SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 2
Baixar para ler offline
Brasília, 25 de março de 2013. Nº 179



             O risco de administrar a economia
                  com olho (só) na política
1    A economia brasileira está em “trajetória gradual de aceleração”, definiu o ministro
     Guido Mantega em audiência na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Sena-
do. Ainda que seja positiva, não é uma qualificação empolgante acerca do estado atual da
economia brasileira.


2       A cautela do ministro é compatível com a situação econômica do País, a qual carac-
        teriza-se, em linhas gerais, pela combinação de crescimento baixo e inflação alta.
A trajetória, daqui para frente, como apontou o ministro, parece ser moderadamente po-
sitiva, ao menos para 2013 e 2014. Mas há preocupações consistentes a respeito do que
ocorrerá mais adiante, tendo em vista o acúmulo de distorções macroeconômicas, espe-
cialmente no campo fiscal.


3    Além de a conjuntura econômica não ser especialmente auspiciosa, são crescentes,
     em amplitude e intensidade, as críticas à política econômica. Elas se concentram na
área fiscal, censurada duramente até mesmo por Delfim Netto, defensor declarado do go-
verno Dilma, mas se estendem também às políticas cambial e monetária. Isto é, alcançam
a Fazenda e o Banco Central (BC).


4      Se a economia não vai bem, diz a regra de ouro da relação entre economia e políti-
       ca, a opinião pública repudia o governante. Não é, entretanto, o que está ocorrendo
atualmente no Brasil. A pesquisa CNI-Ibope, divulgada na última terça-feira, mostrou que
a maioria dos brasileiros está bastante satisfeita com o governo Dilma Rousseff, aprovado
por 63% dos entrevistados, patamar recorde desde que ela assumiu o poder. Mais do que
isso. Melhorou a avaliação popular a respeito da condução da criticada política econômi-
ca.


5        De dezembro a março, a diferença entre aprovação e desaprovação subiu de -5 para
         1, no caso do “combate à inflação”, e de 15 para 17 para “combate ao desemprego”. Já
quanto a “impostos” e “taxa de juros”, embora as avaliações apresentem saldos negativos,
isto é, exista mais gente que desaprova do que aprova a ação governamental, o desconten-
tamento diminuiu, pois a diferença caiu de -35 para -24 e de –10 para -8, respectivamente.
O destaque é a aprovação ao “combate ao desemprego”, elemento que explica, em grande
parte, a popularidade do Governo, a despeito dos percalços da economia.




                      No próximo sábado sai a coluna da senadora Kátia Abreu,
                             presidente da CNA, na Folha de S. Paulo,
                                     no caderno B - Mercado.

                                          Vamos conferir!
Brasília, 25 de março de 2013. Nº 179




6      Naturalmente, a elevada popularidade reforça o cenário de favoritismo de Dilma
       Rousseff para a disputa presidencial de 2014. Caso seja reeleita, Dilma ganhará
tempo para tentar destravar a economia e colocá-la na rota de crescimento mais acelerado
e mais equilibrado. A aposta do Governo é que isso ocorrerá por conta das medidas, algu-
mas delas certamente corretas, que tem adotado para destravar o investimento e melhorar
a produtividade da economia. Apesar do excessivo ceticismo de muitos analistas, não é
possível decretar, desde já, que a aposta do Governo esteja fadada ao insucesso.


7       Contudo, se os críticos estiverem corretos e se as distorções e desequilíbrios que
        estão se acumulando prevalecerem sobre as medidas favoráveis ao investimento e à
produtividade, a bomba pode estourar no colo da própria presidente Dilma. É possível que
Aécio Neves, Eduardo Campos e, talvez, até Marina Silva estejam vislumbrando tal cenário.
Todos eles sabem que Dilma é favorita para 2014. Porém, provavelmente, não recuarão na
intenção de enfrentá-la, porque enxergam a possibilidade de a economia degringolar a par-
tir de 2014, o que os deixaria em boa situação para tentar desalojar o PT do Governo federal
em 2018. Nesse cenário, especialmente para Aécio e Campos, a eleição de 2014 servirá para
torná-los conhecidos nacionalmente. Será uma preparação para 2018. Além disso, sempre
há a chance de os ventos mudarem e o favoritismo de Dilma se esvanecer daqui até 2014.


