2. Auto
•Auto (latim: actu = ação, ato) é uma composição teatral surgida
na Idade Média, em Espanha, por volta do século XII.
•De linguagem simples, os autos, na sua maioria, têm elementos
cómicos e intenção moralizadora. As suas personagens simbolizam
as virtudes, os pecados, ou representam anjos, demónios e santos.
•Em Portugal, no século XVI, Gil Vicente é a grande expressão
deste género dramático.
Prof. Vanda Barreto 2
3. Auto da Barca do Inferno
•Gil Vicente inspirou-se na lenda de Caronte, da antiguidade
clássica.
•Na mitologia grega, Caronte é o barqueiro do Hades, que
carrega as almas dos recém-mortos sobre as águas dos rios
Estige e Aqueronte, que dividiam o mundo dos vivos do
mundo dos mortos.
•Por vezes uma moeda era colocada dentro ou sobre a boca
dos cadáveres, de acordo com a tradição funerária da Grécia
Antiga, como forma de pagamento ao barqueiro.
Prof. Vanda Barreto 3
4. Auto da Barca do Inferno
•Gil Vicente, neste auto, substituiu Caronte por dois
barqueiros (Diabo e Anjo) e o destino final (Infernos) pelo
Inferno ou Paraíso.
• Ao criticar os costumes, hábitos e vícios da sociedade, Gil
Vicente queria transmitir uma moral a toda a sociedade;
pretendia que toda a sociedade, ao ver a peça, se risse, mas,
em simultâneo, criticava os '' podres '' da sociedade daquele
tempo.
Prof. Vanda Barreto 4
5. Personagens
•As personagens desta obra são divididas em dois
grupos: as personagens alegóricas e as personagens–
tipo.
Prof. Vanda Barreto 5
6. Personagens Alegóricas
•Neste grupo inserem-se o Anjo e o Diabo, representando
respetivamente o Bem e o Mal, o Céu e o Inferno.
•Ao longo de toda a obra estas personagens são os «juízes»
no julgamento das almas, tendo em conta os seus pecados na
vida terrena.
•As personagens alegóricas servem para dar corpo e alma
humanos a deuses, anjos, diabos, virtudes, à Igreja, à Lusitânia,
à Fama, a estações do ano, serras, planetas, etc.
Prof. Vanda Barreto 6
7. Personagens- Tipo
•Neste grupo inserem-se todas as restantes personagens do
Auto, nomeadamente o Fidalgo, o Onzeneiro, o Sapateiro, o
Parvo (Joane), o Frade, a Alcoviteira, o Judeu, o Corregedor e
o Procurador e os Quatro Cavaleiros.
•Cada uma representa uma classe social, uma determinada
profissão ou mesmo um credo.
•À medida que estas personagens vão surgindo vemos que
todas trazem elementos simbólicos, que representam a sua
vida terrena e demonstram que não têm qualquer
arrependimento pelos pecados cometidos em vida.
Prof. Vanda Barreto 7
8. Humor
•Surgem ao longo do auto três tipos de cómico: o de
carácter, o de situação e o de linguagem.
•O cómico de carácter é aquele que é demonstrado pela
personalidade da personagem, de que é exemplo o Parvo, que
devido à sua pobreza de espírito não mede as suas palavras,
não podendo ser responsabilizado pelos seus erros.
Prof. Vanda Barreto 8
9. •O cómico de situação é o criado à volta de certa situação,
de que é bom exemplo a cena do Fidalgo, em que este é
gozado pelo Diabo, e o seu orgulho é pisado.
• Por fim, o cómico de linguagem é aquele que é
proferido por certa personagem, de que são bons exemplos as
falas do Diabo.
Prof. Vanda Barreto 9
10. O Fidalgo – correção da ficha
1. Símbolos cénicos do Fidalgo:
• pajem, cadeira e manto
2. Significado de cada símbolo:
• pajem – tirania para com o povo
• cadeira – riqueza, ostentação
• manto – vaidade e presunção
3. O Diabo recebe o Fidalgo com:
• respeito
Prof. Vanda Barreto 10
11. O Fidalgo – correção da ficha
4. Figura de estilo em “Vai pera a ilha perdida”:
• Eufemismo – dizer de forma suave algo
desagradável
5. Tipo de cómico em “Pêra lá vai a senhora?”:
• Cómico de situação
6. “Parece-me isso cortiço...” revela:
• O desprezo que o Fidalgo sente pelo Diabo/
característica da nobreza quinhentista.
