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Cenário para 2014
Por: Gustavo Alberto Trompowsky Heck
M. Sc Segurança e Defesa Hemisférica USAL/CID. Conferencista Emérito e Professor
da ESG.
O cenário para 2014 não parece nada favorável. O crescimento econômico do bloco
emergente estará comprometido. A locomotiva chinesa perderá velocidade, com reflexos
sensíveis na economia mundial, apesar da leve recuperação econômica dos países mais
avançados. Espera-se uma aceleração das crises e conflitos de toda sorte, especialmente em
razão da ampliação das desigualdades socioeconômicas, e o não atendimento das
necessidades básicas à população, por parte de um Estado enfraquecido.
Vale dizer, seguimos em um mundo Instável, Inseguro e Incerto.
Para os Estados Unidos, no campo interno, pode-se esperar uma melhora nos índices
de produtividade e de emprego. Com a redução gradual do programa de incentivos à
economia, os investidores internacionais voltarão a aplicar em títulos do governo americano,
comprometendo com isso as economias dos países emergentes.
No campo externo, a diplomacia americana seguirá buscando a consolidação efetiva
de acordos comerciais com a U.E e a Parceria Trans-Pacífico – TPP, onde estão, dentre
outros, o próprio EUA, Austrália, Brunei, Chile, Canadá, Japão, Malásia, México, Nova
Zelândia, Peru, Cingapura, Peru, Colômbia e Vietnã. As relações entre EUA e a Rússia, que já
estavam tensas desde novembro de 2010, quando os EUA anunciaram a aprovação, por parte
da OTAN, da construção de sistemas de defesa antimísseis na Europa, segue desgastada por
desavenças quanto ao conflito na Síria; o asilo temporário concedido a Edward Snowden pela
Rússia e; mais recentemente, pela turbulência política na Ucrânia. Espera-se um relativo
progresso nos entendimentos sobre a questão nuclear com o Irã, apesar da forte desconfiança
por parte de Israel.
Apesar dos cortes orçamentários nos programas de defesa do Pentágono, estarão
estimuladas pesquisas voltadas para equipamentos militares de última geração, diante das
necessidades oriundas do reposicionamento estratégico dos EUA no Pacífico e os
preocupantes sinais de rearmamento dos arsenais de guerra da Rússia e China.
Os EUA assistirão a uma crescente influência da Rússia na área do Oriente Médio. A
América Latina, em que pese o discurso de Obama, não fará parte da agenda diplomática
norte-americana, apesar da aparente preocupação de Washington com o movimento
bolivariano no espaço sul-americano.
A União Europeia apresentará ligeira melhora no campo econômico, embora persistam
indicadores negativos em relação ao emprego e renda, já que algumas economias do bloco
não conseguirão atingir a tão desejado equilíbrio financeiro. Difícil imaginar que todos
aceitem, de forma pacífica, a proposta de austeridade imposta por Angela Merkel. Os
conflitos urbanos seguirão acontecendo, de modo especial nos países mais fragilizados.
A região será forçada a adotar políticas restritivas no campo da migração, a partir do
recrudescimento de movimentos políticos de cunho fortemente nacionalista. A Alemanha
permanece como o fiel da balança no processo de recuperação econômica do bloco. Na
França, Holande será forçado a rever o programa econômico socialista proposto quando de
sua eleição, frente aos pífios resultados apresentados até agora. Espera-se uma lenta
recuperação das economias espanhola e italiana, com destaque para o Reino Unido.
Putin, e seus aliados, persistirão na tentativa de reagrupar, pelo poder econômico, ou
até mesmo pela força, algumas das antigas nações da velha URSS. Nessa linha de raciocínio,
a Ucrânia é de fundamental importância, por conta de suas reservas naturais e seu antigo,
embora temido, arsenal nuclear. É preciso ter presente que a U.E, ainda depende das reservas
de gás da Rússia, o que assegura ao Kremlin um forte poder de barganha. O programa de
reaparelhamento das Forças Armadas estará favorecido. Não está descartada uma maior
aproximação com a China.
Terão sequência os conflitos pelo poder político, e pelo controle dos incontáveis
recursos naturais, em grande parte do continente africano. A pirataria, tão frequente na costa
da Somália, já se fará sentir no lado do Atlântico (Golfo da Guiné). Corrupção e violência,
inevitavelmente, conduzirão a um aumento da pobreza e a da fome. Seguirão crescendo os
investimentos chineses em África. Estará incrementado o fluxo de refugiados em direção ao
continente europeu, mesmo com as esperadas políticas restritivas à migração, a serem postas
em prática em alguns países da U.E.
Na esteira dos movimentos da Primavera Árabe, permanecem as incertezas e
indefinições políticas no Oriente Médio. No Egito, apesar do forte apoio dos EUA, o governo
militar estará diante de uma intensificação das manifestações de ruas promovidas pelos
integrantes da Irmandade Muçulmana. Na Síria, a par dos entendimentos com o ocidente, a
guerra civil não terá fim, intensificada pela participação nos conflitos dos mais diversos
segmentos religiosos (alauítas, sunitas, xiitas e membros da al-Qaeda).
