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[Odonto 014]
Óleo essencial: Lavandula dentata
Composto: Eucaliptol (1,8-cineol) e β-pineno
Título: Chemical Characterization of Lavandula dentata Essential Oil Cultivated in Chile and Its
Antibiofilm Effect against Candida albicans
"Caracterização química do óleo essencial de Lavandula dentata cultivado no Chile e seu efeito
antibiofilme contra Candida albicans"
Autor: Andrea Müller-Sepúlveda, Camila Cid Chevecich, José A Jara, Carolina Belmar, Pablo
Sandoval, Rocío Santander Meyer, Raúl Quijada, Sidnei Moura, Rodrigo López-Muñoz, Mario
Díaz-Dosque, Alfredo Molina-Berríos
Jornal: Planta medica
Vol (issue):
Ano: 2020
DOI: 10.1055/a-1201-3375
TAGs: Odontologia; odonto; Lavandula dentata; antibiofilme; Candida albicans; caracterização
química; infecções fúngicas; fungos resistentes; antifúngico; toxicidade; biofilme; membranas
mucosas; próteses acrílicas; cateteres urinários; implantes vocai; hifas; candidíase; efeito
antimicrobiano; Lavandula dentata; cicatrizante; in vitro; C. albicans oral; fluconazol; eucaliptol;
1,8-cineol; β-pineno; formação de hifas; filamentação; adesão; proliferação; viabilidade das
células; agente antibiofilme; terapia antifúngica tópica.
Sobre o artigo:
Nas últimas décadas, houve um aumento na incidência de infecções fúngicas devido ao
surgimento de fungos resistentes aos diversos fármacos utilizados na prática médica. Além
disso, existe uma lacuna entre o rápido aumento na prevalência de infecções fúngicas e o lento
desenvolvimento de novos antifúngicos, pois, existem poucos antifúngicos disponíveis,
principalmente para uso na cavidade oral, o que sem dúvida promove a geração de resistência.
A ineficácia da terapia está relacionada não apenas ao aumento da resistência, mas também
aos efeitos colaterais e à toxicidade, uma vez que é necessário o uso de doses maiores e
tratamentos mais longos para erradicar as infecções fúngicas resistentes.
A levedura do gênero Candida é classificada como o quarto agente mais comum de infecções
em todo o mundo. E dentre todas as espécies de Candida, Candida albicans é a mais virulenta
e é a causa predominante de infecções em humanos.
Os mecanismos que determinam a patogenicidade da Candida envolvem fatores intrínsecos da
espécie, como aderência do tecido, dimorfismo, composição da parede celular, produção de
toxinas e enzimas proteolíticas e a formação de biofilme, que é definido como uma comunidade
microbiana em crescimento aderida a uma superfície e protegida por uma densa matriz
extracelular autoproduzida (uma capa ultrarresistente).
A C. albicans é capaz de formar biofilmes nas membranas mucosas, bem como em superfícies
abióticas como próteses acrílicas, cateteres urinários e implantes vocais. A formação do
biofilme de C. albicans está relacionada à sua transição da levedura para o tipo morfológico de
hifas, o que representa um passo crucial para a patogênese e resistência às drogas.
E, portanto, o sucesso do tratamento de candidíase é prejudicado pela presença de um biofilme
bem estabelecido. Diante dos problemas de resistência e da falta de novos antifúngicos, novas
estratégias farmacológicas são necessárias para tratar as infecções.
Nesse contexto, produtos naturais como os óleos essenciais são uma alternativa potencial
devido ao seu baixo perfil de toxicidade e efeitos antimicrobianos reconhecidos.
De acordo com estudos anteriores, os óleos essenciais de Lavandula dentata possuem
atividade antimicrobiana contra vários microrganismos, incluindo C. albicans. Esta planta é
amplamente usada na medicina tradicional por suas propriedades expectorantes,
antiespasmódicas, carminativas e cicatrizantes.
Além disso, os óleos essenciais desta planta são reconhecidos por serem eficazes contra
cólicas e infecções e são usados para aliviar dores de cabeça.
