecida. As centenas de irmãos
portugueses e das Américas, que o digam.
Existirá doravante alguma lacuna ou quiçá algum irmão abnegado desejerá prosseguir
essa obstinação? Auxiliarei e envidarei meus esforços no que for necessário.
O site http://www.jbnews33.com.br/informativos que contém todas as edições do JB
News, permanecerá no ar durante os próximos seis meses, tempo suficiente para que
todos tenham a oportunidade de armazenar o que bem lhe aprouver.
O seu acervo é um extraordinário celeiro cultural legado ao Irmão Maçom.
Também nesse mesmo interregno, serão desativadas as seguintes contas de e-mails:
info@jbnews33.com.br – (para transmissão em mala direta diária dos 11.549, ou mais e-
mails, através da Locaweb.)
jbnews@floripa.com.br;
jbnews33@gmail.com;
jbnews33@yahoo.com.br;
jbnews33@floripa.com.br;
jbnews-33@floripa.com.br;
jb-news@floripa.com.br;
jbnews@jbnews33.com;
O endereçamento eletrônico particular jbf@floripa.com.br permanecerá ativo
indefinidamente.
Não quero declinar nomes para não cometer injustiça, temeroso por esquecer a
nominata de algum magnânimo escritor colaborador, notadamente aqueles que me
acompanham há anos, como também de alguns notáveis leitores, verdadeiros
JB News – Informativo nr. 2.300 – Florianópolis (SC), segunda-feira, 16 de janeiro de 2017 Pág. 4/28
“embaixadores” do JB News por este País a fora. Personagens, cujos nomes queridos
guardarei com muito carinho, herméticos em meu coração.
Obrigado pelo apoio irrestrito das dignas entidades que sempre prestigiaram o JB
News:
Associação Brasileira da Imprensa Maçônica –ABIM ;
Grande Oriente de Santa Catarina – GOSC -;
Grande Loja Maçônica de Minas Gerais (GLMMG);
Grande Oriente de São Paulo (GOSP/GOBSP);
Grande Loja do Estado do Acre;
Academia Catarinense Maçônica de Letras e
Academia Maçônica de Letras Brasil - Arcádia de Belo Horizonte.
Ainda as Lojas Maçônicas:
“Templários da Nova Era” nr. 91 e “Alferes Tiradentes“ nr. 20 de Florianópolis;
Loja “Harmonia” nr. 26 de Belo Horizonte MG ;
Loja “Fraternidade Brazileira de Estudos e Pesquisas” de Juiz de Fora – MG e
Loja “Francisco Xavier Ferreira de Pesquisas Maçônicas” de Porto Alegre - RS
Obrigado, estimados Irmãos. Valeu. Valeu muito mesmo.
Florianópolis (SC), 16 de janeiro de 2017.
Jeronimo Borges
Criador, mantenedor e editor do JB News.
“... é Meia-Noite Venerável Mestre!”
JB News – Informativo nr. 2.300 – Florianópolis (SC), segunda-feira, 16 de janeiro de 2017 Pág. 5/28
Ano 11 - artigo 03 - número sequencial 600 - 15 Janeiro 2017
Saudações, estimado Irmão!
MELQUISEDEQUE E A MAÇONARIA
Este é o artigo de número 600. Isto significa seiscentos ciclos lunares ininterruptos por
mais de 11 anos. Regularmente, aos domingos, compartilhamos com os Irmãos as
especulações e estudos sobre nossa Sublime Ordem. Hoje, invocaremos
Melquisedeque.
Melquisedeque é um misterioso personagem bíblico e profundo conhecedor da
astronomia. Tendo vivido 600 anos, ele não teve ascendência e nem deixou
descendência. Com ele surge a ação de destinar um décimo do ganho para agradecer
ao Senhor.
Melquisedeque, em hebraico, significa “Meu Rei é Justiça” ou “Rei de Justiça”. Para
alguns interpretes, ele seria Sem, irmão de Cam e de Jafé, os três filhos de Noé,
clamados emergencialmente pelos MM.’.MM.
2 – Melquisedeque e a Maçonaria
Sérgio Quirino
JB News – Informativo nr. 2.300 – Florianópolis (SC), segunda-feira, 16 de janeiro de 2017 Pág. 6/28
Se pudéssemos reduzir a Maçonaria a um sinônimo, seria Justiça. Ambas particularizam
o mesmo conceito do que seja justo e correto tendo por base a igualdade entre todos,
na garantia da liberdade com fins na preservação da harmonia entre os homens.
Sempre é necessário termos em mente que a fraternidade, bem como a caridade e os
estudos esotéricos são trabalhados de forma transdiciplinar, exatamente para criar
substância aos nossos labores.
Cientes de que toda a oportunidade que perdemos em ser útil é considerada como
perjúrio, não podemos cruzar os nossos braços. Comungados na compaixão, nós
Maçons, fraternalmente estamos prontos para propor soluções.
O ensinamento de Melquisedeque, revivido em grau superior de um determinado rito
maçônico, está em não misturarmos misericórdia com justiça. Diante da dor, da perda,
das tragédias pessoais, fraternalmente e imbuídos no sentimento de compaixão, nós
Maçons atuamos como colaboradores no processo de solução.
Às vezes dura e cruel, a realidade é um conjunto de processos evolutivos, que devemos
vivê-los na sua integralidade. Somente essa inteireza do espírito promove o
aprendizado.
Na prática, ser útil exige um certo discernimento. É o que na cultura popular se traduz
como “não dar o peixe e sim ensinar a pescar”. No primeiro nível, nós atuamos
“matando a fome”. Em seguida, auxiliamos apoiando-o no seu processo de conquista de
sua estabilidade e dignidade.
DE MELQUISEDEQUE, HERDAMOS A ESSÊNCIA DO “JUSTO E NECESSÁRIO”.
A MELHOR FORMA DE DEFENDER O FRACO, NÃO É LUTAR POR ELE,
MAS FORTALECÊ-LO PARA QUE ELE VENÇA SUAS PRÓPRIAS BATALHAS.
Este artigo foi inspirado no livro “Os Filhos da Viúva segundo a Ordem de
Melquisedeque” de autoria do Irmão José Luiz Teixeira do Amaral. Na página 11, há
uma emblemática interpretação de um sonho: “A espada no lugar do remo significa a
obrigação de usá-la na vida, com retidão e justiça. O sol é o aspecto positivo da criação.
A lua é o símbolo preponderante da magia. O barco de espelho é uma oportunidade
para todos os teus súditos se mirarem em ti. Em outras palavras, deves reinar em paz”
Precisamos incentivar os Obreiros da Arte Real ao salutar hábito da leitura como
ferramenta de enlevo cultural, moral, ético e de formação maçônico.
Fraternalmente
Sérgio Quirino – Grande Segundo Vigilante – GLMMG
JB News – Informativo nr. 2.300 – Florianópolis (SC), segunda-feira, 16 de janeiro de 2017 Pág. 7/28
Sérgio Quirino - ARLS Presidente Roosevelt 025 - GLMMG
Contato: 0 xx 31 98853-2969 / quirino@roosevelt.org.br
Facebook: (exclusivamente assuntos maçônicos) Sergio Quirino Guimaraes Guimaraes
Os artigos publicados refletem a opinião do autor exclusivamente como um Irmão Maçom.
Os conteúdos expostos não reproduzem necessariamente a ideia ou posição de nenhum grupo, cargo ou entidade maçônica.
Ir Eleutério Nicolau da Conceição
MI da Loja Alferes Tiradentes nr. 20
Ex-presidente da Academia Catarinense Maçônica de Letras
Premiado com a Ordem do Mérito Templário
da Loja Templários da Nova Era.
Florianópolis - SC
Nossa Senhora do Desterro
Os Primeiros Anos
(auto-retrato do Ir. Eleutério Nicolau da Conceição)
O Ir Eleutério Nicolau da Conceição (em seu autorretrato), MI da Loja Alferes Tiradentes e
membro da Academia Catarinense Maçônica de Letras, escritor, pesquisador e palestrante,
aqui reproduz mais uma de suas inusitadas obras. Trata-se de mais uma excepcional arte
construída a bico de pena e colorida com aquarela, constante de um projeto aprovado pelo
Ministério da Cultura, onde relata a saga dos primeiros navegadores que passaram pelo litoral
3 – Nossa Senhora do Desterro – Os Primeiros Anos
Eleutério Nicolau da Conceição
JB News – Informativo nr. 2.300 – Florianópolis (SC), segunda-feira, 16 de janeiro de 2017 Pág. 8/28
de Santa Catarina e que aportaram em Nossa Senhora do Desterro (nome que antecedeu a
Florianópolis), durante os anos do início do Século XVI, logo após o descobrimento do Brasil.
A história remota da Ilha de Santa Catarina apresenta grande quantidade de incertezas e
contradições, a começar por seu primitivo nome, Meiembipe (elevação ao longo do rio), como
citam antigos historiadores, ou Y-Jurerê Mirim (Boca Pequena - uma referência ao estreito entre a
ilha e o continente), como afirmam outros. Desde os primeiros tempos após o descobrimento do
Brasil, a Ilha foi visitada por expedições espanholas a caminho do Prata, em busca de água e
alimentos frescos. Por vezes permaneciam meses na região, construindo acampamentos e
comerciando com os índios, como o que ocorreu com Sebastião Caboto (que deu nome à Ilha),
Diego Sanábria e Álvar Nuñes Cabeza de Vaca. Expedições portuguesas de reconhecimento da
costa, como as de Gonçalo Coelho e Martim Afonso de Souza, também registraram sua passagem
por estas terras.
JB News – Informativo nr. 2.300 – Florianópolis (SC), segunda-feira, 16 de janeiro de 2017 Pág. 9/28
A história narrada no livro inicia-se após a fundação de São Vicente, em São Paulo, de onde
partiram os portugueses responsáveis pelas primeiras povoações da região oeste e sul do Brasil.
Os dados referentes à história antiga da ilha e do estado de Santa Catarina em geral são
conhecidos apenas pelos historiadores que deles se ocuparam, sendo muitas vezes ignorados
mesmo pelas populações que habitam as regiões palco de significativos eventos. Os antigos
autores que registraram traços da história remota da Ilha de Santa Catarina, não apresentam dela
um quadro completo e definido. Pelo contrário, existem dúvidas e contradições a respeito de
nomes e datas, e os eventos são apresentados de modo fragmentado, sem continuidade. Para
alguns autores, o fundador da póvoa original tem o sobrenome “Monteiro” acrescentado a
Francisco Dias Velho e a data de sua chegada tem também diferentes versões (1651, 1662 e
1673), assim como a data de sua morte (1687 e 1692). Quanto a seus acompanhantes, antigos
relatos incluem sua mulher e duas filhas, que certos historiadores modernos dizem terem
permanecido em São Paulo. Também não há registro da presença na ilha de possíveis
remanescentes de tentativas anteriores de povoamento. Existem narrativas do confronto dos
primeiros colonizadores com navios corsários, um dos quais teve seus tripulantes aprisionados e
sua carga de prata confiscada. No ano seguinte, a pequena povoação foi tomada de assalto, pelos
mesmos corsários em vingança, segundo uma versão, e por diferentes assaltantes, segundo outras.
As diferentes versões não são unanimes na identificação dos atacantes: ora são distinguidos como
ingleses, ora holandeses ou belgas. Outras questões surgidas da leitura dos textos não são
esclarecidas, como, por exemplo, qual a aparência da igreja de Nossa Senhora do Desterro? Como
Dias Velho soube do navio corsário aportado na praia de Canasvieiras, tão distante de seu
povoado nos arredores da atual Praça 15 de Novembro? E quanto ao seu ataque aos corsários, foi
por terra, ou por mar em canoas? Houve mortos entre os corsários e no grupo ilhéu? Durante o
ataque final à povoação, houve outras mortes além da do fundador? Essas e outras questões sobre
detalhes da história primitiva da povoação ficarão para sempre sem resposta.
A história ilustrada tomou como referência a versão com maior número de dados documentais,
“costurando” a esta, aspectos de outras, com interpretação livre quanto aos detalhes que interligam
os eventos, sobre os quais não existem referências, preenchendo a ausência de informações com
imaginação e criatividade, produzindo assim uma narrativa contínua que, não obstante
romanceada, preserva os dados históricos conhecidos.
Este conteúdo, ilustrado em 64 páginas, cujos originais foram desenhados a bico de pena e
coloridos com aquarela, compõe um projeto aprovado pelo Ministério da Cultura, para usufruto
dos benefícios da Lei Rouanet, e foi apoiado financeiramente pelas empresas Tractebel Energia e
Teltec Solutions.
Foi publicado em cores, com capa dura, encadernado, e brevemente será distribuído nas escolas
estaduais e dos municípios vizinhos a Florianópolis, tendo seu lançamento oficial em data e local
a serem definidos.
Eleutério
JB News – Informativo nr. 2.300 – Florianópolis (SC), segunda-feira, 16 de janeiro de 2017 Pág. 10/28
(*) E. Figueiredo -
é jornalista - Mtb 34 947 e pertence ao
CERAT - Clube Epistolar Real Arco do Templo /
Integra o GEIA – Grupo de Estudos Iniciáticos Athenas /
Membro do GEMVI – Grupo de Estudos Maçônicos Verdadeiros Irmãos
E Obreiro da ARLS Verdadeiros Irmãos– 669 (GLESP)
efig2005@gmail.com
(in)TOLERÂNCIA
“A tolerância é a melhor das religiões !”
Victor Hugo (1802 – 1885)
TOLERÂNCIA, do latim tolerare (sustentar, suportar), é um termo que enuncia o grau de aceitação
ante um elemento contrário a uma regra moral, cultural, civil ou física. Pela ótica da sociedade, a
tolerância é a capacidade de uma pessoa ou grupo social de aceitar outra pessoa ou grupo social, que
tem uma atitude diferente das que são a norma no seu próprio convívio.
Na Maçonaria a tolerância é tida como uma virtude. A Sublime Ordem prega que os homens são livres
e iguais em direitos e que a tolerância constitui o princípio fundamental nas relações humanas, para
que sejam respeitadas as convicções e a dignidade de cada um, não somente entre os Irmãos, mas
em toda sua convivência. Como toda virtude, a tolerância consiste essencialmente em um
comportamento prático, numa regra de conduta com relação aos outros. E um dos deveres do Maçom
é a tolerância, que deixa a cada um o direito de escolher e seguir sua religião, sua opção política e
suas opiniões.
4 – (in) Tolerância
E. Figueiredo
JB News – Informativo nr. 2.300 – Florianópolis (SC), segunda-feira, 16 de janeiro de 2017 Pág. 11/28
Ao ser iniciado, o Maçom recebe um exemplar do Ritual do Simbolismo Aprendiz Maçom. A primeira
coisa que ele encontra, ao abri-lo, são os dez Princípios Fundamentais. O nono fundamento reza:
“Exigir tolerância para com todas e qualquer forma de manifestação de consciência, de religião ou de
filosofia, cujos objetivos sejam os de conquistar a Verdade, a Moral, a Paz e o Bem Estar Social.”
Em seu livro TRATADO SOBRE A TOLERÂNCIA, François Marie Arouet, o Voltaire (1694-1778) faz
uma reflexão a partir do julgamento de um comerciante da cidade de Toulouse, acusado por um
suposto homicídio. Em virtude de se basear em um caso de intolerância religiosa flagrante, as
palavras de Voltaire acerca dessa questão, se tornaram paradigmáticas para qualquer outra reflexão
posterior sobre tolerância, intolerância, liberdade de expressão, de consciência e na crença e fanatismo
religioso.
O caso aconteceu numa época em que os católicos ainda eram maioria, tanto numérica quanto
culturalmente, na Europa, com uma família que se viu envolvida numa situação delicada. Jean Calas,
o chefe da família e que era calvinista, foi acusado pela morte por enforcamento do seu único filho
católico. Com essa acusação, de ter matado seu filho Marc-Antoine Calas, que havia se convertido ao
catolicismo, Jean Calas de vê na iminência de ser julgado por um tribunal criminal. A notícia se
espalhou pela região inflamando um sentimento de ódio entre os católicos de Toulouse que passaram
a pressionar cada vez mais o Estado para que o acusado fosse julgado o mais rápido possível pedindo
a condenação imediata.
Com o ânimo da pressão aflorado, ninguém mais questionava a real autoria do réu que passou a ser
tratado como homicida do filho, sumariamente. A comunidade protestante ficou na mira da população
católica cada vez mais indignada, irredutível e furiosa,
Nas investigações as evidências apontavam que Marc-Antoine
Calas, havia cometido suicídio, enforcando-se. Apesar das
evidências, Jean Calas é julgado responsável pelo homicídio e sua
condenação saiu no dia 9 de Março de 1762, com a pena de ter os
ossos quebrados, depois estrangulado e atirado numa fogueira.
Era a punição para quem ousasse atentar contra um católico em
Toulouse.
Assim, no dia seguinte, Jean Calas foi executado, publicamente,
em um ritual macabro que certificava a intolerância, o ódio e a
insanidade de uma religião hegemônica, atestando a falta do bom
senso, da lucidez e da tolerância, propriamente dita, de cujo
processo Voltaire escreveria a obra TRATADO SOBRE A
TOLERÂNCIA, com aprofundadas reflexões.
