O documento descreve a vida e obra de Santo Agostinho, um dos mais importantes teólogos da Igreja Católica. Ele passou por uma busca espiritual que o levou do maniqueísmo ao cristianismo, tornando-se bispo de Hipona. Suas obras fundamentais, como Confissões e Cidade de Deus, tiveram grande influência no desenvolvimento do pensamento cristão ocidental.
1. A Supremacia da Antiga
Igreja Católica Imperial,
313-590
O Guardião da Graça
2.
3. Filósofo e Teólogo (354-430)
“Quando pensava em consagrar-
me por inteiro ao seu serviço,
Deus meu, […] era eu quem queria
faze-lo, e eu quem não queria faze-
lo. Era eu mesmo. E, porque não
queria de todo, nem de todo não
queria, lutava comigo mesmo e me
rasgava em pedaços..”
4. A peregrinação de Agostinho em direção à fé cristã é
um confronto com perguntas que refletem os
conflitos espirituais de muitos cristãos modernos:
A Escritura é realmente a fonte última de autoridade
para as nossas crenças?
Como podemos interpretar corretamente a Escritura?
Como o pecado tem afetado a personalidade humana?
Se Deus é bom, por que o mundo está cheio de tanto
mal?
O que é o mal, e como ele entrou no mundo?
Por que nos encontrando amando as coisas erradas
com tanta frequência?
Como podemos aprender a amar o bem?
5. Agostinho nasceu em 354 no povoado
de Tagaste, no norte da África.
Seu pai era um oficial romano e pagão.
Sua mãe, Mônica, era cristã fervorosa.
Seus pais tentaram lhe oferecer a
melhor educação possível, o enviaram
primeiro a Madaura, a cidade mais
próxima e, posteriormente, a Cartago.
6. Chegou aos 17 anos em Cartago,
centro político, econômico e cultural da
África de fala latina.
Não se descuidou dos estudos, mas
logo começou a desfrutar também dos
diversos prazeres que Cartago lhe
oferecia.
A matéria estudada por Agostinho era
a retórica.
7. Durante seus estudos Agostinho convenceu-se
de que o bom falar não era suficiente. Era
necessário buscar a verdade.
Essa busca pela verdade acabou levando
Agostinho até o maniqueísmo.
O maniqueísmo parecia ser a resposta para
as dúvidas de Agostinho, que estavam
centradas em dois pontos:
As Escrituras cristãs;
A origem do mal.
8. Agostinho se tornou maniqueu, mas ainda
restavam dúvidas e, por isso, durante nove
anos ele foi um ouvinte questionador.
Quando ele expressava as suas dúvidas, os o
maniqueístas diziam que seus
questionamentos eram profundos demais, e
que o grande mestre maniqueu, chamado
Fausto, lhe daria as respostas tanto
esperadas.
9. Quando a tão esperada visita finalmente
chegou, Fausto provou ser uma farsa.
Desiludido, Agostinho decidiu conduzir
sua busca pela verdade por outros
caminhos.
Decide sair de Cartago e ir pra Roma e,
posteriormente, Milão.
Em Milão, Agostinho se tornou
neoplatônico.
10. Mas, uma dúvida ainda martelava a cabeça
de Agostinho: Como podiam as Escrituras,
com sua linguagem rude e suas histórias de
violência e roubo, ser a Palavra de Deus?
Foi nesse ponto que Ambrósio de Milão
entra em cena.
A partir de então, as dificuldades
intelectuais estavam resolvidas. Mas havia
outras. Agostinho não se tornaria cristão
facilmente.
11. Agostinho estava convicto de que, caso se
tornasse cristão, teria que renunciar à sua
carreira de professor de retórica e a todas as
suas ambições e usufruto dos prazeres sensuais.
Ele mesmo conta que a sua constante oração
era: “Dá-me castidade e continência, mas não
logo”.
Então, Agostinho passa por uma experiência no
jardim de Milão que muda os rumos da sua
vida. Em resultado disso, a posteridade o
conhece como “Santo Agostinho”.
12. Depois da sua conversão, Agostinho
começou a dar os passos necessários que
sua decisão implicava:
Batismo
Renunciou ao cargo de professor
Regressou ao norte da África
Em Tagaste, vendeu a maior parte das
suas propriedades e deu o dinheiro aos
pobres
13. Em 395, Agostinho é ordenado, contra a
sua vontade, a bispo da cidade de Hipona.
