2. “Aquele que se auto-realiza, espera o
possível.
Aquele que quer realizar um conceito
tenta o impossível.”
(Fritz Perls, 1966)
3.
4. Gestalt: palavra alemã que aproximadamente significa
todo, estrutura, forma, organização, configuração.
É uma teoria de campo fenomenológica, que se baseia na
experiência imediata; a experiência acontece no aqui e agora.
Independente de o fato ser passado ou futuro, o sentimento
acontece no aqui e agora, ele é presente, e só posso senti-lo
no presente.
Basear-se na experiência imediata é sempre descrever o que
acontece e não somente explicar os fatos- “como” e do “o
que quê” ao invés do “por que”. De acordo com Yontef
(1998), “agora” refere-se a este momento, o presente é a
movimentação permanente entre o passado e o futuro.
5. GESTALT TERAPIA é uma teoria e prática
sobre
o desenvolvimento/crescimento do Ser
Humano,
que se dá em um processo de co-
construção com
o mundo em que está inserido.
GESTALT-TERAPIA
7. Friedrich Salomom Perls (08/07/1893 //
14/03/1970), médico alemão interessado em
neurologia e depois em psiquiatria; se
aproximou da Psicanálise. Antes de se
decidir pela medicina, havia considerado a
possibilidade de se tornar ator. De
temperamento irrequieto,intempestivo e
muito criativo, foi desenvolvendo a sua visão
de psicanálise, tendo em curto espaço de
tempo conseguido muitas inimizades e, por
fim, sua expulsão da Soc. de Psicanálise.
8. Em 1920, aos 27 anos, graduou-se em Medicina,
passando a trabalhar como neuropsiquiatra.
Em 1926, em Frankfurt, trabalhou com o neuropsiquiatra
Kurt Goldstein e com sua assistente, Laura Posner, mais
tarde co-fundadora da Gestalt-terapia.
Por ser de religião judaica, imigrou em 1936 para a
Johanesburgo na África do Sul, onde fundou um Instituto
de Psicanálise
Foi analisando de Wilhelm Reich. Chegou a ter um
encontro com Freud, a partir do qual rompeu
definitivamente com a Psicanálise. Em 1946 imigrou para
os Estados Unidos, tendo se fixado em New York.
9. Pode-se considerar que a
Gestalt terapia germinou no
espírito de Frederick Perls
em 1940, na África do Sul.
Quando imigrou nesta
mesma época para a
América com sua esposa
Laura Perls, integraram-se
a um grupo de intelectuais
não conformistas com o
sistema vigente, entre eles,
o anarquista Paul
Goodman, Isadore From,
Paul Weisz e Ralf Hefferline.
13. Em 1962, Perls entra em contato com o zen-budismo ao
passar uns tempos em um mosteiro no Japão e aprende lá
alguns conceitos que se incorporam à filosofia da Gestalt-
terapia:
permitir o fluir da experiência;
a aceitação do que se é;
a possibilidade de se aprender a lidar com o vazio, o qual é
fértil de possibilidades, uma vez que, não raro, é o
momento que precede o ato criativo.
16. Perls retorna para EUA em Fevereiro de 1970, com a
saúde muito ruim. Entra no Hospital Weiss Memorial, em
Chicago. Laura vai visitá-lo. Após a cirurgia, morre de
ataque cardíaco em 14 de março aos 76 anos . A
autópsia revelou câncer de pâncreas.
Laura falece em 1990, nos EUA.
Deixaram como legado uma das mais importantes
abordagens da Psicologia e da psicoterapia atual, uma
abordagem em constante desenvolvimento e em constante
luta por um mundo mais humano e mais simples.
17. Frederick Perls, judeu alemão comumente chamado de
Fritz, é visto como o principal criador da Gestalt terapia,
no
entanto, muitos a consideram fruto, sobretudo, das
discussões e produções do chamado “grupo dos sete”, do
qual Fritz fazia parte, que era um grupo de intelectuais
não
conformistas que questionavam os códigos sociais
vigentes na sociedade americana do pós-guerra e
buscavam um estilo de vida e de expressão mais
autênticos.
FRITZ PERLS
18. Perls, Lore e Paul Goodman, constituíram a Gestalt
Terapia a partir de fontes como a Psicologia da Gestalt,
Fenomenologia, Existencialismo, Teoria Organísmica de
Goldstein, Teoria de Campo de Lewin, Psicodrama, Reich,
Bubber e, por fim, a filosofia oriental.
Transcorridos mais de 50 anos desde a proposição da
Gestalt Terapia, a abordagem gestáltica consolidou
sua presença no cenário das práticas psicológicas.
19. A Gestalt terapia defende a tese de que o homem só
pode ser compreendido, através da relação que ele
tem com o meio;
Parte do pressuposto que o processo de
conscientização é fundamental para que o indivíduo,
possa estabelecer contatos de boa qualidade com o
meio.
20. “Amigo, não seja um perfeccionista. Perfeccionismo
é uma maldição e uma prisão. Quanto mais você
treme, mais erra o alvo. Você é perfeito, se se
permitir ser.
Amigo, não tenha medo de erros. Erros
não são pecados. Erros são formas de fazer algo de
maneira diferente, talvez criativamente nova.
Amigo, não fique aborrecido por seus erros.
Alegre-se por eles. Você teve coragem de dar algo
de si.”
Fritz Perls
21.
22. Gestalt-Terapia é uma linha psicoterapêutica.
O objetivo está na promoção da estimulação do
contato, da ação do aqui agora, e do aproveitamento
do sistema sensorial e motor a fim de permitir o
reconhecimento e o fechamento das gestalten abertas
(são coisas mal resolvidas, não acabadas, das quais as
pessoas tem muito pouco ou nenhuma consciência disso)
ao longo da vida da pessoa.
Psicologia da Gestalt é uma vertente em psicologia
que estuda em particular, as questões da percepção e
elabora teorias a partir disso.
23. Perls criou a Gestalt-terapia e se preocupou com:
uma concepção da relação corpo–mente que
fosse integradora ao invés de dualista.
uma noção de configuração ou estrutura que
abrangesse a complexidade das inter-relações de
fatores biológicos, psicológicos e socioculturais,
dos quais a experiência e o comportamento do
homem são resultantes.
um método de pensamento que, afastando-se
das explicações causais lineares se aproximasse
do método dialético de focalizar interação e
mudança enquanto processos contínuos de
diferenciação, integração e re-diferenciação de
opostos.
24. O ser humano é um ser de relação (relação consigo
mesmo, com o mundo, com os outros); totalidade e
integração (a pessoa como uma unidade psique-
corpo-espírito); o ser humano como unidade indivíduo-
meio (o ser humano está constantemente interagindo
com limites sociais e ambientais); unidade de
passado, presente e futuro (o aqui-e-agora é o tempo
e o lugar onde as modificações podem ocorrer); auto-
regulação (o ser humano é um todo unificado que se
autorregula).