Portanto, este estudo in vitro foi desenhado para determinar a eficácia antifúngica e antibiofilme
do OE de Lavandula dentata (OEL) contra C. albicans oral, comparando duas cepas diferentes,
uma sensível e outra resistente ao fluconazol.
Os pesquisadores caracterizaram o óleo essencial por cromatografia gasosa-espectrometria de
massa e o efeito antifúngico em C. albicans nas cepas de referência foi avaliado por um ensaio
de difusão em disco e a concentração inibitória mínima (CIM) foi obtida por meio de um ensaio
de microdiluição.
Ainda, o efeito do óleo essencial na capacidade de adesão de C. albicans foi determinado e a
inibição da morfogênese foi avaliada. O efeito na microarquitetura de biofilmes foi também foi
avaliado assim como, o efeito do antibiofilme através de raspagem e ensaio de viabilidade.
Resultados:
Foi descoberto que os monoterpenos constituíram 91% do óleo essencial e os sesquiterpenos
constituíram 13%. No método da coluna polar, monoterpenóides e sesquiterpenóides
representaram 81 e 2% do óleo essencial, respectivamente.
Apesar dessa diferença, ambos os métodos concordam que o principal constituinte do óleo
essencial de L. dentata é o eucaliptol (1,8-cineol), seguido pelo β-pineno, ambos
monoterpenóides.
Para avaliar se havia atividade inibitória dependente da concentração de óleo essencial, discos
em branco contendo 5 (0,004 µg), 10 (0,008 µg) ou 15 µL (0,012 µg) foram testados para
ambas as cepas. E como resultado, o diâmetro da zona de inibição aumentou à medida que o
volume adicionado a cada disco aumentou.
Além disso, como mostram as imagens abaixo, embora a cepa ATCC 10231 tenha mostrado
um diâmetro da zona de inibição significativamente menor para os discos padrão de fluconazol
(zona de inibição com uma média de 12 mm), o OEL manteve sua atividade na mesma
extensão (Figura e gráfico abaixo).
Para a cepa ATCC-90029 os diâmetros médios da zona de inibição foram 8, 15 e 19 mm para
os discos contendo 5, 10 e 15 µL de OEL, respectivamente. Embora o efeito pareça ser
dependente da concentração, a análise estatística (gráfico) mostrou que o aumento na zona de
inibição foi significativo apenas de 5 a 10 µL. Como esperado, o disco padrão do fluconazol foi
significativamente maior, com média de 30 mm.
Após corroborar o efeito antifúngico do OEL, o próximo passo foi determinar sua CIM para
ambas as cepas, que foram cultivadas e incubadas por 24 h com diferentes volumes de OEL.
Os CIMs foram 0,18 (156 µg/mL) e 0,15 µL/mL (130 µg/mL) para ATCC-90029 e ATCC-10231,
respectivamente.
A CIM observada para o fluconazol foi de 0,69 µg/mL para ATCC 90029 e com mais de 256
µg/mL para ATCC 10231. Essas concentrações foram usadas como referência para os ensaios
de morfogênese, adesão, formação de biofilme e viabilidade do biofilme.
Ainda, induziu-se a filamentação na presença e ausência de OEL para avaliar se o óleo
essencial foi capaz de inibir o processo de formação de hifas.
O gráfico abaixo mostra que o OEL inibiu efetivamente o processo de filamentação em relação
ao controle de acordo com o valor de CIM obtido no ensaio de susceptibilidade. Em contraste,
o tratamento com fluconazol não afetou a morfogênese de nenhuma das cepas.
Depois de estabelecer o efeito do OEL na capacidade de adesão de C. albicans, avaliou-se se
o OEL era capaz de inibir a formação de biofilme. Para este propósito, os pesquisadores
adaptaram o ensaio clássico de cicatrização de feridas ou arranhão.
Este ensaio permitiu determinar se o OEL poderia não apenas prevenir efetivamente o
processo de adesão, mas também inibir a proliferação. Portanto, observou-se que a extensão
da recuperação da ferida sob a condição de controle foi alta em ambas as cepas; quase 50%
para ATCC-90029 e mais de 60% para ATCC 10231.