Como ministro e bispo, Agostinho
continuou levando vida semelhante à que
levara em Casicíaco.
Como parte das responsabilidades
pastorais, Agostinho escreveu uma série de
obras que fizeram dele o teólogo mais
importante da igreja ocidental desde o
tempo do apóstolo Paulo.
14. Muitas das suas obras eram dirigidas contra
os maniqueus.
Nesses escritos Agostinho fala da autoridade
das Escrituras, da origem do mal e do livre-
arbítrio.
Parte da sua tarefa teológica consistiu também
em refutar o donatismo.
Foi contra os pelagianos que Agostinho
escreveu suas obras teológicas mais
importantes.
15. A soteriologia de Agostinho fluiu de suas
convicções sobre a depravação total do homem
após a queda e da soberania de Deus na
salvação.
Enquanto Pelágio elevou a capacidade do
homem caído, Agostinho se opôs a isso,
assinalando ao homem caído seu devido lugar.
Enquanto Pelágio minimizou e comprometeu a
soberania divina, Agostinho engrandeceu a
suprema autoridade e a graça irresistível de
Deus na salvação.
16. Confissões (397)
Uma das mais populares e profundas obras
de todos os tempos.
É a mais antiga autobiografia em
existência.
Escrito na forma de uma oração, ele
combina devaneios espirituais com ensinos
doutrinais.
Traça a jornada espiritual de Agostinho, o
17. Da Graça e Do Livre-Arbítrio (426-427)
Afirmou a graça de Deus e o livre-arbítrio do
homem.
Para Agostinho, o pecado de Adão mergulhou o
gênero humano na morte espiritual.
Dessa forma, a vontade humana está morta
para as coisas de Deus.
O homem só pode fazer o que agrada a Deus
pela graça.
É pela graça, por divina iniciativa e divina
capacitação, que os pecadores creem.
18. Da Trindade (399-419)
Uma compilação de quinze livros escritos num
período de vinte anos.
Foi o primeiro tratado sobre a Trindade escrito
por um teólogo do Ocidente.
Agostinho refuta as heresias dos arianos e dos
sabelianos.
Aborda as relações intertrinitárias e defende a
igualdade do Filho e do Espírito Santo com o
Pai.
Existe um só Deus, porém três pessoas que são
19. A Cidade de Deus (413)
Agostinho tentou fortalecer a fé dos crentes
escrevendo essa obra.
Se tornou um clássico, contrasta “a cidade de
Deus” – a igreja dos santos – com “a cidade do
homem” – o mundo inconverso.
Aborda a criação, o tempo, a origem do mal, a
liberdade humana, o conhecimento divino do
futuro, a ressurreição do corpo, o juízo final, a
felicidade, a encarnação, o pecado, a graça, o
perdão e outros tópicos.
20. Da Doutrina Cristã (396-427)
Apresenta seu ponto de vista sobre a
Escritura, a hermenêutica e a pregação.
Delineou as preparações que equipam o
intérprete da Escritura para entender e
explicar corretamente a mensagem cristã.
O livro articula sua abordagem da exposição
bíblica e da instrução catequética.
21. Da Predestinação dos Santos (428)
Aborda a eleição para a salvação.
Nesse livro, Agostinho articulou
cuidadosamente a soberania de Deus em
sua graça salvífica.
Essa obra provaria ser um esforço definidor
na apresentação que Agostinho faz da graça
soberana.
Notas do Editor
-
Era um oficial romano de um escalão inferior, aparentemente Agostinho não teve um relacionamento muito íntimo com seu pai, tendo em vista que ele o cita muito pouco em suas obras.
Orava muito pela conversão do marido e filho, o que acontece com ambos. Foi muito próxima e importante na vida de Agostinho, boa parte da sua vida adulta foi vivida a sombra da sua mãe.
Os pais perceberam uma inteligência incomum e fizeram todo o possível para dar uma boa educação.
-
Nesse desfrute dos prazeres da vida ele conhece uma mulher com a qual passou a conviver, e da qual teve seu único filho, Adeodato.
