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Padre António Vieira: a Protecção ao Índio Brasileiro  e os problemas com a Inquisição
Desde o fim do século XVI houve expansão Hispano-Jesuíta a partir de  Asunción  (Assunção) no actual Paraguai, em três frentes pioneiras:  1 - rumo ao sul do Mato Grosso. Fundada a vila de Santiago de Jerez, que seria o centro da Província de Nueva Vizcaya, havia missões que reuniam os representantes das comunidades primitivas do Itatim. Projecto com apoio do Estado e da Igreja, para assegurar o controle do vale do rio Paraguai e articular as missões do Itatim com as de Mojos e Chiquitos, de modo a assegurar protecção ao planalto mineiro na actual Bolívia.  2 - em trechos do actual território do Estado do Rio Grande do Sul, no Brasil, aldeias do Tape, Uruguai e Sierra.  3 - do Paraná, onde se fundou na  Provincia del Guairá  e a  Villa Real del Espiritu Santo .
As missões Jesuítas na América Latina foram controversas na Europa, especialmente em Espanha e em Portugal, onde eram vistas como interferência com a acção dos reinos governantes. Os Jesuítas opuseram-se várias vezes à escravidão indígena (p or falta de escravos pretos, eram os índios os escravizados para os trabalhos nas fazendas e na cidade).
Depois de falsas partidas e de despedidas patéticas, parte de Lisboa a 25 de Novembro de 1651 e chega ao Maranhão em 16 de Janeiro de 1653 (com passagem prolongada por Cabo Verde), o Padre António Vieira. A sua  missão a cumprir seria a da defesa dos índios o que lhe haveria de valer uma  luta sem tréguas contra os colonos.
Nas vésperas de uma das muitas missões que o levarão pelas florestas da Amazónia, na cidade de São Luís do Maranhão, pregou Vieira o sermão ao Espírito Santo. Pretendia Vieira que os colonos autorizassem os escravos a ir aprender a doutrina e as senhoras que a ensinassem às escravas. Deste texto saiu a célebre passagem do estatuário: “ Arranca o estatuário uma pedra dessas montanhas, tosca, dura, informe, e depois que desbastou o mais grosso, toma o maço e o cinzel na mão, e começa a formar um homem, primeiro membro a membro, e depois feição por feição, até a mais miúda: ondeia-lhe os cabelos, alisa-lhe a testa, rasga-lhe os olhos, afia-lhe o nariz, abre-lhe a boca, avulta-lhe as faces, torneia-lhe o pescoço, estende-lhe os braços, espalma-lhe as mãos, divide-lhe os dedos, lança-lhe os vestidos: aqui desprega, ali arruga, acolá recama: e fica um homem perfeito, e talvez um santo, que se pode pôr no altar .”
A 5 de Outubro de 1653, faz uma viagem dificultosa em canoa ao Pará e a 13 de Dezembro vai em expedição ao Rio dos Tocantins.  O espírito missionário aumentava então em Vieira na mesma proporção que aumentavam os conflitos com os colonos, que o levaram a segundo regresso a Portugal.  Antes da partida para Lisboa, não resistiu à tentação de defrontar os seus inimigos,  pregando, a 13 de Junho de 1654, o célebre sermão de Santo António, em S. Luís do Maranhão.
A viagem de regresso é atribulada e acaba por ir parar aos Açores, chegando a Lisboa em princípios de Novembro de 1654. Durante a estada em Lisboa, com a sua pregação, reforça ódios antigos com a Inquisição, tendo a expulsão dos holandeses do Brasil aumentado o descrédito em termos políticos.  Regressa ao Brasil em 16 de Abril de 1655 com poderes reforçados por uma provisão régia de 9 de Abril. O governador, André Vidal de Negreiros, apoiou-o na libertação dos índios e desenvolve então importantes acções entre os indígenas, percorrendo as selvas. Os ódios, no entanto, não cessam e tudo se agravará com a morte em 6 de Novembro de 1656 de D. João IV.
Em Abril de 1659, dirige ao Padre André de Fernandes, Bispo eleito do Japão, a famosa carta onde anuncia a ressurreição de D. João IV.  O ambiente torna-se insustentável e, em Agosto de 1661, é preso e enviado para Portugal pelos colonos, chegando a Lisboa em começos de Novembro.  Já no Porto, em pleno reinado de D. Afonso VI, tudo o que tinha defendido é revogado em 12 de Dezembro de 1663 e impedido de regressar ao Brasil. O seu carácter incómodo, o governo do conde de Castelo Melhor, a desgraça da rainha, do Marquês de Gouveia e Duque do Cadaval deixam-no desprotegido e abrem campo para que a Inquisição, que não o tinha esquecido, o comece a perseguir.  Em Fevereiro de 1663 vai para Coimbra com regime de residência fixa e em fins de Maio recebe notificação do Santo Ofício; a 21 de Julho é interrogado pelo inquisidor Alexandre da Silva.
