Um exercício de conceptualização acerca da relação entre ética, direito e política, "A Teoria da Justiça" de John Rawls e uma vista básica sobre os elementos principais da religião e os argumentos a favor da existência de Deus.
2. Ética, Direito e Política
• Política: Atividade de organização do poder (teórica e prática) com vista à manutenção do equilíbrio
social no interior do estado. Inclui também a normalização de relações que cada estado estabelece
com outros estados. Num estado de direito e numa sociedade bem ordenada, o poder político regula
a sua atuação através de um conjunto de leis justas.Tem como objetivo organizar a convivência social,
de modo a que cada um possa escolher o que lhe convém.
• Direito: conjunto de obrigações legais (leis) que regem coercivamente o comportamento dos cidadãos,
prescrevendo sanções no caso de incumprimento.
• A política e o direito pretendem viabilizar a convivência entre indivíduos e grupos em conflito de
interesses. A sua ação é necessária (poder de obrigar coercivamente todos os membros da
comunidade) pela inexistência de uma coexistência social automaticamente harmoniosa com
ausência de conflitos.
• Ética: arte de escolher o que mais nos convém para vivermos o melhor possível. Neste sentido, a ética
é indissociável da política, visto que o nosso bem-estar depende também de um bem-estar social.
• Estado: Organização política de uma comunidade com vista à manutenção da ordem dentro do seu
território. Designa tanto o conjunto de pessoas organizadas politicamente como o território por elas
ocupado. É responsável pela organização e controlo social. Regula, através de leis, a conduta de todos
os indivíduos, bem como das organizações que se encontram dentro das suas fronteiras. Detém, para
este fim, ou pretende deter, o monopólio sobre o uso da força. O conceito parece ter origem, tal como
o de política, nas antigas polis (cidades-estado).
3. Que relação existe entre Ética, Direito e
Política?
• A política só pode ser baseada num conjunto de princípios éticos fundamentais e
leis justas.A liberdade política (de associação, de expressão, de imprensa) e os
direitos humanos (liberdade, igualdade ou fraternidade) são exigências
inegociáveis e garantias que todas as sociedades políticas devem salvaguardar.
• A ética difere também da política, no sentido em que uma (ética) se ocupa das
ações de uma pessoa possuidora de liberdade e a outra (política) se ocupa da
coordenação o mais benéfica possível das ações que um grupo alargado de
pessoas tem com a sua liberdade.
• Muitas vezes, o facto das obrigações legais e moralidade não terem uma ação
conjunta permite a existência de obrigações legais imorais (leis misóginas,
homófobas ou racistas).
4. Desobediência Civil
• A desobediência civil é um ato público, não violento, consciente e político contrário à lei
praticado com o propósito de provocar alterações político-legislativas ou de chamar
atenção para leis ou políticas moralmente injustas.As pessoas que agem em desobediência
civil fazem-no para amplificar a sua causa e aceitam as consequências do incumprimento da
lei. Não tem como objetivo o benefício pessoal
• Resulta da não concordância entre princípios morais e obrigações legais, dando origem a
obrigações morais ilegais.
• Cumprir uma lei não significa necessariamente fazer o que é moralmente correto e agir
eticamente pode implicar desobedecer a uma obrigação legal injusta ou moralmente
objetável.
• Um exemplo famoso é o das sufragistas inglesas, que, visto que não podiam votar,
boicotaram os censos de 1911 e o pagamento de impostos.A sua falta de cidadania para
votar refletiu-se na sua falta de colaboração para o pagamento das despesas públicas ou
elaboração de estatísticas.
• A desobediência civil torna-se inútil numa sociedade em que o governo seja indiferente à
moralidade das ações legais.
5. Como é possível uma sociedade justa?
• Numa sociedade justa, os direitos garantidos pela justiça não estão dependentes
da negociação política ou do cálculo dos interesses sociais.
• O livro “UmaTeoria da Justiça” tem como objetivo a elaboração de uma teoria
sistemática e global da justiça. Constitui uma forte reação ao utilitarismo clássico
e um importante contributo para o debate acerca da justiça social e da igualdade.
É a base da filosofia política contemporânea.
• John Rawls inicia defendendo o primado da justiça, conceção pública e aceitável
de justiça que constitui a regra de qualquer sociedade humana bem ordenada.