25. Concepção de homem:
o homem, ser no mundo,
sujeito de sua existência
em busca de sua verdade
criativamente transformando seu mundo
e sendo transformado por ele,
debatendo-se em contradições, divisões e
confusões,
enroscando-se em estereótipos e
paralisando-se
em repetições
ao longo do caminho. (Tellegen)
27. Campo – é o conjunto de tudo o que tem a
possibilidade de ser objeto da nossa atenção
num determinado momento. Inclui a figura e o
fundo. Quando dirijo, vou focalizando minha
atenção a cada momento. Vou mudando a minha
“figura” a cada instante: no sinal que fechou, no
carro que brecou na minha frente, na música que
toca no rádio, na placa de contra-mão, no
guarda, no pedestre atravessando a rua, na moto
que passou chispando ao meu lado, numa
lembrança, numa vítima, numa emoção. O fundo
inclui todos esses dados sensoriais ou
memoriais que podem cair do plano da
consciência ou atenção com maior ou menor
facilidade.
28. A dinâmica figura–fundo acontece na
maioria das vezes espontaneamente e
de acordo com nossas necessidades.
Ao entrar numa festa, o paquerador
visualizada as mulheres, uma pessoa
faminta os salgadinhos, outra, com
sede, as bebidas. Assim, ao decorrer da
festa, outras figuras poderão ficar mais
nítidas: a música, a decoração, etc.
29. As necessidades determinam a figura
de um determinado momento, sendo
que as necessidades fisiológicas
estão sempre em primeiro lugar,
seguidas das necessidades de
segurança, de pertencer, de amor, de
ser estimado, de auto-realização, de
conhecimento e estéticas.
30. Perls tomou emprestado o termo da biologia para descrever:
“O processo através do qual o organismo mantém seu equilíbrio e
conseqüentemente sua saúde sob condições diversas; é o processo,
portanto através do qual o organismo satisfaz suas necessidades. Uma
vez que suas necessidades são muitas e cada necessidade perturba o
equilíbrio o processo homeostático perdura o tempo todo...”
(Perls, 1973 p.20-21 apud Mezzarana,2001).
Processo pelo qual o organismo satisfaz suas necessidades.
Autorregulação ou Homeostase
31. Homeostase
É o processo através do qual o organismo satisfaz
suas necessidades. Cada necessidade perturba o
organismo, que tem que se reorganizar para
satisfazê-las. O processo homeostático perdura o
tempo todo. Quando o processo homeostático
falha em alguma escala, quando o organismo se
mantém num estado de desequilíbrio por muito
tempo e é incapaz de satisfazer suas
necessidades, está doente. Quando falha o
processo homeostático o organismo morre.
Conceitos principais:
32. “Quando um desejo se torna realidade, uma nova
energia nasce no indivíduo. Desejos e necessidades
são quase sempre estados deficitários a que as
pessoas aspiram satisfazer, são buracos na
personalidade que devem ser preenchidos (...).
Costumamos dizer que a Gestalt-terapia é uma
tentativa, uma proposta de lidar com essas
necessidades, estes desejos, estes buracos que
impedem a centragem, a harmonia do organismo.
(Ribeiro, 1985)
33. Processo : "Processo é: uma mudança ou
uma transformação em um objeto ou
organismo, na qual uma qualidade
consistente ou uma direção podem ser
discernidas. Um processo é sempre, em
algum sentido, ativo; algo está acontecendo.
Ele contrasta com a estrutura ou a forma de
organização daquilo que muda, cuja estrutura
é concebida para ser relativamente estática, a
despeito da mudança processual." .
34. Contato
Em todo momento estamos fazendo contato.
Contato é toda experiência humana: viver é
contato. Ver é contato, ouvir é contato, pensar
é contato, ter consciência é contato, mover-se
é contato, manipular, falar, lutar, qualquer tipo
de relação é contato. Contato é o processo
contínuo de reciprocidade em que o homem e
o mundo se transformam. O contato ocorre
na fronteira eu – não eu.
35. Suporte
É o que dá sustentação para o contato.
Suporte inclui fisiologia, postura,
coordenação, equilíbrio, sensibilidade,
mobilidade, linguagem, hábitos e
costumes, habilidades, e aprendizagem,
experiências vividas e defesas adquiridas
ao longo da vida.
Em terapia trata-se do desenvolvimento do
suporte próprio.
36. O universo se constitui por unidades que forma um todo
que é mais que a simples soma das partes.
Organismo como um todo: mente e corpo, interno e
externo;
Visão intra-orgânica: relação direta entre mente e corpo –
o que o indivíduo fala é igual ao modo como se comporta;
A relação entre indivíduo e meio é fluída, permitindo
contato e afastamento.
Contatar - formar gestalt.
Afastar - fechar gestalt.
No neurótico - contatar e afastar está perturbado. Não
sabe priorizar necessidades dominantes.
Holismo
37. Conceito holístico que representa a junção do espaço
e tempo, criando a possibilidade de plenitude.
O “aqui e agora” é a totalidade da experiência
humana. Inclui tudo e registra, no momento, as
emoções e a solução do seu cotidiano.
Não se trata de imediatismo irresponsável, e sim de
uma responsabilidade engajada na totalidade do
presente.
É um processo totalizador que colhe no imediato
todas as possibilidades do agir humano.
Aqui e Agora
38. Figura e Fundo
Figura é a necessidade que emerge a cada momento a fim de ser
satisfeita;
Fundo é toda gama infinita de possibilidades de outras vivências,
necessidades e percepções que naquele instante cedem lugar para o
surgimento e configuração de uma necessidade dominante.
Figura e fundo Quando o organismo se depara com várias
necessidades simultâneas a serem satisfeitas, tenta estabelecer um
equilíbrio homeostático, daí se dá uma hierarquização.
“A figura não é parte isolada do fundo, ela existe no fundo. O fundo
revela a figura, permite à figura surgir (...).
(Ponciano, 1985)
39. A necessidade a ser satisfeita imediatamente é a
figura, e a que passa a segundo plano, o fundo.
Esse processo dinâmico por excelência, quando em
funcionamento harmonioso leva o indivíduo a “fechar
a Gestalt” de determinada situação ou necessidade.
A neurose surge a partir de interrupções no fluxo
natural de figuras, tornando-as inacabadas.
É da plasticidade da interação entre essa figura e
fundo que o indivíduo interage com o meio,
constituindo aquilo que em Gestalt terapia
denominamos de Ciclo do Contato.
40. “Para que o indivíduo satisfaça suas necessidades,
feche a gestalt, passe para outro assunto, deve ser
capaz de manipular a si próprio e ao seu meio, pois
mesmo as necessidades puramente fisiológicas só
podem ser satisfeitas mediante a interação do
organismo com o meio”.
(Perls,1973,p.24)
41. O saudável no fluxo figura e fundo é a satisfação da
necessidade. É um processo de percepção, o fluxo é
dinâmico. Quanto mais entramos em contato
conosco
e nos percebemos, mais clara fica a necessidade,
mais clara fica a alternância entre figura e fundo.
42. A visão holística de Perls da ênfase a importância da
autopercepção presente e imediata que o indivíduo tem do
seu meio.
A GT não investiga o passado, mas convida o cliente a se
concentrar para tornar-se consciente de sua experiência
presente.
Viver com atenção voltada para o presente, ao invés do
passado ou do futuro, é algo bom que leva ao crescimento
psicológico; pressupõe que a única experiência possível é
a experiência presente.