Por sua parte, a saída dos norte-americanos do Iraque estimulou a volta dos distúrbios
entre o governo (xiita) e os grupos que se sentem discriminados (sunitas), algo que persistirá
em escala crescente. O Líbano, politicamente dividido, sofrerá com novos atentados. Além do
Irã e da Síria, o Hezbollah e o Hamas manterão Israel em estado de segurança máxima. O
governo israelense, ao estimular permanência dos assentamentos judeus em solo palestina, em
nada contribui para uma solução negociada. Por cima de tudo, a Arábia Saudita e o Irã
continuarão disputando a liderança nessa região.
A situação econômica e social na América Latina segue bastante complicada, diante da
já espera redução dos investimentos externos, aliados ao fracasso das políticas econômicas
improvisadas, reativas, sem qualquer visão de longo prazo. Não será surpresa a ocorrência de
rupturas institucionais na Venezuela e Argentina. A precariedade no atendimento das
necessidades mais imediatas, o crescimento da desigualdade e magnitude da corrupção na
região se refletirá nos indicadores de violência que estarão posicionados em patamar bem
elevado. A tão decantada integração do bloco sul-americano estará comprometida, diante da
ruptura provocada pelo chamado Bloco do Pacífico – Peru, Colômbia, Chile e México, que
parecem discordar, de forma clara e objetiva, do movimento político-ideológico presente no
espaço sul-americano.
O MERCOSUL, hoje, mais preocupado com temas de cunho ideológico, para
sobreviver, será conduzido à condição de Zona de Livre Comércio, frente às injunções da
conjuntura internacional e a “crise da democracia” no grupo bolivariano.
O Brasil, inevitavelmente, será levado a rever sua política econômica. O modelo
voltado para o consumo encontra-se em estado terminal. Cresce a expectativa de crescimento
da inflação em 2014, diante da valorização da moeda americana, dos inevitáveis reajustes de
tarifas e preços administrados, e do crescimento dos gastos públicos em ano de Copa e de
eleições. As contas externas não estarão favorecidas, frente à redução da demanda pelas
commodities brasileiras, o aumento das importações de petróleo e derivados e, a debilidade da
economia argentina - forte compradora dos nossos produtos de maior valor agregado. A
valorização do dólar, não trará resultados significativos para a nossa balança comercial. De
positivo, pode-se esperar a manutenção dos níveis de emprego, com predominância do
chamado emprego informal.
É forte a probabilidade de ocorrência de novos distúrbios, e manifestações de rua
durante a realização da Copa. A intensificação desses movimentos pode conduzir a uma
intervenção direta das Forças Armadas na questão da segurança pública, e cujos resultados
são imprevisíveis.

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Cenario para 2014 gustavo heck jan 2014

  • 1. Cenário para 2014 Por: Gustavo Alberto Trompowsky Heck M. Sc Segurança e Defesa Hemisférica USAL/CID. Conferencista Emérito e Professor da ESG. O cenário para 2014 não parece nada favorável. O crescimento econômico do bloco emergente estará comprometido. A locomotiva chinesa perderá velocidade, com reflexos sensíveis na economia mundial, apesar da leve recuperação econômica dos países mais avançados. Espera-se uma aceleração das crises e conflitos de toda sorte, especialmente em razão da ampliação das desigualdades socioeconômicas, e o não atendimento das necessidades básicas à população, por parte de um Estado enfraquecido. Vale dizer, seguimos em um mundo Instável, Inseguro e Incerto. Para os Estados Unidos, no campo interno, pode-se esperar uma melhora nos índices de produtividade e de emprego. Com a redução gradual do programa de incentivos à economia, os investidores internacionais voltarão a aplicar em títulos do governo americano, comprometendo com isso as economias dos países emergentes. No campo externo, a diplomacia americana seguirá buscando a consolidação efetiva de acordos comerciais com a U.E e a Parceria Trans-Pacífico – TPP, onde estão, dentre outros, o próprio EUA, Austrália, Brunei, Chile, Canadá, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru, Cingapura, Peru, Colômbia e Vietnã. As relações entre EUA e a Rússia, que já estavam tensas desde novembro de 2010, quando os EUA anunciaram a aprovação, por parte da OTAN, da construção de sistemas de defesa antimísseis na Europa, segue desgastada por desavenças quanto ao conflito na Síria; o asilo temporário concedido a Edward Snowden pela Rússia e; mais recentemente, pela turbulência política na Ucrânia. Espera-se um relativo progresso nos entendimentos sobre a questão nuclear com o Irã, apesar da forte desconfiança por parte de Israel. Apesar dos cortes orçamentários nos programas de defesa do Pentágono, estarão estimuladas pesquisas voltadas para equipamentos militares de última geração, diante das necessidades oriundas do reposicionamento estratégico dos EUA no Pacífico e os preocupantes sinais de rearmamento dos arsenais de guerra da Rússia e China. Os EUA assistirão a uma crescente influência da Rússia na área do Oriente Médio. A América Latina, em que pese o discurso de Obama, não fará parte da agenda diplomática norte-americana, apesar da aparente preocupação de Washington com o movimento bolivariano no espaço sul-americano. A União Europeia apresentará ligeira melhora no campo econômico, embora persistam indicadores negativos em relação ao emprego e renda, já que algumas economias do bloco não conseguirão atingir a tão desejado equilíbrio financeiro. Difícil imaginar que todos