Desenvolve uma perspetiva contratualista, uma ideia renovada de contrato
social, que tem sempre como horizonte ético a influência kantiana: a pessoa é
um fim em si mesmo e nunca um meio. Os princípios de justiça formam a base
do acordo, do contrato social, e são definidos a partir da posição original.
7. • Posição Original: estado natural da teoria do contrato social. Deve ser concebida
como uma situação imaginária. Na posição original desconhecemos se somos
homem ou mulher, qual a nossa raça, nacionalidade, classe social ou projetos de vida
; assim, não serão escolhidos princípios que favoreçam alguns. (não deveremos, no
entanto, desconhecer o que é necessário para viver bem).
• Véu de Ignorância: Desconhecimento o lugar que cada um ocupa na sociedade, bem
como das suas características particulares.
• Contrato Hipotético: Aprovação de antemão dos princípios que servirão para avaliar
as relações entre as pessoas e as instituições.Tem como objetivo que os princípios
eleitos sejam equitativos.
• Justiça Social: Entendida como virtude dos seres humanos e das sociedades, diz
respeito à igualdade de liberdades e de direitos entre indivíduos. Refere-se à
repartição proporcional dos bens básicos entre os seres humanos, segundo um
critério de igualdade (equidade). Para Rawls, a justiça social constitui a regra
fundamental de qualquer sociedade humana bem ordenada e pressupões 2
princípios fundamentais: o princípio da liberdade e o princípio da igualdade
(subdividido nos princípios da diferença e da oportunidade justa).
8. • Qual a utilidade deste ponto de partida? Rawls constata que as perspetivas que as pessoas
têm de justiça são muitas vezes parciais, poruqe influenciadas pelos seus interesses pessoais.
A vantagem do véu de ignorância é obrigar os indivíduos à imparcialidade, requisito básico
de qualquer sistema justo. Se não dispusermos de informação que permita a parcialidade,
então optaremos pelo bem comum.
• A estratégia deverá passar por imaginar a pior situação possível e, a partir dela,
estabelecermos princípios justos, isto é, optarmos pelos melhores princípios considerando o
pior cenário concebível – estratégia maximin (abreviatura de maximizar o mínimo). De acordo
com este princípio é sempre preferivel escolher a opção mais segura que implica o menor
risco para todos. Isto implicaria a não escolha do Utilitarismo, pois poderiam ser oprimidos
ou instrumentalizados, mesmo dando isso prazer à maioria.
Alguns conceitos básicos:
> A posição original constitui a base de um contrato ou acordo hipotético.
> O acordo implica a totalidade dos atores sociais em situação de igualdade.
> A imparcialidade é conseguida através de um véu de ignorância.
> O véu de ignorância elimina as condições injustas.
> Os princípios resultam da eleição racional e voluntária dos participantes.
> Os princípios definem direitos e a divisão equitativa dos benefícios sociais.
9. Os princípios de Justiça (aqueles que seriam
escolhidos pelos contratantes hipotéticos):
• Rawls afirma ainda que os indivíduos em situação original têm capacidade para tomar
decisões, apesar da sua completa ignorância, por possuírem uma teoria fraca do bem:
sabem que querem bens primários (liberdade, rendimento, dignidade, oportunidades) e
sabem que preferem ter mais a ter menos destes bens primários.
• Princípio da Liberdade (1º): Cada pessoa deve ter o mesmo direito a um conjunto igual e
vasto de liberdades básicas (Liberdade política, de pensamento, de consciência, de
voto, de expressão, de associação, de proibição de prisão arbitrária e de expropriação).
• Princípio da Igualdade (2º): estabelece os limites da desigualdade justa.
• Princípio da Diferença: as desigualdades económicas só são possíveis se funcionare, e, benefício
dos mais pobres (os ricos têm elevadas contribuições sociais).
• Princípio da Oportunidade Justa: as desigualdades sociais só são aceites se os cargos e funções
estiverem abertos a todos em circunstâncias de igualdade e de oportunidades equitativas.
10. • Os princípios são hierárquicos. Se suceder existir conflito entre os
dois princípios, as liberdades básicas devem ter prioridade absoluta
sobre os 2 princípios seguintes. A perda de liberdades básicas em
come de vantagens económicas não é aceitável. Esta posição mostra
a oposição frontal de Rawls aos sistemas totalitários.Também o
princípio da igualdade equitativa de oportunidades é, para Rawls,
prioritário em relação ao princípio da diferença.