Como visto nas imagens, os tratamentos com OEL diminuíram a capacidade de ambas as
cepas de formar um novo biofilme.
Para a quantificação, foi comparada a área da ferida em T0 com a área da ferida em diferentes
condições experimentais após 24 h de incubação. Após 24 h, os biofilmes não tratados foram
capazes de fechar a ferida em aproximadamente 52% para ATCC 90029 e 65% para
ATCC-10231.
Para avaliar se o OEL foi capaz de afetar a viabilidade de biofilmes estabelecidos, adicionou-se
o óleo essencial em meio líquido a biofilmes pré-formados de 24 horas.
Observou-se que o OEL diminuiu efetivamente a viabilidade dos biofilmes de uma maneira
dependente da concentração, com valores de concentração inibitória de 50% (IC50)
semelhantes ao CIM obtido para células planctônicas (isoladas). Em concordância com os
resultados obtidos nos outros ensaios, o fluconazol não exerceu efeito dose-resposta nos
biofilmes de nenhuma das cepas testadas.
O efeito antibiofilme do OEL não estava apenas relacionado à sua capacidade de inibir a
adesão e proliferação de biofilmes, mas também estava relacionado a uma diminuição na
viabilidade das células. Este resultado é relevante, pois indica que o OEL previne e reverte a
formação de biofilme.
A avaliação da arquitetura do biofilme por MEV também mostrou que o OEL afetou a estrutura
celular, provavelmente afetando a integridade da membrana. Isso poderia indicar que o OEL
exerce alterações na fluidez da membrana, um dos efeitos reconhecidos dos derivados
terpenóides presentes nos óleos essenciais.
Na prática:
Os resultados do estudo mostraram que o OE de L. dentata é eficaz contra duas cepas de C.
albicans, a cepa suscetível ATCC 90029 e a cepa resistente ATCC 10231.
Os pesquisadores sugerem que esse óleo essencial é um agente antibiofilme eficaz, agindo na
inibição de adesão e formação de biofilme. E melhor ainda, por ser uma planta aromática
facilmente disponível e bem tolerada, pode ser incorporada a medicamentos para terapia
antifúngica tópica.

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  • 1. [Odonto 014] Óleo essencial: Lavandula dentata Composto: Eucaliptol (1,8-cineol) e β-pineno Título: Chemical Characterization of Lavandula dentata Essential Oil Cultivated in Chile and Its Antibiofilm Effect against Candida albicans "Caracterização química do óleo essencial de Lavandula dentata cultivado no Chile e seu efeito antibiofilme contra Candida albicans" Autor: Andrea Müller-Sepúlveda, Camila Cid Chevecich, José A Jara, Carolina Belmar, Pablo Sandoval, Rocío Santander Meyer, Raúl Quijada, Sidnei Moura, Rodrigo López-Muñoz, Mario Díaz-Dosque, Alfredo Molina-Berríos Jornal: Planta medica Vol (issue): Ano: 2020 DOI: 10.1055/a-1201-3375 TAGs: Odontologia; odonto; Lavandula dentata; antibiofilme; Candida albicans; caracterização química; infecções fúngicas; fungos resistentes; antifúngico; toxicidade; biofilme; membranas mucosas; próteses acrílicas; cateteres urinários; implantes vocai; hifas; candidíase; efeito antimicrobiano; Lavandula dentata; cicatrizante; in vitro; C. albicans oral; fluconazol; eucaliptol; 1,8-cineol; β-pineno; formação de hifas; filamentação; adesão; proliferação; viabilidade das células; agente antibiofilme; terapia antifúngica tópica. Sobre o artigo: Nas últimas décadas, houve um aumento na incidência de infecções fúngicas devido ao surgimento de fungos resistentes aos diversos fármacos utilizados na prática médica. Além disso, existe uma lacuna entre o rápido aumento na prevalência de infecções fúngicas e o lento desenvolvimento