1. [Cncr Ovário 011]
Óleo essencial: Boswellia dalzielii
Composto: α-pineno
Título: α-Pinene Induces Apoptotic Cell Death via Caspase Activation in Human Ovarian
Cancer Cells
"α-pineno induz morte celular apoptótica por meio da ativação de caspase em células de
câncer de ovário humano".
Autor: Jing Hou, Yi Zhang, Yanju Zhu, Bingfeng Zhou, Chunli Ren, Shuang Liang, Yanwei Guo
Jornal: Medical Science Monitor
Vol (issue): 25
Ano: 2019
DOI: 10.12659/MSM.916419
TAGs: Câncer de ovário; quimioterapia; paclitaxel/platina; terapia anticancerígena; Boswellia
dalzielii; árvore de olíbano; α-pineno; atividade anticâncer; antioxidante; antimicrobiano;
regulação da progressão do ciclo celular; supressão da inflamação; apoptose; células
cancerosa; resistência quimioterápica; citotoxicidade; toxicidade celular; caspases; efeito
necrótico; enzima apoptótica; caspase-3; saúde da mulher; ginecologia.
Sobre o artigo:
O câncer de ovário é uma doença fatal, com taxas crescentes de mortalidade entre mulheres
em países em desenvolvimento, pois infelizmente a maioria das pacientes com câncer de
ovário é diagnosticada em estágios avançados ou tardios devido à ausência nos sintomas
iniciais e à dificuldade de detecção nos estágios iniciais.
A quimioterapia à base de paclitaxel/platina mostra resposta clínica completa na maioria (70%)
das pacientes com câncer de ovário, mas a taxa de sobrevida é de apenas 20 a 25% devido à
sua recorrência; portanto, é crucial desenvolver novos medicamentos terapêuticos para uso na
fase final do câncer.
Mais de 50% dos medicamentos usados na terapia anticancerígena são obtidos de fontes
naturais ou seus derivados semissintéticos ou sintéticos. Os compostos derivados de plantas
exibem atividades anticâncer e outras atividades biológicas protetoras, com menos efeitos
adversos.
Como por exemplo, a Boswellia dalzielii, uma árvore aromática alta, da família Burseraceae,
também conhecida como "árvore de olíbano", que é amplamente difundida em países africanos
como Togo, Burkina Faso, Benin, Gana, Camarões, Nigéria e Costa do Marfim.
2. É uma planta medicinal tradicional com propriedades medicinais úteis e tem sido usado para o
tratamento de febre, úlceras, lepra, doenças venéreas, doenças gastrointestinais e inflamação.
A fitocomposição de Boswellia dalzielii inclui taninos, saponinas, glicosídeos, flavonóides,
esteróides e terpenos, mas não contém alcalóides, e a composição varia em diferentes partes
da árvore (por exemplo, casca e folhas).
O óleo essencial desta planta contêm o composto monoterpeno α-pineno, que tem sua
atividade anticâncer, antioxidante e antimicrobiano já amplamente relatada.
As atividades anticâncer do α-pineno envolvem vários mecanismos moleculares, como
regulação da progressão do ciclo celular, estado antioxidante, supressão da inflamação e
estimulação da apoptose.
A apoptose é um tipo de morte programada das células cancerosas, por isso vários
medicamentos contra o câncer atuam nas células tumorais, estimulando a morte celular por
meio da via de apoptose. Contudo, uma apoptose defeituosa pode causar câncer e resistência
quimioterápica.
Com isso, os pesquisadores utilizaram ensaios de citotoxicidade e morte celular mediada por
apoptose para avaliar a capacidade do α-pineno extraído das folhas de Boswellia dalzielii em
proteger contra o câncer de ovário humano. Também avaliou-se o efeito do α-pineno na
progressão do ciclo celular de células cancerosas no ovário humano.
Resultados:
Para estimar o efeito anticâncer do α-pineno, as células PA-1 (linha celular de ovário humano)
foram inicialmente submetidas a diferentes concentrações de α-pineno (5, 10, 20, 50, 75 e 100
μg/mL) extraído das folhas de B. dalzielli para elucidar a toxicidade celular.
A Figura 1 (abaixo) mostra o efeito dependente da dose de α-pineno na proliferação de células
PA-1 em diferentes intervalos de tempo. Uma diminuição notável na proliferação celular foi
identificada em células processadas com α-pineno, assim como o efeito do α-pineno nas
células cultivadas foi dependente do tempo.
O ensaio de toxicidade celular mostrou 50% de inibição na concentração de 20 μg/mL em 24 h
de incubação, e foi utilizado para validar a inibição de α-pineno na análise do ciclo celular.
3. Explicando o gráfico: (Figura 1): Efeito do a-pineno extraído das folhas de Boswellia dalzielii na
proliferação celular em células PA-1 usando o ensaio MTT. As células PA-1 foram processadas com
diferentes concentrações (0, 10, 20, 50, 75 e 100 µg / mL) de a-pineno em 0, 8, 16, 24 e 48 h.