Ênfase no Aqui e Agora
43. “Sempre que não estamos seguros de alguns de
nossos papéis, desenvolvemos a ansiedade (...)
ligamos isso com o fato de toda a realidade estar
no agora, e sempre que abandonamos a posição
segura de estar em contato com o presente, e
saltamos para o futuro em fantasia perdemos o
apoio para nossa orientação (...) A palavra
ansiedade tem sua conotação derivada da palavra
latina ‘angústia’, passagem estreita. O excitamento
não pode fluir livremente.”
(Perls, 1969)
Ansiedade
44. A ênfase na importância da compreensão da
experiência de uma maneira descritiva e não causal é
uma característica da abordagem holística e da
orientação fenomenológica de Perls. Estrutura e
função são iguais; se um indivíduo compreende como
ele faz algo, esta pessoa esta na posição de
compreender a ação em si.
A ênfase da Gestalt está na tentativa de ampliar a
consciência da pessoa na maneira que ela se
comporta, e não analisar a razão pela qual se
comporta
A preponderância do COMO sobre o
PORQUE
45. A conscientização é o ponto central da abordagem
terapêutica de Perls. O processo de crescimento
se dá pela expansão das áreas de
autoconsciência, o fator mais importante que inibe
o crescimento psicológico é a fuga da
conscientização.
É um processo de contato na relação estabelecida
entre o campo, organismo e meio, com qualidade
acentuada de atenção e sentido.
Conscientização (Awareness)
46. Awareness : manter-se consciente de; estado de
consciência. "O objetivo ( da awareness) é o paciente
descobrir o mecanismo pelo qual ele aliena parte dos
processos do seu self e, assim, evita estar consciente
de si e de seu ambiente... Um experimento típico ( da
awareness) é pedir que os participantes formem uma
série de sentenças começando com as palavras "aqui-
agora eu estou consciente de...". "Este continuum de
tomada de consciência parece ser muito simples;
apenas tomar consciência do que se passa segundo
após segundo... Entretanto, assim que a tomada de
consciência se torna desagradável, ela é interrompida
pela maioria das pessoas. Então, estas,
repentinamente, começam a intelectualizar, usar
palavreado do tipo blablablá, voar em direção ao
passado...".
47. Forma de experenciar de estar em contato vigilante com o
evento mais importante do campo indivíduo/meio, com
total apoio sensório motor, emocional, cognitivo e
energético.
Enfatiza-se awareness no sentido de saber o que eu estou
fazendo agora, na situação que está sendo e não se
confunde esse estar sendo com o que foi, poderia ter sido,
poderia ser.
Awareness é sempre aqui e agora, mesmo que seu
conteúdo esteja distante. Saber que agora eu estou
rememorando é muito diferente do que cair no ato de
lembrar sem awareness.
48. Awareness é experienciar e saber como e o que eu
estou fazendo agora.
Sendo que o agora muda a cada momento,
awareness é um processo dinâmico e exclui um modo
imutável de ser e de ver o mundo.
Awareness é sensorial e não mágica. Ela existe.
Tudo que existe, existe aqui e agora. O passado
existe agora sob forma de memórias, remorsos,
rancores,tensão corporal (...) o futuro não existe,
exceto agora, como fantasias, esperanças,
expectativas.
49.
50. Premido pela necessidade de sobreviver (por isso
se auto preserva antes de tudo), o ser humano
interage com os outros e com o mundo, nutrindo-
se/defendendo-se e defendendo-se/nutrindo-se.
51. Perls, defende a tese de que o homem só pode ser
compreendido, através da relação que ele tem com o
meio.
Parte do pressuposto que o processo de
conscientização é fundamental para que o indivíduo,
possa estabelecer contatos de boa
qualidade com o meio.
52. É com essa finalidade que o individuo está sempre
fazendo arranjos (ajustes, truques, manhas), por
vezes aparentemente estranhos ou bizarros,
arranjos aos quais costumamos chamar de
neuroses, distúrbios da personalidade, psicoses e
outros nomes, mas que nada mais são do que os
melhores ajustes que aquele ser conseguiu fazer
nas limitadas circunstâncias existenciais
circundantes em que ele esteve ou está
sobrevivendo.
Ajustamento criativo
53. A preocupação central da Gestalt Terapia é se
essa adaptação possível deu-se (dá-se) com
integração – o que desenvolve o seu poder de
condutor do seu processo – ou se, para consegui-
la, teve que alienar partes e desejos seus com o
objetivo de ser aceito, amado e incluído (que o
torna um ser dividido e
portador de inevitáveis
sequelas).
54. Nesse altamente complexo processo de co-
construção com o contexto, a despeito de sempre
fazermos o melhor dos possíveis existenciais –
nós (por falta de poder e de suporte para a
autonomia) mais nos adaptamos e somos
condicionados do que conseguimos desenvolver
aquela identidade própria que desenvolveríamos
em ambientes menos desfavoráveis, menos
“adestradores” no sentido de instalação dos
“deves” e dos “tens que” de nossas sociedades
conservadoras, prepotentes e coercitivas.
55. A Gestalt terapia compreende o homem
enquanto
uma totalidade, ou seja, um sistema integrado e
organizado, uma unidade indivisível
corpo/mente,
onde não há separação entre as partes que o
compõem, mas sim integração, correlação,
organização e interdependência.
56. Dessa forma, não há no homem separação entre
o seu sentir, o seu pensar e o seu agir. Sua
mente, seu corpo e suas manifestações são
partes de um todo, ou seja, são formas diferentes
de expressão daquele ser humano e estão,
portanto, integrados e contribuindo para a
configuração desse todo. Assim, se algo muda em
qualquer uma das suas partes, seja um aspecto
emocional, mental, físico ou espiritual, o todo é
reconfigurado, surge uma nova organização, uma
nova gestalt.
57. O conceito de Todo e Parte também vem da Psicologia da
Gestalt, onde “O Todo é diferente da soma das Partes”.
Só o todo pode trazer o significado, e o que revela o
significado deste todo é a inter-relação das partes. De
acordo com Ribeiro (1985), quando nos deparamos com
algo, a nossa percepção o capta como um todo e a seguir
percebemos suas partes. A forma como percebemos a
parte e o todo vai depender da estruturação da nossa
percepção. A experiência só chega até nós de modo
completo, quando ela é experimentada como um todo, por
mais que este todo seja apenas um esboço da realidade
do ser. Então, para se compreender este todo, é
necessário descobrir e conhecer a relação entre as partes.
58. Um exemplo de parte e todo é uma orquestra
sinfônica, quando escutamos cada instrumento
separado (parte) é diferente de quando escutamos a
orquestra inteira (todo), cada instrumento (parte) tem
a sua particularidade, sua beleza e sua função, mas
quando ouvimos a orquestra (todo) temos outra
percepção, não ouvimos mais o som de cada
instrumento, mas sim um conjunto,
um todo composto de partes.
59. O fluxo figura e fundo de um todo (fundo), emerge
uma parte (figura). O fundo dá sustentação à figura,
e a figura se destaca de um fundo. De acordo com
Ribeiro (1985), a figura não é uma parte isolada do
fundo, ela existe no fundo, o fundo revela a figura, e
permite que ela apareça. A figura está no todo, o que
o cliente traz como figura, faz é parte de seu todo, e
também do seu fundo.
