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Revista Criança/ Professor Faz Literatura
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Cep: 70047-900
Brasília – DF
e-mail: coedi-sef@mec.gov.br
professor faz literatura
Introdução
No Brasil, há décadas os mo-
vimentos sociais procuram discu-
tir o problema da marginalização
de diversos grupos. Um deles,
excluído pela falta de acesso a
uma educação de qualidade, é
o grupo das crianças de zero a
seis anos.
Nos últimos dez anos, observa-
mos um avanço significativo nas
concepções e nas práticas rela-
cionadas à Educação Infantil. Esse
avanço foi provocado sobretudo
por movimentos sociais em larga
escala, que envolveram educa-
dores, mães e outros segmentos
sociais. Todo esse esforço culmi-
nou na formulação de leis, como
a LDB (1996), que finalmente in-
cluíram a Educação Infantil no
Sistema Brasileiro de Educação
Conhecimento do Mundo Natural e Social:
Desafios para a Educação Infantil
Maria Inês Mafra Goulart*
Básica. A partir daí, muitas ações
foram realizadas no sentido de se
construir um referencial curricular
para esse segmento educativo,
cujo propósito era o desenvolvi-
mento da prática pedagógica dos
professores. Com isso, coloca-
mos em questão o que fazer com
as crianças dessa faixa etária,
bem como suas possibilidades de
aprendizagem.
EmborasórecentementeaEdu-
cação Infantil tenha se tornado di-
reito das crianças, o atendimento
a essa faixa etária em instituições
variadas, como as pré-escolas, os
jardins de infância, as creches e
outros, já existe no Brasil há mais
de cem anos. Durante todo esse
século, a discussão sobre como
as crianças aprendem, ou seja, a
compreensão dos processos que
artigos
levam a criança a construir conhe-
cimentos, bem como sobre o que
elas são capazes de aprender, ou
seja, a relevância dos conteúdos
a serem socializados, tornou-se
uma questão central centrais para
os profissionais que lidam com
esse segmento educativo.
O debate sobre o letramento, a
alfabetização e a matematização
já vem sendo travado há mais de
uma década. No entanto, a dis-
cussão sobre as maneiras pelas
quais as crianças menores de
sete anos investigam o mundo
social e natural ainda se encon-
tra em seus primórdios. Na ver-
dade, existe uma crença de que
crianças muito pequenas não
seriam capazes de aprender os
conceitos próprios desse tipo de
conhecimento. Sendo assim, elas
estariam excluídas do acesso ao
conhecimento social e científico.
Estamos, portanto, abrindo
uma nova discussão no campo da
Educação Infantil, considerando
que as crianças pequenas estão
imersas em um ambiente social e
natural e, portanto, interessadas
em dar um significado ao mundo
em que vivem. Neste artigo, va-
mos discutir duas questões que,
para um primeiro momento, nos
parecem cruciais: de que ma-
neiras as crianças investigam o
mundo natural e social? Como o
professor pode acompanhar as
crianças nessa aventura?
revista criança 25
Hélcio Toth
Esta seção é reservada a você, professora e
professor. Aqui, você também pode mostrar sua
criatividade. Este espaço está aberto para a pu-
blicação de suas produções textuais: poemas,
crônicas, contos, rimas, cordéis, entre tantas ou-
tras. Envie-nos suas criações para compartilhar
com os colegas e conheça as deles também.
Revista_Criança_39.indd 24-25 1/4/2005 14:27:46
revista criança 26 27 revista criança26
artigosartigos
De que maneiras as
crianças investigam
o mundo natural e
social?
Vivemos em um mundo com-
plexo, onde existem cada vez
mais coisas a serem conhecidas.
Ao nascer, o ser humano já se in-
sere nessa complexidade e tem
pela frente a tarefa de desvendar
seu próprio ambiente. Se com-
pararmos o mundo de hoje com
aquele vivido no início do século
XX, vamos perceber uma enor-
me diferença. Naquela época,
não existiam sofisticadas tecno-
logias como os computadores,
os telefones celulares, meios de
transporte como carros, aviões
e outras tantas parafernálias que
acompanham nosso dia-a-dia. Já
estamos tão acostumados com
esse estilo de vida que o consi-
deramos uma forma “natural” de
viver. Mas não é. É fruto do de-
senvolvimento social e científico
da humanidade.