8        Para evitar surpresas no próximo ano, Dilma está fortalecendo os laços com os par-
         tidos aliados, principal objetivo da reforma ministerial ainda em andamento. No
campo econômico, por sua vez, ataca a inflação – ou pelo menos os índices de inflação – via
desonerações fiscais e administração de preços chave da economia (transportes e combus-
tíveis), pois a alta dos preços parece ser o único fator econômico com potencial de colocar
em risco a reeleição de Dilma.


9       Tal convicção justifica, também do ponto de vista político, a aposta de que o Banco
        Central aumentará a taxa Selic ainda neste ano, de modo a reduzir a probabilidade
de a inflação se acelerar em 2014. Mas o aperto monetário não pode ser muito forte. Caso
contrário, comprometerá a “trajetória gradual de aceleração” citada por Mantega.


10        Essas são as conexões de momento entre a economia e a política no Brasil, as
          quais, aqui e alhures, caminham juntas. Isto é especialmente verdade nos perío-
dos préeleitorais como vivenciamos atualmente no País, no qual todos os pré-candidatos
já estão em campo, armando-se da melhor maneira possível para enfrentar a disputa de
2014.


11       Administrar a economia de olho na política é uma das armas do governo. Pode-
         se dizer que, ao misturar as duas coisas, o Governo corre o risco de derrapar no
campo econômico. Mas é ingenuidade pensar que governantes conduzem a economia sem
mirar também para a política. Os mais responsáveis cuidam para evitar que os interesses
políticos subvertam certos limites da lógica econômica. Os mais incautos os atropelam.
Dilma está no primeiro grupo, mas parece flertar com o segundo.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Marcondes Neto no Brasil Econômico - 02/07/2015 - P. 31
Marcondes Neto no Brasil Econômico - 02/07/2015 - P. 31Marcondes Neto no Brasil Econômico - 02/07/2015 - P. 31
Marcondes Neto no Brasil Econômico - 02/07/2015 - P. 31Manoel Marcondes Neto
 
Boletim 30 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 30 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 30 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 30 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 53 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 53 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 53 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 53 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 33 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 33 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 33 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 33 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 25 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 25 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 25 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 25 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
O estado de s.paulo bizup
O estado de s.paulo   bizupO estado de s.paulo   bizup
O estado de s.paulo bizupDANTE IACOVONE
 
Cenários do brasil pós eleições presidenciais
Cenários do brasil pós eleições presidenciaisCenários do brasil pós eleições presidenciais
Cenários do brasil pós eleições presidenciaisFernando Alcoforado
 
Cenario para 2014 gustavo heck jan 2014
Cenario para 2014 gustavo heck jan 2014Cenario para 2014 gustavo heck jan 2014
Cenario para 2014 gustavo heck jan 2014Antonio Bueno Bueno
 
CNI Ibope: Temer não tem confiança de 72% dos brasileiros
CNI Ibope: Temer não tem confiança de 72% dos brasileirosCNI Ibope: Temer não tem confiança de 72% dos brasileiros
CNI Ibope: Temer não tem confiança de 72% dos brasileirosAquiles Lins
 
Contra o terrorismo econômico
Contra o terrorismo econômicoContra o terrorismo econômico
Contra o terrorismo econômicoMiguel Rosario
 
Boletim de Conjuntura n. 54
Boletim de Conjuntura n. 54Boletim de Conjuntura n. 54
Boletim de Conjuntura n. 54economiaufes
 
Boletim 52 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 52 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 52 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 52 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
O mundo diante de uma crise econômica insolúvel
O mundo diante de uma crise econômica insolúvelO mundo diante de uma crise econômica insolúvel
O mundo diante de uma crise econômica insolúvelFernando Alcoforado
 