O processo leva cinco anos e meio de atribulados interrogatórios e defesa e, na Véspera do Natal de 1667, Vieira retractou-se perante as determinações papais e ouviu publicamente a sua sentença: “ seja privado para sempre de voz activa e passiva, e do poder de pregar, e recluso no colégio, ou casa de sua religião, que o Santo Ofício lhe assinar, donde, sem ordem sua não sairá; e que por termo por ele assinado, se obrigue a não tratar mais das proposições de que foi arguido no discurso de sua causa, nem de palavra, nem por escrito, sob pena de ser rigorosamente castigado .” Em Março de 1668, é autorizado a regressar a Lisboa.  A 23 de Novembro de 1667, já o rei D. Afonso VI havia abdicado, e os amigos de Vieira sobem de novo ao poder. A Inquisição abranda a vigilância, vindo a perdoar-lhe a pena em 30 Junho de 1668 e nesse mesmo mês pregava já no aniversário da rainha, Dona Maria Francisca de Sabóia.
Ainda que a sua aceitação na corte não fosse igual à do tempo de D. João IV, aí foi pregando e conseguiu voltar à ribalta diplomática. Em 15 de Agosto de 1669, embarca para Roma, a propósito de uma canonização de jesuítas, mas o objectivo era fugir da Inquisição. Depois de uma atribulada viagem, torna-se protegido do provincial dos Jesuítas, o padre Oliva, afamado pregador do papa e da Corte da Rainha Cristina da Suécia, esta mesmo teria posteriormente nomeado Vieira seu pregador oficial em Dezembro de 1673, cargo que não aceitaria.  Em 17 de Abril de 1675, consegue o que mais ambicionava, o breve papal que o livraria definitivamente do Santo Ofício e partiu, passados cinco anos e meio, a 22 de Maio de 1675 da cidade eterna.
Trabalho proposto pela docente Sandra Alves, no âmbito da disciplina de História e  elaborado pelos alunos José Veríssimo,  Virginia Peixeiro e Liliana Camões

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  • 1. Padre António Vieira: a Protecção ao Índio Brasileiro e os problemas com a Inquisição
  • 2. Desde o fim do século XVI houve expansão Hispano-Jesuíta a partir de Asunción (Assunção) no actual Paraguai, em três frentes pioneiras: 1 - rumo ao sul do Mato Grosso. Fundada a vila de Santiago de Jerez, que seria o centro da Província de Nueva Vizcaya, havia missões que reuniam os representantes das comunidades primitivas do Itatim. Projecto com apoio do Estado e da Igreja, para assegurar o controle do vale do rio Paraguai e articular as missões do Itatim com as de Mojos e Chiquitos, de modo a assegurar protecção ao planalto mineiro na actual Bolívia. 2 - em trechos do actual território do Estado do Rio Grande do Sul, no Brasil, aldeias do Tape, Uruguai e Sierra. 3 - do Paraná, onde se fundou na Provincia del Guairá e a Villa Real del Espiritu Santo .
  • 3. As missões Jesuítas na América Latina foram controversas na Europa, especialmente em Espanha e em Portugal, onde eram vistas como interferência com a acção dos reinos governantes. Os Jesuítas opuseram-se várias vezes à escravidão indígena (p or falta de escravos pretos, eram os índios os escravizados para os trabalhos nas fazendas e na cidade).
  • 4. Depois de falsas partidas e de despedidas patéticas, parte de Lisboa a 25 de Novembro de 1651 e chega ao Maranhão em 16 de Janeiro de 1653 (com passagem prolongada por Cabo Verde), o Padre António Vieira. A sua missão a cumprir seria a da defesa dos índios o que lhe haveria de valer uma luta sem tréguas contra os colonos.
  • 5. Nas vésperas de uma das muitas missões que o levarão pelas florestas da Amazónia, na cidade de São Luís do Maranhão, pregou Vieira o sermão ao Espírito Santo. Pretendia Vieira que os colonos autorizassem os escravos a ir aprender a doutrina e as senhoras que a ensinassem às escravas. Deste texto saiu a célebre passagem do estatuário: “ Arranca o estatuário uma pedra dessas montanhas, tosca, dura, informe, e depois que desbastou o mais grosso, toma o maço e o cinzel na mão, e começa a formar um homem, primeiro membro a membro, e depois feição por feição, até a mais miúda: ondeia-lhe os cabelos, alisa-lhe a testa, rasga-lhe os olhos, afia-lhe o nariz, abre-lhe a boca, avulta-lhe as faces, torneia-lhe o pescoço, estende-lhe os braços, espalma-lhe as mãos, divide-lhe os dedos, lança-lhe os vestidos: aqui desprega, ali arruga, acolá recama: e fica um homem perfeito, e talvez um santo, que se pode pôr no altar .”