Figura e Fundo
62. Ocorre na relação do cliente com o terapeuta,
no decorrer do processo de conhecimento da
pessoa, à medida em que ela vai examinando e
ressignificando a sua história de vida e o seu
estar-no-mundo.
Como se realiza a terapia em Gestalt?
63. Na terapia gestáltica damos ênfase ao como e
não ao porquê.
O cliente experimenta-se, vive sensações, toma
contato com seu corpo, revive emoções e pode
tornar figura sensações e sentimentos que faziam
parte do fundo do seu campo.
O insight é a percepção de um comportamento,
uma situação, uma emoção da qual não o cliente,
de repente se dá conta.
Terapia aqui – agora
64. O gestalt-terapeuta vai ao encontro da realidade do
cliente investigando as suas experiências da forma
como elas acontecem e se processam. No entanto, o
sentido dessa relação do cliente com seu meio será
dado pelo próprio cliente; o terapeuta é apenas um
facilitador nesse processo de investigação, de
compreensão deste sentido.
Terapia aqui – agora
65. O gestalt-terapeuta utiliza um método descritivo
e não explicativo, ou seja, procura investigar o
que está acontecendo com o cliente e como está
acontecendo, procurando, através de uma
postura interessada, presente e acolhedora, sem
“a prioris”, colocando de lado os julgamentos, os
conhecimentos anteriores, os pré-conceitos,
focalizar aquilo que o cliente manifesta no
momento presente, no aqui-agora da relação
terapêutica.
Terapia aqui – agora
66. Com isso, o terapeuta procura facilitar o processo
de auto-conhecimento do cliente, o processo de
conscientização sobre si mesmo na relação com o
mundo, de forma que ele possa conhecer e
experimentar aquilo que ele está podendo ser
naquele momento, conhecendo tanto os seus
recursos, suas habilidades, como os seus
impedimentos, as suas dificuldades, ou seja, tanto
aquilo que é saudável quanto o que não é
saudável na busca pela satisfação das suas
necessidades na relação com o mundo.
Terapia aqui – agora
67. O maior instrumento da Gestalt-terapia é o
próprio terapeuta. Assim como um artista, para
pintar uma paisagem numa tela deve estar
tocado pela paisagem, assim também o terapeuta
deve estar sintonizado com o cliente com o qual
ele está em contato. Todas as suas sensações
presentes devem ser examinadas pelo terapeuta,
para ver o sentido que elas possam ter numa
situação específica.
O terapeuta
68. O terapeuta observa seu cliente em todos os seus
aspectos: seu tom de voz, a forma como ele se
apresenta, sua história, suas emoções. Pode propor
experimentos para ampliar a awareness de seu
cliente.
Na Gestalt-terapia o terapeuta é livre para expressar
sua criatividade.
O terapeuta
69. O gestalt terapeuta vai ao encontro da realidade
do cliente investigando as suas experiências da
forma como elas acontecem e se processam. No
entanto, o sentido dessa relação do cliente com
seu meio será dado pelo próprio cliente; o
terapeuta é apenas um facilitador nesse
processo
de investigação, de compreensão deste sentido.
70. Gestalt terapeuta procura investigar o que está
acontecendo com o cliente e como está
acontecendo, procurando, através de uma postura
interessada, presente e acolhedora, sem “a
prioris”, colocando de lado os julgamentos, os
conhecimentos anteriores, os pré-conceitos,
focalizar aquilo que o cliente manifesta no
momento presente, no aqui-agora da relação
terapêutica.
71. O psicoterapeuta procura facilitar o processo de
auto-conhecimento do cliente, o processo de
conscientização sobre si mesmo na relação com o
mundo, de forma que ele possa conhecer e
experimentar aquilo que ele está podendo ser
naquele momento, conhecendo tanto os seus
recursos, suas habilidades, como os seus
impedimentos, as suas dificuldades, ou seja, tanto
aquilo que é saudável quanto o que não é
saudável na busca pela satisfação das suas
necessidades na relação com o mundo.
72. Relação Terapêutica –“Encontro amoroso e criativo,
onde terapeuta e cliente se permitem explorar os
temas que emergem durante as sessões”. Em que o
terapeuta deve, “desejar o bem ao outro de forma
não manipulativa, possessiva e sem exigir nada em
troca”, a partir da crença de que sempre se pode
escolher “pela busca do bom e da belezan o outro”.
Dessa forma o terapeuta estabelece com seus
clientes um processo de co-criação (jamais
direcionamos o trabalho –podemos dar contorno -
sentido).
73. A ênfase na importância da criatividade, atributo
essencial do homem para o processo de crescimento.
• A Gestalt-terapia proporciona uma ferramenta
extremamente adequada para essa postura
terapêutica –a arte do experimento. O uso dessa
ferramenta pressupõe uma visão de homem que
confia no seu impulso natural para o crescimento,
integração e satisfação de suas necessidades da
forma mais estética possível em dado contexto e
momento.
74. Valores fundamentais para ser um curador:
1 –Respeite a experiência da pessoa como ela é
(fenomenologia);
2 –Demonstre consideração por todo “sintoma”,
como um esforço criativo de a pessoa tornar sua vida
melhor (hierarquia de necessidades/ajustamento
criativo);
3 –Toda discordância ou falta de confluência com o
terapeuta é “boa” e representa uma afirmação da
força do paciente e de sua capacidade pra aprender
por si mesmo (existencialismo);
4 –Dê suporte à resistência de um casal ou de uma
família;
5 –Estabeleça limites claros entre seus sentimentos
pessoais e o mundo fenomenológico do paciente;
6 –Dê suporte à competência;
75. 7 –Proporcione um ambiente e uma presença em que
o pior ofensor possa entrar em contato com sua dor e
com sua vulnerabilidade (postura respeitosa e
acolhedora);
8 –Todos nós somos capazes de ações terríveis. O
terapeuta deve ter compaixão tanto pela vítima
quanto pelo vitimador (ambos formam a Gestalt que
se apresenta, ou seja ambos são responsáveis pela
contexto atual da relação –forma como ela se
apresenta e funciona nesse momento);
9 –O terapeuta protege ou cria limites protetores
entre as pessoas nas famílias. A experiência de cada
pessoa é reale precisa ser levada em conta (trabalha
nas fronteira de contato–único lugar onde pode
ocorrer awareness e consequentemente mudança);
• 10 –A presença do terapeuta e a afirmação de uma
família permitem que todos cresçam (se sentem
76. 10 –A presença do terapeuta e a afirmação de uma
família permitem que todos cresçam (se sentem vistos,
ouvidos, confirmados, acolhidos e protegidos);
11 – Tomar uma posição clara quanto a não permitir
comportamentos abusivos entre os membros da
família. Estabeleça limites claros (todas as intervenções
do terapeuta devem ser claras);
12 – O terapeuta modela um líder e professor que é bom
e paciente (modelo);
13 – O terapeuta dá suporte sem ser sentimental, super
protetor ou autoindulgente (mantém a
responsabilidade de cada um por seus atos, porém
confirma seus posicionamentos como legítimos e ajuda
cada um a perceber consequências deles );
14 – Cada família tem suas próprias origens étnicas, sua
própria textura cultural. Não importa seus valores
sociais ou técnicos a uma família: eles podem não servir.