Apresentação Cenários Político e Econômico julho 2014
Apresentação Cenários Político e Econômico julho 2014 Apresentação Cenários Político e Econômico julho 2014
Apresentação Cenários Político e Econômico julho 2014 Julio Hegedus
 
Taxa de inflação no brasil é uma das maiores do mundo
Taxa de inflação no brasil é uma das maiores do mundoTaxa de inflação no brasil é uma das maiores do mundo
Taxa de inflação no brasil é uma das maiores do mundoB&R Consultoria Empresarial
 

Mais procurados (19)

A Incerteza na Economia
A Incerteza na EconomiaA Incerteza na Economia
A Incerteza na Economia
 
Marcondes Neto no Brasil Econômico - 02/07/2015 - P. 31
Marcondes Neto no Brasil Econômico - 02/07/2015 - P. 31Marcondes Neto no Brasil Econômico - 02/07/2015 - P. 31
Marcondes Neto no Brasil Econômico - 02/07/2015 - P. 31
 
Boletim 30 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 30 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 30 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 30 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 53 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 53 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 53 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 53 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 33 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 33 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 33 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 33 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 25 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 25 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 25 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 25 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
O estado de s.paulo bizup
O estado de s.paulo   bizupO estado de s.paulo   bizup
O estado de s.paulo bizup
 
Setemi News
Setemi NewsSetemi News
Setemi News
 
Cenários do brasil pós eleições presidenciais
Cenários do brasil pós eleições presidenciaisCenários do brasil pós eleições presidenciais
Cenários do brasil pós eleições presidenciais
 
12 anos de governos do pt
12 anos de governos do pt12 anos de governos do pt
12 anos de governos do pt
 
Cenario para 2014 gustavo heck jan 2014
Cenario para 2014 gustavo heck jan 2014Cenario para 2014 gustavo heck jan 2014
Cenario para 2014 gustavo heck jan 2014
 
CNI Ibope: Temer não tem confiança de 72% dos brasileiros
CNI Ibope: Temer não tem confiança de 72% dos brasileirosCNI Ibope: Temer não tem confiança de 72% dos brasileiros
CNI Ibope: Temer não tem confiança de 72% dos brasileiros
 
Contra o terrorismo econômico
Contra o terrorismo econômicoContra o terrorismo econômico
Contra o terrorismo econômico
 
Boletim de Conjuntura n. 54
Boletim de Conjuntura n. 54Boletim de Conjuntura n. 54
Boletim de Conjuntura n. 54
 
A subita guinada neoliberal do brasil
A subita guinada neoliberal do brasilA subita guinada neoliberal do brasil
A subita guinada neoliberal do brasil
 
Boletim 52 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 52 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 52 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 52 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
O mundo diante de uma crise econômica insolúvel
O mundo diante de uma crise econômica insolúvelO mundo diante de uma crise econômica insolúvel
O mundo diante de uma crise econômica insolúvel
 
Apresentação Cenários Político e Econômico julho 2014
Apresentação Cenários Político e Econômico julho 2014 Apresentação Cenários Político e Econômico julho 2014
Apresentação Cenários Político e Econômico julho 2014
 
Taxa de inflação no brasil é uma das maiores do mundo
Taxa de inflação no brasil é uma das maiores do mundoTaxa de inflação no brasil é uma das maiores do mundo
Taxa de inflação no brasil é uma das maiores do mundo
 

Destaque

Luciano luta pela integração asfáltica em Campo Alegre de Lourdes e região.
Luciano luta pela integração asfáltica em Campo Alegre de Lourdes e região.Luciano luta pela integração asfáltica em Campo Alegre de Lourdes e região.
Luciano luta pela integração asfáltica em Campo Alegre de Lourdes e região.Luciano Simões
 