  • 6. A 5 de Outubro de 1653, faz uma viagem dificultosa em canoa ao Pará e a 13 de Dezembro vai em expedição ao Rio dos Tocantins. O espírito missionário aumentava então em Vieira na mesma proporção que aumentavam os conflitos com os colonos, que o levaram a segundo regresso a Portugal. Antes da partida para Lisboa, não resistiu à tentação de defrontar os seus inimigos, pregando, a 13 de Junho de 1654, o célebre sermão de Santo António, em S. Luís do Maranhão.
  • 7. A viagem de regresso é atribulada e acaba por ir parar aos Açores, chegando a Lisboa em princípios de Novembro de 1654. Durante a estada em Lisboa, com a sua pregação, reforça ódios antigos com a Inquisição, tendo a expulsão dos holandeses do Brasil aumentado o descrédito em termos políticos. Regressa ao Brasil em 16 de Abril de 1655 com poderes reforçados por uma provisão régia de 9 de Abril. O governador, André Vidal de Negreiros, apoiou-o na libertação dos índios e desenvolve então importantes acções entre os indígenas, percorrendo as selvas. Os ódios, no entanto, não cessam e tudo se agravará com a morte em 6 de Novembro de 1656 de D. João IV.
  • 8. Em Abril de 1659, dirige ao Padre André de Fernandes, Bispo eleito do Japão, a famosa carta onde anuncia a ressurreição de D. João IV. O ambiente torna-se insustentável e, em Agosto de 1661, é preso e enviado para Portugal pelos colonos, chegando a Lisboa em começos de Novembro. Já no Porto, em pleno reinado de D. Afonso VI, tudo o que tinha defendido é revogado em 12 de Dezembro de 1663 e impedido de regressar ao Brasil. O seu carácter incómodo, o governo do conde de Castelo Melhor, a desgraça da rainha, do Marquês de Gouveia e Duque do Cadaval deixam-no desprotegido e abrem campo para que a Inquisição, que não o tinha esquecido, o comece a perseguir. Em Fevereiro de 1663 vai para Coimbra com regime de residência fixa e em fins de Maio recebe notificação do Santo Ofício; a 21 de Julho é interrogado pelo inquisidor Alexandre da Silva.
  • 9. O processo leva cinco anos e meio de atribulados interrogatórios e defesa e, na Véspera do Natal de 1667, Vieira retractou-se perante as determinações papais e ouviu publicamente a sua sentença: “ seja privado para sempre de voz activa e passiva, e do poder de pregar, e recluso no colégio, ou casa de sua religião, que o Santo Ofício lhe assinar, donde, sem ordem sua não sairá; e que por termo por ele assinado, se obrigue a não tratar mais das proposições de que foi arguido no discurso de sua causa, nem de palavra, nem por escrito, sob pena de ser rigorosamente castigado .” Em Março de 1668, é autorizado a regressar a Lisboa. A 23 de Novembro de 1667, já o rei D. Afonso VI havia abdicado, e os amigos de Vieira sobem de novo ao poder. A Inquisição abranda a vigilância, vindo a perdoar-lhe a pena em 30 Junho de 1668 e nesse mesmo mês pregava já no aniversário da rainha, Dona Maria Francisca de Sabóia.
  • 10. Ainda que a sua aceitação na corte não fosse igual à do tempo de D. João IV, aí foi pregando e conseguiu voltar à ribalta diplomática. Em 15 de Agosto de 1669, embarca para Roma, a propósito de uma canonização de jesuítas, mas o objectivo era fugir da Inquisição. Depois de uma atribulada viagem, torna-se protegido do provincial dos Jesuítas, o padre Oliva, afamado pregador do papa e da Corte da Rainha Cristina da Suécia, esta mesmo teria posteriormente nomeado Vieira seu pregador oficial em Dezembro de 1673, cargo que não aceitaria. Em 17 de Abril de 1675, consegue o que mais ambicionava, o breve papal que o livraria definitivamente do Santo Ofício e partiu, passados cinco anos e meio, a 22 de Maio de 1675 da cidade eterna.
  • 11. Trabalho proposto pela docente Sandra Alves, no âmbito da disciplina de História e elaborado pelos alunos José Veríssimo, Virginia Peixeiro e Liliana Camões