77. Atendimento 1
João: - Minha queixa é que toda vez que me aproximo
de uma mulher que me interessa sexualmente, eu fico
envergonhado, porque sempre fico com o rosto
vermelho, como se fosse uma criança tímida e
boboca!
O cliente mostra uma expressão facial, visivelmente
emocionada.
RELATO DE SESSÃO
78. Terapeuta: - O que você está sentindo neste
momento, falando desse assunto?
João: - É como se voltassem os mesmos
sentimentos...
Terapeuta: - Você está se sentindo uma criança tímida
e boboca neste momento?
João: - Ao falar com você, eu me lembrei de uma
situação em que eu me senti assim...
Terapeuta: - Perante uma mulher?
João: - Sim... Mas não é fácil para mim falar disso... Eu
logo me perco, fico com vontade de mudar de
assunto...
Terapeuta: - Bem, se consulte, veja se você quer
mudar de assunto ou prefere continuar neste
mesmo... Só me informe por qual escolha você se
responsabiliza.
79. Após uma pausa, faz um sinal de concordância com a
cabeça.
João: - Eu quero continuar neste tema, mas é difícil
explicar como acontece...
Terapeuta: - Eu sugiro que você, ao invés de me
explicar, pudesse demonstrar como acontece... Você
poderia escolher neste momento uma imagem de
uma mulher com a qual ou perante a qual você sentiu
essa vergonha de modo mais intenso?
João: - Sim, isso já aconteceu várias vezes, mas houve
uma em que isso me incomodou mais
profundamente... Era uma mulher que eu desejava
muito.
T: - Qual o nome dela?
J: - Maria.
80. T: - Como aconteceu esse encontro com a Maria?
J: - Ela estava em uma festa de um amigo. Quando
cheguei lá, eu agia normalmente, como sempre ajo
quando estou em situações sociais. Houve um
momento em que eu olhei para ela pela primeira vez
e fiquei maravilhado com aquela mulher, linda,
charmosa... Porém eu estava no meu canto, e ainda
me sentia como normalmente fico; estava encantado
por ela, mas nem imaginava a hipótese de chegar até
ela.
T: - Então, distante da possibilidade de falar com ela,
você se sentia como “normalmente fica”?
81. J: - Sim. Até que chegou uma hora da festa que ela
olhou para mim. Uau! Eu senti aquele olhar como um
“ataque cardíaco”!! Meu coração disparou e eu fiquei
completamente nervoso. Fiquei com vontade de me
aproximar dela, tentei dar uns passos na direção dela,
mas novamente senti aquela sensação de rubor no
meu rosto e tive a certeza de que, naquele momento,
eu estava completamente vermelho. Nem pensei
duas vezes: virei-me e fui embora da festa na mesma
hora!!
T: - Vamos imaginar que você está no mesmo local
onde você a encontrou e onde você sentiu bem forte
essa atração por ela, ao mesmo tempo em que você
sentiu também bem forte esse rubor que o fez sentir
uma criança tímida e boboca, pode ser?
J: - Sim.
82. T: - Gostaria que você imaginasse o seguinte... (o
terapeuta anda até uma parte do consultório) -
...neste local aqui, está Maria (e coloca ali qualquer
objeto que possa representar a Maria: uma almofada,
uma cadeira etc.).
- No lado oposto deste local, fica sua fuga da Maria
(o terapeuta anda até lá, e coloca um outro objeto
para representar a situação da fuga).
- Agora eu gostaria que você imaginasse a meia
distância entre esses dois pontos e se encaminhasse
para lá, certo?
J: - Sim, acho que ficaria mais ou menos por aqui.
T: - É, acho que o meio seria por aí mesmo. Agora eu
peço que você se coloque sobre esse ponto médio,
porém dê alguns passos para trás.
J: - Para quê?
83. Na GT, há um apoio ao interesse genuíno do cliente
em compreender seu próprio processo.
T: - Estou tentando concretizar aqui exatamente a
situação que você me descreveu.
J: - Não estou entendendo...
T: - Neste ponto onde você está agora, a alguns
passos atrás do ponto médio entre “Maria” e a
“situação da fuga”, há o que você classificou como
“se sentir normal”. Alguns passos à frente, surge algo
que se diferencia deste “normal” e que se bifurca em
duas estradas opostas, entre o desejo de ir até
Maria... (Aí o terapeuta aponta para o objeto que
representa Maria). - ...e a decisão que você acabou
tomando que foi se afastar dela. (Apontando agora
para o segundo objeto.)
84. - Mas a questão é que antes dessa oposição
acontecer, você está em um ponto anterior que você
classifica como “se sentir normal”. Acho que seria
interessante você conhecer como esse ponto se
diferencia para se transformar em “desejo pela
Maria” ou “fugir da Maria”.
J: - Entendi...
T: - Como é estar aí neste ponto, “entrando em uma
festa”, se sentindo “norma”? Sugiro que você feche
um pouco os olhos e se imagine nesta situação.
J: - Me sinto bem, gosto de festas, e sempre há uma
expectativa minha em encontrar uma mulher
interessante nestas festas...
T: - Então você está me dizendo que “normal” para
você significa estar na expectativa de conhecer uma
mulher interessante?
85. J: - É... É isso mesmo... Eu normalmente fico na
expectativa de conhecer uma mulher...
T: - Como você se sente com esta expectativa
normalmente presente?
J: - Na verdade, eu fico nervoso...
T: - Então, neste caso, se sentir “normal” é ficar com
expectativas que te fazem se sentir nervoso?
J: - Na verdade sim...
T: - Ok, acho que conhecemos então o que acontece
quando você entra na festa: você entra nervoso, na
expectativa de conhecer uma mulher interessante. O
que significa para você “se sentir nervoso”?
86. J: - Bem, não sei... Me sentir nervoso, como todo
mundo fica... não sou diferente...T: - Eu sei que “todo
mundo fica nervoso” mas, neste momento, eu quero
saber como “você” fica nervoso...
J: - Não sei te responder...
T: - Tudo bem. Vamos de novo para a situação da
festa. Você pode se imaginar lá novamente? (O cliente
consente.)
- Você pode olhar para o seu corpo e descrever o
que você está sentindo?
Após um tempo de concentração, o cliente volta a
fazer contato com as emoções da situação vivida...
87. J: - Eu percebo que estou com palpitações no
coração, bem fortes... (o terapeuta sugere que ele
coloque a mão no coração) – Minha respiração está
mais forte também...
O terapeuta observa neste momento que o cliente
levanta parcialmente as partes internas dos pés,
diminuindo a área de contato com o chão e,
consequentemente, sua base de apoio.
T: - Você percebe como você está pisando?
O cliente, ao olhar para os próprios pés, faz um gesto
de pisar com mais firmeza, respira mais fundo e
continua em contato com a situação sugerida.
88. J: - Eu achei que meus pés estavam querendo fugir... É
que eu fico imaginando o que vou falar, o que vou
mostrar, se vou conseguir conquista-la ou não, se vou
falhar ou não...
T: - Então você parece que já está no ponto onde
começa o conflito, não é?
O cliente confirma, afirmando que já se sente em
conflito entre prosseguir ou fugir.
T: - Parece a mim, então, que você já pode dar um
passo à frente, até o ponto do meio, até onde você
percebe Maria, e seu conflito se instaura. Por favor...