11. Objeções à teoria da Justiça
• Incentivos: se as pessoas talentosas só podem beneficiar dos seus
talentos em circunstâncias que favoreçam os menos favorecidos,
não é possível que decidam trabalhar menos ou optar por trabalhos
menos exigentes?
• Esforço/Mérito: não devem as pessoas que se esforçam mais ser
recompensadas pelos resultados que os seus esforços produzem?
• Correr riscos: e se algumas pessoas, colocadas na posição original,
preferirem arriscar ao invés de escolher a solução conservadora e
segura de que nos fala Rawls.
14. A religião e o sentido da existência
• Religião: conjunto de crenças e ritos que compreendem um aspeto objetivo (a presença de
uma realidade superior) e um aspeto subjetivo (o reconhecimento dessa realidade). De
todo o modo, a religião será sempre uma relação que o ser humano estabelece com uma
entidade superior que o transcende, entregando-se a ela com fonte de sentido e salvação.
A religião enquadra-se na experiência radical de dependência. Assim, leva ao
conformismo.
• «A religião é o reconhecimento consciente e operante de uma verdade absoluta (sagrada)
da qual o Homem sabe que depende a sua existência» - P. Schebesta.
• O Homem religioso é aquele que assume uma determinada atitude face ao Sagrado
(≠Deus).Assim, a realidade não se esgota na realidade empírica, mas complementada por
uma presença implicada naquilo que se vê (mas que não se vê).
• Destaca-se que a religião opõe o sagrado (e a vida religiosa) ao profano (e à vida secular).
• As realidade do sagrado: espaços, tempos (oração, cerimónias religiosas), lugares
(santuário de Fátima)e acontecimentos (peregrinações) existem pela manifestação de
transcendência que nelas tem lugar (e não pelas suas características próprias).
15. • Sagrado: Conjunto de realidades (seres, coisas, lugares ou momentos) separados do
mundo comum, o mundo profano, e nos quais se manifesta um poder considerado
superior e transcendente. A religião é a administração do sagrado.A experiência do
sagrado vivifica o conjunto das diversas manifestações da vida religiosa. Opõe-se ao
profano.
• Profano: Por oposição ao sagrado, é a realidade comum, insignificante, que só se
define pela relação com o sagrado. Podemos dizer que o sagrado e o profano se
excluem e supõe. Opõe-se ao sagrado.
• Hierofania:Termo que designa o ato de manifestação do sagrado ou revelação do
sagrado.Todas as religiões são constituídas por um número considerável de
hierofanias, isto é, por manifestações das realidades sagradas. Desde hierofanias
elementares, como, por exemplo, a manifestação do sagrado num qualquer objeto,
uma pedra ou uma árvore, até à hierofania suprema para, por exemplo, um cristão, que
é a encarnação de Deus em Jesus Cristo, não existe solução de continuidade. As
hierofanias são parte do mistério, na medida em que correspondem à manifestação de
algo de ordem diferente – de uma realidade que não pertence ao nosso mundo – em
objetos que fazem parte integrante do mundo natural, profano.
16. • Transcendência: O conceito de transcendência ou de
transcendente rem a sua origem etimológica no termo latino
«transcendere», que significa «passar para lá», «ultrapassar».
Num sentido comum ganha o significado de «superior». Em
termos metafísicos remete para algo que está separado do
mundo sensível, uma ideia de um princípio ou de um ser
radicalmente separado do mundo. O seu oposto é a imanência.
• Imanência:Tem origem na palavra latina «immanere», que
significa «morar em». O conceito de imanência aplicado ao
mundo diz que ele não é regulado por um princípio superior,
distinto e separado, mas que constitui uma substância
autossuficiente. Segundo esta teoria, Deus não está fora e
acima do mundo, reside nele.
17. Perspetivas Perante Deus
• Teísmo: Doutrina que afirma Deus como realidade suprema, absoluta e
transcendente. O teísta entende Deus como criador do universo e de
tudo quanto existe. Deus é fundamento da moral, do conhecimento e
das leis. É pessoa que, embora transcendente, pode entrar em relação
com o ser humano. Os estudiosos têm-se focado nas 3 grandes religiões
ocidentais (Judaísmo, Islamismo e Cristianismo). Num sentido mais
amplo, um teísta é simplesmente alguém que acredita em seres divinos.