de novos antifúngicos, pois, existem poucos antifúngicos disponíveis, principalmente para uso na cavidade oral, o que sem dúvida promove a geração de resistência. A ineficácia da terapia está relacionada não apenas ao aumento da resistência, mas também aos efeitos colaterais e à toxicidade, uma vez que é necessário o uso de doses maiores e tratamentos mais longos para erradicar as infecções fúngicas resistentes. A levedura do gênero Candida é classificada como o quarto agente mais comum de infecções em todo o mundo. E dentre todas as espécies de Candida, Candida albicans é a mais virulenta e é a causa predominante de infecções em humanos. Os mecanismos que determinam a patogenicidade da Candida envolvem fatores intrínsecos da espécie, como aderência do tecido, dimorfismo, composição da parede celular, produção de
  • 2. toxinas e enzimas proteolíticas e a formação de biofilme, que é definido como uma comunidade microbiana em crescimento aderida a uma superfície e protegida por uma densa matriz extracelular autoproduzida (uma capa ultrarresistente). A C. albicans é capaz de formar biofilmes nas membranas mucosas, bem como em superfícies abióticas como próteses acrílicas, cateteres urinários e implantes vocais. A formação do biofilme de C. albicans está relacionada à sua transição da levedura para o tipo morfológico de hifas, o que representa um passo crucial para a patogênese e resistência às drogas. E, portanto, o sucesso do tratamento de candidíase é prejudicado pela presença de um biofilme bem estabelecido. Diante dos problemas de resistência e da falta de novos antifúngicos, novas estratégias farmacológicas são necessárias para tratar as infecções. Nesse contexto, produtos naturais como os óleos essenciais são uma alternativa potencial devido ao seu baixo perfil de toxicidade e efeitos antimicrobianos reconhecidos. De acordo com estudos anteriores, os óleos essenciais de Lavandula dentata possuem atividade antimicrobiana contra vários microrganismos, incluindo C. albicans. Esta planta é amplamente usada na medicina tradicional por suas propriedades expectorantes, antiespasmódicas, carminativas e cicatrizantes. Além disso, os óleos essenciais desta planta são reconhecidos por serem eficazes contra cólicas e infecções e são usados para aliviar dores de cabeça. Portanto, este estudo in vitro foi desenhado para determinar a eficácia antifúngica e antibiofilme do OE de Lavandula dentata (OEL) contra C. albicans oral, comparando duas cepas diferentes, uma sensível e outra resistente ao fluconazol. Os pesquisadores caracterizaram o óleo essencial por cromatografia gasosa-espectrometria de massa e o efeito antifúngico em C. albicans nas cepas de referência foi avaliado por um ensaio de difusão em disco e a concentração inibitória mínima (CIM) foi obtida por meio de um ensaio de microdiluição. Ainda, o efeito do óleo essencial na capacidade de adesão de C. albicans foi determinado e a inibição da morfogênese foi avaliada. O efeito na microarquitetura de biofilmes foi também foi avaliado assim como, o efeito do antibiofilme através de raspagem e ensaio de viabilidade. Resultados: Foi descoberto que os monoterpenos constituíram 91% do óleo essencial e os sesquiterpenos constituíram 13%. No método da coluna polar, monoterpenóides e sesquiterpenóides representaram 81 e 2% do óleo essencial, respectivamente. Apesar dessa diferença, ambos os métodos concordam que o principal constituinte do óleo essencial de L. dentata é o eucaliptol (1,8-cineol), seguido pelo β-pineno, ambos monoterpenóides.