Podemos observar que a viabilidade celular (%) diminuiu à medida que se aumentou a concentração de
a-pineno e a duração do ensaio. Ainda, o ensaio de toxicidade celular mostrou 50% de inibição na
concentração de 20 μg/mL em 24 h de incubação.
Estudos citotóxicos foram realizados com base na redução do MTT (atividade da
desidrogenase mitocondrial) e da atividade da LDH. Os resultados de LDH revelaram que a
citotoxicidade dependente da concentração e do tempo foi observada nas células PA-1 tratadas
com α-pineno.
4. Explicando o gráfico (Figura 2): Efeito do a-pineno extraído das folhas de Boswellia dalzielii na
citotoxicidade em células PA-1 usando o ensaio de lactato desidrogenase (LDH). As células PA-1 foram
então processadas com diferentes concentrações (0, 10, 20, 50, 75 e 100 mg/L) de a-pineno em 0, 8, 16,
24 e 48 h. Podemos observar que a medida que aumenta-se a concentração de a-pineno, maior é a
toxicidade nas células PA-1; o que demonstra um aumento notável no nível de LDH de uma maneira
dependente do tempo e da concentração de a-pineno.
Ainda, os pesquisadores avaliaram se os resultados de supressão do crescimento de α-pineno
em células PA-1 estão correlacionados com a estimulação da parada do ciclo celular e
apoptose, para tal, a distribuição das células no ciclo celular foi investigada por meio de
citometria de fluxo.
Os resultados mostraram que na fase G0 / G1, 42%, 34% e 23% das células foram presas nos
grupos controle, padrão e α-pineno, respectivamente. Na fase S, 22%, 24% e 9% das células
foram presas, e na fase G2/M, 33%, 9% e 39% das células foram presas nos grupos controle,
padrão e α-pineno, respectivamente.
Assim, os resultados mostram que uma interrupção considerável do ciclo celular (fase G2/M) é
induzida por α-pineno, diminuindo a porcentagem de células na fase de crescimento.
A via apoptótica extrínseca é descrita pela indução da caspase 8, enquanto a via intrínseca é
definida pela estimulação da caspase 9, e ambas se cruzam na indução da caspase 3. Com
isso, pode-se dizer que a presença dessas caspases é equivalente à quantidade de apoptose,
uma vez que são proteases cisteínicas e moléculas indispensáveis na via apoptótica.
5. Na análise atual, a atividade da caspase-3 foi aumentada em células PA-1 tratadas com
α-pineno em até 10 e 14 vezes em comparação com células não tratadas após 24 e 48 h de
tratamento (Figura 3).
Explicando o gráfico (Figura 3): Indução da caspase-3 pelas células de câncer de ovário humano
tratadas com α-pineno (PA-1). A atividade da caspase-3 foi medida no controle (células PA-1 não
tratadas) e células PA-1 tratadas com a-pineno (20 µg/mL) por 24 e 48 h. Podemos observar que a
atividade da caspase-3 foi aumentada em células PA-1 tratadas com α-pineno em até 10 e 14 vezes em
comparação com células não tratadas após 24 e 48 h de tratamento
A partir das descobertas acima, é claro que o α-pineno afeta o crescimento celular controlado
nas células do câncer de ovário. Assim, para explorar ainda mais o efeito anticâncer do
α-pineno, o ensaio de apoptose foi realizado, uma vez que não houve efeito necrótico
observado ao microscópio durante os ensaios de MTT e do ciclo celular.
Os pesquisadores coraram as células experimentais e de controle e as classificaram com um
citômetro de fluxo, e um aumento crítico no número de células apoptóticas (células positivas
para anexina V) dependendo da dose foi observado nas células de câncer de ovário humano
tratadas com α-pineno e cisplatina.
Assim, α-pineno exibiu 12% de células apoptóticas tardias e 48% de células apoptóticas iniciais
(LR) em comparação com o fármaco padrão cisplatina.
Na prática:
6. Os pesquisadores analisaram os efeitos anticancerígenos do terpenóide α-pineno extraído das
folhas de B. dalzielli na linhagem de células PA-1 de câncer de ovário humano.
Os resultados indicaram que o α-pineno induz a citotoxicidade e apoptose em células PA-1,
diminui o crescimento celular a partir da transição do G2 para a fase M, e além disso, a enzima
apoptótica - caspase-3 - também foi aumentada nas células PA-1 tratadas com α-pineno.
Em outras palavras, o α-pineno exibe atividade anticancerígena em células de câncer de ovário
por multiplicação celular controlada, progressão da sequência celular e estimulação da
apoptose. Portanto, os pesquisadores sugerem que o α-pineno pode ser usado como um
agente anticâncer para um futuro tratamento do câncer de ovário.