• Ateísmo: Doutrina que afirma não haver Deus (ou deuses). Os
argumentos que alguns ateístas utilizam para justificar a não existência
de Deus são sobretudo dirigidos ao conceito judaico-cristão de Deus,
sendo irrelevantes para outros deuses possíveis. Consideram que toda a
crença em Deus é um atentado à liberdade humana e, como tal, deve
ser combatida.
• Agnosticismo: Teoria que racionalmente não coloca a existência de
Deus, pois considera-O incognoscível, isto é, que escapa ao nosso
conhecimento. Embora possa existir, é um mistério e é inacessível. O
agnosticismo pode ser estritamente pessoal ou confessional. Dizer «não
tenho nenhuma crença firme em Deus» pertence ao primeiro caso; ter a
pretensão de que nada deveria alimentar uma crença positiva a favor ou
contra a existência divina pertence ao segundo caso.
Para o teísta, Deus possui
os seguintes atributos:
Ser pessoal, carente de
corpo;
Único criador e
sustentáculo do
Universo;
Ser omnipotente (pode
fazer tudo);
Ser omnisciente (sabe
tudo);
Ser perfeitamente livre;
Ser eterno;
Ser omnipresente (estar
em todo o lado
simultaneamente.
18. Sentido
• Podemos entender o sentido em várias aceções. Por exemplo,
quando dizemos «o sentido da minha ação é…» ou «faz sentido ser
leal», entendemos que o termo sentido não tem o mesmo
significado numa e noutra frase. Na primeira aparece como
sinónimo de finalidade ou objetivo a atingir; na segunda tem o
significado de um valor que se deve assumir. Por outro lado, quando
se pretende saber o sentido de determinada palavra, perguntamos
pelo seu significado. Pode ainda aparecer como estabelecendo uma
relação entre acontecimentos ou fenómenos, como quando se diz
«faz todo o sentido esperar bom tempo quando oAnticiclone dos
Açores se encontra a norte do arquipélago».
• A palavra sentido aponta para finalidade, objetivo ou propósito pelo
qual viver, bem como para valor. Perguntar pelo sentido da vida é,
então, uma interrogação sobre o valor da finalidade última da vida
como um todo, independentemente das circunstâncias e dos
interesses particulares.
• O Homem não pode viver sem sentido. Aliás, a existência humana
está baseada na convicção de sentido.
De que depende o sentido da
vida?
Depende de encontrar um
objetivo geral para todas as
nossas ações e experiências,
como, por exemplo, a procura
da felicidade; de encontrar
sempre mais e mais objetivos
para concretizar; de nos
envolvermos em atividades em
que a felicidade se concretize,
como combater a pobreza ou a
fome no mundo. Ou, de um
ponto de vista mais religioso,
depende da existência de Deus
e de acreditar numa vida depois
da morte que tudo
recompensará.
20. Uma resposta religiosa ao sentido da
existência
• Deus é o sentido. A vida só tem sentido pela existência de Deus.
• É uma resposta teísta, que pressupõe a heteronomia nos indivíduos, ou seja, a sua
dependência pelo transcendente, que representa a finalidade da vida. Assim, esta
resposta é apreendida no processo de socialização. É defendida por João Bénard
da Costa. O homem não tem a responsabilidade de criar um sentido para a sua
vida, mas sim de cumprir o que lhe é imposto.
• A defesa da heteronomia assenta no facto de a única razão para nos
perguntarmos qual o sentido da nossa vida ser ele ser exterior a nós, caso
contrário estaria sempre presente.
• Baseia-se numa abertura humana ao transcendente e ao absoluto, com o objetivo
de conduzir à revelação do sentido último. Neste sentido, Deus posiciona-se como
outorgador de sentido para a vida.
21. • A religião tem por base uma interpretação humana da realidade, diferenciando-se dos
não crentes pela pelo facto do crente acreditar que a realidade se estende para além
das captações sensoriais, para uma presença invisível que está implicada no que se vê.
• Para o crente, a «hipótese religiosa» é a que melhor esclarece as experiências e
questões postas pela realidade e pela existência: a contingência, as perguntas
últimas sobre a vida, a finitude, a esperança, a exigência ética.
• O crente encontra na «hipótese religiosa» a salvação da perdição do tempo e da
inevitabilidade da morte, elevando-o à proteção sublime da realidade eterna em
Deus.
• Ao aceitar a existência de Deus, o crente sente o conforto dessa presença e
encontra nela a resposta para a sua existência e para as angústias que a finitude
transporta, pois “sem o sentido último, os caminhos de sentido não vão dar a lado
nenhum.