As crianças pequenas têm o
desejo, a curiosidade e a neces-
sidade de compreender o mundo
em que vivem. Muitas vezes essa
necessidade está ligada à cons-
trução de sua identidade (Quem
sou eu? O que vim fazer neste
mundo?) e à compreensão da
cultura produzida pela sociedade
(por que as pessoas se portam
de determinadas maneiras?). Ou-
tras vezes o desejo de conhecer
está ligado a uma curiosidade fru-
to das observações que as crian-
ças fazem sobre os fenômenos
da natureza (Por que o trovão é
barulhento? Para onde vai o sol
quando chega a noite?).
Essa investigação acontece
em todos os ambientes pelos
quais elas transitam. Observando
as relações que acontecem na
própria família, vivendo em so-
ciedade, utilizando instrumentos
que estão à sua disposição no
cotidiano, observando insetos,
animais de estimação, fenôme-
nos como a chuva, os raios, o dia
e a noite, as crianças colocam-se
questões, que muitas vezes são
verbalizadas e outras aparecem
nas brincadeiras ou mesmo na
manipulação de objetos. Quem
nunca viu crianças entretidas
na hora do banho de banheira,
tentando afundar ou fazer boiar
brinquedos que estão à sua dis-
posição? Quem nunca se surpre-
endeu com as perguntas que elas
fazem?
Mas é na escola que essas
questões encontram um campo
fértil para sua exploração. Cer-
ta vez, um grupo de crianças de
quatro anos, após a leitura de um
livro sobre macacos, estabeleceu
o seguinte diálogo:
- Primeiro veio o macaco, de-
pois nasceu a gente. Os macacos
que se transformaram em ho-
mens, macaco homem e macaca
mulher.
- É pura mentira, primeiro nas-
ceram as mulheres porque é da
barriga delas que nascem as pes-
soas.
- Mas a mulher não pode ter
nascido primeiro que Deus, por-
que senão Deus ia ficar todo en-
rolado.
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primeiro.
-A minha mãe me contou que o
Deus estava muito sozinho, então
ele criou o mundo, mas continuou
sozinho. Então ele pegou o barro
e fez o homem e a mulher igual
ao Romeu e Julieta. Depois de
criar o homem e a mulher Deus
falou que eles não podiam comer
da maçã. Então apareceu uma
cobra que era do mal e falou:
come, come! Pra castigar , Deus
fez ficar igual é hoje: criou escola
e fez o homem ter que fazer um
monte de coisas, porque era um
castigo.(Goulart, 1999).
Esse fragmento mostra-nos
um rico diálogo que exprime o
esforço que as crianças fazem
para tentar compreender a vida.
Diversas informações se cruzam,
vindas de diversas fontes, de-
monstrando o quanto as crianças
estão atentas ao que os adultos
falam, fazem e como se compor-
tam. Assim, quando as crianças
se engajam na atividade de ler
um livro de literatura infantil, os
conteúdos expressos nessas his-
tórias disparam informações e ex-
periências que elas já possuem,
criando possibilidades diversas
de se problematizar a vida. O re-
conhecimento dessas questões
e a divergência de opiniões en-
tre elas criam um movimento no
grupo, que utiliza diversos meios
para montar uma explicação ra-
zoável. A ampliação da compre-
ensão do fenômeno, então, vai
depender da condução de um
adulto que consiga captar a de-
manda colocada pelas crianças e
transformá-la em ações concre-
tas de conhecimento. Em se tra-
tando da escola, esse adulto que
faz a mediação é, na maioria das
vezes, a professora/professor.
Nesse episódio, podemos per-
ceber as inúmeras questões que
estão presentes: a compreensão
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terra; a compreensão do modo
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ção dessas grandes questões
não vem organizada em forma
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chegada ao mundo simbólico, a
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ajuda para compreender como a
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ções entre os homens e entre es-
tes e o mundo natural.
Como vimos por meio des-
se exemplo, as crianças vêm ao
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lo. Mas esse exercício só ocor-
rerá no encontro com o outro,
detentor da histórica cultural do
grupo ao qual ela pertence, ob-
jeto de afeto, que criará laços de
possibilidade de aprendizagens
múltiplas.
Como o professor
pode acompanhar
as crianças nessa
aventura?
Rompendo com uma visão
mais tradicional de ensino, te-
mos observado que as escolas
infantis brasileiras que procuram
inovar têm colocado como eixo
a transformação da curiosidade
e das perguntas trazidas pelas
crianças em conhecimentos a
serem explorados. De uma ques-
tão particular ou de uma narrativa
trazida por um grupo de crianças,
os professores procuram captar o
que tem de intrigante, o que sub-
verte a ordem, auxiliando a turma
a organizar boas perguntas. No
campo da exploração do mun-
do social e da natureza, temos
observado trabalhos a partir de
questões como: “Pra onde vai o
sol quando a noite chega?” “Por
que os homens fazem guerra?”