Essa matéria servia para preparar advogados e funcionários públicos. A matéria ensinava as pessoas a falar de maneira elegante e convincente, sem se importar se o que era dito era certo ou não. Os professores de filosofia que se preocupavam com a natureza da verdade, os de retórica se preocupavam somente com o falar bem.
Foi lendo as obras de Cicero, um orador, que também era um filósofo, Agostinho se convenceu que apenas falar bem não era suficiente, era necessário buscar a verdade.
Fundada por Mani na metade do século 3, um dualismo espírito x matéria, bom x mal, Deus x diabo, um aperfeiçoamento do gnosticismo do século 1.
1. Do ponto de vista da retórica a Palavra de Deus era uma série de escritos pouco elegantes e até mesmo bárbaros, muitos episódios de violência, enfim. Boa parte da propaganda maniqueísta consistia em ridicularizar as Escrituras, criticavam e zombavam desse estilo presente na bíblia.
3) 2. Mônica, sua mãe havia ensinado a Agostinho que só havia um Deus bom. Mas Agostinho olhava para si mesmo, para o seu redor, e se perguntava de onde vinha todo esse mal. O maniqueísmo parecia ter a resposta também, essa fusão espírito x matéria, bom x mal.
Dentro do maniqueísmo havia uma separação entre os chamados “ouvintes” e os “perfeitos”, Agostinho se recusava passar para a classe dos “perfeitos” pois ainda tinha muitas dúvidas.
-
O conhecimento de Fausto não era maior do que os demais líderes do maniqueísmo.
Houve também aqui uma desilusão com seus alunos em Cartago, o que motivou ainda mais uma mudança em sua vida.
Forma uma nova turma em Roma, mas esses seus alunos não o pagavam e o que fez com que ele resolvesse mudar novamente, agora para Milão.
O neoplatonismo crê que existe um princípio único do qual provém toda a realidade, uma boa maneira de ilustrar é a ideia de jogar pedrinha na água, forma-se círculos, as realidades mais próximas do centro do círculo são superiores, enquanto as realidades mais distantes são inferiores.
-
Como professor de retórica, foi ouvir a pregação do famoso bispo. Ambrósio possuía a fama de ser um bom orador, mas com o passar do tempo Agostinho prestava cada vez menos atenção na maneira que Ambrósio falava e começou a dar mais atenção no que Ambrósio falava. Ambrósio, apesar do usar o método alegórico, foi capaz de convencer Agostinho da riqueza e do valor das Escrituras.
Esse último ponto era a principal dificuldade que ainda o detinha.
Ele queria se tornar um cristão, mas ainda não.
Ele conta que um dia estava de baixo de uma figueira no jardim de Milão, clamando a Deus: “Até quando Senhor?” Amanhã, sempre amanhã?” Por que não acaba com a minha imundice nesse exato momento?
Diz que ele ouviu uma criança brincando, jogando algum jogo infantil e ela dizia repetidamente: “Toma e lê, toma e lê, toma e lê”
Ele havia cabado de jogar fora um manuscrico contendo Romanos 13.13,14 que estava lendo, nesse exato momento ele decidiu por se dedicar totalmente a fé cristã.
Foi batizado por Ambrósio, que aparentemente não viu nada de especial nesse novo convertido.
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Junto com um grupo de amigos e com sua mãe. Mônica havia acompanhado boa parte de suas viagens pois ficou viúva e desde então dedicou a sua vida a fé e a cuidar do seu filho. Foi ela que convenceu agostinho a abandonar sua concubina e ficou com o seu filho, Adeodato, que volta com eles para o norte da África. Só que no porto Mônica adoce e morre, o que faz com que Agostinho e seus companheiros ficasse ainda vários meses em Roma, antes de ir definitivamente para a África.
Aqui ele vive com seus amigos e filhos, não levam uma vida como monges, mas sim uma vida disciplinada e dedicada ao estudo, devoção e meditação na Palavra de Deus.
Foi ordenado contra a sua vontade.
Casicíaco era como Agostinho chama o local que ele vivia em Tagaste.
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Como ele mesmo havia contribuído para o maniqueísmo ele se sentiu na obrigação de refutar as doutrinas que antes ele defendera.
Ele defende o livre-arbítrio de antes da queda para justificar a origem do mal.
Ele refuta a ideia de que a validade dos sacramentos depende da virtude moral da pessoa que os administra.
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