  • 3. Para avaliar se havia atividade inibitória dependente da concentração de óleo essencial, discos em branco contendo 5 (0,004 µg), 10 (0,008 µg) ou 15 µL (0,012 µg) foram testados para ambas as cepas. E como resultado, o diâmetro da zona de inibição aumentou à medida que o volume adicionado a cada disco aumentou. Além disso, como mostram as imagens abaixo, embora a cepa ATCC 10231 tenha mostrado um diâmetro da zona de inibição significativamente menor para os discos padrão de fluconazol (zona de inibição com uma média de 12 mm), o OEL manteve sua atividade na mesma extensão (Figura e gráfico abaixo). Para a cepa ATCC-90029 os diâmetros médios da zona de inibição foram 8, 15 e 19 mm para os discos contendo 5, 10 e 15 µL de OEL, respectivamente. Embora o efeito pareça ser dependente da concentração, a análise estatística (gráfico) mostrou que o aumento na zona de inibição foi significativo apenas de 5 a 10 µL. Como esperado, o disco padrão do fluconazol foi significativamente maior, com média de 30 mm. Após corroborar o efeito antifúngico do OEL, o próximo passo foi determinar sua CIM para ambas as cepas, que foram cultivadas e incubadas por 24 h com diferentes volumes de OEL. Os CIMs foram 0,18 (156 µg/mL) e 0,15 µL/mL (130 µg/mL) para ATCC-90029 e ATCC-10231, respectivamente. A CIM observada para o fluconazol foi de 0,69 µg/mL para ATCC 90029 e com mais de 256 µg/mL para ATCC 10231. Essas concentrações foram usadas como referência para os ensaios de morfogênese, adesão, formação de biofilme e viabilidade do biofilme. Ainda, induziu-se a filamentação na presença e ausência de OEL para avaliar se o óleo essencial foi capaz de inibir o processo de formação de hifas. O gráfico abaixo mostra que o OEL inibiu efetivamente o processo de filamentação em relação ao controle de acordo com o valor de CIM obtido no ensaio de susceptibilidade. Em contraste, o tratamento com fluconazol não afetou a morfogênese de nenhuma das cepas.
  • 4. Depois de estabelecer o efeito do OEL na capacidade de adesão de C. albicans, avaliou-se se o OEL era capaz de inibir a formação de biofilme. Para este propósito, os pesquisadores adaptaram o ensaio clássico de cicatrização de feridas ou arranhão. Este ensaio permitiu determinar se o OEL poderia não apenas prevenir efetivamente o processo de adesão, mas também inibir a proliferação. Portanto, observou-se que a extensão da recuperação da ferida sob a condição de controle foi alta em ambas as cepas; quase 50% para ATCC-90029 e mais de 60% para ATCC 10231. Como visto nas imagens, os tratamentos com OEL diminuíram a capacidade de ambas as cepas de formar um novo biofilme. Para a quantificação, foi comparada a área da ferida em T0 com a área da ferida em diferentes condições experimentais após 24 h de incubação. Após 24 h, os biofilmes não tratados foram capazes de fechar a ferida em aproximadamente 52% para ATCC 90029 e 65% para ATCC-10231. Para avaliar se o OEL foi capaz de afetar a viabilidade de biofilmes estabelecidos, adicionou-se o óleo essencial em meio líquido a biofilmes pré-formados de 24 horas. Observou-se que o OEL diminuiu efetivamente a viabilidade dos biofilmes de uma maneira dependente da concentração, com valores de concentração inibitória de 50% (IC50) semelhantes ao CIM obtido para células planctônicas (isoladas). Em concordância com os
  • 5. resultados obtidos nos outros ensaios, o fluconazol não exerceu efeito dose-resposta nos biofilmes de nenhuma das cepas testadas. O efeito antibiofilme do OEL não estava apenas relacionado à sua capacidade de inibir a adesão e proliferação de biofilmes, mas também estava relacionado a uma diminuição na viabilidade das células. Este resultado é relevante, pois indica que o OEL previne e reverte a formação de biofilme. A avaliação da arquitetura do biofilme por MEV também mostrou que o OEL afetou a estrutura celular, provavelmente afetando a integridade da membrana. Isso poderia indicar que o OEL exerce alterações na fluidez da membrana, um dos efeitos reconhecidos dos derivados terpenóides presentes nos óleos essenciais. Na prática: Os resultados do estudo mostraram que o OE de L. dentata é eficaz contra duas cepas de C. albicans, a cepa suscetível ATCC 90029 e a cepa resistente ATCC 10231. Os pesquisadores sugerem que esse óleo essencial é um agente antibiofilme eficaz, agindo na inibição de adesão e formação de biofilme. E melhor ainda, por ser uma planta aromática facilmente disponível e bem tolerada, pode ser incorporada a medicamentos para terapia antifúngica tópica.