No início do seu livro, Voltaire faz questão de lembrar que na Europa por muito tempo o abuso da
religião e o dogmatismo exacerbado já haviam ceifado muitas vidas. Na sua argumentação ele
expressava, “O furor que inspiram o espírito dogmático e o abuso da
religião cristã mal compreendida derramou sangue, produziu desastres
em vários lugares”. Ele falava, ainda, de uma forma que ficava difícil
acreditar numa convivência pacífica das religiões, já que o catolicismo
continuava reivindicando uma hegemonia, entrando em choque com a
religião protestante que estava em ascensão. A intenção de Voltaire era,
com todo otimismo, expressar uma realidade ideal. Apresentar uma
realidade possível de convivência entre diferentes religiões, já que cada
uma teria muito a contribuir com a Humanidade. A obra tem apenas uma
pequena parte argumentativa, o essencial reside em mostrar por meio de
exemplos os estragos do fanatismo, particularmente o religioso, durante o
curso da história. Embora tenha se inspirado em John Locke (1632-
1704), que desenvolveu como ideia principal “a distinção entre a
comunidade política e a sociedade religiosa, a distinção e a separação
radical entre funções da Igreja e as do Estado”, Voltaire não tinha por
JB News – Informativo nr. 2.300 – Florianópolis (SC), segunda-feira, 16 de janeiro de 2017 Pág. 12/28
objetivo essa separação, mas a subordinação da Igreja ao Estado, pois enxergava nisso um meio
eficaz de se garantir a tolerância propriamente dita.
Dentre os trechos mais comoventes da sua obra, destaca-se a impressionante “Prece a Deus”, com a
qual Voltaire conclui seu tratado, que num dos trechos diz: “Já não é aos homens que me dirijo, é a Ti,
Deus de todos os seres, de todos os mundos e de todos os tempos. Se a frágeis criaturas perdidas na
imensidão e imperceptíveis ao resto do universo, for permitido ousar pedir algo a Ti, Ti que tudo
concedeu, Ti cujos decretos são tanto imutáveis quanto
eternos, digne-se olhar com piedade aos erros ligados à
nossa natureza; que tais erros não se transformem em
calamidades !”.
Entretanto, as religiões sempre foram intolerantes umas
com as outras, pois todas se consideram detentoras
exclusivas da verdade. Proteger a integridade do dogma é
para qualquer religião uma questão vital.
Compreende-se, pois, que a intolerância é uma atitude
mental caracterizada pela falta de habilidade ou vontade em
reconhecer e respeitar diferenças em crenças e opiniões. Num sentido político e social, intolerância é
a ausência de disposição para aceitar pessoas com pontos-de-vista diferentes. No âmbito religioso,
com relação a outros credos, por serem monoteístas, as religiões cristãs têm dificuldade em tolerar a
possibilidade de existência de outros deuses.
Algumas citações: Tolerância não significa aceitar o que se tolera. - Mahatma Gandhi(1869-1948);
Há um limite em que a tolerância deixa de ser virtude. - Edmund Burke(1729-1797); Sempre que se
produz legislação baseada na religião, abre-se caminho a todo tipo de intolerância e perseguições. -
William Butler Yeats(1865-1939); São pouquíssimo os homens capazes de tolerar, nos outros, os
defeitos que eles próprios possuem. Arturo Graf(1848 – 1913); A responsabilidade da tolerância está
com os que têm a visão mais ampla. - George Eliot(1819-1880). - O sucesso reside em três coisas:
decisão, justiça e tolerância. - Johann Wolfgang von Goethe(1749-1832); Na prática da tolerância,
um teu inimigo é o melhor professor. - Dalai Lama XIV(1935- ); Com a sabedoria aprendemos a ser
tolerantes. Henry David Thoreau(1817-1862).
Apesar de Voltaire ter escrito em 1763, o TRATADO SOBRE A TOLERÂNCIA revela-se hoje, mais de
250 anos depois, uma reflexão atualíssima sobre o comportamento do Homem, a religião de cada um,
o sistema judiciário, a responsabilidade dos juízes e os efeitos perversos que as leis podem ter.
Å
Bibliografia:
Aslan, Nicola – Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia
Bruno, Alci – Aconteceu na Maçonaria
Locke, John – Carta sobre a Tolerância
Mellor, Alec - Dicionário da Franco-Maçonaria e dos Franco-Maçons
Voltaire – Tratado Sobre a Tolerância
JB News – Informativo nr. 2.300 – Florianópolis (SC), segunda-feira, 16 de janeiro de 2017 Pág. 13/28
MENSAGEM DO DIA – MAÇONARIA EM GOTAS (XV)
Valdemar Sansão
Dia 12 de janeiro
VISITAÇÃO E TROLHAMENTO
Só o Maçom Regular tem o privilégio de entrar em um local repleto de estranhos, e ser distinguido
com honrarias, tratado com respeito e reconhecido como amigo e Irmão!
Visitação – Todos os Maçons Regulares têm direito de visitar
as Lojas de sua ou de outras Potências reconhecidas,
sujeitando-se, porém, às prescrições do Trolhamento e às
disposições disciplinares estabelecidas pela Loja visitada, em
cujo Livro de Visitantes aporão a sua assinatura após
comprovarem sua Regularidade Maçônica.
Visitantes - São os maçons que assistem aos trabalhos de
seu grau ou inferior, de outra Loja, regularmente constituída em
outra região ou país. O décimo quarto Landmark, determina:
“O direito de todo maçom visitar e tomar assento em qualquer
Loja é um inquestionável Landmark da Ordem. É o consagrado
direito de visitar, que sempre foi reconhecido como um direito inerente que todo Ir∴ exerce
quando viaja pelo Universo. Pode fazê-lo todo maçom, desde que se ache no pleno gozo de
seus direitos e identifique ali sua pessoa e seu caráter maçônico, exibindo seus títulos e provas
de reconhecimento. Geralmente os visitantes são recebidos com as honras correspondentes
ao seu grau e posto hierárquico ou à representação de que estejam credenciados, e segundo
o estabelecido nos Estatutos Gerais e Regulamentos particulares de que se rege a Loja
visitada. Se o Visitante for conhecido e já tenha visitado a Loja, pode o V∴ M∴ conceder-lhe
permissão para entrar conjuntamente com os Membros do Quadro.
Sentar-se-á no lugar que lhe for indicado pelo M∴ CC ∴. Em se tratando de Venerável
Mestre ou Mestre Instalado, será conduzido ao Or∴, onde tem assento obrigatório.
Os visitantes podem apresentar proposições e fazer uso da palavra em todos os assuntos
de interesse geral da Ordem, mormente em se tratando de admissão de novos membros na
Maçonaria, quando então intervêm com voz consultiva, ou mesmo com voto deliberativo.
Trolhamento (ou Telhamento) – Exame de proficiência em visitantes desconhecidos de forma
a impedir a entrada de maçons irregulares ou não maçons em Loja. As Grandes Lojas
brasileiras adotam o termo “trolhamento” enquanto que o GOB adota o termo “telhamento”.
5 –Maçonaria em Gotas (XV) – Visitação e Trolhamento
Valdemar Sansão
Trolhamento Futurista (2017)
JB News – Informativo nr. 2.300 – Florianópolis (SC), segunda-feira, 16 de janeiro de 2017 Pág. 14/28
Uma vez admitidos, os Irmãos visitantes têm direitos a uma recepção cordial. É mais um
assunto da exclusiva autoridade das Lojas. Só as Obediências podem indicar as condições de
legitimidade do maçom visitante. Porém cabe ao Venerável Mestre decidir sobre a
conveniência ou não de receber um Irmão, mesmo em situação regular. Se tiver razão para
pensar que o Irmão visitante poderá ser capaz de perturbar as boas vibrações da Loja, o
Venerável poderá recusar-lhe a admissão do que correr o risco de destruir a harmonia da Loja.
Entretanto, deverá prestar os esclarecimentos que se tornarem necessários. As Lojas,
entretanto, recusarão o ingresso de visitante que: I – não comprove sua regularidade através
de documentos e conhecimentos da Palavra Semestral; II – não seja reconhecido de membro
da Loja que por ele se responsabilize; III – Não possuindo documentos, não comprove o
perfeito conhecimento dos graus que diz possuir.
O trolhamento poderá ser dispensado quando o Visitante for conhecido de um Irmão do
Quadro. A carteira-cadastro, ou documento que a substitua, permite, também, dispensar-se o
trolhamento. Contudo, não estará em erro o Venerável que, ainda mesmo em tais
circunstâncias, decidir pelo Trolhamento; e o seu procedimento não deve ser levado à conta do
zelo excessivo.
Observação: durante os trolhamentos, os Irmãos terão todo o cuidado em não fazer sinais.
Passaporte – O Passaporte é exclusivamente para Mestres. A requerimento do Irmão
para
viagem ao Exterior, o Passaporte será expedido mediante entrega na Grande Secretaria, com
10 dias de antecedência: Formulário M-20 preenchido e assinado pelo Venerável e Secretário.
Uma fotografia 3x4 (paletó e gravata). (Manual do Secretário de Loja (GLESP).
Relacionamento - O mutirão é o auxilio gratuito que prestam uns aos outros os lavradores,
reunindo-se todos os da redondeza e realizando o trabalho em proveito de um só, que é o
beneficiado, mas que nesse dia faz as despesas de uma festa ou função. Esse trabalho pode
ser a colheita, queima ou roçado, plantio, taipamento ou construção de uma casa.
A maneira pela qual nos relacionamos com outras Lojas, determina se vivenciamos e
criamos conflito ou harmonia. Todos os nossos relacionamentos começam dentro de nós
mesmos. Relacionemo-nos eficientemente com o nosso eu, antes de nos relacionarmos
com os outros.
Nossa Loja em ocasiões especiais (no desempenho de sessões magnas, banquetes
ritualísticos, palestras, etc.) recorre à partilha de nossos trabalhos, à força renovadora de
outras Oficinas coirmãs, num ambiente de acolhida, cordialidade, harmonia e aceitação mútua.
São momentos maravilhosos presente de Deus, que compartilhamos com nossos iguais.
A excelência da União Fraternal - Os homens têm necessidade de oração e de apoio.
Precisamos de ajuda até mesmo para passar pelo simples processo de viver um dia normal.
Em 38 anos de vida maçônica, convivi com muitos Irmãos que continuam meus amigos
chegados. Quando nos revemos, rimos, choramos, contamos nossas histórias e ficamos muito
à vontade para lamentarmos erros e vibrarmos com os sucessos. Ter amizade é ter coração
que ama e esclarece, que compreende e perdoa, nas horas mais amargas da vida.
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Uma ocasião estava com outros Irmãos de nosso relacionamento e eu me sentia honrado
por me encontrar entre eles. Estávamos ali para nos apoiarmos reciprocamente, e havia uma
só regra - o que quer que fosse dito ficava apenas entre nós. O primeiro a falar era um mestre
bastante conhecido na Ordem: Todos me conhecem e conhecem minha mulher. Fomos muito
felizes no casamento durante anos, e eu queria que as coisas continuassem assim. Há um
determinado lugar aonde eu tenho ido ultimamente. Minha mulher tem sofrido muito com isso,
mais é difícil resistir a essa tentação. E eu pensei que vocês poderiam me ajudar. Fiquei
chocado. Não sabia se ele estava falando de um clube de jogos ou de coisa pior. Tudo que
sabíamos era que ele estava nos pedindo ajuda para deixar de fazer alguma coisa sobre a qual
não havia conversado com mais ninguém. Estávamos ouvindo a confissão honesta de um
homem que pedia apoio na maior luta de sua vida. Naquele momento, nos sentimos
homenageados por estar entre pessoas tão autênticas. Éramos um pequeno grupo de homens
tentando se ajudar mutuamente a viver melhor. Perguntei a ele como tivera coragem de
compartilhar com o grupo uma situação tão íntima.
- Eu sabia que se contasse a vocês certamente teria mais força para não voltar lá – disse
ele. Meu respeito por ele aumentou naquele dia. Eu não conhecia os detalhes do problema, e
não era necessário. Sabia que ele era honesto, e essa honestidade que havia entre todos nós
estabelecera um vínculo muito forte e reconfortante. À medida que aprendíamos nesse
convívio a ser homens melhores, observávamos algo interessante acontecer em nossa vida
fora do grupo. Nós nos tornávamos melhores para as nossas mulheres, filhos e pessoas ao
nosso redor.
Cada um dos cantos bíblicos são manifestações de louvor a Deus ou expressões de
arrependimento, de súplica, de ações de graças, ou recordações históricas. O Salmo 133: “Oh!
Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos”! Isso significa que os homens precisam
conviver com outros homens como amigos não como competidores.
Concluindo - A Maçonaria nos uniu da maneira que o Grande Arquiteto do Universo
pretende que os irmãos vivam com otimismo, de modo positivo, como construtores capazes de
alimentar a paz, a fraternidade e a solidariedade e nos tornarmos todos melhores, também por
causa disso.
P.S. – Tudo tem sua hora própria. O Céu tem horário para as trevas e para a luz. Aprenda com a
natureza! Se em certas horas precisamos receber, não esqueçamos que, em outras, temos
obrigação de dar. Saibamos distinguir o momento oportuno de dar e de receber.
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Ir Diógenes de Sínope
MM da Loja Salvador Allende (GOL
Lisboa – Portugal
O QUE SE PODE E DEVE LER NO POEMA RÉGIO E
MANUSCRITO DE COOKE
Reestudar a história é coisa que me agrada e faço-o tantas vezes quantas as vezes
que a vicissitude dos factos históricos o induz. Confesso o particular fascínio que a
obscuridade da Idade Média me desafia a iluminá-la e, porque estes manuscritos estão
relacionados com uma das prováveis origens do ofício de pedreiro-livre, vou dedicar algum
estudo aos mesmos.
Por e para quê esta fixação, por vezes teimosa e outras hilariante, de relacionar as
maçonarias ditas operativa e especulativa? Responda quem melhor estiver apetrechado
para tal pois, eu, há muito que deliguei os fios e as conexões entre ambas, estas sim
muitíssimo especulativas, e assim poder sentir-me livre e, com bons costumes, dedicar-me
ao conhecimento de ambos os períodos com os seus factos, ideias, práticas e respectivas
lições.
É um grande chamariz à minha vontade aprofundar o período em que decorreu a
franco-maçonaria profissional (a tal dita operativa) e, se há documentos históricos (não
confundir com textos literários marcadamente especulativos) em que posso mergulhar, são
eles, sem dúvida alguma, os chamados Poema Régio e o Manuscrito de Cooke. Estes, foram
tão exaustivamente estudados, confundidos e trabalhados que conseguiu a comunidade
intelectual um aproveitamento (pode pronunciar-se descontextualização) tal que fizeram de
puros textos medievais, reveladores de regras e costumes dos pedreiros-livres da Idade
Média, uma das bíblias justificadoras de quase toda a história da franco-maçonaria.
Passemos, então, ao que se pode e deve ler neles numa tentativa de os situar no seu
verdadeiro contexto:
1- POSICIONAMENTO HISTÓRICO
2- CONTEÚDO
3- ILAÇÕES
4- CONCLUSÕES
1-POSICIONAMENTO HISTÓRICO
6 – O que se pode e deve ler no Poema
“Régio e Manuscrito de Cooke” - Diógenes de Sínope
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Vou começar pela controvérsia da datação destes documentos. Pensa-se que o Poema
Régio tenha sido escrito em 1390 embora W.J. Hughan no seu guia sobre as Old Charges
em 1889 faça referência a James Orchard Halliwell (que primeiro o publicou em 1840
baseado no espólio de um antiquário de Gloucestershire datado de 1673) que na altura se
limitou a escrever que o documento tenha sido…não mais tarde que a última parte do Séc.
XIV…Esta data foi contrariada por Edward Augustus Bond (curador na altura do museu
Britânico) que o situa no início do Séc. XV. Esta controvérsia permanece nos dias de hoje
pois sabe-se que o Poema Régio foi baseado num livro de etiqueta de seu nome Urbanitatis
(datado do Séc. XIV) onde as figuras de desenho prevaleciam sobre a escrita e aquelas
parecem contar os traços típicos do meio comunitário da Idade Média Inglesa com as
características do dialecto usado a sugerirem o início do Séc. XV.
Já com o Manuscrito de Cooke haverá menos problemática pois, devido à sua
estrutura, a sua datação, fim do Séc. XV, é muito mais precisa e segura não deixando
dúvidas aos estudiosos da matéria.
Deixemos a datação e passemos à altura em que estes documentos medievais foram
recuperados pela florescente maçonaria dita especulativa. Assim, em Junho de 1720 o
Duque de Montagu, eleito Grão-Mestre da Grande Loja de Pedreiros-Livres de Londres,
marca uma reviravolta na história da franco-maçonaria profissional pois pela primeira vez
um Lorde Aceito foi escolhido para tal cargo. Tinha como assistente um antiquário, de seu
nome W. Stukely, que descobriu que a Constituição que o antecessor de Montagu, um
operativo de nome George Payne, utilizava tinha sido escrita há cerca de 300 anos e
estando registada na livraria britânica com o nº 23198, passou posteriormente a ser
chamado Manuscrito de Cooke. Este versava sobre a história lendária do ofício de
pedreiro-livre que, inclusive, foi entregue a J. Anderson para que fizesse um resumo mesmo
antes das célebres Constituições Andersianas. Este documento esteve na posse da Grande
Loja de Londres até 1768, altura em que foi vendido a um outro antiquário de Norfolk- Sir
John Fenn. Desapareceu de circulação entretanto e em 1859 uma humilde cidadã chamada
Caroline Baker quis vendê-lo a Sir Fredric Madden pelo preço de 10 Libras. Tendo ficado
bastante agradado com a obra por conter, segundo ele, a ciência da geometria dos Séc. XIV
e XV, entregou-o, para preservação, a um organista, amanuense de clérigo e lente público
de seu nome Mathew Cooke que em 1861 publicou a primeira transcrição com os cortes que
achou necessário.