22. • É uma resposta não-religiosa ao sentido da vida. Pressupõe um conceito de
autonomia, visto que a vida terá subjetivamente o sentido que cada um de nós lhe
der, desde que sejamos felizes e imersos na nossa própria vida. Ou seja, viver do
modo como for natural viver, de acordo com os desejos ou a motivação, que
definem se aquilo que fazemos vale ou não a pena.
• É defendida por RichardTaylor, que afirma: “O sentido da vida está no nosso
interior, não é atribuído do exterior, e excede em muito, tanto em beleza como em
permanência, qualquer Céu que alguma vez tenha sido sonhado e almejado pelos
homens.
• É uma posição comum entre pessoas não religiosas.
Resposta subjetiva ao sentido da vida
23. Resposta objetiva ao sentido da vida.
• É uma resposta não-religiosa ao sentido da vida defendida por SusanWolf, na qual o sentido da
vida se define pela entrega ativa a projetos de valor.
• Afirma-se que a vida só pode ter sentido a pessoa se interessar ativamente por um projeto de
valor (algo independente e mais vasto do que nós, com a sua fonte fora de nós e valor
intrínseco, correspondem à conjugação da nossa subjetividade com a objetividade que nos é
exterior), independentemente das dificuldades que este nos possa apresentar. Não se aceita
como tendo sentido uma vida que apenas rase o mero reconhecimento passivo e atitude
positiva perante o valor de um objeto ou atividade.
• O sentido não tem um caráter estritamente subjetivo, pois, por exemplo, o bem que há em
ajudar uma pessoa não é exclusivamente um bem para nós.Os valores subjacentes a esta
atividade são, em grande parte, independentes dos nossos próprios interesses e pontos de
vista, e daí decorre a vertente objetiva integrada na noção de sentido de SusanWolf.
• Viver bem consiste em viver de um modo que pode ser compreendido e admirado de pontos de
vista alheios, incluindo o ponto de vista imaginário de um observador imparcial e
desinteressado.
• Pressupõe 2 condições:
• O sujeito em causa se sente realizado (condição subjetiva)
• Contribui ou associa-se positivamente a algo cujo valor tem a sua fonte fora do sujeito (condição
objetiva)
24. Os argumentos teístas de Demonstração da existência de
Deus
Argumentos a posteriori
ArgumentoTeleológico
Argumento Cosmológico
Argumentos a priori
Argumento Ontológico
25. ArgumentoTeleológico (do desígnio)
O que diz o
argumento?
Baseia-se na observação direta do mundo e apoia-se na ideia de que o
Universo é como uma máquina constituída por partes que
conjuntamente tendem para um fim. A beleza, a ordem, a
complexidade e o aparente propósito observáveis no mundo que nos
rodeia não podem resultar simplesmente de processos naturais
casuísticos e insensatos. Foi defendido por David Hume.
Como
funciona o
argumento?
Procede por meio de uma analogia: as máquinas são criadas por seres
inteligentes. O universo assemelha-se a uma máquina. Do mesmo
modo, provavelmente, o universo foi criado por um desígnio
inteligente. Logo, esse desígnio inteligente é Deus.
26. Argumento Cosmológico (da primeira causa)
O que diz o
argumento?
Baseia-se apenas no facto empírico de o Universo existir. Responde à pergunta
mais natural, básica e profunda: por que razão existe alguma coisa? Poderia não
haver nada.Afirma que todas as coisas foram causadas por qualquer coisa que lhes
é anterior. Porque sabemos que o Universo existe, podemos seguramente presumir
que toda uma série de causas e efeitos o produziram. Porém, esta série de
explicações não pode ser infinita.Assim, se seguirmos esta série retrospetivamente
encontraremos uma causa original, a primeira causas de todas. Esta causa
primeira, afirma o argumento, é Deus. Foi defendido por S.Tomás de Aquino, bem
como por Platão e Aristóteles (em versões mais rudimentares).
Como funciona
o argumento?
Tudo no mundo é claramente causado por outras coisas que lhe são anteriores.
Tem de haver uma causa original, a primeira de todas, para a sua existência. Logo,
essa causa incausada é Deus.
27. Argumento Ontológico
O que diz o
argumento?