Prof. Vanda Barreto 11
12. O Fidalgo – correção da ficha
7. “Vejo-vos eu em feição pera ir ao nosso
cais...”:
• é um argumento de acusação – a
presunção, vaidade e ostentação,
evidentes no Fidalgo, são garantia da
sua ida para o Inferno.
Prof. Vanda Barreto 12
13. O Fidalgo – correção da ficha
8. “Que leixo na outra vida quem reze por
mi.”
• é um argumento de defesa utilizado pelo
Fidalgo, que pensava ser suficiente rezar
para ir para o Paraíso.
Prof. Vanda Barreto 13
14. O Fidalgo – correção da ficha
9. “E tu viveste a teu prazer...”
• O Diabo acusa o Fidalgo de ter levado a
vida a seu prazer, sem se preocupar com
nada mais.
10. “Mandai meter a cadeira, que assi
passou vosso pai”:
• Revela a corrupção da nobreza ao longo
de várias gerações.
Prof. Vanda Barreto 14
15. O Fidalgo – correção da ficha
11. “Segundo lá escolhestes, assi cá vos
contentai”
• É um argumento de acusação – o mal
que praticou em vida, tem consequências
depois de morto.
12. “Que giricocins, salvanor!”
• É cómico de linguagem – o Fidalgo
chama asno/ burro ao barqueiro da outra
barca que não lhe respondia.
Prof. Vanda Barreto 15
16. O Fidalgo – correção da ficha
13. Os argumentos de defesa utilizados
pelo Fidalgo, na sua conversa com o
Diabo são:
• É amado e tem quem reze por ele. – Do
seu ponto de vista, bastava ter alguém
rezando pela sua alma, para ter direito a
entrar no Paraíso.
Prof. Vanda Barreto 16
17. O Fidalgo – correção da ficha
14. O Anjo acusa o Fidalgo de ser:
• tirano, oprimindo o povo; vaidoso,
presunçoso e soberbo.
15. Figura de estilo em “Oh! Que maré tão
de prata!”:
• Metáfora
Prof. Vanda Barreto 17
18. O Fidalgo – correção da ficha
16.De regresso à barca do Diabo, o Fidalgo
evidencia:
• arrependimento e resignação
17. Figura de estilo em “Embarqu’a vossa
doçura, que cá nos entenderemos”:
• Ironia
Prof. Vanda Barreto 18
19. O Fidalgo – correção da ficha
18. “... tornarei à outra vida ver minha dama
querida...”:
• É cómico de caráter.
19. “Ó namorado sandeu, o maior que
nunca vi!”
• É uma hipérbole. O Fidalgo não é tolo,
nem ingénuo.
Prof. Vanda Barreto 19
20. O Fidalgo – correção da ficha
20. O Fidalgo pede três vezes ao Diabo
para voltar à vida, para ver a sua dama
querida.
• O Fidalgo pede uma vez ao Diabo que o
deixe voltar para ver a sua amante.
21. O Diabo diz-lhe que ela tem sido infiel.
• Verdadeiro
Prof. Vanda Barreto 20
21. O Fidalgo – correção da ficha
22. Figura de estilo em “Nom há i choro de
alegria?”
• Antítese – choro/alegria
23. Com a expressão “Entremos, pois que
assi é.”
• o Fidalgo revela aceitar o seu destino.
Prof. Vanda Barreto 21
22. O Fidalgo – correção da ficha
24. O Diabo manda embora o Pajem porque
• ele não errara, limitara-se a cumprir as
ordens do seu senhor.
25. A cadeira não pode entrar na barca do
Inferno porque
• tinha estado na Igreja.
Prof. Vanda Barreto 22
23. O Fidalgo – correção da ficha
26. O destino do Fidalgo é ir para
• o Inferno.
27. O Pajem, quanto ao relevo (importância) é
• um figurante.
Prof. Vanda Barreto 23
24. O Fidalgo – correção da ficha
28. Quanto à composição, podemos dizer
que o Fidalgo é uma personagem
• tipo (representa uma classe social), mas
também modelada (apresenta densidade
psicológica).
29. Registos de língua nesta cena:
• linguagem corrente e linguagem popular
Prof. Vanda Barreto 24
25. O Fidalgo – correção da ficha
30. Nesta cena estão presentes o cómico
• de linguagem, de situação e de caráter.
31. A movimentação cénica do Fidalgo é a
seguinte:
• Cais/ barca do Diabo/ barca do Anjo/
barca do Diabo, onde entra.
Prof. Vanda Barreto 25