Entretanto Sir F. Madden detectou uma grande semelhança entre o conteúdo deste
manuscrito e um outro, registado no museu britânico com o nº 17ª-I, que também continha,
em verso, extractos da história dos pedreiros-livres, e mais exactamente, dispunha de
portarias e decretos sobre a profissão e que tinha sido dado à estampa em 1840 pelo seu
inimigo intelectual J. O. Hallywell que era um dos mais prestigiados coleccionador de livros
antigos da sua geração, mas fora dos circuitos académicos, facto que os eruditos nunca lhe
perdoaram, porém, chegou a ser admitido na Royal Society em 1839. Este documento
chamava-se na altura “Poema dos Deveres Morais” e tinha como subtítulo Constitutiones
Geometrie Secundum Euclidem. Hallywell não era maçon mas tinha muitos amigos que o
eram e um deles, Robert Freke Gould, devido à fama que Hallywell tinha, propôs que o
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documento se deveria passar a chamar “Poema Régio” assegurando-se da sua posse para o
manter no universo dos maçons.
O que se seguiu todos nós sabemos pois baseados nestes textos medievais surgiram
as famosas Old Charges e as não menos famosas Constituições não esquecendo que não foi
só na esfera maçónica que foram úteis pois na vida profana muitos historiadores, como
Helen Cam, se serviram deles para ilustrar a importância dos textos medievais na vida
moderna devido às suas característica corporativo-sociais. O lamento é que estes textos,
designados comummente por Old Charges, se divorciaram progressivamente do seu
contexto histórico muito à custa das suas variadas versões que foram sofrendo alterações
pela pressão ético-social das respectivas épocas em que foram elaborados.
2-CONTEÚDO
As diferenças entre ambos não são muitas (sugerindo que não tenham sido escritos
num período de tempo muito afastado um do outro) e citarei quer as que fazem parte da
sua estrutura literária quer as do próprio conteúdo.
Assim, o Poema Régio é composto por 794 versos começando por descrever como o
grande Euclides dividiu a geometria dando-lhe o nome de maçonaria e que os pedreiros-
livres não se deveriam tratar como iguais havendo uma hierarquia profissional. A seguir
descreve como a maçonaria se introduziu em Inglaterra, por volta dos anos 924 a 938, no
reino de AEthelstan que para regular o ofício determinou que se criassem portarias e
decretos remarcando já a importância das assembleias gerais, a necessidade da boa
educação (fair play), o facto de se tratarem como companheiros ajudando-se uns aos
outros e evitar o recursos à litigação. Depois conta a história dos 4 mártires coroados-
pedreiros-livres, que foram assassinados por um imperador romano por não acederem a
construir um templo pagão. A chegar ao fim conta a história da destruição da torre de
babel devido ao orgulho dos seus construtores e de como Euclides renovou a arte da
construção dividindo o conhecimento em 7 artes liberais (geometria, gramática, dialéctica,
retórica, música, lógica e astronomia) terminando com as regras dos costumes e coagindo
os pedreiros-livres a comportarem-se em sociedade (tirar o chapéu dentro das igrejas, não
cuspir para o chão, não comer com a boca cheia ou espirrar e esvaziar os intestinos em
público).
Já a estrutura do Manuscrito de Cooke é feita em prosa numa escrita típica do inglês
medieval começando com a história dos pedreiros-livres que é bem mais ampla do que relata
o Poema Régio. Logo a seguir invoca-se deus que fez todas as coisas e o homem
proporcionando a estes ferramentas de que é exemplo máximo a geometria. As 7 artes
liberais também são descritas e em particular destaque conta a lenda das 2 colunas do
conhecimento que após o dilúvio foram encontradas por Pitágoras e Hermes o Trismegisto,
descreve também que através de Nimrod (neto de Noé) se enviaram pedreiros-livres para a
Assíria onde tiveram acesso ao conhecimento das construções e uma vez regressados à
Judeia os aplicaram, ou seja, repetem a história de Euclides mas carregando-a de
referências bíblicas. Dão particular destaque ao facto de o rei Carlos II de França que
apadrinhou as grandes construções do cristianismo e a Sto. Albano que ao chegar a
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Inglaterra transmitiu os conhecimentos da arte de construir ao rei AEthelstan que se
tornou ele próprio um pedreiro-livre tendo dado ordem para se redigir uma constituição
com portarias e decretos que aqui no Manuscrito de Cooke são menos e com uma ordem
diferente do Poema Régio.
Em resumo, há indícios de, tanto um como outro, terem sido baseados num documento
único cujo original não sobreviveu pressupondo-se que o Manuscrito de Cooke terá sido uma
versão melhorada e mais ampla do Poema Régio. Pode-se aferir também que este não será
tão exaustivo no que respeita aos encargos das associações como é o de Cooke e que a
referência às origens do ofício são mais antigas no manuscrito do que no poema, enfim,
poder-se-á dizer que o Manuscrito de Cooke era uma versão mais sagaz e amplificada do
Poema Régio.
3-ILAÇÕES
Um dado marcante, prévio a qualquer interpretação, é que (como bem assinalaram os
estudiosos da F-M Douglas Knoop, G. Jones e Douglas Hammer) todos estes documentos
não foram escritos pelos pedreiros-livres, pois como sabem a maioria era iletrada (o saber
entre eles era transmitido pela via oral) estando o domínio da escrita nas mãos do clero
que, como pode e sabia, torceu o que devia e não devia e foi exactamente em pleno séc. XV
que a burguesia inglesa começou a evidenciar uma emergente cultura que lhes permitiu
ficar a par do clero tendo, seguramente, contribuído para que as revisões destes
documentos fossem adaptadas mais à realidade civil do que a religiosa.
Assim, podemos interpretar e caracterizar melhor estes textos se soubermos que a
geometria foi a mola impulsionadora das associações de pedreiros-livres e para tal teve que
ser traduzida em linguagem que fosse entendida por todos os membros, primeiro em verso
(a primeira forma da escrita) e mais tarde em prosa ligeira. Isto levou a que tivessem sido
os clérigos a interpretar a transmissão oral e daí os ligeiros e intencionais desvios no
sentido de se comporem, não só a disciplina e ordem mas também a solidariedade,
absolutamente necessárias, quer ao bom funcionamento das obras quer à respectiva
legitimação das responsabilidades. Um dado importante é que, à partida, estas associações
de oficiais aspiravam a serem reconhecidos na sociedade como os verdadeiros
representantes dos construtores do passado distante (daí o recurso a Euclides e
AEthelstan). Outro dado que se deve destacar é a vontade de contrariar as oligarquias, que
eram os mandantes das construções, impondo muitas vezes orçamentos, horários de
trabalho e penalizações que os pedreiros-livres consideravam muito severas.
4-CONCLUSÕES
Diante do atrás exposto podemos e devemos concluir que:
1- A história lendária do ofício de pedreiros-livres está reflectida nos textos
medievais aqui em análise.
2- Estes textos foram, nas respectivas versões, ampliados depois da fundação da
Grande Loja de Londres e ficaram conhecidas como as Old Charges.
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3- Devido a estas ampliações os textos foram, por consequência, ficando fora do seu
contexto histórico.
4- Há uma diferença marcada entre as Old Charges e os textos que lhe deram origem
(os referidos Poema Régio e Manuscrito de Cooke), pois estes reflectem a vida
medieval e aquelas as pré-concepções teóricas adaptadas à maçonaria dita
especulativa.
5- Os textos medievais relatam a mentalidade dos artesãos medievais e a sua relação
com a comunidade.
6- Terão sido escritos numa data não muito longe um do outro.
7- O manuscrito não foi senão uma ampliação do poema.
8- Ambos terão sido escritos baseados num texto original desaparecido.
9- O Poema Régio enfatiza a ortodoxia religiosa e a respeitabilidade dos pedreiros-
livres. O Manuscrito de Cooke leva a origem dos pedreiros-livres a Euclides e
remarca a introdução deste ofício em Inglaterra com o advento do cristianismo.
Termino com pena de abandonar os corredores da história mas com a certeza de
Samuel Prichard que em 1730 afirmou…de todos os abusos de que os homens são capazes,
nenhum é mais ridículo que aquele que atribui à franco-maçonaria poderes misteriosos…É
que, com efeito e como escreveu Hugo Pontes no seu ensaio “Guimarães Rosa – uma leitura
mística”, …o simbolismo traduz em letras e imagens o que a alma encobre…
Ir.’. Diógenes de Sínope M.’.M.’.
R.’. L.’. Salvador Allende
G.’.O.’.L.’.
Bibliographia
-Andrew Prescott – « Some Literary Contexts of the Regius and Cooke Manuscripts »
-Roger Dachez – « O Mistério dos 3 Golpes Nítidos-incógnitas de uma divulgação inglesa »
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Irmão José Anselmo Cícero de Sá (33º. REAA- 48 anos de Maçonaria)
M I da Loja Estrela da Distinção Maçônica, 953 (GOB/GOERJ)
Academia de Artes, Ciências e Letras do Estado do Rio de Janeiro
Cadeira nr. 29 - Patrono: Quintino Bocaiuva –
REMINISCÊNCIAS MAÇÔNICAS DE “D. PEDRO I”
Estas reminiscências têm o seu início no dia 17 de junho de 1822, quando os maçons
do Rio de Janeiro se reuniram em Sessão Magna extraordinária, presidida pelo Irmão João
Mendes Viana (Graccho), Venerável Mestre da Loja Comércio e Artes na Idade do Ouro,
única até então existente e regular no Rio de Janeiro, para a criação e instalação do Grande
Oriente Brasílico ou Grande Oriente do Brasil. Escolhendo (Pitágoras) como Grão-Mestre
Da ata da nona sessão do Grande Oriente do Brasil, realizada em 02 de agosto de
1822 consta ter o Grão-Mestre da Ordem Maçônica proposto para ser iniciado nos mistérios da
Ordem, Sua Alteza Príncipe Regente do Brasil e seu defensor perpétuo. Aprovada de
forma unânime, D. Pedro I foi imediata e convenientemente comunicado, que se
dignando aceitá-la, compareceu na mesma sessão, sendo iniciado conforme
prescrevia a liturgia maçônica.
Para a historiografia maçônica, a 17ª sessão do Grande Oriente do Brasil se reveste de
um significado particular. Realizada em 04 de outubro de 1822, D. Pedro I foi aclamado
Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil (exatamente a dois meses e dois dias após
a sua Iniciação), em substituição a José Bonifácio de Andrada e Silva. A sessão foi
presidida pelo Grande Mestre Adjunto (Diderot). E no dia 21 de outubro de 1822, D. Pedro
determinou a interrupção das atividades maçônicas, afiançando a Gonçalves Ledo que a
suspensão seria breve nos seguintes termos: "Meu Ledo. Convindo fazer certas
averiguações, tanto públicas como particulares na Maçonaria, mando: primo como
Imperador, segundo como Grão-Mestre, que os trabalhos Maçônicos se suspendam
até segunda ordem minha. É o que tenho a participar-vos; agora resta-me reiterar
os meus protestos como Irmão. Pedro Guatimozim Grão-Mestre. Post. Scriptum:
“Hoje mesmo deve ter execução e espero que dure pouco tempo a suspensão,
porque em breve conseguiremos o fim que deve resultar das averiguações”.
De fato, quatro dias depois, em 25 de outubro de 1822, Pedro Guatimozim, era
assim que o Imperador assinava sua correspondência maçônica, determinando o fim da
7 – Reminiscências Maçônicas de “D. Pedro I”
José Anselmo Cícero de Sá
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suspensão dos trabalhos em função do término das averiguações: "São Cristóvão,
25.10.1822. Meu Irmão – tendo outro dia suspendido nossos augustos trabalhos
pelos motivos que vos participei, e achando-se hoje concluídas as averiguações, vos
faço saber que segunda-feira que vem, os nossos trabalhos devem recobrar o seu
antigo vigor, começando a abertura pela Loja em Assembléia Geral. É o que tenho a
participar-vos para que, passando as necessárias ordens, assim o executeis. Queira
o Supremo Arquiteto do Universo dar-vos fortunas imensas como vos deseja o –
Vosso Irmão – Pedro Guatimozim – Grão-Mestre – Rosa Cruz".
Esses sãos os fatos históricos que julgamos bem apresentar a título de reminiscências,
que estão narrados no Boletim do Grande Oriente do Brasil (Rio de Janeiro, ano 48, 1923, p.
690/691 e 917) e Arquivo da Casa Imperial do Brasil (Cartas de D. Pedro I a Joaquim Gonçalves
Ledo). São Cristóvão, 21/10/1822 e 25/10/1822. Registro citado por Alexandre Mansur
Barata, (in Maçonaria, Sociabilidade Ilustrada & Independência do Brasil (1790-1822), com
adaptações. Os relatos dos historiadores maçons comprometidos com a Ordem e não-maçons
não destoam, melhor, se coadunam com o histórico indigitado. O escopo desta reminiscência é
reverenciar a memória de D. Pedro, o primeiro Imperador do Brasil que, ao ser Iniciado Maçom,
adotou o nome histórico de Guatimozim, em homenagem ao último Imperador das Astecas na
região de Anahuac (área do atual México) e que depois de supliciado, foi amarrado e lançado
sobre brasas até morrer, em 1522, pelos invasores espanhóis comandados por Hernan Cortez.
Simbolicamente, D. Pedro I considerou-se, à semelhança de Guatimozim, disposto a
sacrificar-se pelo Brasil, honrando o título de Defensor Perpétuo do Brasil, que o Grande Oriente
Brasílico ou Brasiliano lhe concedera em 13 de maio de 1822. Fica aqui o nosso primeiro
registro curioso. O nome Guatimozim, entrementes, era o nome histórico adotado por
(Martim Francisco Ribeiro de Andrade), irmão carnal e maçônico de José Bonifácio, e que
perfilava ao lado de Falkland (Antônio Carlos Ribeiro de Andrade), Tibiriçá (José
Bonifácio de Andrade e Silva), Caramuru (Antônio Telles da
Silva), Aristides (Caetano Pinto de Miranda Montenegro) e Claudiano (Frei Francisco
Sampaio de Santa Tereza de Jesus Sampaio) nas alas maçônicas e registros do
Apostolado e da Nobre Ordem dos Cavaleiros da Santa Cruz. Ademais, no Recife existia uma
Loja Maçônica denominada Guatimozin, fundada em 1816 e que em 1821 mudou o seu nome
para "Loja 6 de Marco de 1817", em homenagem aos maçons sacrificados na gloriosa
Revolução Pernambucana de 1817.
A historiagrafia maçônica, contudo, passa ao largo da preferência de D. Pedro pelo
nome heróico de Guatimozim. Outro registro nos remete ao restabelecimento dos trabalhos
maçônicos na forma ordenada por D. Pedro I. E estes, contudo, não foram reencetados, haja
vista que a 02 de novembro de 1822, José Bonifácio determinou uma devassa contra os
maçons do "Grupo do Ledo", no episódio que ficou conhecido como "Bonifácia". As razões
ainda são pouco claras, ao que tudo indica o fato de D. Pedro ter sido aclamado Grão-Mestre
numa sessão presidida por Joaquim Gonçalves Ledo foi interpretado como um golpe maçônico
ao "Grupo do Bonifácio", e os ânimos entre os grupos (azul e vermelho) que se mostravam
em acirramento crescente desde o episódio que resultou em repreensão ao Frei Francisco
Sampaio mostravam-se mais radicalizados com a eleição de D. Pedro para o cargo de Grão-
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Mestre em substituição a José Bonifácio que não compareceu a sessão em que D. Pedro tomou
posse, como de resto, não compareceu a nenhuma sessão importante e até mesmo foi
colocado no cargo sem ser consultado, mas não foi totalmente tirado da diretoria, porque ainda
era ministro de D. Pedro e continuava a exercer o cargo de Grão-Mestre Adjunto e Lugar-
Tenente de D. Pedro no Apostolado.
O clima realmente esquentou quando o "Grupo do Ledo" tentou impor a D. Pedro, por
ocasião da sua aclamação a Imperador do Brasil, em 12 de outubro de 1822, um juramento
prévio da Constituição que seria elaborada pela Assembléia Geral Constituinte e Legislativa
convocada pela circular de 17 de setembro de 1822. Tal fato desagradou profundamente ao
"Grupo do Bonifácio" e ao próprio D. Pedro I, daí a interrupção dos trabalhos ordenada por
este, para as "averiguações procedimentais", na forma narrada.
A abertura da "devassa" ordenada por José Bonifácio, dois dias depois da autorização
emanada do Imperador e Grão-Mestre para o recomeço das atividades maçônicas, ocorreu
depois que os Andradas (José Bonifácio e Martim Francisco) colocaram seus cargos de
ministros à disposição do Imperador. Tão logo a notícia tornou-se conhecida no meio maçônico,
iniciou-se um movimento no sentido de fazer o Imperador reintegrar os Andradas, o que
acabou acontecendo. Reintegrados e fortalecidos pelas manifestações favoráveis, José Bonifácio
desencadeou violenta repressão aos maçons identificados com a liderança de Joaquim
Gonçalves Ledo e esse conjunto de fatos ficou conhecido como "Bonifácia".