É uma linha de argumentação que não se apoia em nenhum facto contingente;
apenas se apoia na análise do conceito de Deus, sendo puramente conceptual. O
argumento sustenta que a existência de Deus resulta necessariamente da
definição de Deus como ser supremo (omnipotente, omnisciente,
omnipresente). Deus define-se como o ser mais perfeito que é possível imaginar.
A existência seria um dos aspetos desta perfeição. Um ser perfeito não seria
perfeito se não existisse. Consequentemente, da definição de Deus segue-se que
Ele existe necessariamente.A sua versão mais famosa foi apresentada por Sto.
Anselmo.Assim, nega-se a contradição de que se Deus existisse somente no
pensamento, poderia existir um ser mais perfeito que existisse no pensamento e
na realidade.
Como
funciona o
argumento?
Deus existe no entendimento. Se algo existe no entendimento pode também
existir na realidade, então, pode ser ainda mais grandioso do que é. Logo, Deus
existe no entendimento e na realidade.
29. Análise à entrevista
• American physicistWeinberg talks about the effectiveness of the DesignArgument, both in
the past and today. He also discusses the reasons that people become religious, including the
varying influences of physical and biological arguments against religion. Miller connects this
to a higher likelihood of biologists being non-believers than physicists, whichWeinberg finds
surprising.
• Weinberg goes on to distinguish between harm done in the name of religion from that done
by religion and states that both of these are very real and very dangerous. He goes on to
discuss the difference between religious belief in America and Europe, and about how he
doesn't like the "character" of the monotheisticGod. He ends by saying that science is very
definitely corrosive to religious belief, and that he considers this a good thing.
“Wikipedia”
• StevenWeinberg, the American Nobel laureate winning physicist, describes aspects of the
Anthropic principle and how believing in a god doesn't help us understand the universe. He
touches on St. Augustine's concept of the beginning of time and who first grappled with the
question of what occurred before time.Weinberg also discusses Galileo and how the start of
scientific inquiry made irreligion possible. Lastly he describes how his fellow physicists view
religion (and especially their lack of interest in religion), the harm of religion, and his views on
fundamentalist religions.
30. Glossário
• Autonomia: Um agente é autónomo quando as suas acções são autodeterminadas, ou
seja, a vontade é submetida à razão.À autonomia opõe-se a heteronomia. A vontade
autónoma "dá a lei a si mesma". Dá a si mesma a forma como cumpre o dever e encontra
no cumprimento da lei moral a razão suficiente das suas decisões. Autodetermina-se.
• Totalitário: diz-se de um sistema político em que todas as atividades sociais são
dominadas pelo Estado, sem qualquer forma legal de oposição.
• Politeísmo:Sistema de religião que admite muitas divindades.
• Monoteísmo: Sistema religioso que admite um só Deus.
• Teleológico: Relativo ou dotado de propósito. Um sistema teleológico é composto por
partes que funcionam conjuntamente tendo em vista uma finalidade.
• Heteronomia: A heteronomia éum estado de dependência, ‘heteros’, em Grego antigo
significa ‘outro’, o que nos leva a concluir que a heteronomia significa seguirmos as
normas/leis/máximas ditadas por outros, é sermos dependentes da vontade dos outros
(sejam eles pessoas, instituições, grupos sociais ou a sociedade.
31. • Coercivo: Que exerce ou pode exercer coacção; que obriga ou sujeita pela intimidação,
pela força ou pela violência.
• Utopia: Ideia ou descrição de um país ou de uma sociedade imaginários em que tudo está
organizado de uma forma superior e perfeita.
• Homofobia: Repulsa ou preconceito contra a homossexualidade ou os homossexuais.
• Misoginia: Aversão às mulheres. Repulsão patológica pelas relações sexuais com
mulheres.
• Utilitarismo: Uma forma de ética consequencialista segundo a qual a nossa única
obrigação fundamental é promover imparcialmente a felicidade ou o bem-estar, isto é,
dar o mesmo peso aos interesses de todos os que serão afectados pela nossa conduta.
• Contratantes Hipotéticos: as pessoas na situação original.
Infopédia/ Dicionário Priberam da Língua Portuguesa/ Dicionário Escolar de Filosofia
32. Dúvidas
• Na página 147, em análise ao excerto de Fernando Savater, verifica-se que este adota
uma atitude puramente kantiana definindo-a como o padrão para a ética, colocando
o ponto de vista de Stuart Mill como um padrão para o objetivo da política. De que
modo podemos encarar isto?