“Vamos todos morrer?” “Por que
chove?” A partir daí, o planeja-
mento das atividades é organiza-
do junto com as crianças, procu-
rando ampliar as diversas fontes
de conhecimento com pesquisas
em livros, vídeos, jornais, revistas
etc. e organizar variadas formas
de registros, tais como elabo-
ração de livros sobre o assunto,
desenhos das crianças, painéis,
portfólios.
Por exemplo, a partir da con-
versa das crianças sobre a origem
do homem na Terra, a professora
criou um espaço organizado para
a fala do grupo, enquanto procu-
rou escutar e tentar compreen-
der as concepções das crianças
sobre a origem da humanidade.
A partir de uma atitude de escu-
ta, a professora problematizou o
assunto e organizou um plane-
jamento junto com as crianças
26 revista criança 27revista criança 26
Hélcio Toth
HélcioToth
Revista_Criança_39.indd 26-27 1/4/2005 14:27:50
artigosartigos
procurando dar um sentido ao
conhecimento. Promoveu, ainda,
discussões nas famílias e colocou
à disposição das crianças diversos
materiais: livros que falavam sobre
a evolução das espécies, outros
que colocavam a posição das
religiões cristãs, além de lendas
indígenas e africanas.
As crianças, então, trabalharam
utilizando diversas linguagens. Ou
seja, elas conversaram sobre o
assunto, fizeram desenhos ilus-
trando as diversas versões para o
aparecimento do homem na Terra,
fizeram esculturas do “homem de
barro” e construíram, com a ajuda
da professora, pequenos textos
que resumiam aquilo que haviam
aprendido.
Para sistematizar o trabalho,
a turma propôs fazer um teatro
representando as diversas ver-
sões já levantadas, com suas di-
ferentes explicações para esse
fenômeno que, na verdade, ainda
não pode ser totalmente esclare-
cido. Com isso, as crianças pu-
deram perceber que não temos
uma só resposta para a origem
do ser humano no planeta e que
esse conhecimento continua
ainda em debate.
Essa forma de trabalhar na Edu-
cação Infantil apresenta-se como
inovadora porque procura superar
a fragmentação dos conteúdos e
a visão de que a escola é um lugar
de respostas corretas. Quebra-se,
definitivamente, a idéia de que as
crianças vão à escola para ouvir
explicações corretas, vindas de
pessoas detentoras dos diversos
saberes. Rompe-se, ainda, com
uma visão de escolarização ba-
seada na oferta e na repetição de
informações pouco significativas.
O encontro com o conhecimen-
to passa a ter um outro caráter
– o de ampliar as possibilidades
de compreensão sobre o mundo
que nos cerca. Interessante no-
tar, também, o quanto as crian-
ças estão empenhadas na busca
de respostas a perguntas que,
desde os primórdios, a humani-
dade se colocou. Ouvir as crian-
ças, portanto, não se limita a
escutar banalidades, mas muitas
vezes nos leva a encarar ques-
tões existenciais profundas.
Embora já tenhamos avança-
do bastante na compreensão
das maneiras como as crianças
abordam o conhecimento e, con-
seqüentemente, tenhamos nos
esforçado por produzir metodo-
logias de ensino que se aproxi-
mem dessas formas de conhecer,
ainda temos muito a aprender
sobre a condução dos trabalhos
com os pequenos. Um dos dile-
mas vividos pelos que procuram
inovar na Educação Infantil é a
dosagem do material colocado à
disposição das crianças. Muitas
vezes o trabalho se pauta por um
excesso de informações que as
crianças absorvem rapidamente.
Esse fato causa certo encanta-
mento nas professoras e nos
professores.
Dito de outra forma, as crian-
ças têm, nessa idade, uma ca-
pacidade extraordinária de reter
informações pelo próprio mo-
mento de desenvolvimento em
que se encontram e acabam en-
cantando as pessoas à sua volta.
Nessa fase, a memória está em
pleno desenvolvimento e contri-
bui, sobremaneira, para dar uma
impressão de que as crianças,
assim estimuladas, tornam-se
verdadeiros “gênios”. Professoras
e professores vêm-se confiantes,
julgando ter feito um bom traba-
lho. As famílias também tendem
a caracterizar como boas esco-
las aquelas em que as crianças
discorrem sobre vários assuntos,
repetindo informações coletadas
por meio do projeto. Esse ex-
cesso de informações acaba in-
telectualizando prematuramente
as crianças, que aprendem que
aprender é falar corretamente
sobre um assunto que alguém já
pesquisou.
