2. "(...) temos que explorar as formas de
modificação do comportamento que
sejam compatíveis com um sistema
igualitário, não materialista e não
elitista, mas, ao contrário, construtivo,
pelo menos no tocante aos meios para
uma inadiável mudança revolucionária
do homem.“
Holland (1973)
3. FEMINISMO
"Feminismo é a luta contra a
dominação masculina e pela
humanidade das mulheres
identificadas com mulheres."
Thompson (2001)
5. Conjunto de contingências
estabelecidas e mantidas para controlar
o comportamento de mulheres visando a
perpetuação de práticas opressoras para
as mulheres e vantajosas para os homens
que mantém e transmitem essas práticas.
Dominação Masculina
6. O Patriarcado como Agência de
Controle
Uma agência de controle é formada por um
conjunto de indivíduos que se comportam dentro
de determinadas práticas culturais e regras e que
mantêm e replicam essas mesmas práticas,
ensinando-as às próximas gerações. Desse modo, a
agência controladora tem a função tanto de
controlar o comportamento dos indivíduos quanto
de manter essas práticas dentro da cultura.
7. AGÊNCIAS DE CONTROLE
(Skinner, 1953)
indivíduos dentro do grupo controlam e
dispõem reforçadores
manipulação de estímulos com o fim de se
controlar comportamento
práticas realizadas pelas agências têm como
função estabelecer obediência (controle) e
autocontrole sobre os outros membros do
grupo
8. “O grupo exerce um controle ético sobre cada
um de seus membros através, principalmente,
de seu poder de reforçar ou punir. O poder
deriva do número e da importância de outras
pessoas na vida de cada membro. Geralmente
o grupo não é bem organizado, nem seus
procedimentos são consistentemente
mantidos. Dentro do grupo, entretanto, certas
agências de controle manipulam conjuntos
particulares de variáveis. Essas agências são
geralmente mais bem organizadas que o grupo
como um todo, e frequentemente operam com
maior sucesso.”
(Skinner, 1953)
9. controlar o comportamento dos
indivíduos permitindo que eles
terminem, evitem ou escapem de
estímulos aversivos; ou por ser a
única/principal fonte provedora de
reforçadores
COERÇÃO
(Sidman, 1989)
10. COERÇÃO
(Sidman, 1989)
Controle do
comportamento por:
1. punição ou ameaça de punição
2. reforço negativo (retirada de
estimulação aversiva)
3. controle de (poder sobre)
reforçadores positivos
11. estabelecem os valores reforçadores dos
estímulos, elas "ditam" o que é bom, correto,
bonito, moral, etc, ensinando a comunidade o
que vai ser reforçador para seus membros
ensinam as pessoas a se comportarem de
determinadas maneiras através de um
conjunto de regras que a gente chama de
"ideologia"
conjunto de regras que estabelecem
determinadas práticas sociais como "naturais"
a um determinado contexto social
12. "Em geral, as práticas realizadas pela
agência têm como função estabelecer
obediência e autocontrole em seus
controlados, ou seja, um repertório
suficiente e bem estabelecido de tal modo
que, mesmo na ausência do agente
controlador, eles se comportem de acordo
com a agência. Ou seja, a agência garante
seu próprio futuro por meio do
estabelecimento de autocontrole dos
controlados."
(Bezerra, 2003)
13. para evitar contracontrole os sistemas de
dominação usam estratégias de
"naturalização" do status quo
estabelecem práticas sociais que
permitem que os controlados evitem
punição ao se comportarem de
determinadas maneiras que são reforçadas
diferencialmente e adquirem status de
"hábito", "costume", "regra social",
"natureza"...
14. “E à mulher disse: multiplicarei
grandemente a tua dor, e a tua conceição;
com dor darás à luz filhos; e o teu desejo
será para o teu marido, e ele te dominará.”
(Gênesis, 3:16)
“O melhor movimento feminino ainda é o
dos quadris.”
(Millôr Fernandes)
“As muito feias que me perdoem, mas
beleza é fundamental.”
