Artigo reflexões sobre o novo código florestal agosto_2012
Perfil Rural jovem - Revista DBO março 2013
1. p anorama
Um novo olhar sobre o agronegócio
n Mônica Costa Jovens produtores te da vice-diretoria da Rural Jovem. “Quere-
monica@portaldbo.com.br apostam nas mídias mos formar uma comunidade virtual de jo-
U
vens rurais, independente das entidades que
m grupo de jovens aposta no poder
sociais para integram, para troca de ideias e experiên-
da internet para a criação de um unificar o setor cias”, diz Mineiro, rechaçando a possibilida-
fórum nacional de debates do agro- de de transformar a RJ no porta voz exclusi-
negócio. É a Rural Jovem, entidade criada, Fórum de debates – A criação do gru- vo das demandas de sua geração. “Tentamos
em 2010, como um departamento da So- po teve como pano de fundo a discussão do motivar os jovens, estejam eles onde estive-
ciedade Rural Brasileira (SRB), sediada Código Florestal. Todos os seus membros rem, para se organizarem em grupo nos sin-
em São Paulo. O grupo já reúne quase 200 estudam em grandes centros urbanos e per- dicatos, federações estaduais, associações
integrantes, entre membros da diretoria e ceberam que havia muita desinformação de produtores e cooperativas. O importante
associados espalhados pelo País. São ad- sobre o tema, tanto entre seus colegas de é que haja coesão e coerência frente às de-
vogados, economistas, administradores, estudo, quanto entre os próprios produtores mandas locais”, diz Adrien.
engenheiros agrônomos e zootecnistas, rurais. “Daí surgiu a necessidade de nos or-
muitos deles filhos de fazendeiros, que ganizar para defender o setor junto a pesso- O que querem – A percepção do grupo
buscam uma interface de comunicação as de nossa própria faixa etária”, continua em relação ao que pensam os jovens urba-
mais moderna, capaz de mobilizar o se- o diretor da Rural Jovem, que é formada nos sobre o agronegócio é clara: “A eles
tor. “Nossa geração tem o poder das redes exclusivamente por associados de 18 a 30 não interessam recordes de produção, mas
sociais a seu favor, o que facilita a rápida anos. A diretoria do departamento é com- sim que durante o processo produtivo meio
troca de informações e opiniões, além da posta por oito membros. Mais 30 pessoas ambiente e direitos trabalhistas sejam res-
difusão de tecnologias”, explica Bento Mi- participam ativamente das reuniões perió- peitados”, diz Adrien. Assim, a propos-
neiro, 22 anos, recém-formado em Ciên- dicas e debates. Também são promovidos ta dos membros da RJ é demonstrar que a
cias Sociais pela Pontifícia Universidade fóruns de discussão na página criada em agropecuária adota processos sustentáveis,
Católica de São Paulo (PUC/SP) e diretor uma rede social, que já conta com mais de para, então, mudar o olhar da população
da Rural Jovem. 150 seguidores. sobre o setor produtivo. “Não queremos
Mineiro não vê a classe ruralista como “Convidamos pessoas com competência exaltar o produtor, mas também não acei-
“conservadora”. Para ele, a dificuldade em para conversar com a gente e, dessa forma, tamos mais a imagem do Jeca Tatu, pois os
avançar em algumas questões que envol- passarmos a entender melhor o setor”, diz homens que trabalham a terra, hoje, fazem
vem interesses diferentes deve-se às di- João Francisco Adrien, 22 anos, estudante parte de um mundo globalizado, têm inter-
mensões continentais do País. “É fato que de economia na PUC/SP e também integran- net em casa, aplicam tecnologias moder-
o setor carece de unidade na representação.
Um de nossos desafios é justamente deixar
as diferenças regionais de lado e tratar, ra-
cionalmente, de temas de interesse de toda
a cadeia”, afirma Mineiro. “Nossa partici-
pação política é muito menor do que nossa
importância econômica. O que esperamos
é que a próxima geração de jovens esteja
mais afinada na luta por políticas sintoni-
zadas com a realidade do setor”, comple-
menta André de Paiva Freitas, 23 anos, for-
mado em administração de empresas pela
Fundação Getúlio Vargas (FGV/SP) e vi-
ce-diretor do departamento de representa-
ção jovem da SRB.
Encontro com o deputado Paulo Piau
durante a Expozebu, em Uberaba, MG,
estimulou a campanha “Assina Dilma”.
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2. nas na produção e agem como quaisquer O grupo também promoveu um debate
outros empresários”, completa Adrien.