Um outro dilema que surge em
decorrência deste colocado an-
teriormente é uma ênfase exage-
rada na verbalização. Aprender,
nesse sentido, limita-se a falar so-
bre determinado assunto. Em se
tratando da investigação do mun-
do da natureza, especialmente, a
aprendizagem não se restringe à
apropriação de uma verbalização
específica. Agir sobre os objetos,
manipulá-los, utilizar instrumentos
diversos e vivenciar desafios são
formas mais eficazes de compre-
ensão.
Um último dilema refere-se à
noção de problematização. Como
o próprio nome indica, trata-se de
colocar em destaque problemas
gerados na prática social, prove-
nientes de uma percepção inicial
dos acontecimentos. Por exem-
plo, no episódio narrado, há um
problema real, o da origem da hu-
manidade, que pode ser refletido
colocando-se à disposição das
crianças os debates que já foram
sistematizados e as descobertas
produzidas pelas ciências, assim
como pelas diversas crenças.
Nesse caso, temos um problema
que se encontra insolúvel até os
dias de hoje, uma vez que ainda
não se descobriu o “elo perdido”.
No entanto, a questão da pro-
blematização torna-se confusa
quando os professores passam a
problematizar todos os momen-
tos da vida da criança na esco-
la. Muitas vezes, a exploração de
temáticas referentes ao mundo
da natureza leva os professores
a problematizarem noções es-
paciais como “dentro/fora”, “em
cima/embaixo”, “grande/peque-
no” como se estas não fossem
idéias já construídas na própria
ação da criança em seu meio. A
problematização dessas noções
falseia as vivências infantis, co-
locando problemas onde, na ver-
dade, não existem. Isso pode até
acarretar um problema mais sé-
rio, quando as crianças passam a
não acreditar na possibilidade de
aprendizagens nesse espaço de
vivências e a dar crédito somen-
te às aprendizagens que passam
por um modelo escolarizador.
De algumas coisas já temos
clareza: o conhecimento das ci-
ências sociais e naturais na Edu-
cação Infantil não pode ser esco-
larizado. O importante é tocar a
curiosidade infantil e brincar com
as idéias, apresentar dilemas,
descobrir truques, subverter a
ordem. Buscar na cultura a base
para a compreensão das relações
entre os homens e não transmi-
tir informações vazias de signifi-
cado. Dar ênfase aos processos
intensos de se fazer ciência e não
relatar uma ciência acabada. O
importante é tocar na vibração
racional, emocional e moral, pro-
vocando momentos inusitados de
prazer e descoberta.
Para finalizar
Neste artigo, abrimos a pos-
sibilidade de uma discussão im-
portante para a Educação Infantil.
A exploração do mundo social e
natural é tão vital para a criança
pequena quanto sua necessidade
de brincar, de se exercitar, de ser
amada. Isso porque esse peque-
no ser tem necessidade de dar
um sentido à sua vida. E como
sua vida se produz e reproduz no
meio sociocultural, compreender
esse mundo é vital para que ela
também se compreenda.
É importante ter em mente
que nessa faixa etária as crian-
ças estão vivenciando o mundo
com seu corpo, sua mente, suas
emoções. Mais importante que
trabalhar determinadas noções
acerca da sociedade e do mundo
científico é as crianças poderem ir
construindo, gradativamente, sua
compreensão do universo que ha-
bitam, observando, perguntando,
levantando hipóteses, buscando
informações, explorando, experi-
mentando, confrontando idéias,
comunicando e registrando suas
descobertas.
Não pretendemos, neste espa-
ço, dar respostas corretas sobre
essas questões. Ao contrário, pre-
tendemos abrir o debate convidan-
do a todos que entrem nesse diá-
logo e dêem suas contribuições.
Dada a complexidade das crian-
ças e dos ambientes educativos
que elas freqüentam, só nos resta
prosseguir aprendendo. O campo
é vasto, e o convite está feito.
*Maria Inês Mafra Goulart é psicóloga, mestre e
doutoranda em Educação pela
Faculdade de Educação da Universidade Federal
de Minas Gerais, onde é também
professora nos cursos de Licenciatura e Peda-
gogia.
Bibliografia
CAMPOS, M. M.; ROSEMBERG, F.; FERREIRA,
I. M. Creches e pré-escolas no Brasil. São Paulo:
Cortez/FCC, 1992.
GOULART, M. I. Uma abordagem processual na
prática da Educação Infantil. Presença Pedagógi-
ca, Belo Horizonte, 29, p. 29-37, set./out. 1999.
KUHLMANN, M. Educação infantil e currículo.
In: FARIA, A. L. G.; PALHARES, M. S. (Orgs.)
Educação Infantil pós-LDB: rumos e desafios.