O devassado, Joaquim Gonçalves Ledo fugiu para a Argentina com o auxílio do Cônsul
da Suécia. José Clemente Pereira foi preso e depois deportado em 30 de dezembro de
1822 para Havre, na França, em companhia de Januário da Cunha Barbosa, e posteriormente,
os dois foram para Londres. Outros maçons foram presos e depois libertados. As lojas
encerraram seus trabalhos e o Grande Oriente do Brasil fechado, deixando os maçons em
polvorosa.
Com a cissura, o fechamento do Grande Oriente do Brasil e sem oposição, os anti-
maçons recrudesceram em campanhas, fazendo com que a Maçonaria aparecesse como inimiga
do Imperador e do Trono, constituindo uma memória da Independência cada vez mais distante
dos maçons e da Maçonaria. E a única voz que se ouvia bradar na imprensa era a do
brigadeiro e maçom Domingos Alves Branco Moniz Barreto (Sólon) em seu jornal
"Despertador Constitucional".
O que se registra no meio maçônico, contudo, e em que pese o fechamento do Grande
Oriente do Brasil, é que muitos maçons continuaram a se reunir às escondidas enquanto as
lojas cerraram suas portas, atas e documentos maçônicos eram destruídos por todo o Brasil, à
exceção de Pernambuco, onde as Lojas funcionavam e os maçons se reuniam em oposição às
determinações do Rio de Janeiro, e até conduziram os preparativos do movimento que ficou
conhecido como um dos momentos marcantes dos tempos de ouro da maçonaria
pernambucana.
Outra curiosidade marcante fica por conta de dois fatos. O primeiro, D. Pedro em 20
de julho de 1822, portanto, doze dias antes de ser iniciado, enviou um bilhete a José Bonifácio
no qual tratava da Província da Bahia, convulsionada e resistente à Regência do Rio de Janeiro.
Anote os termos maçônicos usados. Dizia o Príncipe Regente: "O Pequeno Ocidente toma a
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ousadia de fazer presente ao Grande Oriente, duas cartas da Bahia e alguns papéis
periódicos da mesma terra há pouco vindas.
Outro fato singular refere-se a possibilidade do Príncipe Regente D. Pedro pertencer ao
Apostolado da Nobre Ordem dos Cavaleiros da Santa Cruz, sociedade secreta de fins
maçônicos, fundada em 2 de junho de 1822 por José Bonifácio. O atesto é feito por
Castellani ao citar Rio Branco em nota à "História da Independência do Brasil" de
Vernhagem: "D. Pedro já pertencia, como ficou dito, a uma sociedade secreta, a Nobre ordem
dos Cavaleiros de Santa Cruz, denominada Apostolado. Pelo livro das atas que S. M. o Sr. D.
Pedro II possui, e figurou na Exposição de História do Brasil, sabe-se hoje que essa sociedade
fundada por José Bonifácio começou a funcionar em 2 de junho. D. Pedro era chefe do
Apostolado com o título de arconte-rei, sendo José Bonifácio seu lugar-tenente”. Pelo livro do
juramento, também exposto em (Castellani, [in História do Grande Oriente do Brasil, p. 70]). O
Nóbrega referido poderia ser os maçons Francisco Luiz Pereira da Nóbrega ou Luiz Pereira da
Nóbrega de Sousa Coutinho.
Procuramos demonstrar que o período de adormecimento da Maçonaria
Brasileira, entre 02 de novembro de 1822 e a abdicação de dom Pedro I, em 07 de abril de
1831, não corresponde ao relato propalado por muitos maçons dentro e fora das lojas, seja
porque as atividades maçônicas não tenham se encerrado totalmente neste período; seja
porque a suspensão dos trabalhos não pode ser responsabilizada a D. Pedro I; seja porque o
Grão-Mestre Pedro Guatimozim pouco fez para interromper os trabalhos ou se colocar contra a
interrupção; seja porque pertencia ao apostolado cujas reuniões suspendeu pessoalmente, ou
seja, porque sofreu a oposição dos maçons que resultou em sua abdicação ao Trono Brasileiro.
A suspensão ocorreu por conta da dissensão interna que confrontava o Grupo do
Ledo ao Grupo do Bonifácio e às questões políticas havidas no seio da Maçonaria.
Em relação aos trabalhos maçônicos, Castellani escreveu que pelo menos a Loja 6 de
Março de 1817, do Recife, fundada em 1821, continuou funcionando, sob a proteção de
maçons americanos, já que foi instalada e regularizada pelo Grande Oriente de Nova Iorque. A
ela ajuntou-se, em 1823, a Sociedade Carpinteira, de moldes e finalidades maçônicas.
Por ocasião da revolta de 1824, todavia, ela foi obrigada a entrar em recesso. No
terreno político institucional, o principal fato foi, exatamente, o movimento revolucionário de
1824, que visava a congregar sob regime republicano – na chamada Confederação do Equador
– as províncias do Nordeste, que se haviam rebelado contra os atos de D. Pedro I.
E mais adiante assevera que de 1824 a 1829, pouco se sabe sobre a atividade
maçônica. Parece, todavia, que, em 1825, alguns maçons mais corajosos, revolveram
enfrentar a perseguição que sofriam, fundando um Quadro itinerante, denominado "Vigilância
da Pátria", que, posteriormente, seria repartido em dois novos quadros, "União" e "Sete de
Abril", para formar o Grande Oriente Brasileiro, que precedeu a reinstalação do Grande
Oriente do Brasil (Castellani, ob. cit. p. 75/76).
JB News – Informativo nr. 2.300 – Florianópolis (SC), segunda-feira, 16 de janeiro de 2017 Pág. 25/28
Bloco produzido
pelo Irmão Pedro Juk.
Nesta edição serão atendidas as perguntas formuladas pelos Irmãos
leitores Paulo Roberto de Paula Gomes de Guarapari – ES, José de
Freitas Tolentino de Gurupi – TO e Marcos Luiz Comini, de Joaçaba – SC
1 - TRONCO DE BENEFICÊNCIA
Em 01/06/2016 o Respeitável Irmão Paulo Roberto de Paula Gomes, atual Orador da Loja Acácia de
Guarapari, REAA, GOB-ES, Oriente de Guarapari, Estado do Espírito Santo, solicita esclarecimento
para o que segue:
ipgl@uol.com.br
O tronco de beneficência pode ser utilizado para doação a uma Loja coirmã que solicitou
através de prancha a doação de um Tronco para reforma de seu templo?
CONSIDERAÇÕES.
Como eu tenho escrito isso tem sido em algumas Lojas um verdadeiro atentado
contra a tradição e a regularidade maçônica. Ora, a beneficência institui a solidariedade com os
necessitados, ou por aqueles que por um motivo ou por outro sofreram os reveses da vida,
desde que tudo esteja nos parâmetros da justa necessidade.
Alguns maçons, ainda me parece, precisam aprender o elementar na Sublime
Instituição. Meu Deus, a origem desse procedimento (coleta do Tronco) está na caixa das
esmolas nas igrejas medievais francesas. O próprio termo “Tronc” pode ser encontrado
gravado nos gazofilácios que recolhem essas coletas. O objetivo desses produtos arrecadados
é historicamente destinado diretamente à ajuda aos necessitados, e nunca para arrecadar
recursos para construções ou algo parecido.
Do mesmo modo, isso acontece na Maçonaria desde tempos remotos, já que o auxílio
aos pobres necessitados e às viúvas sempre esteve presente nas performances da Ordem.
Em termos práticos e diretos existem outros meios para se pedir ajuda ou auxiliar
Lojas coirmãs nas suas necessidades de construção, reformas, manutenção, etc., todavia é
contra a tradição pedir esse tipo de auxílio via Tronco de Beneficência.
Ora, esse tipo de auxílio pode ser perfeitamente encaminhado via Saco de Propostas e
Informações para análise e parecer da assembleia na Ordem do Dia.
Geralmente as Lojas já prevêem essas situações inserindo-as in caput dos seus
Regimentos Internos, porém nunca as associando à liturgia, ritualística e resultado apurado de
um Tronco de Solidariedade (Beneficência).
8 – Perguntas & Respostas
Pedro Juk
JB News – Informativo nr. 2.300 – Florianópolis (SC), segunda-feira, 16 de janeiro de 2017 Pág. 26/28
2 - DÚVIDAS RITUALÍSTICAS NO RITUAL.
Em 03/06/2016 o Respeitável Irmão José de Freitas Tolentino, Loja Fraternidade e Justiça de
Gurupi, 1947, REAA, GOB-TO, Oriente de Gurupi, Estado de Tocantins, solicita alguns
esclarecimentos como segue:
agfcentrogpi@gmail.com
Mais uma vez estou tomando a liberdade de lançar dúvidas sobre ritualística:
1) Na página 64 do Ritual de Aprendiz fala-se em "cortejo" e "comitiva". Em primeira análise
seriam sinônimos. Mas parece ter alguma diferença. Seria a ordem de entrada das autoridades?
2) Porque somente o Venerável Mestre, os Vigilantes, o Orador e o Secretário podem falar
sentados e o Chanceler e o Tesoureiro não?
3) Na página nº 49 do Ritual de 1º Grau (abertura dos trabalhos) diz-se que a Pal Sagr deve
ser transmitida l por l. Na página nº 165 (Parte IV - Instruções) está registrado que a Pal
Sagr deve ser transmitida l por l, e, depois, sil por sil Qual das duas redações está
correta?
4) Página 81 do Ritual: A saída deve ser nessa ordem? Ven Mestre, 1º Vig, 2º Vig, Ir
Orador, Ir Secr, Ir Tesoureiro, Ir Chan, demais Oficc Mestres, Comp Aprendizes, e
por último os Cobridores?
Agradeço de antemão as respostas.
CONSIDERAÇÕES.
1 – Cortejo (substantivo masculino) designa a comitiva pomposa; séquito. Menciona também
procissão, acompanhamento. Comitiva (substantivo feminino) designa gente que acompanha,
que vai em companhia de outrem; séquito.
No caso do Ritual em vigência, o termo “cortejo” é usado para proclamar as formalidades em
que a mais alta autoridade ingressa por último. Já o termo “comitiva” é usado na condição de
que o Grão-Mestre Geral (apenas ele) em qualquer Loja da Federação, se assim desejar,
ingressa com formalidade, porém à frente (precedendo) dos demais que o acompanham no
cortejo. Devo salientar que, conforme o Ritual, a entrada em comitiva (com o Grão-Mestre indo à
frente) é desejo restrito apenas ao Soberano (Grão-Mestre Geral).
2 – Por duas simples razões. A primeira é que no Ocidente falam sentados (salvo quando o
Ritual mencionar o contrário) apenas os Vigilantes. Os demais, falam à Ordem. Se o Vigilante
resolver falar em pé ele também fala à Ordem – deixa o malhete e compõe o Sinal na forma de
costume. A segunda é que existe um equívoco de há muito no GOB que insiste em tratar o
Tesoureiro e o Chanceler, que são cargos eletivos, como Dignidades da Loja. Tradicionalmente
no REAA as Dignidades de uma Loja são cinco, as Luzes mais o Orador e o Secretário e não
sete, já que essa quantidade se refere aos cargos eletivos. Assim, seguindo a tradição, as
“verdadeiras Dignidades”, que são cinco, falam sentadas, dessas, os Vigilantes são os únicos
que falam sentados no Ocidente. Enfim, Tesoureiro e Chanceler falam em pé porque, como os
outros e, não sendo Luzes da Loja, ocupam o Ocidente.
3 – A regra iniciática é a seguinte – o Aprendiz “soletra” e o Companheiro “silaba” (verbo
silabar). Em linhas gerais simbolicamente o Aprendiz representa o primeiro ciclo da vida, a
infância (primeiro soletra), enquanto que o Companheiro representa o segundo ciclo, a
juventude (mais adiantado, já sabe silabar). Em tese, segue-se a ordem natural das coisas –
primeiro se aprende a soletrar, posteriormente a silabar e por fim o domínio da palavra.
Infelizmente, não é de hoje que muitos rituais vêm insistindo em exarar esse equívoco que
provavelmente é haurido de outra vertente maçônica (ritos e rituais) que tem o costume de dar a
palavra letra por letra ou mesmo partida ao meio, mas não é o caso do REAA.
JB News – Informativo nr. 2.300 – Florianópolis (SC), segunda-feira, 16 de janeiro de 2017 Pág. 27/28
Como estamos à mercê de muitos pseudos ritualistas e de donos de rituais com crânios
blindados que geralmente nada conhecem da doutrina específica do Rito, ainda não se
consegue corrigir esse erro grosseiro, pois esses ditos não se aperceberam que no REAA o
Aprendiz apenas sabe soletrar.
Penso que caberia uma pergunta para esses entendidos: Se o Aprendiz somente sabe soletrar,
então que história e essa dele pronunciá-la também soletrada?
Assim, a redação correta é aquela que menciona o Aprendiz apenas soletrando a Palavra
Sagrada, porquanto exista ainda a condição peripatética dos amantes do “aceitar apenas aquilo
que está escrito”, não importando se é certo ou errado.
4 – Eu no meu modesto entendimento, não vejo nenhum préstito de retirada. Basta que o
processo de saída seja o inverso de entrada. Assim, saem por primeiro o Venerável e os
Vigilantes, os Irmãos do Oriente, os do Ocidente (Oficiais e Mestres sem cargo), Companheiros
e Aprendizes, o Mestre de Cerimônias e por último o Cobridor Interno que fecha a porta do
Templo.
Vejo oportuno mencionar que quando estive à frente da Secretaria Geral do Rito, fiz o possível
para corrigir o ritual, todavia foi mesmo uma luta inglória.
3 – MESTRE DE HARMONIA.
Em 03/06/2016 o Respeitável Irmão Marcos Luiz Comini, sem mencionar o nome do Rito, Loja
Estrela do Herval, 3.334, GOB-SC, Oriente de Joaçaba, Estado de Santa Catarina, formula a questão
seguinte:
mlcomini@mocaplan.cnt.br
Qual a postura do Mestre de Harmonia, quando da abertura e fechamento da Loja, onde
todos os demais Irmãos do Ocidente estão em Pé e a Ordem?
Ele fica também em Pé e a Ordem ou pode permanecer sentado atendo aos botões da mesa de
som?
CONSIDERAÇÕES.
Como qualquer Irmão, se a Loja estiver à Ordem, obviamente que ele também assim deve se postar.
Dependendo da Loja, a Coluna da Harmonia deve se adequar da melhor maneira possível aos
procedimentos ritualísticos sem ferir a ritualística do Rito.
Nos dias atuais, há que se considerar que a tecnologia estereofônica possui recursos suficientes
para uma boa adequação, sobretudo pelo uso do amplamente conhecido controle remoto.
Assim, tudo pode se adequar nos conformes, lembrando que o Mestre de Harmonia é um Oficial em
Loja que respeita as mesmas regras litúrgicas da sessão, a despeito de que alguns ritos possuem suas
próprias particularidades, já que eu não posso saber qual deles é o caso porquanto não me foi
mencionado na questão o rito praticado pela Loja do consulente.
Em linhas gerais, os procedimentos são os mesmos.
T.F.A.
Pedro Juk
jukirm@hotmail.com
Ago/2016.
JB News – Informativo nr. 2.300 – Florianópolis (SC), segunda-feira, 16 de janeiro de 2017 Pág. 28/28
É Meia-Noite, Venerável Mestre!
(crédito fotos: JB News)

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Maçonaria e Justiça no ensinamento de Melquisedeque

  • 1. JB NEWS Filiado à ABIM sob nr. 007/JV Editoria: Ir Jeronimo Borges Loja Templários da Nova Era nr. 91(Florianópolis) - Obreiro Loja Alferes Tiradentes nr. 20 (Florianópolis) - Membro Honorário Loja Harmonia nr. 26 (B. Horizonte) - Membro Honorário Loja Fraternidade Brazileira de Estudos e Pesquisas (J. de Fora) -Correspondente Loja Francisco Xavier Ferreira de Pesquisas Maçônicas (P. Alegre) - Correspondente Academia Catarinense Maçônica de Letras Academia Maçônica de Letras do Brasil – Arcádia de B. Horizonte Nascer do sol em Florianópolis. Ou seria Meio-Dia? Saudações, Prezado Irmão! Índice do JB News nr. 2.300 – Florianópolis (SC) – segunda-feira , 16 de janeiro de 2017 Última Edição da série JB News Bloco 1 - Ir Jeronimo Borges – Good Bye (Editorial) Bloco 2 - Ir Sérgio Quirino – Melquisedeque e a Maçonaria Bloco 3 - IrEleutério Nicolau da Conceição – Nossa Senhor do Desterro – Primeiros Anos Bloco 4 - IrE. Figueiredo – in (Tolerância) Bloco 5 - IrValdemar Sansão – Visitação e Trolhamento – (Maçonaria em Gotas – XV) Bloco 6 - Ir Diógenes de Sínope – O que se pode e deve ler no Poema “Régio e Manuscrito de Cooke” Bloco 7 - Ir José Anselmo Cícero de Sá – Reminiscências Maçônicas de “D. Pedro I” Bloco 8- Fechando a Cortina. É Meia-Noite Venerável Mestre!
