1) O documento discute a perspectiva fenomenológica da corporeidade segundo Merleau-Ponty e Heidegger, onde o corpo é visto como uma totalidade sensível na experiência do sujeito no mundo.
2) A corporeidade na Gestalt-Terapia é entendida como um processo mítico dinâmico de simbolização no contato entre figura e fundo.
3) O documento aborda como os bloqueios no contato corporal podem levar a um funcionamento neurótico crônico e como a Gestalt-Terapia bus
2. Paradigmas do CORPO
Quando falo CORPO…qual a representação disso em mim?
No outro?
Filosofia, religião, sociologia, Psicologia
Cisão biológico(corpo) x mente(cérebro)
Corpomente x Corpo organísmico
Corpo holístico, energético, transpessoal
6. CORPOREIDADE
Perspectiva fenomenológica existencial
Referindo-se a visão de totalidade do ser, incluindo o corpo,
Merleau-Ponty (1908-1961) afirma:
Pode-se dizer que o corpo é a forma escondida do ‘ser próprio’
ou, reciprocamente, que a existência pessoal é a retomada e a
manifestação de um dado ser em situação. Portanto, se
dizemos que a cada momento o corpo exprime a existência, é
no sentido em que a fala exprime o pensamento (...) É dessa
maneira que o corpo exprime a existência total, não que ele
seja seu acompanhamento exterior, mas porque a existência se
realiza nele (p.229).
7. CORPOREIDADE
Perspectiva fenomenológica existencial
Corpo transcendental – corpo de experiência
Corpo objetivo e fenomenal: compõem uma totalidade, permitindo
ao mesmo tempo a experiência do “eu” e “meu”, “eu corpo” e “meu
corpo”, interioridade de uma exterioridade e exterioridade de uma
interioridade
Fala falada e fala falante
A compreensão dada pelo corpo é pré-reflexiva: meu corpo tem
seu mundo ou compreende seu mundo sem precisar passar por
representações, sem subordinar-se a uma função simbólica ou
objetivante (...) (Merleau-Ponty, 1994, p.195).
8. Heidegger
Quando o ser humano se depara com algo que
se apresenta diante de sua consciência, primeiro
o nota e o percebe em total harmonia com sua
forma, a partir de sua consciência perceptiva.
Consciência e Fenômeno
Realidade e percepção
Corporeidade como uma totalidade sensível de
conhecimento sobre si e o mundo, mediado
realidade perceptual.
CORPOREIDADE
Perspectiva fenomenológica existencial
9. Corporeidade como uma totalidade sensível de
conhecimento sobre si e o mundo, mediado pela realidade
perceptual.
Sujeito é um projeto aberto, em um contínuo movimento
de tensionamento dialético e dialógico com o campo
sistêmico de dimensões perceptuais, produzindo tessituras
impermanentes de realidade: processo de simbolização
mítica.
Vir - a – (ser)- no mundo – com
A corporeidade é um processo mítico.
CORPOREIDADE
Perspectiva fenomenológica existencial
10. Um mito é uma narrativa tradicional com caráter
explicativo e/ou simbólico, procurando explicar os
principais acontecimentos da vida, os fenômenos naturais,
as origens do Mundo e do Homem. Pode-se dizer que o
mito é uma primeira tentativa de explicar a realidade.
Os símbolos como ancoras do processo de simbolização
possuem as características de uma “gestalt”.
O pensamento holístico também se faz presente para o
entendimento dos símbolos no homem, mostrando que os
mesmo também são relacionados a todos os aspectos do
sistema e não meras representações mentais, expressas
em narrativas linguísitcas.
CORPOREIDADE
Mito e narrativas corporais
13. GESTALT e CORPOREIDADE
O ato de contato é uma totalidade que envolve um fluxo continuum
de awareness, atividade motora e sentimento, a partir da interação
pessoa-mundo em direção à formação de gestaltens que só podem
prosseguir enquanto o excitamento e o interesse puderem ser
mantidos. (Perls, Hefferline e Goodman, 1997) (L. Perls, 2002,
p.153).
Bloqueios do contato produz um impedimento do fluxo de
awareness, um retardamento da interação na fronteira e a
consciência se intensifica: auto-regulação se foca na direção da
sensação de atividade e separação da situação e as
representações são ativadas como recursos que, tendo sido
eficazes no passado, oferecem uma possibilidade agora.(Alvim,
2011).
14. GESTALT e CORPOREIDADE
Funcionamento neurótico: quando situações de perigo são
extremas, repetidas e/ou dolorosas, há um “reajustamento da
fisiologia, uma tentativa de estabelecer um novo conservadorismo
inconsciente sob as novas condições [...] uma fisiologia
secundária” ((Perls, Hefferline e Goodman, 1951).
Tais ajustamentos se tornam crônicos e fixam o funcionamento do
self, impedindo o fluxo de awareness e o processo de ajustamento
criativo.
Nesse sentido a Gestalt-Terapia descreve o funcionamento
neurótico como uma situação de emergência crônica de baixa
intensidade, ou seja, uma situação de desequilíbrio crônico de
baixa tensão, que envolve uma sensação contínua de perigo e
frustração.