(O cliente dá um passo até o ponto solicitado) –
Agora, o que você percebe?
89. J: - Percebo que, na verdade, aquilo que eu imaginava
antes que tinha acontecido somente quando eu vi
Maria, já estava acontecendo desde o momento em
que entrei na festa. Aliás, para ser franco, já estava
acontecendo desde o início da semana, pois já sabia
que no sábado eu iria para aquela festa...
T: - Como foca a Maria nesta história?
J: - Ela é somente alguém que apareceu e que se
encaixava naquilo que eu queria e que me deixava tão
nervoso...
T: - Parece que poderia então acontecer de ser outra
mulher...
90. J: - É, não dependia de ser Maria, não... Eu fico
nervoso somente pela possibilidade...
T: - Possibilidade de que, exatamente?
J: - Possibilidade de encontrar uma mulher de
verdade, e não uma da minha fantasia...
T: - “Mulher de verdade” ou “mulher de fantasia”...
Vamos voltar ao momento da festa, e a linha que
representamos aqui pelo extremo onde está Maria, e
o outro extremo onde está sua fuga, podemos? (O
cliente concorda) – Enquanto você está aí, entre
Maria e a fuga, enquanto isso está acontecendo,
todas essas coisas na sua cabeça, você ainda não
fugiu, não é? (O cliente concorda de novo) – Então,
como é estar aí, neste ponto, sentindo tudo isso,
antes de fugir? O que está acontecendo com você
neste ponto?...
J: - ...
91. J: - ...
Diante do silêncio do cliente, o terapeuta pode ou
não oferecer ajuda, dependendo de seu feeling sobre
a necessidade do cliente. Mas normalmente isso pode
ser simplesmente checado junto a ele:
T: - Você precisa de ajuda?
J: - Na verdade, acho que sim... Me sinto apavorado,
como se fosse enfrentar um monstro...
T: - Vamos acrescentar isso que você está
percebendo, esse “monstro”, ok? Me responda
primeiro: que monstro é esse?
J: - O monstro não é a Maria, mas é o que ela pode me
falar... ela pode me humilhar, me fazer sentir um
lixo...
92. T: - Você pode imaginar o que seria a pior coisa que
esse monstro poderia lhe dizer?
J: - O que seria pior... Isso é fácil, penso nisso toda
hora... Seria algo assim: Quem você pensa que é, seu
ser desprezível, para falar comigo?!
T: - Você pode tentar responder essa pergunta?
J: - Que pergunta?
T: - A pior fala imaginada por você, a fala
“monstruosa”, é uma pergunta. Ela está perguntando
para você “quem você pensa que é”... Daí, proponho
que você responda. Quem você pensa que é?
93. J: - Neste momento, sou um cara totalmente
inseguro, achando que se uma mulher falasse algo
ruim para mim, eu seria capaz de me matar, de me
sentir realmente um ser desprezível...
T: - O que você quer dizer com “realmente
desprezível”?
J: - Quero dizer que eu me sentiria realmente como
ela pensa que eu sou...
T: - Mas você sabe o que ela pensa sobre você?
João fica inicialmente surpreso, pois constata que o
que a outra pessoa pensa ou pensou era algo, até ali,
totalmente inacessível para ele. Descobre então que
o “ser desprezível” era um autoconceito, e não algo
atribuído a ele pela Maria.
94. Após ter o insight que lhe permitiu um contato com
algo óbvio, mas, até o momento, inacessível a sua
consciência, a pessoa normalmente precisa de um
tempo para metabolizar aquela informação. Embora
óbvio, era algo que estava fora de seu campo de
percepção, e o contato com algo novo pode gerar
uma nova reorganização de seu próprio mundo, de
seu próprio sistema de autorreferência. A pessoa
então vê de forma diferente algo que via antes, tendo
a possibilidade de estabelecer uma nova
compreensão sobre tudo aquilo que está envolvido
no momento em foco. Com isso a pessoa amplia sua
capacidade de estar consciente de si e de sua relação
no contexto que a envolve. A GT utiliza o conceito de
awareness, para denominar tal capacidade de manter-
se consciente.
95. João fala com uma voz emocionada:
J: - Poxa, estou percebendo que essa coisa de me
sentir um ser desprezível é algo bem antigo na minha
vida... Que eu sinto desde o tempo da minha mãe... Eu
sempre achava que tinha que fazer o que ela queria
ou esperava de mim e, quando não conseguia, me
sentia realmente o último dos seres... Como na maior
parte das vezes eu não conseguia fazer tudo e-x-a-t-a-
m-e-n-t-e como ela queria, na verdade, na maior parte
das vezes, eu realmente me sentia um ser
desprezível...
96. Com esta informação, o cliente começa a elaborar
sozinho seu próprio sistema de autorreferência,
compreendendo suas ações sob uma nova forma. Seu
olhar fica distante, pensativo...
T: - Do que você precisa agora?
J: - Acho que preciso de um tempo para pensar nisso
tudo...
T: - Você concorda com o fechamento do trabalho
neste ponto?
J: - Sim.
97. O contato é estabelecido para que o indivíduo possa
satisfazer uma necessidade ou fechar uma figura, e após
obter esse resultado existe uma retração para que surja
uma necessidade, novo contato, nova assimilação e
retração.
“O Ciclo é, portanto, concebido como um sistema self-eu-
mundo. Permite-nos ler a realidade por intermédio dele,
bem como entender o processo pelo qual este sistema foi
se estruturando ao longo do tempo”
( Ribeiro, 1997)
Ciclo de Contato
100. Um ciclo que é interrompido ou é vivido em cada uma
de suas fases de forma incompleta, gera desconforto,
evidencia as resistências que não permitem o contato
pleno e interrompem uma possível resolução.
A gestalt (figura) não se forma com clareza, portanto,
não concentra a energia necessária para que o
contato seja satisfatório e permanece inacabado (não
gerando significado).
O sistema (ou indivíduo) permanece com uma
“gestalt inacabada” que continua demandando
energia para sua resolução.
A possibilidade de contatos futuros segue sem
satisfação plena, portanto sem resolução –
disfuncional.
101. O objetivo do processo terapêutico é identificar as
interrupções no fluxo do contato (resistências) e
ajudar em sua resolução, para que o processo possa
fluir de forma satisfatória.
102. Projetar é o ato pelo qual “colocamos” no
entorno algo que originalmente nos pertence.
Em seu aspecto relacional, como função de
contato com o mundo, é o recurso que nos
permite enriquecer a vida com nossa obra criativa
pessoal. A realização de uma tarefa artística, a
elaboração de uma teoria, o planejamento de
uma viagem de férias, ou a construção da casa de
nossos sonhos não seriam possíveis sem a
projeção.
Projeção
103. Em seu aspecto limitador, projetar é o ato pelo qual
atribuímos uma parte de nosso ser ao entorno. A
intensidade e rigidez de tal manobra dependem de vários
fatores complexos entre si e do papel central que este
mecanismo em particular ocupa, na constelação de
mecanismos associados para a manutenção da equação
pessoal (gestalt fixa).
É necessário, na descrição do mecanismo, estabelecer uma
diferenciação operativa entre a projeção como mecanismo
universal, o projetado como conteúdo da mesma e a
posição desse mecanismo como prevalente (primário) ou
secundário na estrutura de personalidade.