(Vinicius de Moraes)
15. “A mulher moderna ─ dita independente, que
nem de pai para seus filhos precisa mais, a não ser
dos espermatozóides ─ assim só o é porque se
frustrou como mulher. Tanto isto é verdade ─
respeitosamente ─ que aquela que encontrar o
homem de sua vida, aquele que a satisfaça como
ser e principalmente como ser sensual, tenderá a
abrir mão de tudo (ou de muito), no sentido dessa
'igualdade' que hipocritamente se está a lhe
conferir. A mulher quer ser amada. Só isso. Nada
mais.”
(Juiz Edilson Rumbelsperger Rodrigues, 2007)
16. "Quando o grupo nos ensina o
que pode ser dito e o que não
pode, também nos ensina o que
pode ser pensado e o que não
pode."
(Todorov, 2014)
17. Senadores homens mais poderosos falam
mais, correlação que não se repete
significativamente para as mulheres.
(Brescoll, 2011)
Mulheres se desculpam mais do que os
homens e se percebem mais como fazendo
coisas erradas do que eles; mulheres julgam
comportamentos desviantes em si próprias
mais severamente do que homens.
(Schuman & Ross, 2010)
18. Estereótipos sobre liderança são
relacionados à masculinidade, enquanto as
características associadas à feminilidade
não se encaixam nesses papéis. (Koenig et
al., 2011)
Professores tendem a encorajar mais os
meninos que as meninas em matérias como
matemática e ciências - e isso tem reflexos
no desempenho em anos posteriores. (Lavy
& Sand, 2015)
23. Patriarcado = agência de
controle
objetivo: manter a prática social de
dominação masculina
ideologia (regra) que mantém essa
prática é o machismo (supremacia
masculina)
24. “(...) patriarcado diz respeito a uma forma de
organização e de dominação sociais calcada na
exploração dos homens sobre as mulheres.
Constitui-se num conceito que permite visualizar
que a dominação não está presente somente na
esfera familiar, tampouco apenas no âmbito
trabalhista, ou na mídia ou na política. O
patriarcalismo compõe a dinâmica social como um
todo, estando inclusive, inculcado no inconsciente
de homens e mulheres individualmente e no
coletivo enquanto categorias sociais.”
(Saffioti, 2011)
28. machismo/supremacia masculina =
desumanização da mulher pelo
estabelecimento do padrão masculino
de humanidade
o homem é a medida de
todas as coisas
o homem foi feito à
imagem e semelhança de
deus
29. podemos nos referir a esse sistema de
práticas sociais e estabelecimento
arbitrário de reforçadores como um
"construto social", mas do ponto de vista
feminista é útil salientar o termo
"dominação masculina"
ressalta que o controle é exercido pelo
patriarcado e aumenta a probabilidade
de contracontrole por sair do sistema de
regras / ideologia imposto por ele
30. CONTRACONTROLE
(Skinner, 1974)
estabelecer contingências para
controlar o comportamento do
“controlador”
respostas de fuga/esquiva das
contingências dentro da agência de
controle
31. "O contracontrole ocorre quando os
controlados escapam ao controlador,
pondo-se fora do seu alcance, se for uma
pessoa; deserdando de um governo;
apostasiando de uma religião; demitindo-se
ou mandriando - ou então atacam a fim de
enfraquecer ou destruir o poder
controlador, como numa revolução, numa
reforma, numa greve ou num protesto
estudantil. Em outras palavras, eles se
opõem ao controle com contracontrole."
(Skinner, 1974)
32. “A dominação só pode ser
enxergada de uma
posição que envolve a
disposição para ver.”