15. Hábitos
Vivências
passadas
Fluxo do agora
Figura
Fronteira de contato
Co-dados
Self na
função ID Self na
função ego
Self na função
personalidade
Fundo
Dados=lógicas
sistemas de crenças
Neurose/Psicose:Repetição,
ausência, desarticulação de
hábitos nas formas criativas
de contato no presente com
diferentes níveis espirais de
awareness e
integração/desintegração
sistêmica.
Excitamentos
Contidos =Assimilação
N
Excitamentos
Totais
16. GESTALT e CORPOREIDADE
Na situação de emergência crônica duas funções de emergência
(que a princípio seriam temporárias) entram em ação ao mesmo
tempo: um ocultamento deliberado e uma hiperatividade não
deliberada, havendo um excesso duplo sobre os receptores e
proprioceptores. (Alvim, 2011).
Há uma atenção intensa do organismo para um suposto “perigo” do
ambiente - os receptores ficam aguçados e a musculatura
enrijecida, pronta para fugir ou lutar. (Alvim, 2011).
Como as exigências proprioceptivas são menos ameaçadoras, já
que a hiperatividade exaure a energia e a tensão aí envolvida, a
atenção é desviada delas e investida na sensação de perigo.
(Alvim, 2011).
17. GESTALT e CORPOREIDADE
Os proprioceptores são retraídos e há auto-constrição, gerando um
tipo de dessensibilização, a percepção do corpo como parte do self
é diminuída e há perda de contato com o próprio corpo, sensações
e sentimentos. (Alvim, 2011).
Ocorre a redução da função id – o fundo de onde parte o apetite e
a direção da ação – reflete em inibição motora e em uma falta de
confiança em si próprio, medo do futuro, falta de crença nas
possibilidades, no “eu posso”. (Alvim, 2011).
Neurose: rompimento da unidade corpo, mente, organismo e
ambiente. O ego deliberado (ativo) é sentido como isolado do
mundo; ele intervém ao invés de aceitar a interação espontânea, a
energia para o contato parece vir “de dentro”, exclusivamente dele,
movimentada não por sua sensação organísmica, mas por sua
vontade racional, controlada pela “mente” (Perls, Hefferline e
Goodman, 1951).
18. CORPO E TERAPIA
Ampliação da awareness sensorial para trazer a figuração das
fixações e tensões que estão muscularmente encouraçadas - que
se tornaram involuntárias enrijecidas inconscientemente pelas
frustações e perigos crônicos - e os componentes existências do
conflito em que elas estão habituadas; para que elas possam ser
experienciadas em uma nova fronteira do aqui-e- agora, sob uma
condição atual de musculatura voluntária. (Perls, Hefferline e
Goodman, 1997).
O processo psicoterapêutico se inicia com a awareness da função
id, o que significa dizer que, a partir de uma experiência estética,
conectando-se com a corporeidade e as sensações, a ação
escolhida dentre as possibilidades que se apresentam estará
orientada pela necessidade que ativa e mobiliza o fundo. (Alvim,
2011)
O terapeuta deve conectar-se com as próprias sensações
presentes, concentrando-se na forma da situação, orientando sua
intervenção para a necessidade que se apresenta e revela no id da
situação, o que ativa e mobiliza o fundo orientado pela
necessidade dominante, abstraindo o cliente das
representações(Alvim, 2011)
19. “O corpo é a pessoa o retrato de mim
mesmo, da minha história, por isso só pode
ser falado por mim. Se o outro me toca eu
toco o outro, devo fazê-lo com a reverência
própria de quem entra num santuário a
procura do sagrado” (RIBEIRO, 1997)
20. • DEL PRIORI, Mary Lucy. A história do corpo e a Nova História:
uma autópsia. In: Revista da USP, nº 23, São Paulo, 1994.
• PORTER, Roy. História do corpo. In: BURKE, Peter (org.). A
escrita da história: novas perspectivas. São Paulo: UNESP. 1992.
• SANT´ANNA, Denise. Corpo e história. In: Núcleo de estudos e
Pesquisa da Subjetividade do programa de estudos de Pós-
Graduados em Psicologia Clínica. Cadernos de Subjetividade. v.
1, nº 1, São Paulo, 1993.
• SENNET, Richard. Carne e pedra: o corpo e a cidade na
civilização ocidental. Rio de Janeiro: Record, 1997.
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Stanley Keleman, Revista Psicologia Brasil, ano 3 n 27, p 30-31.
Disponível em:
http://www.psicoterapia.psc.br/scarpato/t_intro.html
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http://www.igt.psc.br/ojs/ ISSN 1807-2526.
Referência Bibliográfica
21. Referência Bibliográfica
RIBEIRO, Jorge Ponciano. Gestalt Terapia: refazendo um
caminho. São Paulo: Summus. Cap. I, 2.1, 2.2 e 2.3. ____ O Ciclo
do Contato. São Paulo: Summus.________.Gestalt Terapia: o
processo grupal – uma abordagem fenome-nológica da teoria de
campo e holística. São Paulo: Summus, 1994. ____. Psicoterapia
de Curta Duração. São Paulo: Summus, 1999.
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Rede, 2006. Disponível em: http://www.igt.psc.br/ojs/viewarticle.php?id=28.
Acesso em: 19 de novembro de 2008;
Notas do Editor
Roy Porter ou Ashely Montaguo, historia do corpo….ok
Falar de campos de energia e interação…
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