Projeção
104. A projeção se refere ao mecanismo comum a toda a
espécie humana; o projetado nos fala de uma pessoa
em particular, e a posição do uso do mecanismo na
estrutura ou gestalt fixa nos fala, neste caso, de um
estilo projetivo.
Projeção
105. Introjetar é o ato pelo qual algo, que originalmente
pertencia ao meio, e o introduzimos em nosso ser.
Em seu aspecto relacional, facilitador da vida, é o recurso
que utilizamos para poder nos alimentar no plano físico,
emocional, psicológico e espiritual. Tanto quando
comemos, assim como quando lemos um livro, devemos,
antes de qualquer coisa, introduzir o material em nosso
organismo ou em nossa mente, para depois poder assimilá-
lo e crescer. O mesmo acontece com o afeto e o carinho
necessários para viver. Muitas vezes encontramos, no
consultório, pessoas que bloquearam a capacidade de
“deixar” entrar o amor que necessitam.
Introjeção
106. Introjetar, em seu aspecto limitador, é também introduzir em
nosso ser algo que originalmente pertencia ao meio, porém sem
assimilá-lo ou digeri-lo. Como decorrência, o material permanece
“autônomo” em nosso interior, ocupando um espaço em nossa
identidade, que diminui nossa consciência e nossa liberdade.
Os mandatos familiares e sociais e os preconceitos são bons
exemplos das conseqüências da introjeção. Muitas vezes, tais
mandatos entram em conflito como nossos impulsos e
necessidades, gerando um “conflito de interesses”
intrapsíquico.
Ou seja, a pessoa discute com suas vozes internas sem saber a
quem obedecer. As descrições psicanalíticas do chamado “super
ego” persecutório são um bom exemplo do sofrimento que
podem gerar estas estruturas – ou complexos autônomos, como
Jung os chamava.
Introjeção
107. Os dois mecanismos (projeção e introjeção) estão, na realidade,
associados, pois muitas vezes o conteúdo de uma introjeção é
projetado, como no caso dos preconceitos raciais, ou o das
fobias, como quando uma criança resolve o conflito dos
mandatos familiares – de ter que ser “bonzinho”, por exemplo –
que se confrontam com sua agressividade, causada pelos ciúmes
contra um irmãozinho, projetando sua raiva sobre um cachorro
ou sobre um brinquedo.
Às vezes, presenciamos um verdadeiro “esvaziamento” da
personalidade do paciente, por causa da somatória de
introjeções e projeções, resultantes do conflito gerado pelos
“introjetos” com partes do ser. Por um lado, os introjetos
ocupam espaço e, por outro lado, as projeções “esvaziam” a
pessoa.
Introjeção e Projeção
108. Tal como fizemos no caso da Projeção, também aqui é
necessário estabelecer uma diferença entre o
mecanismo universal da Introjeção, o introjetado ou
introjeto e o lugar que o mecanismo ocupa como
prevalente ou secundário na manutenção da
estrutura de personalidade, sendo este último o que
nos permitirá identificar um estilo introjetivo.
Introjeção e Projeção
109. Retroflexão é o ato pelo qual retornamos a energia de uma
ação, que deveria direcionar-se no meio e para o meio, para nós
mesmos.
Em seu aspecto relacional, é a capacidade de auto-observação,
de auto-análise que permite converter-nos em pessoas
responsáveis e maduras emocionalmente.
Também representa a capacidade de sermos conscientes de nós
mesmos, tanto como a possibilidade de postergar nossas
necessidades e desejos em função dos outros, como ocorre na
paternidade e na maternidade. Seria impensável que alguém
pudesse ser uma boa mãe, um bom pai, ou um bom servidor da
comunidade, sem a capacidade de retroflexão.
Retroflexão
110. Retrofletir, no seu aspecto limitador, impede-nos dirigir e expressar
nossos sentimentos para com o mundo, assim como também de
pedir aquilo que necessitamos e desejamos.
Neste sentido, distinguimos dois tipos de retroflexão: fazer a nós
mesmos o que gostaríamos de fazer aos outros e fazer a nós
mesmos o que gostaríamos que os outros nos fizessem. Como se vê
em ambos os casos, a energia da ação criada pela necessidade ou
sentimento não alcança seu destino verdadeiro, voltando-se sobre
sua origem.
No primeiro caso, um exemplo típico é o da raiva que, ao invés de
dirigir-se até o causador de nosso sentimento, volta-se sobre nós
mesmos em forma de culpa. No segundo caso, é nossa necessidade
de carinho, atenção, ajuda, etc, o que não chega ao destino,
voltando-se sobre nós mesmos em forma de auto-suficiência.
Retroflexão
111. No primeiro caso, parece que a matriz emocional é a
central, que nos diz que não é seguro (possibilidade de
retaliação, abandono, rejeição, etc.) expressar nossas
emoções fortes com os demais. Parece claro que a pessoa
não se sente muito segura de seu valor em relação às
outras pessoas, que a rodeiam (baixa auto-estima); o que
acaba por situá-la numa constante espiral de auto-
postergação.
No segundo caso, o fator central parece ser a desconfiança
de que os demais poderão prover-nos daquilo que
necessitarmos, o que for resolvido através do
desenvolvimento de um argumento de vida auto-
suficiente.
Retroflexão
112. Defletir é o ato pelo qual impedimos o contato com experiências
(relações, sentimentos, demandas, necessidades, etc.), tanto
provenientes do meio externo como do interno.
Em seu aspecto relacional, é a capacidade de descartar informação
para poder focalizar em algo que é de nosso interesse ou que, por
sua urgência, demanda nossa atenção.
Sem a capacidade de defletir, jamais poderíamos prestar atenção a
alguma coisa em particular, pois nos veríamos invadidos pela
enorme quantidade de informação proveniente de nossos sentidos
e do meio. Também não poderíamos defender-nos do material que
não estamos disponíveis para assimilar, num determinado
momento.
As crianças, em suas fases de obstinação e negação, são um bom
exemplo da utilidade da deflexão.
Deflexão
113. Defletir, em seu pólo limitador, impede-nos de estar
presentes e em contato com o que está acontecendo
no aqui-e-agora. Neste sentido, converte-se no
mecanismo “evitativo” por excelência, levando-nos,
em casos extremos, a uma vida centrífuga e ansiosa.
Neste caso também, devemos separar o uso da
deflexão de sua posição como mecanismo prevalente
de uma estrutura de personalidade, constituindo-se,
então, num estilo defletivo de estar no mundo.
Deflexão
114. Confluir é o ato mediante o qual diluímos nossas fronteiras ou
limites para nos fundir com o outro, os outros, ou o meio que nos
rodeia.
Em seu aspecto relacional, é a confluência que nos permite sentir
parte de um grupo, uma família ou da natureza em geral. A
capacidade de amar está indissoluvelmente unida à capacidade de
confluir.
A palavra confluir pode ser decomposta como co-fluir, co-fundir-se
ou confundir-se e podemos utilizar tais diferenças para catalogar o
aspecto positivo ou o limitador do mecanismo, dependendo das
circunstâncias.
A capacidade de fluir com uma situação é condição para a entrega.
O poder fundir-nos num abraço ou permitir estar confundidos ao
longo de uma experiência emocional também são exemplos
positivos do uso da confluência.