Como participar na PUC/SP, assistido por mais de 150 pes-
Nesses dois anos de existência da Ru- soas, que reuniu o deputado federal Ivan
Além de ter menos que 30 anos, o
ral Jovem, seus membros participaram de Valente, defensor dos ideais ambientalis-
interessado em integrar a Rural Jovem
feiras e congressos, tanto no Brasil quanto tas; Francisco Graziano, representante do
deve estar ligado ao setor, não neces-
no Mercosul, para apresentar sua proposta setor produtivo; um membro da Socieda-
sariamente à terra. “Muitos de nossos
e buscar parcerias. “A Federação da Agri- de Rural Brasileira e um do Greenpeace.
integrantes não possuem nem um pé de
cultura do Rio Grande do Sul, por exem- “Quase fomos apedrejados, mas todos pu-
terra, mas atuam em atividades relacio-
plo, tem um grupo com mais de 600 jo- deram ouvir os dois lados e isso foi muito
nadas ao agronegócio, dentro e fora da
vens, mas eles não interagiam com o resto bacana”, lembra Mineiro. “Conseguimos
porteira da fazenda”, afirma Freitas. Para
do País. Nós fomos lá para propor isso”, diz entrar em um espaço onde nunca se discu-
se cadastrar, basta enviar um e-mail para
Mineiro. Em São Paulo, o grupo programa tiu o Código Florestal do ponto de vista do
joaoadrien@srb.org.br. Após o envio dos
ações conjuntas com o Comitê de Jovens produtor rural” completou Freitas.
dados, o interessado é incluso no mailing
Empreendedores do Agronegócio (CJE No fim de 2012, o tema escolhido pelo
do grupo e passa a participar de sua pá-
Agro) da Federação das Indústrias de São grupo foi comunicação. Executivos de pu-
gina no Facebook.
Paulo (Fiesp). Alguns de seus representan- blicações relacionadas ao agronegócio com
tes também já visitaram os Estados do Para- grande penetração nas mídias digitais fo-
ná, Mato Grosso, Minas Gerais e até Paler- embasada. No caso do Código Florestal, ram convidados para falar com os jovens.
mo, na Argentina, com o mesmo objetivo. por exemplo, o grupo convidou, em abril “Aprendemos a usar ferramentas para dis-
“Nossa ideia é inserir o Brasil na Farm, de 2012, o então relator do projeto, Pau- seminar as informações de maneira mais
Federação das Associações Rurais do Mer- lo Piau, para explicar-lhes detalhadamen- eficiente”, aponta Adrien. Outros grandes
cosul, uma entidade muito antiga e bastan- te as mudanças propostas. Dessa inicia- temas estão na pauta da RJ, como política
te respeitada no bloco”, aponta Adrien. tiva, surgiu a
No próximo mês de maio, os membros
da RJ pretendem trazer representantes da
campanha “As-
sina Dilma”,
Movimentação dos jovens
Farm Jovem para participar de debates na em contrapon- começou a partir das discussões
Agrishow, em Ribeirão Preto, SP, e na Ex- to ao movimen-
pozebu, em Uberaba, MG. “O objetivo é to “Veta Dil- do Código Florestal
que eles mostrem a realidade em seus pa- ma”, criado por
íses para uma plateia formada principal- ONGs ambientalistas. “A campanha não agrícola, infraestrutura e reforma agrária.
mente por universitários”, informa. foi radical como a dos nossos opositores, “Ainda não temos maturidade para apresen-
mas mostrou, de maneira clara, os riscos tar soluções nessas áreas, mas queremos co-
Modo de atuação – A proprosta da Ru- que o veto representava para o produtor”, locá-las em debate, para começar a assimilar
ral Jovem é tratar grandes temas de forma explica André Freitas. e processar informações”, conclui. n
Quem é quem na Rural Jovem
“O nosso objetivo é atingir o maior número possível de pessoas da nossa geração, para
que eles entendam e reivindiquem melhorias para o setor.”
Bento Mineiro, cientista social, que trabalha na administração da Fazenda Sant’Anna, em
Rancharia, interior de São Paulo junto com o pai, o pecuarista Jovelino Mineiro.
“Hoje o produtor rural é um homem moderno, que tem internet em casa.”
João Adrien, estudante de Ciências Econômicas. É assessor da presidência da SRB e
ajuda a mãe, Mariana Adrien, na gestão da Fazenda Palmeira da Serra, que trabalha
com lavoura e pecuária em, Pratânia, interior de São Paulo.
“Tem muito especulador imobiliário dono de fazenda. A gente se vê como produtor rural,
não como fazendeiro.”
André de Paiva Freitas, administrador de empresa e gestor da área de citricultura na Fazenda
Colina, em Marinópolis, onde o pai, Gil Menezes Freitas, cuida da área de pecuária.
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