  • 2. JB News – Informativo nr. 2.300 – Florianópolis (SC), segunda-feira, 16 de janeiro de 2017 Pág. 2/28 Ir Jeronimo Borges Editor do JB News Estimado Leitor do JB News, Esta mensagem pode ser um choque para muitos. Para outros, nem tanto. Está sendo escrita no costumeiro linguajar simples, como sempre postado no informativo JB News. Por razões de cunho pessoal, pedindo vênia para não enumerá-las, envio hoje a derradeira edição normal do JB News. As poucas que ainda se seguirão, serão edições especiais, apenas para publicar os artigos ainda pendentes, como as “Perguntas & Respostas” do Venerável Irmão Pedro Juk. Foram milhares de horas trabalhadas e milhares de informativos maçônicos desde o começo de uma longa jornada que se iniciou em 2003, levando informações conhecimento e cultura, com modéstia, singularidade e sem qualquer pretensão, não existindo barreiras de feriados nem datas festivas, para impedir suas publicações e nem de local onde estivéssemos, quer a passeio ou a compromissos maçônicos. Foram ao todo, somente com a nomenclatura JB News, 2.300 edições diárias. Foi particularmente para mim uma excelente terapia ocupacional, como preenchimento de tempo de um magistrado aposentado, acostumado ao duro e exaustivo trabalho diuturno, de saudosa vida judicante. 1 – Editorial – Good Bye
  • 3. JB News – Informativo nr. 2.300 – Florianópolis (SC), segunda-feira, 16 de janeiro de 2017 Pág. 3/28 O aprimoramento do JB News deu-se paulatinamente na continuidade dos anos, aperfeiçoando-se pelos erros cometidos e por auxílio ou correção do próprio leitor. Esse apoio foi fundamental, aliado à inegável participação de notáveis irmãos escritores, do Brasil e Exterior, a quem rendo minhas homenagens e profunda gratidão. Trabalhamos juntos e juntos acabamos fazendo história na imprensa maçônica nacional e sendo referência internacionalmente reconhecida. As centenas de irmãos portugueses e das Américas, que o digam. Existirá doravante alguma lacuna ou quiçá algum irmão abnegado desejerá prosseguir essa obstinação? Auxiliarei e envidarei meus esforços no que for necessário. O site http://www.jbnews33.com.br/informativos que contém todas as edições do JB News, permanecerá no ar durante os próximos seis meses, tempo suficiente para que todos tenham a oportunidade de armazenar o que bem lhe aprouver. O seu acervo é um extraordinário celeiro cultural legado ao Irmão Maçom. Também nesse mesmo interregno, serão desativadas as seguintes contas de e-mails: info@jbnews33.com.br – (para transmissão em mala direta diária dos 11.549, ou mais e- mails, através da Locaweb.) jbnews@floripa.com.br; jbnews33@gmail.com; jbnews33@yahoo.com.br; jbnews33@floripa.com.br; jbnews-33@floripa.com.br; jb-news@floripa.com.br; jbnews@jbnews33.com; O endereçamento eletrônico particular jbf@floripa.com.br permanecerá ativo indefinidamente. Não quero declinar nomes para não cometer injustiça, temeroso por esquecer a nominata de algum magnânimo escritor colaborador, notadamente aqueles que me acompanham há anos, como também de alguns notáveis leitores, verdadeiros
  • 4. JB News – Informativo nr. 2.300 – Florianópolis (SC), segunda-feira, 16 de janeiro de 2017 Pág. 4/28 “embaixadores” do JB News por este País a fora. Personagens, cujos nomes queridos guardarei com muito carinho, herméticos em meu coração. Obrigado pelo apoio irrestrito das dignas entidades que sempre prestigiaram o JB News: Associação Brasileira da Imprensa Maçônica –ABIM ; Grande Oriente de Santa Catarina – GOSC -; Grande Loja Maçônica de Minas Gerais (GLMMG); Grande Oriente de São Paulo (GOSP/GOBSP); Grande Loja do Estado do Acre; Academia Catarinense Maçônica de Letras e Academia Maçônica de Letras Brasil - Arcádia de Belo Horizonte. Ainda as Lojas Maçônicas: “Templários da Nova Era” nr. 91 e “Alferes Tiradentes“ nr. 20 de Florianópolis; Loja “Harmonia” nr. 26 de Belo Horizonte MG ; Loja “Fraternidade Brazileira de Estudos e Pesquisas” de Juiz de Fora – MG e Loja “Francisco Xavier Ferreira de Pesquisas Maçônicas” de Porto Alegre - RS Obrigado, estimados Irmãos. Valeu. Valeu muito mesmo. Florianópolis (SC), 16 de janeiro de 2017. Jeronimo Borges Criador, mantenedor e editor do JB News. “... é Meia-Noite Venerável Mestre!”
  • 5. JB News – Informativo nr. 2.300 – Florianópolis (SC), segunda-feira, 16 de janeiro de 2017 Pág. 5/28 Ano 11 - artigo 03 - número sequencial 600 - 15 Janeiro 2017 Saudações, estimado Irmão! MELQUISEDEQUE E A MAÇONARIA Este é o artigo de número 600. Isto significa seiscentos ciclos lunares ininterruptos por mais de 11 anos. Regularmente, aos domingos, compartilhamos com os Irmãos as especulações e estudos sobre nossa Sublime Ordem. Hoje, invocaremos Melquisedeque. Melquisedeque é um misterioso personagem bíblico e profundo conhecedor da astronomia. Tendo vivido 600 anos, ele não teve ascendência e nem deixou descendência. Com ele surge a ação de destinar um décimo do ganho para agradecer ao Senhor. Melquisedeque, em hebraico, significa “Meu Rei é Justiça” ou “Rei de Justiça”. Para alguns interpretes, ele seria Sem, irmão de Cam e de Jafé, os três filhos de Noé, clamados emergencialmente pelos MM.’.MM. 2 – Melquisedeque e a Maçonaria Sérgio Quirino
  • 6. JB News – Informativo nr. 2.300 – Florianópolis (SC), segunda-feira, 16 de janeiro de 2017 Pág. 6/28 Se pudéssemos reduzir a Maçonaria a um sinônimo, seria Justiça. Ambas particularizam o mesmo conceito do que seja justo e correto tendo por base a igualdade entre todos, na garantia da liberdade com fins na preservação da harmonia entre os homens. Sempre é necessário termos em mente que a fraternidade, bem como a caridade e os estudos esotéricos são trabalhados de forma transdiciplinar, exatamente para criar substância aos nossos labores. Cientes de que toda a oportunidade que perdemos em ser útil é considerada como perjúrio, não podemos cruzar os nossos braços. Comungados na compaixão, nós Maçons, fraternalmente estamos prontos para propor soluções. O ensinamento de Melquisedeque, revivido em grau superior de um determinado rito maçônico, está em não misturarmos misericórdia com justiça. Diante da dor, da perda, das tragédias pessoais, fraternalmente e imbuídos no sentimento de compaixão, nós Maçons atuamos como colaboradores no processo de solução. Às vezes dura e cruel, a realidade é um conjunto de processos evolutivos, que devemos vivê-los na sua integralidade. Somente essa inteireza do espírito promove o aprendizado. Na prática, ser útil exige um certo discernimento. É o que na cultura popular se traduz como “não dar o peixe e sim ensinar a pescar”. No primeiro nível, nós atuamos “matando a fome”. Em seguida, auxiliamos apoiando-o no seu processo de conquista de sua estabilidade e dignidade. DE MELQUISEDEQUE, HERDAMOS A ESSÊNCIA DO “JUSTO E NECESSÁRIO”. A MELHOR FORMA DE DEFENDER O FRACO, NÃO É LUTAR POR ELE, MAS FORTALECÊ-LO PARA QUE ELE VENÇA SUAS PRÓPRIAS BATALHAS. Este artigo foi inspirado no livro “Os Filhos da Viúva segundo a Ordem de Melquisedeque” de autoria do Irmão José Luiz Teixeira do Amaral. Na página 11, há uma emblemática interpretação de um sonho: “A espada no lugar do remo significa a obrigação de usá-la na vida, com retidão e justiça. O sol é o aspecto positivo da criação. A lua é o símbolo preponderante da magia. O barco de espelho é uma oportunidade para todos os teus súditos se mirarem em ti. Em outras palavras, deves reinar em paz” Precisamos incentivar os Obreiros da Arte Real ao salutar hábito da leitura como ferramenta de enlevo cultural, moral, ético e de formação maçônico. Fraternalmente Sérgio Quirino – Grande Segundo Vigilante – GLMMG
  • 7. JB News – Informativo nr. 2.300 – Florianópolis (SC), segunda-feira, 16 de janeiro de 2017 Pág. 7/28 Sérgio Quirino - ARLS Presidente Roosevelt 025 - GLMMG Contato: 0 xx 31 98853-2969 / quirino@roosevelt.org.br Facebook: (exclusivamente assuntos maçônicos) Sergio Quirino Guimaraes Guimaraes Os artigos publicados refletem a opinião do autor exclusivamente como um Irmão Maçom. Os conteúdos expostos não reproduzem necessariamente a ideia ou posição de nenhum grupo, cargo ou entidade maçônica. Ir Eleutério Nicolau da Conceição MI da Loja Alferes Tiradentes nr. 20 Ex-presidente da Academia Catarinense Maçônica de Letras Premiado com a Ordem do Mérito Templário da Loja Templários da Nova Era. Florianópolis - SC Nossa Senhora do Desterro Os Primeiros Anos (auto-retrato do Ir. Eleutério Nicolau da Conceição) O Ir Eleutério Nicolau da Conceição (em seu autorretrato), MI da Loja Alferes Tiradentes e membro da Academia Catarinense Maçônica de Letras, escritor, pesquisador e palestrante, aqui reproduz mais uma de suas inusitadas obras. Trata-se de mais uma excepcional arte construída a bico de pena e colorida com aquarela, constante de um projeto aprovado pelo Ministério da Cultura, onde relata a saga dos primeiros navegadores que passaram pelo litoral 3 – Nossa Senhora do Desterro – Os Primeiros Anos Eleutério Nicolau da Conceição
  • 8. JB News – Informativo nr. 2.300 – Florianópolis (SC), segunda-feira, 16 de janeiro de 2017 Pág. 8/28 de Santa Catarina e que aportaram em Nossa Senhora do Desterro (nome que antecedeu a Florianópolis), durante os anos do início do Século XVI, logo após o descobrimento do Brasil. A história remota da Ilha de Santa Catarina apresenta grande quantidade de incertezas e contradições, a começar por seu primitivo nome, Meiembipe (elevação ao longo do rio), como citam antigos historiadores, ou Y-Jurerê Mirim (Boca Pequena - uma referência ao estreito entre a ilha e o continente), como afirmam outros. Desde os primeiros tempos após o descobrimento do Brasil, a Ilha foi visitada por expedições espanholas a caminho do Prata, em busca de água e alimentos frescos. Por vezes permaneciam meses na região, construindo acampamentos e comerciando com os índios, como o que ocorreu com Sebastião Caboto (que deu nome à Ilha), Diego Sanábria e Álvar Nuñes Cabeza de Vaca. Expedições portuguesas de reconhecimento da costa, como as de Gonçalo Coelho e Martim Afonso de Souza, também registraram sua passagem por estas terras.
  • 9. JB News – Informativo nr. 2.300 – Florianópolis (SC), segunda-feira, 16 de janeiro de 2017 Pág. 9/28 A história narrada no livro inicia-se após a fundação de São Vicente, em São Paulo, de onde partiram os portugueses responsáveis pelas primeiras povoações da região oeste e sul do Brasil. Os dados referentes à história antiga da ilha e do estado de Santa Catarina em geral são conhecidos apenas pelos historiadores que deles se ocuparam, sendo muitas vezes ignorados mesmo pelas populações que habitam as regiões palco de significativos eventos. Os antigos autores que registraram traços da história remota da Ilha de Santa Catarina, não apresentam dela um quadro completo e definido. Pelo contrário, existem dúvidas e contradições a respeito de nomes e datas, e os eventos são apresentados de modo fragmentado, sem continuidade. Para alguns autores, o fundador da póvoa original tem o sobrenome “Monteiro” acrescentado a Francisco Dias Velho e a data de sua chegada tem também diferentes versões (1651, 1662 e 1673), assim como a data de sua morte (1687 e 1692). Quanto a seus acompanhantes, antigos relatos incluem sua mulher e duas filhas, que certos historiadores modernos dizem terem permanecido em São Paulo. Também não há registro da presença na ilha de possíveis remanescentes de tentativas anteriores de povoamento. Existem narrativas do confronto dos primeiros colonizadores com navios corsários, um dos quais teve seus tripulantes aprisionados e sua carga de prata confiscada. No ano seguinte, a pequena povoação foi tomada de assalto, pelos mesmos corsários em vingança, segundo uma versão, e por diferentes assaltantes, segundo outras. As diferentes versões não são unanimes na identificação dos atacantes: ora são distinguidos como ingleses, ora holandeses ou belgas. Outras questões surgidas da leitura dos textos não são esclarecidas, como, por exemplo, qual a aparência da igreja de Nossa Senhora do Desterro? Como Dias Velho soube do navio corsário aportado na praia de Canasvieiras, tão distante de seu povoado nos arredores da atual Praça 15 de Novembro? E quanto ao seu ataque aos corsários, foi por terra, ou por mar em canoas? Houve mortos entre os corsários e no grupo ilhéu? Durante o ataque final à povoação, houve outras mortes além da do fundador? Essas e outras questões sobre detalhes da história primitiva da povoação ficarão para sempre sem resposta. A história ilustrada tomou como referência a versão com maior número de dados documentais, “costurando” a esta, aspectos de outras, com interpretação livre quanto aos detalhes que interligam os eventos, sobre os quais não existem referências, preenchendo a ausência de informações com imaginação e criatividade, produzindo assim uma narrativa contínua que, não obstante romanceada, preserva os dados históricos conhecidos. Este conteúdo, ilustrado em 64 páginas, cujos originais foram desenhados a bico de pena e coloridos com aquarela, compõe um projeto aprovado pelo Ministério da Cultura, para usufruto dos benefícios da Lei Rouanet, e foi apoiado financeiramente pelas empresas Tractebel Energia e Teltec Solutions. Foi publicado em cores, com capa dura, encadernado, e brevemente será distribuído nas escolas estaduais e dos municípios vizinhos a Florianópolis, tendo seu lançamento oficial em data e local a serem definidos. Eleutério
  • 10. JB News – Informativo nr. 2.300 – Florianópolis (SC), segunda-feira, 16 de janeiro de 2017 Pág. 10/28 (*) E. Figueiredo - é jornalista - Mtb 34 947 e pertence ao CERAT - Clube Epistolar Real Arco do Templo / Integra o GEIA – Grupo de Estudos Iniciáticos Athenas / Membro do GEMVI – Grupo de Estudos Maçônicos Verdadeiros Irmãos E Obreiro da ARLS Verdadeiros Irmãos– 669 (GLESP) efig2005@gmail.com (in)TOLERÂNCIA “A tolerância é a melhor das religiões !” Victor Hugo (1802 – 1885) TOLERÂNCIA, do latim tolerare (sustentar, suportar), é um termo que enuncia o grau de aceitação ante um elemento contrário a uma regra moral, cultural, civil ou física. Pela ótica da sociedade, a tolerância é a capacidade de uma pessoa ou grupo social de aceitar outra pessoa ou grupo social, que tem uma atitude diferente das que são a norma no seu próprio convívio. Na Maçonaria a tolerância é tida como uma virtude. A Sublime Ordem prega que os homens são livres e iguais em direitos e que a tolerância constitui o princípio fundamental nas relações humanas, para que sejam respeitadas as convicções e a dignidade de cada um, não somente entre os Irmãos, mas em toda sua convivência. Como toda virtude, a tolerância consiste essencialmente em um comportamento prático, numa regra de conduta com relação aos outros. E um dos deveres do Maçom é a tolerância, que deixa a cada um o direito de escolher e seguir sua religião, sua opção política e suas opiniões. 4 – (in) Tolerância E. Figueiredo