(Thompson, 2001)
33. 1. autoconhecimento = saber por que
fazemos o que fazemos (quais os
verdadeiros determinantes / causas dos
nossos comportamentos)
“VER”
2. discriminar as regras (“ideologias”) que
controlam nosso comportamento e
reconhecer as ideologias que são usadas
para opressão da mulher e para a
dominação masculina
34. 3. “(...) muitas das respostas verbais que
descrevem aspectos do ambiente,
topograficamente semelhantes às respostas de
tatear, seriam, na verdade, respostas intraverbais
emitidas sob controle discriminativo das
respostas de outros membros da comunidade
verbal.” (Guerin, 1992)
4. reconhecer e combater a arbitrariedade da
atribuição de valor reforçador a estímulos feita
pela agência controladora (estabelecer valor
reforçador a estímulos que não possam ser usados
para oprimir e/ou violentar)
35. Empoderamento e contracontrole
“Empoderamento pode ser definido como
um processo de ampliação do poder
político, individual e interpessoal que
permite aos indivíduos e comunidades
adotarem práticas para mudar as
circunstâncias de sua vida.”
(Gutierrez, 1995)
36. Modificação do ambiente social no
qual as pessoas se comportam.
Político:
Garantia da ampliação do acesso aos
reforçadores pelas mulheres por meio
de ações afirmativas, políticas públicas,
leis e decretos.
37. Autoconhecimento: discriminar e
descrever as contingências controladoras
do próprio comportamento
Individual:
Emissão de respostas alternativas,
capazes de produzir reforçadores que
anteriormente eram controlados pelo
grupo dominante sem dependência
deste.
38. Emissão de respostas de
contracontrole, no sentido de “um
comportamento operante que ofende
ou é de alguma maneira aversivo ao
controlador.” (Skinner, 1953, p. 351).
Interpessoal:
Modificação das relações interpessoais
mantidas entre homens e mulheres.
Modificação das relações interpessoais
mantidas entre as mulheres.
39. Sororidade como estratégia de
modificação do comportamento
Para que um novo comportamento
seja aprendido, ele precisa de
condições adequadas para isso.
As melhores condições de
aprendizagem de comportamentos
feministas são outras mulheres
feministas.
40. Transferência do controle social
para a comunidade verbal feminina.
SORORIDADE
Estabelecimento de novos
reforçadores para o comportamento
das mulheres.
Aumento da discriminabilidade das
contingências a que as mulheres estão
submetidas.
41. Prática que cria novas
contingências em que as mulheres
deixam de ser punidas por outras
mulheres pelos critérios
estabelecidos pelo patriarcado, e
passam a ser provedoras de
reforços sociais pelos critérios
estabelecidos pelo feminismo.
42. “[O] impacto crescente dos
conhecimentos, do ativismo e da
política feminista vai continuar sem
a nossa entrada, mas, para os
behavioristas, permanecer em
silêncio significaria uma perda para
todas.”
(Ruiz, 1998, p. 190)
43. Referências:
Bezerra, M.S.L. (2003). Questões preliminares sobre política em B. F. Skinner.
Trabalho final desenvolvido na disciplina de Pesquisa em Fundamentos da
Psicologia. Universidade Federal de São Carlos. Não publicado.
Guerin, B. (1992). Behavior analysis and the social construction of knowledge.
American Psychologist, 47(11), 1423-1432.
Holland, J. (1973). Servirán los princípios conductuales para los revolucionarios? Em:
F.S. Keller e E.R. Iñesta (Orgs.), Modificación de la conduta: aplicaciones a la
educación. México: Trillas.
Saffioti, H. (2011). Gênero, patriarcado, violência. São Paulo: Editora Fundação
Perseu Abramo.
Sidman, M. (1989). Coerção e suas implicações. Campinas: Livro Pleno.
Skinner, B.F. (1953). Ciência e Comportamento Humano. São Paulo: Martins Fontes.
Skinner, B.F. (1974). About Behaviorism. New York: Alfred A. Knopf.
Thompson, D. (2001). Radical Feminism Today. Londres: SAGE Publications.
Todorov, J.C. (2014). Controle e contra controle em contingências sociais. Blog João
Cláudio Todorov. Publicado em 20 de agosto de 2014. Disponível em:
http://jctodorov.blogspot.com.br/2014/08/ controle-e-contra-controle-em.html