Frei Bartolomeu de las Casas foi um frade dominicano espanhol que inicialmente apoiou a exploração dos indígenas nas Américas, mas depois se converteu à causa de defender os direitos e dignidade dos povos indígenas. Ele viajou extensivamente pelas Américas e à Espanha para denunciar os abusos contra os indígenas e advogar por uma colonização pacífica. Suas ideias influenciaram as Leis Novas de 1542, que restringiram a escravidão indígena, embora ele ainda enf
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Defensor dos índios Bartolomeu de Las Casas
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3. Conhecido em português como Frei Bartolomeu de las Casas, era
filho de um comerciante modesto de Tarifa, participou da segunda
viagem de Cristóvão Colombo. Havia feito estudos de latim e de
humanidades em Salamanca. Partiu para a ilha de Hispaniola ou
La Española na expedição de Nicolás de Ovando, em 1502 ou
1503, chegando em 15 de abril. Como a maioria, Bartolomeu
estava motivado pelo espírito aventureiro e explorador de
riquezas, logo se adaptando ao estilo de vida dos colonizadores.
No início, aceitou o ponto de vista convencional quanto à
exploração da população indígena. Também participou dos
ataques contra as tribos, e os escravizava em suas plantações.
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5. Viajou depois a Roma, onde terminou os estudos e se ordenou
sacerdote em 1507. Isabel de Castela, a rainha a quem o papa
dera licença para se intitular "A Católica", considerava a
evangelização dos índios importante justificativa para a expansão
colonial e como tal, insistia para que sacerdotes e frades
estivessem entre os primeiros a se fixarem na América. Em 1510,
Bartolomeu de Las Casas retornou à ilha Espanhola, agora como
missionário. Em 21 de Dezembro de 1511 escutou o célebre
Sermão do Advento por Frei António de Montesinos, no qual
este defendia a dignidade dos indígenas. O profundo impacto
daquela pregação levaram-no a converter-se a tal causa.
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7. Conseguiu um repartimiento ou encomienda de índios,
dedicando-se assim ao trabalho pastoral. Os dominicanos
contrários à encomienda, dados os abusos cometidos contra os
índios, não mudaram sua opinião. Frei Bartolomé defendia a
instituição. Transferiu-se para Cuba com Pánfilo de Narváez, e ali
foi capelão militar e recebeu outra vez um repartimiento onde se
ocupava em mandar seus índios às minas, tirar ouro, e fazer
sementeiras, aproveitando deles como podia. Paulatinamente,
porém, foi tomando consciência do problema e tomou partido
contrário, dizendo-se chamado para pregar contra o sistema de
encomienda como injusto..
8. Considerava então que os únicos donos do Novo Mundo
eram os índios e que os espanhóis só deviam lá ir para o
trabalho de conversão. Renunciou a todas as suas
encomiendas e iniciou uma campanha de defesa dos índios,
mostrando tudo de injusto do sistema. A campanha foi
dirigida ao próprio rei de Aragão Fernando II e depois ao
Cardeal Cisneros, que viria a nomeá-lo "protetor dos índios"
em 1516
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10. Com a morte do cardeal, recomeçou seu trabalho e tentou
convencer o rei de Espanha Carlos I (imperador Carlos V), neto
dos Reis Católicos. Como denunciava publicamente os abusos
dos funcionários, obteve a inimizade de muitos, especialmente
membros do Conselho das Índias, presidido pelo bispo Juan
Rodríguez de Fonseca. Advogava por uma colonização pacífica
das terras americanas, por meio de lavradores e missionários.
11. Com tal objetivo partiu de novo para a América, onde em 1520
Carlos I lhe deu o território hoje venezuelano de Cumaná para pôr
em prática suas teorias. Teve pouco êxito e durante uma de suas
ausências, os índios aproveitaram para matar grande número de
colonos. O desastre fez com que entrasse para a ordem
dominicana. Manteve porém suas inflamadas teorias contra a
escravidão dos índios, embora, curiosamente, estivesse a favor
da escravidão dos africanos e alegava que todas as guerras
contra os índios eram injustas. Por isso se enfrentou a diversos
teólogos, especialmente frei Francisco de Vitória. Pediu a seus
superiores para ir advogar suas teorias diante do Conselho das
Indias, mas o fracasso em Cumaná o desacreditava.