Parrilla de programación del 01 al 07 de abril del 2013
Parrilla de programación del 01 al 07 de abril del 2013Parrilla de programación del 01 al 07 de abril del 2013
Parrilla de programación del 01 al 07 de abril del 2013canalwebpdf
 
Revista Ponto Turismo 8
Revista Ponto Turismo 8Revista Ponto Turismo 8
Revista Ponto Turismo 8Eloi Jorge
 
Anatel altera regulamento de numeração do serviço telefônico fixo comutado
Anatel altera regulamento de numeração do serviço telefônico fixo comutadoAnatel altera regulamento de numeração do serviço telefônico fixo comutado
Anatel altera regulamento de numeração do serviço telefônico fixo comutadoJosé Ripardo
 
Apresentação sobre a lei de repatriação de capitais no exterior.
Apresentação sobre a lei de repatriação de capitais no exterior.Apresentação sobre a lei de repatriação de capitais no exterior.
Apresentação sobre a lei de repatriação de capitais no exterior.Diamantino Advogados Associados
 
Como pesquisar na internet
Como pesquisar na internetComo pesquisar na internet
Como pesquisar na internetÉlio Geadas
 
Cdl de ilhéus ganha apoio do deputado estadual pedro tavares
Cdl de ilhéus ganha apoio do deputado estadual pedro tavaresCdl de ilhéus ganha apoio do deputado estadual pedro tavares
Cdl de ilhéus ganha apoio do deputado estadual pedro tavaresGuy Valerio Barros dos Santos
 

Destaque (20)

O monstro orelhudo
O monstro orelhudoO monstro orelhudo
O monstro orelhudo
 
Ifap
IfapIfap
Ifap
 
Atividade de calculos 31 03
Atividade de calculos 31 03Atividade de calculos 31 03
Atividade de calculos 31 03
 
Aloe bebivel
Aloe bebivelAloe bebivel
Aloe bebivel
 
26032013
2603201326032013
26032013
 
CCNA intro&ICND.PDF
CCNA intro&ICND.PDFCCNA intro&ICND.PDF
CCNA intro&ICND.PDF
 
Digitalizar0002 (1)
Digitalizar0002 (1)Digitalizar0002 (1)
Digitalizar0002 (1)
 
Convocatória 6 abril
Convocatória 6 abrilConvocatória 6 abril
Convocatória 6 abril
 
Fabulas
FabulasFabulas
Fabulas
 
Luciano luta pela integração asfáltica em Campo Alegre de Lourdes e região.
Luciano luta pela integração asfáltica em Campo Alegre de Lourdes e região.Luciano luta pela integração asfáltica em Campo Alegre de Lourdes e região.
Luciano luta pela integração asfáltica em Campo Alegre de Lourdes e região.
 
Parrilla de programación del 01 al 07 de abril del 2013
Parrilla de programación del 01 al 07 de abril del 2013Parrilla de programación del 01 al 07 de abril del 2013
Parrilla de programación del 01 al 07 de abril del 2013
 
Chama 181b
Chama 181bChama 181b
Chama 181b
 
Revista Ponto Turismo 8
Revista Ponto Turismo 8Revista Ponto Turismo 8
Revista Ponto Turismo 8
 
Germanos
GermanosGermanos
Germanos
 
Anatel altera regulamento de numeração do serviço telefônico fixo comutado
Anatel altera regulamento de numeração do serviço telefônico fixo comutadoAnatel altera regulamento de numeração do serviço telefônico fixo comutado
Anatel altera regulamento de numeração do serviço telefônico fixo comutado
 
Apresentação sobre a lei de repatriação de capitais no exterior.
Apresentação sobre a lei de repatriação de capitais no exterior.Apresentação sobre a lei de repatriação de capitais no exterior.
Apresentação sobre a lei de repatriação de capitais no exterior.
 