Confluência
115. Confluir, em seu aspecto limitador, é a capacidade
de diluir nossa integridade a serviço de nos
perdermos no ambiente, seja uma situação, um
grupo, uma instituição, uma ideologia, uma
relação, etc.
As evitações de conflitos, responsabilidades,
intensidade das relações, desacordos,
discriminação ou de manifestações de nossa
individualidade, parecem ser alguns dos temas
centrais na aplicação da confluência como
mecanismo .
Confluência
116. O Egotismo representa a capacidade de sustentar as
fronteiras de nossa identidade perante as
circunstâncias de nossa vida.
Em seu aspecto positivo, é a habilidade para a auto-
afirmação e a manutenção de nossa auto-estima.
Egotismo
117. Em seu aspecto limitador, converte-se na incapacidade de
reconhecer nossas limitações e erros, deixando-nos na
posição de sustentar temerariamente “nossas razões”,
mesmo frente a todas as evidências em contrário.
Representa o individualismo ao extremo e a
impossibilidade de perceber os outros como “outros” e
não como meras extensões de nossas necessidades.
Paul Goodman (anarquista, filósofo e escritor pioneiro da
Terapia Gestáltica) – que fez originalmente a descrição
deste mecanismo – identificou o egotismo como parte
fundamental da estrutura de personalidade de homens e
mulheres, em nossa cultura “selvagemente” individualista.
Egotismo
118. Fluxo de energia dirigido ao meio para que o outro
reaja de maneira desejada e esperada. É fazer aos
outros o que gostaríamos que outro nos fizesse.
O proflexor costuma assumir uma atitude servil em
relação ao outro, na tentativa de manipulá-lo.
Proflexão
119. Proflexor ativo – realiza uma pesquisa das
necessidades e desejos de outra pessoa e procura
realizá-los, esperando que ela faça o mesmo.
Proflexão passiva – é caracterizada por uma
submissão frequente, na tentativa de
corresponder às expectativas do outro, para que
sua dedicação seja apreciada e reconhecida.
Proflexão
120. Envolve expectativas não explícitas e desejos não
expressos na relação. A pessoa assume o papel de
servidor incansável, mas busca sempre resultados,
sentindo-se injustiçado, explorado e ressentido se o
outro não corresponde às suas expectativas.
Proflexão
121. Em seu aspecto relacional a proflexão nos ajuda a
descobrir os desejos do outro e nosso desejo de agradá-lo
porque o amamos. É o caso de comprarmos um presente
para alguém pensando o quanto gostaríamos de ganhar tal
presente. Se não cobrarmos o outro,é um aspecto
relacional.
Em seu aspecto limitador, fazendo para o outro o que
queremos que nos façam, sentimo-nos insatisfeitos e
injustiçados: eu faço tudo para você e não recebo nada em
troca. Acaba tendo um aspecto manipulador por não
deixar claro o nosso desejo.
Proflexão
122. Não pode haver empatia sem um certo grau de projeção.
Não pode haver aprendizagem sem sem introjeção.
Não é possível conceber uma relação humana sem um certo grau de
contenção ou postergação de necessidades próprias (retroflexão).
Não pode haver uma tomada de decisão sem um certo grau de deflexão.
(selecionar ou descartar figuras.
Não se pode pensar em pertencer a qualquer comunidade sem um certo
grau de confluência.
Não pode haver sentido de si mesmo sem uma certa dose de egotismo.
Ajustamentos neuróticos?
123. Oração da Gestalt -Terapia
“Eu sou Eu, Você é Você
Eu faço minhas coisas,
você faz as suas.
Não estou neste mundo para viver de acordo
com as suas expectativas.
E você não está neste mundo para viver de
acordo com as minhas
Você é você e eu sou eu.
E se por acaso, algum dia nos encontramos,
será lindo
Se não, nada há a fazer.”
(Perls)
124. Oração da Gestalt -Terapia
“Eu faço as minhas coisas e você faz as suas.
Não estou neste mundo para viver de acordo com suas
expectativas. E você não está neste mundo para viver
de
acordo com as minhas. Você é você. Eu sou eu.
E, se por acaso nos encontrarmos, será lindo.
Se não, assim também o será.”
(Perls, 1977, p. 17. Tradução japonesa da oração da
Gestalt).
125. ORAÇÃO DA INTROJEÇÃO
( Adaptada por Luciene Patrícia Yano,
Do original Oração da Gestalt de Fritz Perls)
Eu engulo as “minhas” coisas de acordo com as suas.
Eu sou aquilo que você espera de mim!
Eu estou neste mundo para atender às suas expectativas;
Eu sou aquilo que você espera de mim!
E, se por acaso nos encontrarmos,
Será lindo! Para você.
Se não, eu terei de mudar para te atender.
126. ORAÇÃO DA PROJEÇÃO
(Adaptada por Luciane Patrícia Yano,
Do original Oração da Gestalt de Fritz Perls)
Eu Projeto as minhas coisas em você.
Eu sou eu. Você é aquilo que eu penso de você!
Eu estou neste mundo para viver
de acordo com as minhas expectativas;
Eu sou eu. Você é aquilo que eu penso de você!
E, se por acaso, nos encontrarmos, será lindo! Para mim.
Se não, você terá que mudar.
127. ORAÇÃO DA RETROFLEXÃO
(Adaptada por Luciane Patrícia Yano,
do original Oração da Gestalt de Fritz Perls)
O que eu penso sobre você está investido em mim.
Eu vivo aquilo que eu espero de você!
Eu estou neste mundo para viver exclusivamente comigo;
Eu vivo aquilo que eu espero de você!
E, se por acaso nos encontrarmos, serei mais leve!
Se não, continuarei em minha solidão.
128. ORAÇÃO DO EGOTISMO
(Adaptada por Luciane Patrícia Yano,
Do Original Oração da Gestalt de Fritz Perls)
Eu faço as minhas coisas.
Eu sou aquele que analisa e manipula você.
Eu não estou neste mundo para ter surpresas;
E você está nele para não atrapalhar meus planos.
Eu sou aquele que analisa e manipula você.
E, se por acaso nos encontrarmos.... Não, isso não acontecerá!
129. ORAÇÃO DA CONFLUÊNCIA
(Adaptada por Luciene Patrícia Yano,
do original Oração da Gestalt de Fritz Perls)
Eu faço minhas coisas mescladas com as suas.
Eu sou o nós e não tenho um eu.
Eu estou neste mundo para viver de acordo com as nossas
expectativas;
E você está nele para atender às nossas expectativas.
Eu sou o nós e não tenho um eu.
E, se por acaso separarmos nossas fronteiras ficarei perdido.
Para que isso não ocorra lutarei por nós.
130. ORAÇÃO DA DEFLEXÃO
(Adaptada por Luciane Patrícia Yano,
do original Oração da Gestalt de Fritz Perls)
Eu fujo das minhas coisas e das suas.
Eu evito o que eu sinto e evito o que você sente.
Eu estou neste mundo para lidar
Apenas com as expectativas que eu sustento;
E você está nele para não me forçar a sentir.
Eu evito o que eu sinto e evito o que você sente.
Nos encontrarmos, será difícil!
Continuemos com nossas fantasias e assim,
Em meu conforto, não me desorganizo.