Campinas: Autores Associados, 1999.
MACHADO, M. L. A. Pré-escola é não é escola:
a busca de um caminho. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1991.
revista criança28 28
Hélcio Toth
Revista_Criança_39.indd 28-29 1/4/2005 14:27:50

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Conhecimento do Mundo Natural e Social: Desafios para a Educação Infantil

  • 1. Envie para: Ministério da Educação Coordenação Geral de Educação Infantil Revista Criança/ Professor Faz Literatura Esplanada dos Ministérios – Bloco L 6º andar – Sala 637 Edifício Sede Cep: 70047-900 Brasília – DF e-mail: coedi-sef@mec.gov.br professor faz literatura Introdução No Brasil, há décadas os mo- vimentos sociais procuram discu- tir o problema da marginalização de diversos grupos. Um deles, excluído pela falta de acesso a uma educação de qualidade, é o grupo das crianças de zero a seis anos. Nos últimos dez anos, observa- mos um avanço significativo nas concepções e nas práticas rela- cionadas à Educação Infantil. Esse avanço foi provocado sobretudo por movimentos sociais em larga escala, que envolveram educa- dores, mães e outros segmentos sociais. Todo esse esforço culmi- nou na formulação de leis, como a LDB (1996), que finalmente in- cluíram a Educação Infantil no Sistema Brasileiro de Educação Conhecimento do Mundo Natural e Social: Desafios para a Educação Infantil Maria Inês Mafra Goulart* Básica. A partir daí, muitas ações foram realizadas no sentido de se construir um referencial curricular para esse segmento educativo, cujo propósito era o desenvolvi- mento da prática pedagógica dos professores. Com isso, coloca- mos em questão o que fazer com as crianças dessa faixa etária, bem como suas possibilidades de aprendizagem. EmborasórecentementeaEdu- cação Infantil tenha se tornado di- reito das crianças, o atendimento a essa faixa etária em instituições variadas, como as pré-escolas, os jardins de infância, as creches e outros, já existe no Brasil há mais de cem anos. Durante todo esse século, a discussão sobre como as crianças aprendem, ou seja, a compreensão dos processos que artigos levam a criança a construir conhe- cimentos, bem como sobre o que elas são capazes de aprender, ou seja, a relevância dos conteúdos a serem socializados, tornou-se uma questão central centrais para os profissionais que lidam com esse segmento educativo. O debate sobre o letramento, a alfabetização e a matematização já vem sendo travado há mais de uma década. No entanto, a dis- cussão sobre as maneiras pelas quais as crianças menores de sete anos investigam o mundo social e natural ainda se encon- tra em seus primórdios. Na ver- dade, existe uma crença de que crianças muito pequenas não seriam capazes de aprender os conceitos próprios desse tipo de conhecimento. Sendo assim, elas estariam excluídas do acesso ao conhecimento social e científico. Estamos, portanto, abrindo uma nova discussão no campo da Educação Infantil, considerando que as crianças pequenas estão imersas em um ambiente social e natural e, portanto, interessadas em dar um significado ao mundo em que vivem. Neste artigo, va- mos discutir duas questões que, para um primeiro momento, nos parecem cruciais: de que ma- neiras as crianças investigam o mundo natural e social? Como o professor pode acompanhar as crianças nessa aventura? revista criança 25 Hélcio Toth Esta seção é reservada a você, professora e professor. Aqui, você também pode mostrar sua criatividade. Este espaço está aberto para a pu- blicação de suas produções textuais: poemas, crônicas, contos, rimas, cordéis, entre tantas ou- tras. Envie-nos suas criações para compartilhar com os colegas e conheça as deles também. Revista_Criança_39.indd 24-25 1/4/2005 14:27:46
  • 2. revista criança 26 27 revista criança26 artigosartigos De que maneiras as crianças investigam o mundo natural e social? Vivemos em um mundo com- plexo, onde existem cada vez mais coisas a serem conhecidas. Ao nascer, o ser humano já se in- sere nessa complexidade e tem pela frente a tarefa de desvendar seu próprio ambiente. Se com- pararmos o mundo de hoje com aquele vivido no início do século XX, vamos perceber uma enor- me diferença. Naquela época, não existiam sofisticadas tecno- logias como os computadores, os telefones celulares, meios de transporte como carros, aviões e outras tantas parafernálias que acompanham nosso dia-a-dia. Já estamos tão acostumados com esse estilo de vida que o consi- deramos uma forma “natural” de viver. Mas não é. É fruto do de- senvolvimento social e científico da humanidade. As crianças pequenas têm o desejo, a curiosidade e a neces- sidade de