Oferta 1 er. trimestre 1
Oferta 1 er. trimestre 1Oferta 1 er. trimestre 1
Oferta 1 er. trimestre 1
 
Carta aberta à Administração da SPdH
Carta aberta à Administração da SPdHCarta aberta à Administração da SPdH
Carta aberta à Administração da SPdH
 
Como pesquisar na internet
Como pesquisar na internetComo pesquisar na internet
Como pesquisar na internet
 
Cdl de ilhéus ganha apoio do deputado estadual pedro tavares
Cdl de ilhéus ganha apoio do deputado estadual pedro tavaresCdl de ilhéus ganha apoio do deputado estadual pedro tavares
Cdl de ilhéus ganha apoio do deputado estadual pedro tavares
 

Semelhante a O risco de administrar a economia com olho (só) na política

Boletim 54 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 54 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 54 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 54 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
A crise econômica no brasil
A crise econômica no brasilA crise econômica no brasil
A crise econômica no brasilDiego Guilherme
 
Discurso de-despedida-do-bid-1
Discurso de-despedida-do-bid-1Discurso de-despedida-do-bid-1
Discurso de-despedida-do-bid-1Carlos Eduardo
 
Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Trabalho em grupo administração de empresas
Trabalho em grupo administração de empresasTrabalho em grupo administração de empresas
Trabalho em grupo administração de empresasJailton Barbosa
 
Documento critico-ao-primeiro-ano-do-governo-dilma1
Documento critico-ao-primeiro-ano-do-governo-dilma1Documento critico-ao-primeiro-ano-do-governo-dilma1
Documento critico-ao-primeiro-ano-do-governo-dilma1Jamildo Melo
 
Boletim 29 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 29 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 29 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 29 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Aécio neves e marina silva despontam como opositores
Aécio neves e marina silva despontam como opositoresAécio neves e marina silva despontam como opositores
Aécio neves e marina silva despontam como opositoresPaulo Nobre
 
A atual Situação Econômica do Brasil
A atual Situação Econômica do BrasilA atual Situação Econômica do Brasil
A atual Situação Econômica do BrasilJoemille Leal
 
Aspectos Políticos do Desemprego: A Guinada Neoliberal do Brasil
Aspectos Políticos do Desemprego: A Guinada Neoliberal do BrasilAspectos Políticos do Desemprego: A Guinada Neoliberal do Brasil
Aspectos Políticos do Desemprego: A Guinada Neoliberal do BrasilGrupo de Economia Política IE-UFRJ
 
Jornal setemi news janeiro
Jornal setemi news janeiroJornal setemi news janeiro
Jornal setemi news janeiroSetemi News
 
Boletim 51 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 51 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 51 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 51 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 55 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 55 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 55 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 55 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 56 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 56 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 56 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 56 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Conjuntura e análise de cenário para o primeiro semestre de 2015
Conjuntura e análise de cenário para o primeiro semestre de 2015Conjuntura e análise de cenário para o primeiro semestre de 2015
Conjuntura e análise de cenário para o primeiro semestre de 2015Alex Araujo
 
Resoluçãoo PSB
Resoluçãoo PSBResoluçãoo PSB
Resoluçãoo PSBAnna Tiago
 
Vencedores, vencidos e uma nova guerra - Uma análise da conjuntura
Vencedores, vencidos e uma nova guerra - Uma análise da conjunturaVencedores, vencidos e uma nova guerra - Uma análise da conjuntura
Vencedores, vencidos e uma nova guerra - Uma análise da conjunturaEditora 247
 

Semelhante a O risco de administrar a economia com olho (só) na política (20)

Boletim 54 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 54 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 54 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 54 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
A crise econômica no brasil
A crise econômica no brasilA crise econômica no brasil
A crise econômica no brasil
 
Discurso de-despedida-do-bid-1
Discurso de-despedida-do-bid-1Discurso de-despedida-do-bid-1
Discurso de-despedida-do-bid-1
 
Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Trabalho em grupo administração de empresas
Trabalho em grupo administração de empresasTrabalho em grupo administração de empresas
Trabalho em grupo administração de empresas
 
