1. Os primeiros passos da educaçãoOs primeiros passos da educação
infantil no Brasilinfantil no Brasil
A história da educação infantil em nosso país tem, de
certa forma, acompanhado a história dessa área no
mundo, havendo, é claro, características que lhe são
próprias.Até meados do séc XIX, o atendimento de
crianças pequenas longe da mãe em instituiçõescrianças pequenas longe da mãe em instituições
como creches e parques infantis praticamente não
existia no Brasil.
No meio rural, onde residia a maior parte da
população do país na época, famílias de fazendeiros
assumiam o cuidado das inúmeras crianças órfãs ou
abandonadas, geralmente frutos da exploração sexual
da mulher negra e índia pelo senhor branco.
2. Já na zona urbana, bebês abandonados pelas
mães, por vezes filhos ilegítimos de moças
pertencentes a famílias com prestígio social, eram
recolhidos nas “rodas de expostos” existentes em
algumas cidades desde o início do séc XVIII.
3. Essa situação se modifica a partir da segunda
metade do séc XIX, abolição da escravatura, com
o êxodo rural, surgindo condições para certo
desenvolvimento cultural e tecnológico e para a
proclamação da República como forma de
governo.
Após a proclamação da república houveram
iniciativas isoladas de proteção à infância, muitas
delas orientadas ao combate à mortalidade
infantil, com a criação de entidades de amparo.
Após a abolição da escravatura criam-se as
creches, asilos, internatos para cuidar das
crianças pobres, principalmente os filhos dos
escravos libertos.
“A arte de varrer o problema para baixo do
tapete.”
4. O “jardim da infância” veio para o Brasil com
influencia do Movimento da Escolas Novas,
surgido na Europa, e foi recebido com entusiasmo
por alguns setores sociais.
Porém, a ideia de “jardim da infância” gerou
muitos debates entre os políticos da época. Muitos
a criticavam por identificá-la com as salas de asilo
francesas, entendidas como mera guarda dasfrancesas, entendidas como mera guarda das
crianças. Outros a defendiam por acreditarem que
trariam vantagens para o desenvolvimento
infantil, sob a influência dos escolanovistas. O
cerne da polêmica era a argumentação de que, se
os jardins de infância tinham objetivos de
caridade e destinavam-se aos mais pobres, não
deveriam ser mantidos pelo poder público.
5. Enquanto a questão era debatida, eram criados
em São Paulo e no Rio de Janeiro, os primeiros
jardins de infância sob cuidados de entidades
privadas e, alguns anos depois, ao primeiros
jardins de infância públicos, que dirigiam seu
atendimento para as crianças dos estratos sociais
mais afortunados.
Em 1885 os jardins de infância ainda eram
comparados ora com as salas de asilo francesa ecomparados ora com as salas de asilo francesa e
ora entendidos como início de escolaridade
precoce. Eram considerados prejudiciais à
unidade familiar por tirarem desde cedo a
criança de seu ambiente doméstico, sendo
admitidos apenas no caso de proteção aos filhos
de mães trabalhadoras.
6. A construção social da criançaA construção social da criança
Uma compreensão de pontos básicos sobre como
cada pessoa se desenvolve em sua cultura pode
apoiar a promoção de experiências pedagógicas
de qualidade na educação infantil. No decorrer
da história, esses pontos foram sendo
sistematizados pelas ciências. Uma análise críticasistematizados pelas ciências. Uma análise crítica
deles, no entanto, leva-nos hoje a perceber que,
mais do que condição biologicamente
determinada, a definição de infância,
adolescência, idade adulta ou velhice é uma
decisão política feita de forma própria em cada
cultura.
7. Tais períodos do desenvolvimento humano são
objeto de narrativas culturais que envolvem
aspectos ideológicos.
Do contrário, como poderíamos afirmar, por
exemplo, que a vida adulta representa a
oportunidade de assumir um trabalho remunerado
e de constituir família, se em um grupo social há
crianças que trabalham e adolescentes que têmcrianças que trabalham e adolescentes que têm
filhos?
8. Nas diversas culturas as crianças são vistas de
diferentes formas.
A presença de aspectos políticos nas explicações
sobre o desenvolvimento humano pode ser notada
quando se analisam as orientações, apresentadas
em diferentes épocas históricas, sobre as formas
consideradas melhores para cuidar de crianças e
educá-las.educá-las.
Apesar das teorias psicológicas serem
extremamente úteis para explicar o
desenvolvimento humano, elas não dão conta de
orientar diretamente questões pedagógicas em
creches e pré-escolas.
9. Valores sociais,
preocupações
pragmáticas,
intuições extraídas
da experiência
cotidiana são
elementos que
colaboram para
delinear os objetivos,
atividades eatividades e
estratégias de ensino
adequados aos níveis
de desenvolvimento
das crianças
atendidas e às
exigências sociais
que se apresentam
para elas.
10. O educador...O educador...
Deve conhecer teorias sobre como cada
criança reage e modifica sua forma de sentir,
pensar, falar e construir coisas e também o
potencial de aprendizagem presente em cada
atividade realizada na instituição de
educação infantil.educação infantil.
Deve também refletir sobre o valor dessa
experiência enquanto recurso necessário
para o domínio de competências
consideradas básicas para todas as crianças
terem sucesso em sua inserção em uma
sociedade concreta.
12. Historicamente, diferentes concepções acerca do
desenvolvimento humano têm sido traçadas na
psicologia. Elas buscam responder como cada um
chegou a ser aquilo que é e mostrar quais os
caminhos abertos para mudanças nessas maneiras
de ser, quais possibilidades de cada indivíduo para
aprender.
A concepção do biologismo ou inatismo ainda hojeA concepção do biologismo ou inatismo ainda hoje
é particularmente forte na educação infantil,
subsidiando concepções de que a educação da
infância envolveria apenas regar as pequenas
sementes para que estas desabrochem suas
aptidões.
Outras correntes dizem que o ambiente é o
principal elemento de determinação do
desenvolvimento humano.
13. Na educação infantil essa teoria promoveu a
criação de muitos programas de intervenção sobre
o cotidiano e a aprendizagem da criança, em idades
cada vez mais precoces. Todavia, essa visão
minimiza a iniciativa do próprio sujeito e também o
fato de as reações dos diversos sujeitos submetidos
à pressões de um mesmo meio social não serem
semelhantes.semelhantes.
Foi então que surgiu a teoria do interacionismo,
segundo ela o desenvolvimento humano não
decorre da ação isolada de fatores genéticos que
buscam condições para o seu amadurecimento nem
de fatores ambientais que agem sobre o organismo,
controlando seu comportamento.
14. Decorre, antes, das trocas
recíprocas que se estabelecem
durante toda a vida entre
indivíduo e meio, cada aspecto
influindo sobre o outro.
Dessa perspectiva, ao mesmo tempo em que a
criança modifica seu meio, é modificada por ele.criança modifica seu meio, é modificada por ele.
Em outras palavras, ao construir seu meio,
atribuindo-lhe a cada momento significado, a
criança é por ele constituída; adota formas
culturais de ação que transformam sua maneira de
expressar-se, pensar, agir e sentir.