compreender o mundo em que vivem. Muitas vezes essa necessidade está ligada à cons- trução de sua identidade (Quem sou eu? O que vim fazer neste mundo?) e à compreensão da cultura produzida pela sociedade (por que as pessoas se portam de determinadas maneiras?). Ou- tras vezes o desejo de conhecer está ligado a uma curiosidade fru- to das observações que as crian- ças fazem sobre os fenômenos da natureza (Por que o trovão é barulhento? Para onde vai o sol quando chega a noite?). Essa investigação acontece em todos os ambientes pelos quais elas transitam. Observando as relações que acontecem na própria família, vivendo em so- ciedade, utilizando instrumentos que estão à sua disposição no cotidiano, observando insetos, animais de estimação, fenôme- nos como a chuva, os raios, o dia e a noite, as crianças colocam-se questões, que muitas vezes são verbalizadas e outras aparecem nas brincadeiras ou mesmo na manipulação de objetos. Quem nunca viu crianças entretidas na hora do banho de banheira, tentando afundar ou fazer boiar brinquedos que estão à sua dis- posição? Quem nunca se surpre- endeu com as perguntas que elas fazem? Mas é na escola que essas questões encontram um campo fértil para sua exploração. Cer- ta vez, um grupo de crianças de quatro anos, após a leitura de um livro sobre macacos, estabeleceu o seguinte diálogo: - Primeiro veio o macaco, de- pois nasceu a gente. Os macacos que se transformaram em ho- mens, macaco homem e macaca mulher. - É pura mentira, primeiro nas- ceram as mulheres porque é da barriga delas que nascem as pes- soas. - Mas a mulher não pode ter nascido primeiro que Deus, por- que senão Deus ia ficar todo en- rolado. - Então foi Deus quem nasceu primeiro. -A minha mãe me contou que o Deus estava muito sozinho, então ele criou o mundo, mas continuou sozinho. Então ele pegou o barro e fez o homem e a mulher igual ao Romeu e Julieta. Depois de criar o homem e a mulher Deus falou que eles não podiam comer da maçã. Então apareceu uma cobra que era do mal e falou: come, come! Pra castigar , Deus fez ficar igual é hoje: criou escola e fez o homem ter que fazer um monte de coisas, porque era um castigo.(Goulart, 1999). Esse fragmento mostra-nos um rico diálogo que exprime o esforço que as crianças fazem para tentar compreender a vida. Diversas informações se cruzam, vindas de diversas fontes, de- monstrando o quanto as crianças estão atentas ao que os adultos falam, fazem e como se compor- tam. Assim, quando as crianças se engajam na atividade de ler um livro de literatura infantil, os conteúdos expressos nessas his- tórias disparam informações e ex- periências que elas já possuem, criando possibilidades diversas de se problematizar a vida. O re- conhecimento dessas questões e a divergência de opiniões en- tre elas criam um movimento no grupo, que utiliza diversos meios para montar uma explicação ra- zoável. A ampliação da compre- ensão do fenômeno, então, vai depender da condução de um adulto que consiga captar a de- manda colocada pelas crianças e transformá-la em ações concre- tas de conhecimento. Em se tra- tando da escola, esse adulto que faz a mediação é, na maioria das vezes, a professora/professor. Nesse episódio, podemos per- ceber as inúmeras questões que estão presentes: a compreensão da origem do homem na face da terra; a compreensão do modo como a cultura produz e distribui o poder; as questões éticas, o que é certo, o que é errado; o que sig- nifica a punição; qual é a melhor maneira de viver em sociedade; as possíveis negociações. Falan- do dessa forma, até parece que a criança tem a capacidade de for- mular reflexões sobre os grandes mistérios da vida. Na verdade, elas têm. É claro que a formula- ção dessas grandes questões não vem organizada em forma de proposições, mas expressa em atos, em verbalizações ainda pouco organizadas, em observa- ções impossíveis de serem tradu- zidas em palavras. Recentemente chegada ao mundo simbólico, a criança pequena necessita de ajuda para compreender como a sociedade vem construindo rela- ções entre os homens e entre es- tes e o mundo natural. Como vimos por meio des- se exemplo, as crianças vêm ao mundo ávidas por compreendê- lo. Mas esse exercício só ocor- rerá no encontro com o outro, detentor da histórica cultural do grupo ao qual ela pertence, ob- jeto de afeto, que criará laços de possibilidade de aprendizagens múltiplas. Como o professor pode acompanhar as crianças nessa aventura? Rompendo com uma visão mais tradicional de ensino, te- mos observado que as escolas infantis brasileiras que procuram inovar têm colocado como eixo a transformação da curiosidade e das perguntas