Documento critico-ao-primeiro-ano-do-governo-dilma1
Documento critico-ao-primeiro-ano-do-governo-dilma1Documento critico-ao-primeiro-ano-do-governo-dilma1
Documento critico-ao-primeiro-ano-do-governo-dilma1
 
Boletim 29 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 29 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 29 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 29 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Aécio neves e marina silva despontam como opositores
Aécio neves e marina silva despontam como opositoresAécio neves e marina silva despontam como opositores
Aécio neves e marina silva despontam como opositores
 
A atual Situação Econômica do Brasil
A atual Situação Econômica do BrasilA atual Situação Econômica do Brasil
A atual Situação Econômica do Brasil
 
Aspectos Políticos do Desemprego: A Guinada Neoliberal do Brasil
Aspectos Políticos do Desemprego: A Guinada Neoliberal do BrasilAspectos Políticos do Desemprego: A Guinada Neoliberal do Brasil
Aspectos Políticos do Desemprego: A Guinada Neoliberal do Brasil
 
Jornal setemi news janeiro
Jornal setemi news janeiroJornal setemi news janeiro
Jornal setemi news janeiro
 
Boletim 51 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 51 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 51 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 51 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 55 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 55 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 55 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 55 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Vivemos
VivemosVivemos
Vivemos
 
Vivemos
VivemosVivemos
Vivemos
 
Boletim 56 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 56 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 56 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 56 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Conjuntura e análise de cenário para o primeiro semestre de 2015
Conjuntura e análise de cenário para o primeiro semestre de 2015Conjuntura e análise de cenário para o primeiro semestre de 2015
Conjuntura e análise de cenário para o primeiro semestre de 2015
 
Resoluçãoo PSB
Resoluçãoo PSBResoluçãoo PSB
Resoluçãoo PSB
 
Vencedores, vencidos e uma nova guerra - Uma análise da conjuntura
Vencedores, vencidos e uma nova guerra - Uma análise da conjunturaVencedores, vencidos e uma nova guerra - Uma análise da conjuntura
Vencedores, vencidos e uma nova guerra - Uma análise da conjuntura
 
Conjuntura #71 J S Gabrielli 17 jan 22
Conjuntura #71 J S Gabrielli 17 jan 22Conjuntura #71 J S Gabrielli 17 jan 22
Conjuntura #71 J S Gabrielli 17 jan 22
 

Mais de Sociedade Rural Brasileira (fan page)

AS ÁREAS DE RESERVA LEGAL E ÀS DE PRESERVAÇÕES PERMANENTES DO NOVO CÓDIGO FL...
AS ÁREAS DE RESERVA LEGAL E ÀS DE PRESERVAÇÕES  PERMANENTES DO NOVO CÓDIGO FL...AS ÁREAS DE RESERVA LEGAL E ÀS DE PRESERVAÇÕES  PERMANENTES DO NOVO CÓDIGO FL...
AS ÁREAS DE RESERVA LEGAL E ÀS DE PRESERVAÇÕES PERMANENTES DO NOVO CÓDIGO FL...Sociedade Rural Brasileira (fan page)
 

Mais de Sociedade Rural Brasileira (fan page) (13)

Entrevista Gustavo Diniz Junqueira - Agroanalysis
Entrevista Gustavo Diniz Junqueira - AgroanalysisEntrevista Gustavo Diniz Junqueira - Agroanalysis
Entrevista Gustavo Diniz Junqueira - Agroanalysis
 
Memória - Do papel para a rede
Memória - Do papel para a redeMemória - Do papel para a rede
Memória - Do papel para a rede
 
Rural fala a investidores interessados no agro brasileiro
Rural fala a investidores interessados no agro brasileiroRural fala a investidores interessados no agro brasileiro
Rural fala a investidores interessados no agro brasileiro
 
Perfil Rural jovem - Revista DBO março 2013
Perfil Rural jovem - Revista DBO março 2013Perfil Rural jovem - Revista DBO março 2013
Perfil Rural jovem - Revista DBO março 2013
 