12. Em 1535 partiu para o Peru, mas o navio em que viajava
naufragou no litoral da Nicarágua. Lá, ele enfrentou o governador
Rodrigo de Contreras denunciando o envio de escravos índios ao
Peru. Em 1536 se transferiu à Guatemala, para continuar a
pregação e pôr em marcha um projeto de conquista pacífica que
batizou de "Vera Paz". Entre 1537-1538 conseguiu cristianizar a
zona de modo pacífico, substituindo a encomienda por um tributo
pago pelos índios. Regressou em 1540 à Espanha, convencido
de que era na corte que deveria vencer a batalha em favor dos
índios Em 1542 o Conselho das Índias o ouviu, e suas opiniões
causaram profunda impressão em Carlos V.
13. Atribui-se a sua influência o fato de que em 20 de novembro de
1542 tenham sido publicadas as " Leis Novas" em que se
restringiam as encomendas e a escravidão dos índios, embora
não tenham sido do agrado pleno de Las Casas. Escreveu então
sua obra mais importante: Brevísima relación de la destrucción de
las Indias». Como acusa os descobridores da América de crimes,
abusos, violências, a obra foi chamada de escandalosa e
exagerada, e não conseguiu evitar a continuação das conquistas,
como desejava. Seria publicada ilegalmente em 1552, e
conseguiu grande sucesso no século XVII, convertendo-se numa
das fontes de nascimento da «lenda negra» do Império espanhol.
14. Em 1543 recusou o bispado de Cuzco mas aceitou o de Chiapas,
no México, encarregado de pôr em prática suas teorias. Foi
consagrado em Sevilha em 1544. Não foi bem recebido em
Chiapas, porque os colonos o consideravam responsável pela
publicação das «Leis Novas».
15. Escreveu ainda um «Confesionario» em que mandava que antes
de iniciar a confissão, o penitente devia libertar seus escravos.
Tais medidas provocaram distúrbios, e em 1546 teve que partir
para a cidade do México, sem mudar sua política. Sua doutrina
seria repelida por uma junta de prelados. Embarcou em Veracruz
para a Espanha e se recolheu ao convento de S. Gregório, em
Valladolid. Nessa cidade tiveram lugar importantes discussões de
1550 a 1551 entre ele e Juan Ginés de Sepúlveda (o amputado)
sobre a legitimidade da conquista, saindo vitorioso o segundo.
16. Foi nomeado Bispo de Chiapas aos 70 anos de idade, em 1544.
Mas, ficou apenas três anos em Chiapas, sempre perseguido
pelos espanhóis. Em 1547, partiu da América para não mais
voltar. Regressou à Espanha, continuando ali a defesa dos índios,
onde corrigiu e publicou seus escritos, todos se contrapondo à
política colonial. Porém, suas idéias foram contestadas, na
América e também na Espanha. Tanto que, em 1552, suas obras
foram censuradas e proibidas para a leitura. Havia renunciado a
seu bispado, antes de morrer aos 92 anos de idade no Convento
Dominicano de Atocha, no dia 17 de julho de 1566, em Madrid,
Espanha.
17. Em defesa dos índios do novo continente, viajara numerosas vezes à
Espanha, apelando aos oficiais do governo e aos que quisessem ouvir.
Desde que ingressou na vida religiosa dominicana, se dedicara à causa
indígena, defendendo-lhes a vida, a liberdade e a dignidade. E para que
tivessem direitos políticos, de povos livres e capazes de realizar uma
nova sociedade, mais próxima do Evangelho. Sua prioridade foi sempre
a evangelização. Com tal propósito viajara pela América Central em
trabalho pioneiro, registrando o que se passava em seus diários. Foi
perseguido pelos colonizadores espanhóis de São Domingos, Peru,
Nicarágua, Guatemala e do México.
Muito querido do povo mexicano, seu nome hoje é lembrado como um
dos maiores humanistas e missionários da História do Cristianismo.
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19. Obras:
* Historia de las Indias
* De unico vocationis modo, conocida en español como Del único
modo de atraer a todos los pueblos a la verdadera religión, 1537
* Brevísima relación de la destrucción de las Indias
* Los dieciséis remedios para la reformación de las Indias
* Apologética historia sumaria
* De thesauris
* Treinta proposiciones muy jurídicas