trazidas pelas crianças em conhecimentos a serem explorados. De uma ques- tão particular ou de uma narrativa trazida por um grupo de crianças, os professores procuram captar o que tem de intrigante, o que sub- verte a ordem, auxiliando a turma a organizar boas perguntas. No campo da exploração do mun- do social e da natureza, temos observado trabalhos a partir de questões como: “Pra onde vai o sol quando a noite chega?” “Por que os homens fazem guerra?” “Vamos todos morrer?” “Por que chove?” A partir daí, o planeja- mento das atividades é organiza- do junto com as crianças, procu- rando ampliar as diversas fontes de conhecimento com pesquisas em livros, vídeos, jornais, revistas etc. e organizar variadas formas de registros, tais como elabo- ração de livros sobre o assunto, desenhos das crianças, painéis, portfólios. Por exemplo, a partir da con- versa das crianças sobre a origem do homem na Terra, a professora criou um espaço organizado para a fala do grupo, enquanto procu- rou escutar e tentar compreen- der as concepções das crianças sobre a origem da humanidade. A partir de uma atitude de escu- ta, a professora problematizou o assunto e organizou um plane- jamento junto com as crianças 26 revista criança 27revista criança 26 Hélcio Toth HélcioToth Revista_Criança_39.indd 26-27 1/4/2005 14:27:50
  • 3. artigosartigos procurando dar um sentido ao conhecimento. Promoveu, ainda, discussões nas famílias e colocou à disposição das crianças diversos materiais: livros que falavam sobre a evolução das espécies, outros que colocavam a posição das religiões cristãs, além de lendas indígenas e africanas. As crianças, então, trabalharam utilizando diversas linguagens. Ou seja, elas conversaram sobre o assunto, fizeram desenhos ilus- trando as diversas versões para o aparecimento do homem na Terra, fizeram esculturas do “homem de barro” e construíram, com a ajuda da professora, pequenos textos que resumiam aquilo que haviam aprendido. Para sistematizar o trabalho, a turma propôs fazer um teatro representando as diversas ver- sões já levantadas, com suas di- ferentes explicações para esse fenômeno que, na verdade, ainda não pode ser totalmente esclare- cido. Com isso, as crianças pu- deram perceber que não temos uma só resposta para a origem do ser humano no planeta e que esse conhecimento continua ainda em debate. Essa forma de trabalhar na Edu- cação Infantil apresenta-se como inovadora porque procura superar a fragmentação dos conteúdos e a visão de que a escola é um lugar de respostas corretas. Quebra-se, definitivamente, a idéia de que as crianças vão à escola para ouvir explicações corretas, vindas de pessoas detentoras dos diversos saberes. Rompe-se, ainda, com uma visão de escolarização ba- seada na oferta e na repetição de informações pouco significativas. O encontro com o conhecimen- to passa a ter um outro caráter – o de ampliar as possibilidades de compreensão sobre o mundo que nos cerca. Interessante no- tar, também, o quanto as crian- ças estão empenhadas na busca de respostas a perguntas que, desde os primórdios, a humani- dade se colocou. Ouvir as crian- ças, portanto, não se limita a escutar banalidades, mas muitas vezes nos leva a encarar ques- tões existenciais profundas. Embora já tenhamos avança- do bastante na compreensão das maneiras como as crianças abordam o conhecimento e, con- seqüentemente, tenhamos nos esforçado por produzir metodo- logias de ensino que se aproxi- mem dessas formas de conhecer, ainda temos muito a aprender sobre a condução dos trabalhos com os pequenos. Um dos dile- mas vividos pelos que procuram inovar na Educação Infantil é a dosagem do material colocado à disposição das crianças. Muitas vezes o trabalho se pauta por um excesso de informações que as crianças absorvem rapidamente. Esse fato causa certo encanta- mento nas professoras e nos professores. Dito de outra forma, as crian- ças têm, nessa idade, uma ca- pacidade extraordinária de reter informações pelo próprio mo- mento de desenvolvimento em que se encontram e acabam en- cantando as pessoas à sua volta. Nessa fase, a memória está em pleno desenvolvimento e contri- bui, sobremaneira, para dar uma impressão de que as crianças, assim estimuladas, tornam-se verdadeiros “gênios”. Professoras e professores vêm-se confiantes, julgando ter feito um bom traba- lho. As famílias também tendem a caracterizar como boas esco- las aquelas em que as crianças discorrem sobre vários assuntos, repetindo informações coletadas por meio do projeto. Esse ex- cesso de informações acaba in- telectualizando prematuramente as crianças, que aprendem que aprender é falar