  • 11. JB News – Informativo nr. 2.300 – Florianópolis (SC), segunda-feira, 16 de janeiro de 2017 Pág. 11/28 Ao ser iniciado, o Maçom recebe um exemplar do Ritual do Simbolismo Aprendiz Maçom. A primeira coisa que ele encontra, ao abri-lo, são os dez Princípios Fundamentais. O nono fundamento reza: “Exigir tolerância para com todas e qualquer forma de manifestação de consciência, de religião ou de filosofia, cujos objetivos sejam os de conquistar a Verdade, a Moral, a Paz e o Bem Estar Social.” Em seu livro TRATADO SOBRE A TOLERÂNCIA, François Marie Arouet, o Voltaire (1694-1778) faz uma reflexão a partir do julgamento de um comerciante da cidade de Toulouse, acusado por um suposto homicídio. Em virtude de se basear em um caso de intolerância religiosa flagrante, as palavras de Voltaire acerca dessa questão, se tornaram paradigmáticas para qualquer outra reflexão posterior sobre tolerância, intolerância, liberdade de expressão, de consciência e na crença e fanatismo religioso. O caso aconteceu numa época em que os católicos ainda eram maioria, tanto numérica quanto culturalmente, na Europa, com uma família que se viu envolvida numa situação delicada. Jean Calas, o chefe da família e que era calvinista, foi acusado pela morte por enforcamento do seu único filho católico. Com essa acusação, de ter matado seu filho Marc-Antoine Calas, que havia se convertido ao catolicismo, Jean Calas de vê na iminência de ser julgado por um tribunal criminal. A notícia se espalhou pela região inflamando um sentimento de ódio entre os católicos de Toulouse que passaram a pressionar cada vez mais o Estado para que o acusado fosse julgado o mais rápido possível pedindo a condenação imediata. Com o ânimo da pressão aflorado, ninguém mais questionava a real autoria do réu que passou a ser tratado como homicida do filho, sumariamente. A comunidade protestante ficou na mira da população católica cada vez mais indignada, irredutível e furiosa, Nas investigações as evidências apontavam que Marc-Antoine Calas, havia cometido suicídio, enforcando-se. Apesar das evidências, Jean Calas é julgado responsável pelo homicídio e sua condenação saiu no dia 9 de Março de 1762, com a pena de ter os ossos quebrados, depois estrangulado e atirado numa fogueira. Era a punição para quem ousasse atentar contra um católico em Toulouse. Assim, no dia seguinte, Jean Calas foi executado, publicamente, em um ritual macabro que certificava a intolerância, o ódio e a insanidade de uma religião hegemônica, atestando a falta do bom senso, da lucidez e da tolerância, propriamente dita, de cujo processo Voltaire escreveria a obra TRATADO SOBRE A TOLERÂNCIA, com aprofundadas reflexões. No início do seu livro, Voltaire faz questão de lembrar que na Europa por muito tempo o abuso da religião e o dogmatismo exacerbado já haviam ceifado muitas vidas. Na sua argumentação ele expressava, “O furor que inspiram o espírito dogmático e o abuso da religião cristã mal compreendida derramou sangue, produziu desastres em vários lugares”. Ele falava, ainda, de uma forma que ficava difícil acreditar numa convivência pacífica das religiões, já que o catolicismo continuava reivindicando uma hegemonia, entrando em choque com a religião protestante que estava em ascensão. A intenção de Voltaire era, com todo otimismo, expressar uma realidade ideal. Apresentar uma realidade possível de convivência entre diferentes religiões, já que cada uma teria muito a contribuir com a Humanidade. A obra tem apenas uma pequena parte argumentativa, o essencial reside em mostrar por meio de exemplos os estragos do fanatismo, particularmente o religioso, durante o curso da história. Embora tenha se inspirado em John Locke (1632- 1704), que desenvolveu como ideia principal “a distinção entre a comunidade política e a sociedade religiosa, a distinção e a separação radical entre funções da Igreja e as do Estado”, Voltaire não tinha por
  • 12. JB News – Informativo nr. 2.300 – Florianópolis (SC), segunda-feira, 16 de janeiro de 2017 Pág. 12/28 objetivo essa separação, mas a subordinação da Igreja ao Estado, pois enxergava nisso um meio eficaz de se garantir a tolerância propriamente dita. Dentre os trechos mais comoventes da sua obra, destaca-se a impressionante “Prece a Deus”, com a qual Voltaire conclui seu tratado, que num dos trechos diz: “Já não é aos homens que me dirijo, é a Ti, Deus de todos os seres, de todos os mundos e de todos os tempos. Se a frágeis criaturas perdidas na imensidão e imperceptíveis ao resto do universo, for permitido ousar pedir algo a Ti, Ti que tudo concedeu, Ti cujos decretos são tanto imutáveis quanto eternos, digne-se olhar com piedade aos erros ligados à nossa natureza; que tais erros não se transformem em calamidades !”. Entretanto, as religiões sempre foram intolerantes umas com as outras, pois todas se consideram detentoras exclusivas da verdade. Proteger a integridade do dogma é para qualquer religião uma questão vital. Compreende-se, pois, que a intolerância é uma atitude mental caracterizada pela falta de habilidade ou vontade em reconhecer e respeitar diferenças em crenças e opiniões. Num sentido político e social, intolerância é a ausência de disposição para aceitar pessoas com pontos-de-vista diferentes. No âmbito religioso, com relação a outros credos, por serem monoteístas, as religiões cristãs têm dificuldade em tolerar a possibilidade de existência de outros deuses. Algumas citações: Tolerância não significa aceitar o que se tolera. - Mahatma Gandhi(1869-1948); Há um limite em que a tolerância deixa de ser virtude. - Edmund Burke(1729-1797); Sempre que se produz legislação baseada na religião, abre-se caminho a todo tipo de intolerância e perseguições. - William Butler Yeats(1865-1939); São pouquíssimo os homens capazes de tolerar, nos outros, os defeitos que eles próprios possuem. Arturo Graf(1848 – 1913); A responsabilidade da tolerância está com os que têm a visão mais ampla. - George Eliot(1819-1880). - O sucesso reside em três coisas: decisão, justiça e tolerância. - Johann Wolfgang von Goethe(1749-1832); Na prática da tolerância, um teu inimigo é o melhor professor. - Dalai Lama XIV(1935- ); Com a sabedoria aprendemos a ser tolerantes. Henry David Thoreau(1817-1862). Apesar de Voltaire ter escrito em 1763, o TRATADO SOBRE A TOLERÂNCIA revela-se hoje, mais de 250 anos depois, uma reflexão atualíssima sobre o comportamento do Homem, a religião de cada um, o sistema judiciário, a responsabilidade dos juízes e os efeitos perversos que as leis podem ter. Å Bibliografia: Aslan, Nicola – Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia Bruno, Alci – Aconteceu na Maçonaria Locke, John – Carta sobre a Tolerância Mellor, Alec - Dicionário da Franco-Maçonaria e dos Franco-Maçons Voltaire – Tratado Sobre a Tolerância
  • 13. JB News – Informativo nr. 2.300 – Florianópolis (SC), segunda-feira, 16 de janeiro de 2017 Pág. 13/28 MENSAGEM DO DIA – MAÇONARIA EM GOTAS (XV) Valdemar Sansão Dia 12 de janeiro VISITAÇÃO E TROLHAMENTO Só o Maçom Regular tem o privilégio de entrar em um local repleto de estranhos, e ser distinguido com honrarias, tratado com respeito e reconhecido como amigo e Irmão! Visitação – Todos os Maçons Regulares têm direito de visitar as Lojas de sua ou de outras Potências reconhecidas, sujeitando-se, porém, às prescrições do Trolhamento e às disposições disciplinares estabelecidas pela Loja visitada, em cujo Livro de Visitantes aporão a sua assinatura após comprovarem sua Regularidade Maçônica. Visitantes - São os maçons que assistem aos trabalhos de seu grau ou inferior, de outra Loja, regularmente constituída em outra região ou país. O décimo quarto Landmark, determina: “O direito de todo maçom visitar e tomar assento em qualquer Loja é um inquestionável Landmark da Ordem. É o consagrado direito de visitar, que sempre foi reconhecido como um direito inerente que todo Ir∴ exerce quando viaja pelo Universo. Pode fazê-lo todo maçom, desde que se ache no pleno gozo de seus direitos e identifique ali sua pessoa e seu caráter maçônico, exibindo seus títulos e provas de reconhecimento. Geralmente os visitantes são recebidos com as honras correspondentes ao seu grau e posto hierárquico ou à representação de que estejam credenciados, e segundo o estabelecido nos Estatutos Gerais e Regulamentos particulares de que se rege a Loja visitada. Se o Visitante for conhecido e já tenha visitado a Loja, pode o V∴ M∴ conceder-lhe permissão para entrar conjuntamente com os Membros do Quadro. Sentar-se-á no lugar que lhe for indicado pelo M∴ CC ∴. Em se tratando de Venerável Mestre ou Mestre Instalado, será conduzido ao Or∴, onde tem assento obrigatório. Os visitantes podem apresentar proposições e fazer uso da palavra em todos os assuntos de interesse geral da Ordem, mormente em se tratando de admissão de novos membros na Maçonaria, quando então intervêm com voz consultiva, ou mesmo com voto deliberativo. Trolhamento (ou Telhamento) – Exame de proficiência em visitantes desconhecidos de forma a impedir a entrada de maçons irregulares ou não maçons em Loja. As Grandes Lojas brasileiras adotam o termo “trolhamento” enquanto que o GOB adota o termo “telhamento”. 5 –Maçonaria em Gotas (XV) – Visitação e Trolhamento Valdemar Sansão Trolhamento Futurista (2017)
  • 14. JB News – Informativo nr. 2.300 – Florianópolis (SC), segunda-feira, 16 de janeiro de 2017 Pág. 14/28 Uma vez admitidos, os Irmãos visitantes têm direitos a uma recepção cordial. É mais um assunto da exclusiva autoridade das Lojas. Só as Obediências podem indicar as condições de legitimidade do maçom visitante. Porém cabe ao Venerável Mestre decidir sobre a conveniência ou não de receber um Irmão, mesmo em situação regular. Se tiver razão para pensar que o Irmão visitante poderá ser capaz de perturbar as boas vibrações da Loja, o Venerável poderá recusar-lhe a admissão do que correr o risco de destruir a harmonia da Loja. Entretanto, deverá prestar os esclarecimentos que se tornarem necessários. As Lojas, entretanto, recusarão o ingresso de visitante que: I – não comprove sua regularidade através de documentos e conhecimentos da Palavra Semestral; II – não seja reconhecido de membro da Loja que por ele se responsabilize; III – Não possuindo documentos, não comprove o perfeito conhecimento dos graus que diz possuir. O trolhamento poderá ser dispensado quando o Visitante for conhecido de um Irmão do Quadro. A carteira-cadastro, ou documento que a substitua, permite, também, dispensar-se o trolhamento. Contudo, não estará em erro o Venerável que, ainda mesmo em tais circunstâncias, decidir pelo Trolhamento; e o seu procedimento não deve ser levado à conta do zelo excessivo. Observação: durante os trolhamentos, os Irmãos terão todo o cuidado em não fazer sinais. Passaporte – O Passaporte é exclusivamente para Mestres. A requerimento do Irmão para viagem ao Exterior, o Passaporte será expedido mediante entrega na Grande Secretaria, com 10 dias de antecedência: Formulário M-20 preenchido e assinado pelo Venerável e Secretário. Uma fotografia 3x4 (paletó e gravata). (Manual do Secretário de Loja (GLESP). Relacionamento - O mutirão é o auxilio gratuito que prestam uns aos outros os lavradores, reunindo-se todos os da redondeza e realizando o trabalho em proveito de um só, que é o beneficiado, mas que nesse dia faz as despesas de uma festa ou função. Esse trabalho pode ser a colheita, queima ou roçado, plantio, taipamento ou construção de uma casa. A maneira pela qual nos relacionamos com outras Lojas, determina se vivenciamos e criamos conflito ou harmonia. Todos os nossos relacionamentos começam dentro de nós mesmos. Relacionemo-nos eficientemente com o nosso eu, antes de nos relacionarmos com os outros. Nossa Loja em ocasiões especiais (no desempenho de sessões magnas, banquetes ritualísticos, palestras, etc.) recorre à partilha de nossos trabalhos, à força renovadora de outras Oficinas coirmãs, num ambiente de acolhida, cordialidade, harmonia e aceitação mútua. São momentos maravilhosos presente de Deus, que compartilhamos com nossos iguais. A excelência da União Fraternal - Os homens têm necessidade de oração e de apoio. Precisamos de ajuda até mesmo para passar pelo simples processo de viver um dia normal. Em 38 anos de vida maçônica, convivi com muitos Irmãos que continuam meus amigos chegados. Quando nos revemos, rimos, choramos, contamos nossas histórias e ficamos muito à vontade para lamentarmos erros e vibrarmos com os sucessos. Ter amizade é ter coração que ama e esclarece, que compreende e perdoa, nas horas mais amargas da vida.
  • 15. JB News – Informativo nr. 2.300 – Florianópolis (SC), segunda-feira, 16 de janeiro de 2017 Pág. 15/28 Uma ocasião estava com outros Irmãos de nosso relacionamento e eu me sentia honrado por me encontrar entre eles. Estávamos ali para nos apoiarmos reciprocamente, e havia uma só regra - o que quer que fosse dito ficava apenas entre nós. O primeiro a falar era um mestre bastante conhecido na Ordem: Todos me conhecem e conhecem minha mulher. Fomos muito felizes no casamento durante anos, e eu queria que as coisas continuassem assim. Há um determinado lugar aonde eu tenho ido ultimamente. Minha mulher tem sofrido muito com isso, mais é difícil resistir a essa tentação. E eu pensei que vocês poderiam me ajudar. Fiquei chocado. Não sabia se ele estava falando de um clube de jogos ou de coisa pior. Tudo que sabíamos era que ele estava nos pedindo ajuda para deixar de fazer alguma coisa sobre a qual não havia conversado com mais ninguém. Estávamos ouvindo a confissão honesta de um homem que pedia apoio na maior luta de sua vida. Naquele momento, nos sentimos homenageados por estar entre pessoas tão autênticas. Éramos um pequeno grupo de homens tentando se ajudar mutuamente a viver melhor. Perguntei a ele como tivera coragem de compartilhar com o grupo uma situação tão íntima. - Eu sabia que se contasse a vocês certamente teria mais força para não voltar lá – disse ele. Meu respeito por ele aumentou naquele dia. Eu não conhecia os detalhes do problema, e não era necessário. Sabia que ele era honesto, e essa honestidade que havia entre todos nós estabelecera um vínculo muito forte e reconfortante. À medida que aprendíamos nesse convívio a ser homens melhores, observávamos algo interessante acontecer em nossa vida fora do grupo. Nós nos tornávamos melhores para as nossas mulheres, filhos e pessoas ao nosso redor. Cada um dos cantos bíblicos são manifestações de louvor a Deus ou expressões de arrependimento, de súplica, de ações de graças, ou recordações históricas. O Salmo 133: “Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos”! Isso significa que os homens precisam conviver com outros homens como amigos não como competidores. Concluindo - A Maçonaria nos uniu da maneira que o Grande Arquiteto do Universo pretende que os irmãos vivam com otimismo, de modo positivo, como construtores capazes de alimentar a paz, a fraternidade e a solidariedade e nos tornarmos todos melhores, também por causa disso. P.S. – Tudo tem sua hora própria. O Céu tem horário para as trevas e para a luz. Aprenda com a natureza! Se em certas horas precisamos receber, não esqueçamos que, em outras, temos obrigação de dar. Saibamos distinguir o momento oportuno de dar e de receber.