  • 2. aceitem, de forma pacífica, a proposta de austeridade imposta por Angela Merkel. Os conflitos urbanos seguirão acontecendo, de modo especial nos países mais fragilizados. A região será forçada a adotar políticas restritivas no campo da migração, a partir do recrudescimento de movimentos políticos de cunho fortemente nacionalista. A Alemanha permanece como o fiel da balança no processo de recuperação econômica do bloco. Na França, Holande será forçado a rever o programa econômico socialista proposto quando de sua eleição, frente aos pífios resultados apresentados até agora. Espera-se uma lenta recuperação das economias espanhola e italiana, com destaque para o Reino Unido. Putin, e seus aliados, persistirão na tentativa de reagrupar, pelo poder econômico, ou até mesmo pela força, algumas das antigas nações da velha URSS. Nessa linha de raciocínio, a Ucrânia é de fundamental importância, por conta de suas reservas naturais e seu antigo, embora temido, arsenal nuclear. É preciso ter presente que a U.E, ainda depende das reservas de gás da Rússia, o que assegura ao Kremlin um forte poder de barganha. O programa de reaparelhamento das Forças Armadas estará favorecido. Não está descartada uma maior aproximação com a China. Terão sequência os conflitos pelo poder político, e pelo controle dos incontáveis recursos naturais, em grande parte do continente africano. A pirataria, tão frequente na costa da Somália, já se fará sentir no lado do Atlântico (Golfo da Guiné). Corrupção e violência, inevitavelmente, conduzirão a um aumento da pobreza e a da fome. Seguirão crescendo os investimentos chineses em África. Estará incrementado o fluxo de refugiados em direção ao continente europeu, mesmo com as esperadas políticas restritivas à migração, a serem postas em prática em alguns países da U.E. Na esteira dos movimentos da Primavera Árabe, permanecem as incertezas e indefinições políticas no Oriente Médio. No Egito, apesar do forte apoio dos EUA, o governo militar estará diante de uma intensificação das manifestações de ruas promovidas pelos integrantes da Irmandade Muçulmana. Na Síria, a par dos entendimentos com o ocidente, a guerra civil não terá fim, intensificada pela participação nos conflitos dos mais diversos segmentos religiosos (alauítas, sunitas, xiitas e membros da al-Qaeda). Por sua parte, a saída dos norte-americanos do Iraque estimulou a volta dos distúrbios entre o governo (xiita) e os grupos que se sentem discriminados (sunitas), algo que persistirá em escala crescente. O Líbano, politicamente dividido, sofrerá com novos atentados. Além do Irã e da Síria, o Hezbollah e o Hamas manterão Israel em estado de segurança máxima. O governo israelense, ao estimular permanência dos assentamentos judeus em solo palestina, em nada contribui para uma solução negociada. Por cima de tudo, a Arábia Saudita e o Irã continuarão disputando a liderança nessa região. A situação econômica e social na América Latina segue bastante complicada, diante da já espera redução dos investimentos externos, aliados ao fracasso das políticas econômicas improvisadas, reativas, sem qualquer visão de longo prazo. Não será surpresa a ocorrência de rupturas institucionais na Venezuela e Argentina. A precariedade no atendimento das necessidades mais imediatas, o crescimento da desigualdade e magnitude da corrupção na região se refletirá nos indicadores de violência que estarão posicionados em patamar bem
  • 3. elevado. A tão decantada integração do bloco sul-americano estará comprometida, diante da ruptura provocada pelo chamado Bloco do Pacífico – Peru, Colômbia, Chile e México, que parecem discordar, de forma clara e objetiva, do movimento político-ideológico presente no espaço sul-americano. O MERCOSUL, hoje, mais preocupado com temas de cunho ideológico, para sobreviver, será conduzido à condição de Zona de Livre Comércio, frente às injunções da conjuntura internacional e a “crise da democracia” no grupo bolivariano. O Brasil, inevitavelmente, será levado a rever sua política econômica. O modelo voltado para o consumo encontra-se em estado terminal. Cresce a expectativa de crescimento da inflação em 2014, diante da valorização da moeda americana, dos inevitáveis reajustes de tarifas e preços administrados, e do crescimento dos gastos públicos em ano de Copa e de eleições. As contas externas não estarão favorecidas, frente à redução da demanda pelas commodities brasileiras, o aumento das importações de petróleo e derivados e, a debilidade da economia argentina - forte compradora dos nossos produtos de maior valor agregado. A valorização do dólar, não trará resultados significativos para a nossa balança comercial. De positivo, pode-se esperar a manutenção dos níveis de emprego, com predominância do chamado emprego informal. É forte a probabilidade de ocorrência de novos distúrbios, e manifestações de rua durante a realização da Copa. A intensificação desses movimentos pode conduzir a uma intervenção direta das Forças Armadas na questão da segurança pública, e cujos resultados são imprevisíveis.