corretamente sobre um assunto que alguém já pesquisou. Um outro dilema que surge em decorrência deste colocado an- teriormente é uma ênfase exage- rada na verbalização. Aprender, nesse sentido, limita-se a falar so- bre determinado assunto. Em se tratando da investigação do mun- do da natureza, especialmente, a aprendizagem não se restringe à apropriação de uma verbalização específica. Agir sobre os objetos, manipulá-los, utilizar instrumentos diversos e vivenciar desafios são formas mais eficazes de compre- ensão. Um último dilema refere-se à noção de problematização. Como o próprio nome indica, trata-se de colocar em destaque problemas gerados na prática social, prove- nientes de uma percepção inicial dos acontecimentos. Por exem- plo, no episódio narrado, há um problema real, o da origem da hu- manidade, que pode ser refletido colocando-se à disposição das crianças os debates que já foram sistematizados e as descobertas produzidas pelas ciências, assim como pelas diversas crenças. Nesse caso, temos um problema que se encontra insolúvel até os dias de hoje, uma vez que ainda não se descobriu o “elo perdido”. No entanto, a questão da pro- blematização torna-se confusa quando os professores passam a problematizar todos os momen- tos da vida da criança na esco- la. Muitas vezes, a exploração de temáticas referentes ao mundo da natureza leva os professores a problematizarem noções es- paciais como “dentro/fora”, “em cima/embaixo”, “grande/peque- no” como se estas não fossem idéias já construídas na própria ação da criança em seu meio. A problematização dessas noções falseia as vivências infantis, co- locando problemas onde, na ver- dade, não existem. Isso pode até acarretar um problema mais sé- rio, quando as crianças passam a não acreditar na possibilidade de aprendizagens nesse espaço de vivências e a dar crédito somen- te às aprendizagens que passam por um modelo escolarizador. De algumas coisas já temos clareza: o conhecimento das ci- ências sociais e naturais na Edu- cação Infantil não pode ser esco- larizado. O importante é tocar a curiosidade infantil e brincar com as idéias, apresentar dilemas, descobrir truques, subverter a ordem. Buscar na cultura a base para a compreensão das relações entre os homens e não transmi- tir informações vazias de signifi- cado. Dar ênfase aos processos intensos de se fazer ciência e não relatar uma ciência acabada. O importante é tocar na vibração racional, emocional e moral, pro- vocando momentos inusitados de prazer e descoberta. Para finalizar Neste artigo, abrimos a pos- sibilidade de uma discussão im- portante para a Educação Infantil. A exploração do mundo social e natural é tão vital para a criança pequena quanto sua necessidade de brincar, de se exercitar, de ser amada. Isso porque esse peque- no ser tem necessidade de dar um sentido à sua vida. E como sua vida se produz e reproduz no meio sociocultural, compreender esse mundo é vital para que ela também se compreenda. É importante ter em mente que nessa faixa etária as crian- ças estão vivenciando o mundo com seu corpo, sua mente, suas emoções. Mais importante que trabalhar determinadas noções acerca da sociedade e do mundo científico é as crianças poderem ir construindo, gradativamente, sua compreensão do universo que ha- bitam, observando, perguntando, levantando hipóteses, buscando informações, explorando, experi- mentando, confrontando idéias, comunicando e registrando suas descobertas. Não pretendemos, neste espa- ço, dar respostas corretas sobre essas questões. Ao contrário, pre- tendemos abrir o debate convidan- do a todos que entrem nesse diá- logo e dêem suas contribuições. Dada a complexidade das crian- ças e dos ambientes educativos que elas freqüentam, só nos resta prosseguir aprendendo. O campo é vasto, e o convite está feito. *Maria Inês Mafra Goulart é psicóloga, mestre e doutoranda em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais, onde é também professora nos cursos de Licenciatura e Peda- gogia. Bibliografia CAMPOS, M. M.; ROSEMBERG, F.; FERREIRA, I. M. Creches e pré-escolas no Brasil. São Paulo: Cortez/FCC, 1992. GOULART, M. I. Uma abordagem processual na prática da Educação Infantil. Presença Pedagógi- ca, Belo Horizonte, 29, p. 29-37, set./out. 1999. KUHLMANN, M. Educação infantil e currículo. In: FARIA, A. L. G.; PALHARES, M. S. (Orgs.) Educação Infantil pós-LDB: rumos e desafios. Campinas: Autores Associados, 1999. MACHADO, M. L. A. Pré-escola é não é escola: a busca de um caminho. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1991. revista criança28 28 Hélcio Toth Revista_Criança_39.indd 28-29 1/4/2005 14:27:50