Nova Geração do Agro
Nova Geração do AgroNova Geração do Agro
Nova Geração do Agro
 
AS ÁREAS DE RESERVA LEGAL E ÀS DE PRESERVAÇÕES PERMANENTES DO NOVO CÓDIGO FL...
AS ÁREAS DE RESERVA LEGAL E ÀS DE PRESERVAÇÕES  PERMANENTES DO NOVO CÓDIGO FL...AS ÁREAS DE RESERVA LEGAL E ÀS DE PRESERVAÇÕES  PERMANENTES DO NOVO CÓDIGO FL...
AS ÁREAS DE RESERVA LEGAL E ÀS DE PRESERVAÇÕES PERMANENTES DO NOVO CÓDIGO FL...
 
Apresentação SRB - Summit FGV
Apresentação SRB - Summit FGVApresentação SRB - Summit FGV
Apresentação SRB - Summit FGV
 
Apresentação ITR - SRB
Apresentação ITR - SRBApresentação ITR - SRB
Apresentação ITR - SRB
 
Considerações acerca do ITR 2012
Considerações acerca do ITR 2012 Considerações acerca do ITR 2012
Considerações acerca do ITR 2012
 
CSMG Advogados - Imposto Territorial Rural – ITR/2012
CSMG Advogados - Imposto Territorial Rural – ITR/2012CSMG Advogados - Imposto Territorial Rural – ITR/2012
CSMG Advogados - Imposto Territorial Rural – ITR/2012
 
Documento sobre a II jornada de debates sobre o Código Florestal
Documento sobre a II jornada de debates sobre o Código FlorestalDocumento sobre a II jornada de debates sobre o Código Florestal
Documento sobre a II jornada de debates sobre o Código Florestal
 
Cenário Setorial - Fertilizantes
Cenário Setorial - FertilizantesCenário Setorial - Fertilizantes
Cenário Setorial - Fertilizantes
 
Artigo reflexões sobre o novo código florestal agosto_2012
Artigo reflexões sobre o novo código florestal agosto_2012Artigo reflexões sobre o novo código florestal agosto_2012
Artigo reflexões sobre o novo código florestal agosto_2012
 