  • 16. JB News – Informativo nr. 2.300 – Florianópolis (SC), segunda-feira, 16 de janeiro de 2017 Pág. 16/28 Ir Diógenes de Sínope MM da Loja Salvador Allende (GOL Lisboa – Portugal O QUE SE PODE E DEVE LER NO POEMA RÉGIO E MANUSCRITO DE COOKE Reestudar a história é coisa que me agrada e faço-o tantas vezes quantas as vezes que a vicissitude dos factos históricos o induz. Confesso o particular fascínio que a obscuridade da Idade Média me desafia a iluminá-la e, porque estes manuscritos estão relacionados com uma das prováveis origens do ofício de pedreiro-livre, vou dedicar algum estudo aos mesmos. Por e para quê esta fixação, por vezes teimosa e outras hilariante, de relacionar as maçonarias ditas operativa e especulativa? Responda quem melhor estiver apetrechado para tal pois, eu, há muito que deliguei os fios e as conexões entre ambas, estas sim muitíssimo especulativas, e assim poder sentir-me livre e, com bons costumes, dedicar-me ao conhecimento de ambos os períodos com os seus factos, ideias, práticas e respectivas lições. É um grande chamariz à minha vontade aprofundar o período em que decorreu a franco-maçonaria profissional (a tal dita operativa) e, se há documentos históricos (não confundir com textos literários marcadamente especulativos) em que posso mergulhar, são eles, sem dúvida alguma, os chamados Poema Régio e o Manuscrito de Cooke. Estes, foram tão exaustivamente estudados, confundidos e trabalhados que conseguiu a comunidade intelectual um aproveitamento (pode pronunciar-se descontextualização) tal que fizeram de puros textos medievais, reveladores de regras e costumes dos pedreiros-livres da Idade Média, uma das bíblias justificadoras de quase toda a história da franco-maçonaria. Passemos, então, ao que se pode e deve ler neles numa tentativa de os situar no seu verdadeiro contexto: 1- POSICIONAMENTO HISTÓRICO 2- CONTEÚDO 3- ILAÇÕES 4- CONCLUSÕES 1-POSICIONAMENTO HISTÓRICO 6 – O que se pode e deve ler no Poema “Régio e Manuscrito de Cooke” - Diógenes de Sínope
  • 17. JB News – Informativo nr. 2.300 – Florianópolis (SC), segunda-feira, 16 de janeiro de 2017 Pág. 17/28 Vou começar pela controvérsia da datação destes documentos. Pensa-se que o Poema Régio tenha sido escrito em 1390 embora W.J. Hughan no seu guia sobre as Old Charges em 1889 faça referência a James Orchard Halliwell (que primeiro o publicou em 1840 baseado no espólio de um antiquário de Gloucestershire datado de 1673) que na altura se limitou a escrever que o documento tenha sido…não mais tarde que a última parte do Séc. XIV…Esta data foi contrariada por Edward Augustus Bond (curador na altura do museu Britânico) que o situa no início do Séc. XV. Esta controvérsia permanece nos dias de hoje pois sabe-se que o Poema Régio foi baseado num livro de etiqueta de seu nome Urbanitatis (datado do Séc. XIV) onde as figuras de desenho prevaleciam sobre a escrita e aquelas parecem contar os traços típicos do meio comunitário da Idade Média Inglesa com as características do dialecto usado a sugerirem o início do Séc. XV. Já com o Manuscrito de Cooke haverá menos problemática pois, devido à sua estrutura, a sua datação, fim do Séc. XV, é muito mais precisa e segura não deixando dúvidas aos estudiosos da matéria. Deixemos a datação e passemos à altura em que estes documentos medievais foram recuperados pela florescente maçonaria dita especulativa. Assim, em Junho de 1720 o Duque de Montagu, eleito Grão-Mestre da Grande Loja de Pedreiros-Livres de Londres, marca uma reviravolta na história da franco-maçonaria profissional pois pela primeira vez um Lorde Aceito foi escolhido para tal cargo. Tinha como assistente um antiquário, de seu nome W. Stukely, que descobriu que a Constituição que o antecessor de Montagu, um operativo de nome George Payne, utilizava tinha sido escrita há cerca de 300 anos e estando registada na livraria britânica com o nº 23198, passou posteriormente a ser chamado Manuscrito de Cooke. Este versava sobre a história lendária do ofício de pedreiro-livre que, inclusive, foi entregue a J. Anderson para que fizesse um resumo mesmo antes das célebres Constituições Andersianas. Este documento esteve na posse da Grande Loja de Londres até 1768, altura em que foi vendido a um outro antiquário de Norfolk- Sir John Fenn. Desapareceu de circulação entretanto e em 1859 uma humilde cidadã chamada Caroline Baker quis vendê-lo a Sir Fredric Madden pelo preço de 10 Libras. Tendo ficado bastante agradado com a obra por conter, segundo ele, a ciência da geometria dos Séc. XIV e XV, entregou-o, para preservação, a um organista, amanuense de clérigo e lente público de seu nome Mathew Cooke que em 1861 publicou a primeira transcrição com os cortes que achou necessário. Entretanto Sir F. Madden detectou uma grande semelhança entre o conteúdo deste manuscrito e um outro, registado no museu britânico com o nº 17ª-I, que também continha, em verso, extractos da história dos pedreiros-livres, e mais exactamente, dispunha de portarias e decretos sobre a profissão e que tinha sido dado à estampa em 1840 pelo seu inimigo intelectual J. O. Hallywell que era um dos mais prestigiados coleccionador de livros antigos da sua geração, mas fora dos circuitos académicos, facto que os eruditos nunca lhe perdoaram, porém, chegou a ser admitido na Royal Society em 1839. Este documento chamava-se na altura “Poema dos Deveres Morais” e tinha como subtítulo Constitutiones Geometrie Secundum Euclidem. Hallywell não era maçon mas tinha muitos amigos que o eram e um deles, Robert Freke Gould, devido à fama que Hallywell tinha, propôs que o
  • 18. JB News – Informativo nr. 2.300 – Florianópolis (SC), segunda-feira, 16 de janeiro de 2017 Pág. 18/28 documento se deveria passar a chamar “Poema Régio” assegurando-se da sua posse para o manter no universo dos maçons. O que se seguiu todos nós sabemos pois baseados nestes textos medievais surgiram as famosas Old Charges e as não menos famosas Constituições não esquecendo que não foi só na esfera maçónica que foram úteis pois na vida profana muitos historiadores, como Helen Cam, se serviram deles para ilustrar a importância dos textos medievais na vida moderna devido às suas característica corporativo-sociais. O lamento é que estes textos, designados comummente por Old Charges, se divorciaram progressivamente do seu contexto histórico muito à custa das suas variadas versões que foram sofrendo alterações pela pressão ético-social das respectivas épocas em que foram elaborados. 2-CONTEÚDO As diferenças entre ambos não são muitas (sugerindo que não tenham sido escritos num período de tempo muito afastado um do outro) e citarei quer as que fazem parte da sua estrutura literária quer as do próprio conteúdo. Assim, o Poema Régio é composto por 794 versos começando por descrever como o grande Euclides dividiu a geometria dando-lhe o nome de maçonaria e que os pedreiros- livres não se deveriam tratar como iguais havendo uma hierarquia profissional. A seguir descreve como a maçonaria se introduziu em Inglaterra, por volta dos anos 924 a 938, no reino de AEthelstan que para regular o ofício determinou que se criassem portarias e decretos remarcando já a importância das assembleias gerais, a necessidade da boa educação (fair play), o facto de se tratarem como companheiros ajudando-se uns aos outros e evitar o recursos à litigação. Depois conta a história dos 4 mártires coroados- pedreiros-livres, que foram assassinados por um imperador romano por não acederem a construir um templo pagão. A chegar ao fim conta a história da destruição da torre de babel devido ao orgulho dos seus construtores e de como Euclides renovou a arte da construção dividindo o conhecimento em 7 artes liberais (geometria, gramática, dialéctica, retórica, música, lógica e astronomia) terminando com as regras dos costumes e coagindo os pedreiros-livres a comportarem-se em sociedade (tirar o chapéu dentro das igrejas, não cuspir para o chão, não comer com a boca cheia ou espirrar e esvaziar os intestinos em público). Já a estrutura do Manuscrito de Cooke é feita em prosa numa escrita típica do inglês medieval começando com a história dos pedreiros-livres que é bem mais ampla do que relata o Poema Régio. Logo a seguir invoca-se deus que fez todas as coisas e o homem proporcionando a estes ferramentas de que é exemplo máximo a geometria. As 7 artes liberais também são descritas e em particular destaque conta a lenda das 2 colunas do conhecimento que após o dilúvio foram encontradas por Pitágoras e Hermes o Trismegisto, descreve também que através de Nimrod (neto de Noé) se enviaram pedreiros-livres para a Assíria onde tiveram acesso ao conhecimento das construções e uma vez regressados à Judeia os aplicaram, ou seja, repetem a história de Euclides mas carregando-a de referências bíblicas. Dão particular destaque ao facto de o rei Carlos II de França que apadrinhou as grandes construções do cristianismo e a Sto. Albano que ao chegar a
  • 19. JB News – Informativo nr. 2.300 – Florianópolis (SC), segunda-feira, 16 de janeiro de 2017 Pág. 19/28 Inglaterra transmitiu os conhecimentos da arte de construir ao rei AEthelstan que se tornou ele próprio um pedreiro-livre tendo dado ordem para se redigir uma constituição com portarias e decretos que aqui no Manuscrito de Cooke são menos e com uma ordem diferente do Poema Régio. Em resumo, há indícios de, tanto um como outro, terem sido baseados num documento único cujo original não sobreviveu pressupondo-se que o Manuscrito de Cooke terá sido uma versão melhorada e mais ampla do Poema Régio. Pode-se aferir também que este não será tão exaustivo no que respeita aos encargos das associações como é o de Cooke e que a referência às origens do ofício são mais antigas no manuscrito do que no poema, enfim, poder-se-á dizer que o Manuscrito de Cooke era uma versão mais sagaz e amplificada do Poema Régio. 3-ILAÇÕES Um dado marcante, prévio a qualquer interpretação, é que (como bem assinalaram os estudiosos da F-M Douglas Knoop, G. Jones e Douglas Hammer) todos estes documentos não foram escritos pelos pedreiros-livres, pois como sabem a maioria era iletrada (o saber entre eles era transmitido pela via oral) estando o domínio da escrita nas mãos do clero que, como pode e sabia, torceu o que devia e não devia e foi exactamente em pleno séc. XV que a burguesia inglesa começou a evidenciar uma emergente cultura que lhes permitiu ficar a par do clero tendo, seguramente, contribuído para que as revisões destes documentos fossem adaptadas mais à realidade civil do que a religiosa. Assim, podemos interpretar e caracterizar melhor estes textos se soubermos que a geometria foi a mola impulsionadora das associações de pedreiros-livres e para tal teve que ser traduzida em linguagem que fosse entendida por todos os membros, primeiro em verso (a primeira forma da escrita) e mais tarde em prosa ligeira. Isto levou a que tivessem sido os clérigos a interpretar a transmissão oral e daí os ligeiros e intencionais desvios no sentido de se comporem, não só a disciplina e ordem mas também a solidariedade, absolutamente necessárias, quer ao bom funcionamento das obras quer à respectiva legitimação das responsabilidades. Um dado importante é que, à partida, estas associações de oficiais aspiravam a serem reconhecidos na sociedade como os verdadeiros representantes dos construtores do passado distante (daí o recurso a Euclides e AEthelstan). Outro dado que se deve destacar é a vontade de contrariar as oligarquias, que eram os mandantes das construções, impondo muitas vezes orçamentos, horários de trabalho e penalizações que os pedreiros-livres consideravam muito severas. 4-CONCLUSÕES Diante do atrás exposto podemos e devemos concluir que: 1- A história lendária do ofício de pedreiros-livres está reflectida nos textos medievais aqui em análise. 2- Estes textos foram, nas respectivas versões, ampliados depois da fundação da Grande Loja de Londres e ficaram conhecidas como as Old Charges.
  • 20. JB News – Informativo nr. 2.300 – Florianópolis (SC), segunda-feira, 16 de janeiro de 2017 Pág. 20/28 3- Devido a estas ampliações os textos foram, por consequência, ficando fora do seu contexto histórico. 4- Há uma diferença marcada entre as Old Charges e os textos que lhe deram origem (os referidos Poema Régio e Manuscrito de Cooke), pois estes reflectem a vida medieval e aquelas as pré-concepções teóricas adaptadas à maçonaria dita especulativa. 5- Os textos medievais relatam a mentalidade dos artesãos medievais e a sua relação com a comunidade. 6- Terão sido escritos numa data não muito longe um do outro. 7- O manuscrito não foi senão uma ampliação do poema. 8- Ambos terão sido escritos baseados num texto original desaparecido. 9- O Poema Régio enfatiza a ortodoxia religiosa e a respeitabilidade dos pedreiros- livres. O Manuscrito de Cooke leva a origem dos pedreiros-livres a Euclides e remarca a introdução deste ofício em Inglaterra com o advento do cristianismo. Termino com pena de abandonar os corredores da história mas com a certeza de Samuel Prichard que em 1730 afirmou…de todos os abusos de que os homens são capazes, nenhum é mais ridículo que aquele que atribui à franco-maçonaria poderes misteriosos…É que, com efeito e como escreveu Hugo Pontes no seu ensaio “Guimarães Rosa – uma leitura mística”, …o simbolismo traduz em letras e imagens o que a alma encobre… Ir.’. Diógenes de Sínope M.’.M.’. R.’. L.’. Salvador Allende G.’.O.’.L.’. Bibliographia -Andrew Prescott – « Some Literary Contexts of the Regius and Cooke Manuscripts » -Roger Dachez – « O Mistério dos 3 Golpes Nítidos-incógnitas de uma divulgação inglesa »
  • 21. JB News – Informativo nr. 2.300 – Florianópolis (SC), segunda-feira, 16 de janeiro de 2017 Pág. 21/28 Irmão José Anselmo Cícero de Sá (33º. REAA- 48 anos de Maçonaria) M I da Loja Estrela da Distinção Maçônica, 953 (GOB/GOERJ) Academia de Artes, Ciências e Letras do Estado do Rio de Janeiro Cadeira nr. 29 - Patrono: Quintino Bocaiuva – REMINISCÊNCIAS MAÇÔNICAS DE “D. PEDRO I” Estas reminiscências têm o seu início no dia 17 de junho de 1822, quando os maçons do Rio de Janeiro se reuniram em Sessão Magna extraordinária, presidida pelo Irmão João Mendes Viana (Graccho), Venerável Mestre da Loja Comércio e Artes na Idade do Ouro, única até então existente e regular no Rio de Janeiro, para a criação e instalação do Grande Oriente Brasílico ou Grande Oriente do Brasil. Escolhendo (Pitágoras) como Grão-Mestre Da ata da nona sessão do Grande Oriente do Brasil, realizada em 02 de agosto de 1822 consta ter o Grão-Mestre da Ordem Maçônica proposto para ser iniciado nos mistérios da Ordem, Sua Alteza Príncipe Regente do Brasil e seu defensor perpétuo. Aprovada de forma unânime, D. Pedro I foi imediata e convenientemente comunicado, que se dignando aceitá-la, compareceu na mesma sessão, sendo iniciado conforme prescrevia a liturgia maçônica. Para a historiografia maçônica, a 17ª sessão do Grande Oriente do Brasil se reveste de um significado particular. Realizada em 04 de outubro de 1822, D. Pedro I foi aclamado Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil (exatamente a dois meses e dois dias após a sua Iniciação), em substituição a José Bonifácio de Andrada e Silva. A sessão foi presidida pelo Grande Mestre Adjunto (Diderot). E no dia 21 de outubro de 1822, D. Pedro determinou a interrupção das atividades maçônicas, afiançando a Gonçalves Ledo que a suspensão seria breve nos seguintes termos: "Meu Ledo. Convindo fazer certas averiguações, tanto públicas como particulares na Maçonaria, mando: primo como Imperador, segundo como Grão-Mestre, que os trabalhos Maçônicos se suspendam até segunda ordem minha. É o que tenho a participar-vos; agora resta-me reiterar os meus protestos como Irmão. Pedro Guatimozim Grão-Mestre. Post. Scriptum: “Hoje mesmo deve ter execução e espero que dure pouco tempo a suspensão, porque em breve conseguiremos o fim que deve resultar das averiguações”. De fato, quatro dias depois, em 25 de outubro de 1822, Pedro Guatimozim, era assim que o Imperador assinava sua correspondência maçônica, determinando o fim da 7 – Reminiscências Maçônicas de “D. Pedro I” José Anselmo Cícero de Sá