O risco de administrar a economia com olho (só) na política

  • 1. Brasília, 25 de março de 2013. Nº 179 O risco de administrar a economia com olho (só) na política 1 A economia brasileira está em “trajetória gradual de aceleração”, definiu o ministro Guido Mantega em audiência na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Sena- do. Ainda que seja positiva, não é uma qualificação empolgante acerca do estado atual da economia brasileira. 2 A cautela do ministro é compatível com a situação econômica do País, a qual carac- teriza-se, em linhas gerais, pela combinação de crescimento baixo e inflação alta. A trajetória, daqui para frente, como apontou o ministro, parece ser moderadamente po- sitiva, ao menos para 2013 e 2014. Mas há preocupações consistentes a respeito do que ocorrerá mais adiante, tendo em vista o acúmulo de distorções macroeconômicas, espe- cialmente no campo fiscal. 3 Além de a conjuntura econômica não ser especialmente auspiciosa, são crescentes, em amplitude e intensidade, as críticas à política econômica. Elas se concentram na área fiscal, censurada duramente até mesmo por Delfim Netto, defensor declarado do go- verno Dilma, mas se estendem também às políticas cambial e monetária. Isto é, alcançam a Fazenda e o Banco Central (BC). 4 Se a economia não vai bem, diz a regra de ouro da relação entre economia e políti- ca, a opinião pública repudia o governante. Não é, entretanto, o que está ocorrendo atualmente no Brasil. A pesquisa CNI-Ibope, divulgada na última terça-feira, mostrou que a maioria dos brasileiros está bastante satisfeita com o governo Dilma Rousseff, aprovado por 63% dos entrevistados, patamar recorde desde que ela assumiu o poder. Mais do que isso. Melhorou a avaliação popular a respeito da condução da criticada política econômi- ca. 5 De dezembro a março, a diferença entre aprovação e desaprovação subiu de -5 para 1, no caso do “combate à inflação”, e de 15 para 17 para “combate ao desemprego”. Já quanto a “impostos” e “taxa de juros”, embora as avaliações apresentem saldos negativos, isto é, exista mais gente que desaprova do que aprova a ação governamental, o desconten- tamento diminuiu, pois a diferença caiu de -35 para -24 e de –10 para -8, respectivamente. O destaque é a aprovação ao “combate ao desemprego”, elemento que explica, em grande parte, a popularidade do Governo, a despeito dos percalços da economia. No próximo sábado sai a coluna da senadora Kátia Abreu, presidente da CNA, na Folha de S. Paulo, no caderno B - Mercado. Vamos conferir!
  • 2. Brasília, 25 de março de 2013. Nº 179 6 Naturalmente, a elevada popularidade reforça o cenário de favoritismo de Dilma Rousseff para a disputa presidencial de 2014. Caso seja reeleita, Dilma ganhará tempo para tentar destravar a economia e colocá-la na rota de crescimento mais acelerado e mais equilibrado. A aposta do Governo é que isso ocorrerá por conta das medidas, algu- mas delas certamente corretas, que tem adotado para destravar o investimento e melhorar a produtividade da economia. Apesar do excessivo ceticismo de muitos analistas, não é possível decretar, desde já, que a aposta do Governo esteja fadada ao insucesso. 7 Contudo, se os críticos estiverem corretos e se as distorções e desequilíbrios que estão se acumulando prevalecerem sobre as medidas favoráveis ao investimento e à produtividade, a bomba pode estourar no colo da própria presidente Dilma. É possível que Aécio Neves, Eduardo Campos e, talvez, até Marina Silva estejam vislumbrando tal cenário. Todos eles sabem que Dilma é favorita para 2014. Porém, provavelmente, não recuarão na intenção de enfrentá-la, porque enxergam a possibilidade de a economia degringolar a par- tir de 2014, o que os deixaria em boa situação para tentar desalojar o PT do Governo federal em 2018. Nesse cenário, especialmente para Aécio e Campos, a eleição de 2014 servirá para torná-los conhecidos nacionalmente. Será uma preparação para 2018. Além disso, sempre há a chance de os ventos mudarem e o favoritismo de Dilma se esvanecer daqui até 2014. 8 Para evitar surpresas no próximo ano, Dilma está fortalecendo os laços com os par- tidos aliados, principal objetivo da reforma ministerial ainda em andamento. No campo econômico, por sua vez, ataca a inflação – ou pelo menos os índices de inflação – via desonerações fiscais e administração de preços chave da economia (transportes e combus- tíveis), pois a alta dos preços parece ser o único fator econômico com potencial de colocar em risco a reeleição de Dilma. 9 Tal convicção justifica, também do ponto de vista político, a aposta de que o Banco Central aumentará a taxa Selic ainda neste ano, de modo a reduzir a probabilidade de a inflação se acelerar em 2014. Mas o aperto monetário não pode ser muito forte. Caso contrário, comprometerá a “trajetória gradual de aceleração” citada por Mantega. 10 Essas são as conexões de momento entre a economia e a política no Brasil, as quais, aqui e alhures, caminham juntas. Isto é especialmente verdade nos perío- dos préeleitorais como vivenciamos atualmente no País, no qual todos os pré-candidatos já estão em campo, armando-se da melhor maneira possível para enfrentar a disputa de 2014. 11 Administrar a economia de olho na política é uma das armas do governo. Pode- se dizer que, ao misturar as duas coisas, o Governo corre o risco de derrapar no campo econômico. Mas é ingenuidade pensar que governantes conduzem a economia sem mirar também para a política. Os mais responsáveis cuidam para evitar que os interesses políticos subvertam certos limites da lógica econômica. Os mais incautos os atropelam. Dilma está no primeiro grupo, mas parece flertar com o segundo.