  • 22. JB News – Informativo nr. 2.300 – Florianópolis (SC), segunda-feira, 16 de janeiro de 2017 Pág. 22/28 suspensão dos trabalhos em função do término das averiguações: "São Cristóvão, 25.10.1822. Meu Irmão – tendo outro dia suspendido nossos augustos trabalhos pelos motivos que vos participei, e achando-se hoje concluídas as averiguações, vos faço saber que segunda-feira que vem, os nossos trabalhos devem recobrar o seu antigo vigor, começando a abertura pela Loja em Assembléia Geral. É o que tenho a participar-vos para que, passando as necessárias ordens, assim o executeis. Queira o Supremo Arquiteto do Universo dar-vos fortunas imensas como vos deseja o – Vosso Irmão – Pedro Guatimozim – Grão-Mestre – Rosa Cruz". Esses sãos os fatos históricos que julgamos bem apresentar a título de reminiscências, que estão narrados no Boletim do Grande Oriente do Brasil (Rio de Janeiro, ano 48, 1923, p. 690/691 e 917) e Arquivo da Casa Imperial do Brasil (Cartas de D. Pedro I a Joaquim Gonçalves Ledo). São Cristóvão, 21/10/1822 e 25/10/1822. Registro citado por Alexandre Mansur Barata, (in Maçonaria, Sociabilidade Ilustrada & Independência do Brasil (1790-1822), com adaptações. Os relatos dos historiadores maçons comprometidos com a Ordem e não-maçons não destoam, melhor, se coadunam com o histórico indigitado. O escopo desta reminiscência é reverenciar a memória de D. Pedro, o primeiro Imperador do Brasil que, ao ser Iniciado Maçom, adotou o nome histórico de Guatimozim, em homenagem ao último Imperador das Astecas na região de Anahuac (área do atual México) e que depois de supliciado, foi amarrado e lançado sobre brasas até morrer, em 1522, pelos invasores espanhóis comandados por Hernan Cortez. Simbolicamente, D. Pedro I considerou-se, à semelhança de Guatimozim, disposto a sacrificar-se pelo Brasil, honrando o título de Defensor Perpétuo do Brasil, que o Grande Oriente Brasílico ou Brasiliano lhe concedera em 13 de maio de 1822. Fica aqui o nosso primeiro registro curioso. O nome Guatimozim, entrementes, era o nome histórico adotado por (Martim Francisco Ribeiro de Andrade), irmão carnal e maçônico de José Bonifácio, e que perfilava ao lado de Falkland (Antônio Carlos Ribeiro de Andrade), Tibiriçá (José Bonifácio de Andrade e Silva), Caramuru (Antônio Telles da Silva), Aristides (Caetano Pinto de Miranda Montenegro) e Claudiano (Frei Francisco Sampaio de Santa Tereza de Jesus Sampaio) nas alas maçônicas e registros do Apostolado e da Nobre Ordem dos Cavaleiros da Santa Cruz. Ademais, no Recife existia uma Loja Maçônica denominada Guatimozin, fundada em 1816 e que em 1821 mudou o seu nome para "Loja 6 de Marco de 1817", em homenagem aos maçons sacrificados na gloriosa Revolução Pernambucana de 1817. A historiagrafia maçônica, contudo, passa ao largo da preferência de D. Pedro pelo nome heróico de Guatimozim. Outro registro nos remete ao restabelecimento dos trabalhos maçônicos na forma ordenada por D. Pedro I. E estes, contudo, não foram reencetados, haja vista que a 02 de novembro de 1822, José Bonifácio determinou uma devassa contra os maçons do "Grupo do Ledo", no episódio que ficou conhecido como "Bonifácia". As razões ainda são pouco claras, ao que tudo indica o fato de D. Pedro ter sido aclamado Grão-Mestre numa sessão presidida por Joaquim Gonçalves Ledo foi interpretado como um golpe maçônico ao "Grupo do Bonifácio", e os ânimos entre os grupos (azul e vermelho) que se mostravam em acirramento crescente desde o episódio que resultou em repreensão ao Frei Francisco Sampaio mostravam-se mais radicalizados com a eleição de D. Pedro para o cargo de Grão-
  • 23. JB News – Informativo nr. 2.300 – Florianópolis (SC), segunda-feira, 16 de janeiro de 2017 Pág. 23/28 Mestre em substituição a José Bonifácio que não compareceu a sessão em que D. Pedro tomou posse, como de resto, não compareceu a nenhuma sessão importante e até mesmo foi colocado no cargo sem ser consultado, mas não foi totalmente tirado da diretoria, porque ainda era ministro de D. Pedro e continuava a exercer o cargo de Grão-Mestre Adjunto e Lugar- Tenente de D. Pedro no Apostolado. O clima realmente esquentou quando o "Grupo do Ledo" tentou impor a D. Pedro, por ocasião da sua aclamação a Imperador do Brasil, em 12 de outubro de 1822, um juramento prévio da Constituição que seria elaborada pela Assembléia Geral Constituinte e Legislativa convocada pela circular de 17 de setembro de 1822. Tal fato desagradou profundamente ao "Grupo do Bonifácio" e ao próprio D. Pedro I, daí a interrupção dos trabalhos ordenada por este, para as "averiguações procedimentais", na forma narrada. A abertura da "devassa" ordenada por José Bonifácio, dois dias depois da autorização emanada do Imperador e Grão-Mestre para o recomeço das atividades maçônicas, ocorreu depois que os Andradas (José Bonifácio e Martim Francisco) colocaram seus cargos de ministros à disposição do Imperador. Tão logo a notícia tornou-se conhecida no meio maçônico, iniciou-se um movimento no sentido de fazer o Imperador reintegrar os Andradas, o que acabou acontecendo. Reintegrados e fortalecidos pelas manifestações favoráveis, José Bonifácio desencadeou violenta repressão aos maçons identificados com a liderança de Joaquim Gonçalves Ledo e esse conjunto de fatos ficou conhecido como "Bonifácia". O devassado, Joaquim Gonçalves Ledo fugiu para a Argentina com o auxílio do Cônsul da Suécia. José Clemente Pereira foi preso e depois deportado em 30 de dezembro de 1822 para Havre, na França, em companhia de Januário da Cunha Barbosa, e posteriormente, os dois foram para Londres. Outros maçons foram presos e depois libertados. As lojas encerraram seus trabalhos e o Grande Oriente do Brasil fechado, deixando os maçons em polvorosa. Com a cissura, o fechamento do Grande Oriente do Brasil e sem oposição, os anti- maçons recrudesceram em campanhas, fazendo com que a Maçonaria aparecesse como inimiga do Imperador e do Trono, constituindo uma memória da Independência cada vez mais distante dos maçons e da Maçonaria. E a única voz que se ouvia bradar na imprensa era a do brigadeiro e maçom Domingos Alves Branco Moniz Barreto (Sólon) em seu jornal "Despertador Constitucional". O que se registra no meio maçônico, contudo, e em que pese o fechamento do Grande Oriente do Brasil, é que muitos maçons continuaram a se reunir às escondidas enquanto as lojas cerraram suas portas, atas e documentos maçônicos eram destruídos por todo o Brasil, à exceção de Pernambuco, onde as Lojas funcionavam e os maçons se reuniam em oposição às determinações do Rio de Janeiro, e até conduziram os preparativos do movimento que ficou conhecido como um dos momentos marcantes dos tempos de ouro da maçonaria pernambucana. Outra curiosidade marcante fica por conta de dois fatos. O primeiro, D. Pedro em 20 de julho de 1822, portanto, doze dias antes de ser iniciado, enviou um bilhete a José Bonifácio no qual tratava da Província da Bahia, convulsionada e resistente à Regência do Rio de Janeiro. Anote os termos maçônicos usados. Dizia o Príncipe Regente: "O Pequeno Ocidente toma a
  • 24. JB News – Informativo nr. 2.300 – Florianópolis (SC), segunda-feira, 16 de janeiro de 2017 Pág. 24/28 ousadia de fazer presente ao Grande Oriente, duas cartas da Bahia e alguns papéis periódicos da mesma terra há pouco vindas. Outro fato singular refere-se a possibilidade do Príncipe Regente D. Pedro pertencer ao Apostolado da Nobre Ordem dos Cavaleiros da Santa Cruz, sociedade secreta de fins maçônicos, fundada em 2 de junho de 1822 por José Bonifácio. O atesto é feito por Castellani ao citar Rio Branco em nota à "História da Independência do Brasil" de Vernhagem: "D. Pedro já pertencia, como ficou dito, a uma sociedade secreta, a Nobre ordem dos Cavaleiros de Santa Cruz, denominada Apostolado. Pelo livro das atas que S. M. o Sr. D. Pedro II possui, e figurou na Exposição de História do Brasil, sabe-se hoje que essa sociedade fundada por José Bonifácio começou a funcionar em 2 de junho. D. Pedro era chefe do Apostolado com o título de arconte-rei, sendo José Bonifácio seu lugar-tenente”. Pelo livro do juramento, também exposto em (Castellani, [in História do Grande Oriente do Brasil, p. 70]). O Nóbrega referido poderia ser os maçons Francisco Luiz Pereira da Nóbrega ou Luiz Pereira da Nóbrega de Sousa Coutinho. Procuramos demonstrar que o período de adormecimento da Maçonaria Brasileira, entre 02 de novembro de 1822 e a abdicação de dom Pedro I, em 07 de abril de 1831, não corresponde ao relato propalado por muitos maçons dentro e fora das lojas, seja porque as atividades maçônicas não tenham se encerrado totalmente neste período; seja porque a suspensão dos trabalhos não pode ser responsabilizada a D. Pedro I; seja porque o Grão-Mestre Pedro Guatimozim pouco fez para interromper os trabalhos ou se colocar contra a interrupção; seja porque pertencia ao apostolado cujas reuniões suspendeu pessoalmente, ou seja, porque sofreu a oposição dos maçons que resultou em sua abdicação ao Trono Brasileiro. A suspensão ocorreu por conta da dissensão interna que confrontava o Grupo do Ledo ao Grupo do Bonifácio e às questões políticas havidas no seio da Maçonaria. Em relação aos trabalhos maçônicos, Castellani escreveu que pelo menos a Loja 6 de Março de 1817, do Recife, fundada em 1821, continuou funcionando, sob a proteção de maçons americanos, já que foi instalada e regularizada pelo Grande Oriente de Nova Iorque. A ela ajuntou-se, em 1823, a Sociedade Carpinteira, de moldes e finalidades maçônicas. Por ocasião da revolta de 1824, todavia, ela foi obrigada a entrar em recesso. No terreno político institucional, o principal fato foi, exatamente, o movimento revolucionário de 1824, que visava a congregar sob regime republicano – na chamada Confederação do Equador – as províncias do Nordeste, que se haviam rebelado contra os atos de D. Pedro I. E mais adiante assevera que de 1824 a 1829, pouco se sabe sobre a atividade maçônica. Parece, todavia, que, em 1825, alguns maçons mais corajosos, revolveram enfrentar a perseguição que sofriam, fundando um Quadro itinerante, denominado "Vigilância da Pátria", que, posteriormente, seria repartido em dois novos quadros, "União" e "Sete de Abril", para formar o Grande Oriente Brasileiro, que precedeu a reinstalação do Grande Oriente do Brasil (Castellani, ob. cit. p. 75/76).
  • 25. JB News – Informativo nr. 2.300 – Florianópolis (SC), segunda-feira, 16 de janeiro de 2017 Pág. 25/28 Bloco produzido pelo Irmão Pedro Juk. Nesta edição serão atendidas as perguntas formuladas pelos Irmãos leitores Paulo Roberto de Paula Gomes de Guarapari – ES, José de Freitas Tolentino de Gurupi – TO e Marcos Luiz Comini, de Joaçaba – SC 1 - TRONCO DE BENEFICÊNCIA Em 01/06/2016 o Respeitável Irmão Paulo Roberto de Paula Gomes, atual Orador da Loja Acácia de Guarapari, REAA, GOB-ES, Oriente de Guarapari, Estado do Espírito Santo, solicita esclarecimento para o que segue: ipgl@uol.com.br O tronco de beneficência pode ser utilizado para doação a uma Loja coirmã que solicitou através de prancha a doação de um Tronco para reforma de seu templo? CONSIDERAÇÕES. Como eu tenho escrito isso tem sido em algumas Lojas um verdadeiro atentado contra a tradição e a regularidade maçônica. Ora, a beneficência institui a solidariedade com os necessitados, ou por aqueles que por um motivo ou por outro sofreram os reveses da vida, desde que tudo esteja nos parâmetros da justa necessidade. Alguns maçons, ainda me parece, precisam aprender o elementar na Sublime Instituição. Meu Deus, a origem desse procedimento (coleta do Tronco) está na caixa das esmolas nas igrejas medievais francesas. O próprio termo “Tronc” pode ser encontrado gravado nos gazofilácios que recolhem essas coletas. O objetivo desses produtos arrecadados é historicamente destinado diretamente à ajuda aos necessitados, e nunca para arrecadar recursos para construções ou algo parecido. Do mesmo modo, isso acontece na Maçonaria desde tempos remotos, já que o auxílio aos pobres necessitados e às viúvas sempre esteve presente nas performances da Ordem. Em termos práticos e diretos existem outros meios para se pedir ajuda ou auxiliar Lojas coirmãs nas suas necessidades de construção, reformas, manutenção, etc., todavia é contra a tradição pedir esse tipo de auxílio via Tronco de Beneficência. Ora, esse tipo de auxílio pode ser perfeitamente encaminhado via Saco de Propostas e Informações para análise e parecer da assembleia na Ordem do Dia. Geralmente as Lojas já prevêem essas situações inserindo-as in caput dos seus Regimentos Internos, porém nunca as associando à liturgia, ritualística e resultado apurado de um Tronco de Solidariedade (Beneficência). 8 – Perguntas & Respostas Pedro Juk
  • 26. JB News – Informativo nr. 2.300 – Florianópolis (SC), segunda-feira, 16 de janeiro de 2017 Pág. 26/28 2 - DÚVIDAS RITUALÍSTICAS NO RITUAL. Em 03/06/2016 o Respeitável Irmão José de Freitas Tolentino, Loja Fraternidade e Justiça de Gurupi, 1947, REAA, GOB-TO, Oriente de Gurupi, Estado de Tocantins, solicita alguns esclarecimentos como segue: agfcentrogpi@gmail.com Mais uma vez estou tomando a liberdade de lançar dúvidas sobre ritualística: 1) Na página 64 do Ritual de Aprendiz fala-se em "cortejo" e "comitiva". Em primeira análise seriam sinônimos. Mas parece ter alguma diferença. Seria a ordem de entrada das autoridades? 2) Porque somente o Venerável Mestre, os Vigilantes, o Orador e o Secretário podem falar sentados e o Chanceler e o Tesoureiro não? 3) Na página nº 49 do Ritual de 1º Grau (abertura dos trabalhos) diz-se que a Pal Sagr deve ser transmitida l por l. Na página nº 165 (Parte IV - Instruções) está registrado que a Pal Sagr deve ser transmitida l por l, e, depois, sil por sil Qual das duas redações está correta? 4) Página 81 do Ritual: A saída deve ser nessa ordem? Ven Mestre, 1º Vig, 2º Vig, Ir Orador, Ir Secr, Ir Tesoureiro, Ir Chan, demais Oficc Mestres, Comp Aprendizes, e por último os Cobridores? Agradeço de antemão as respostas. CONSIDERAÇÕES. 1 – Cortejo (substantivo masculino) designa a comitiva pomposa; séquito. Menciona também procissão, acompanhamento. Comitiva (substantivo feminino) designa gente que acompanha, que vai em companhia de outrem; séquito. No caso do Ritual em vigência, o termo “cortejo” é usado para proclamar as formalidades em que a mais alta autoridade ingressa por último. Já o termo “comitiva” é usado na condição de que o Grão-Mestre Geral (apenas ele) em qualquer Loja da Federação, se assim desejar, ingressa com formalidade, porém à frente (precedendo) dos demais que o acompanham no cortejo. Devo salientar que, conforme o Ritual, a entrada em comitiva (com o Grão-Mestre indo à frente) é desejo restrito apenas ao Soberano (Grão-Mestre Geral). 2 – Por duas simples razões. A primeira é que no Ocidente falam sentados (salvo quando o Ritual mencionar o contrário) apenas os Vigilantes. Os demais, falam à Ordem. Se o Vigilante resolver falar em pé ele também fala à Ordem – deixa o malhete e compõe o Sinal na forma de costume. A segunda é que existe um equívoco de há muito no GOB que insiste em tratar o Tesoureiro e o Chanceler, que são cargos eletivos, como Dignidades da Loja. Tradicionalmente no REAA as Dignidades de uma Loja são cinco, as Luzes mais o Orador e o Secretário e não sete, já que essa quantidade se refere aos cargos eletivos. Assim, seguindo a tradição, as “verdadeiras Dignidades”, que são cinco, falam sentadas, dessas, os Vigilantes são os únicos que falam sentados no Ocidente. Enfim, Tesoureiro e Chanceler falam em pé porque, como os outros e, não sendo Luzes da Loja, ocupam o Ocidente. 3 – A regra iniciática é a seguinte – o Aprendiz “soletra” e o Companheiro “silaba” (verbo silabar). Em linhas gerais simbolicamente o Aprendiz representa o primeiro ciclo da vida, a infância (primeiro soletra), enquanto que o Companheiro representa o segundo ciclo, a juventude (mais adiantado, já sabe silabar). Em tese, segue-se a ordem natural das coisas – primeiro se aprende a soletrar, posteriormente a silabar e por fim o domínio da palavra. Infelizmente, não é de hoje que muitos rituais vêm insistindo em exarar esse equívoco que provavelmente é haurido de outra vertente maçônica (ritos e rituais) que tem o costume de dar a palavra letra por letra ou mesmo partida ao meio, mas não é o caso do REAA.
  • 27. JB News – Informativo nr. 2.300 – Florianópolis (SC), segunda-feira, 16 de janeiro de 2017 Pág. 27/28 Como estamos à mercê de muitos pseudos ritualistas e de donos de rituais com crânios blindados que geralmente nada conhecem da doutrina específica do Rito, ainda não se consegue corrigir esse erro grosseiro, pois esses ditos não se aperceberam que no REAA o Aprendiz apenas sabe soletrar. Penso que caberia uma pergunta para esses entendidos: Se o Aprendiz somente sabe soletrar, então que história e essa dele pronunciá-la também soletrada? Assim, a redação correta é aquela que menciona o Aprendiz apenas soletrando a Palavra Sagrada, porquanto exista ainda a condição peripatética dos amantes do “aceitar apenas aquilo que está escrito”, não importando se é certo ou errado. 4 – Eu no meu modesto entendimento, não vejo nenhum préstito de retirada. Basta que o processo de saída seja o inverso de entrada. Assim, saem por primeiro o Venerável e os Vigilantes, os Irmãos do Oriente, os do Ocidente (Oficiais e Mestres sem cargo), Companheiros e Aprendizes, o Mestre de Cerimônias e por último o Cobridor Interno que fecha a porta do Templo. Vejo oportuno mencionar que quando estive à frente da Secretaria Geral do Rito, fiz o possível para corrigir o ritual, todavia foi mesmo uma luta inglória. 3 – MESTRE DE HARMONIA. Em 03/06/2016 o Respeitável Irmão Marcos Luiz Comini, sem mencionar o nome do Rito, Loja Estrela do Herval, 3.334, GOB-SC, Oriente de Joaçaba, Estado de Santa Catarina, formula a questão seguinte: mlcomini@mocaplan.cnt.br Qual a postura do Mestre de Harmonia, quando da abertura e fechamento da Loja, onde todos os demais Irmãos do Ocidente estão em Pé e a Ordem? Ele fica também em Pé e a Ordem ou pode permanecer sentado atendo aos botões da mesa de som? CONSIDERAÇÕES. Como qualquer Irmão, se a Loja estiver à Ordem, obviamente que ele também assim deve se postar. Dependendo da Loja, a Coluna da Harmonia deve se adequar da melhor maneira possível aos procedimentos ritualísticos sem ferir a ritualística do Rito. Nos dias atuais, há que se considerar que a tecnologia estereofônica possui recursos suficientes para uma boa adequação, sobretudo pelo uso do amplamente conhecido controle remoto. Assim, tudo pode se adequar nos conformes, lembrando que o Mestre de Harmonia é um Oficial em Loja que respeita as mesmas regras litúrgicas da sessão, a despeito de que alguns ritos possuem suas próprias particularidades, já que eu não posso saber qual deles é o caso porquanto não me foi mencionado na questão o rito praticado pela Loja do consulente. Em linhas gerais, os procedimentos são os mesmos. T.F.A. Pedro Juk jukirm@hotmail.com Ago/2016.
  • 28. JB News – Informativo nr. 2.300 – Florianópolis (SC), segunda-feira, 16 de janeiro de 2017 Pág. 28/28 É Meia-Noite, Venerável Mestre! (crédito fotos: JB News)