2. I
As armas, e os barões assinalados
Que, da Ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca dantes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;
Todos os homens ilustres
Que, saíram de Portugal
E foram por mares
desconhecidos navegadores
Passaram além da já
conhecida ilha de Ceilão
Enfrentaram perigos enormes,
Mesmo superiores ao seu
estatuto de ser humano
– afasta-os do comum mortal
Construíram um novo império em
terras distantes.
Um reino que tanto desejaram
Sinédoque
- apresentar a
parte pelo todo
Hipérbole -
exagero da
realidade
3. II
E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando;
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da Morte libertando.
Cantando espalharei por toda a parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.
E aqueles reis que
estiveram envolvidos na
reconquista cristã /nas
cruzadas contra os
mouros/infiéis em África e
na Ásia;
E aqueles que fazem obras
com valor e que, por isso,
não cairão no esquecimento
–se vão imortalizando;
O sujeito poético
compromete-se a exaltar a
louvar, a cantar os feitos
daqueles que enumerou
anteriormente. Usando a
primeira pessoa –plano do
poeta.
enumeração
Gerúndio - processo de
continuidade
1ª pessoa do
singular – envolvimento
do poeta
Conjunção
coordenativa
copulativa –
enumeração de
figuras a ser
exaltadas
4. III
Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
de Alexandro e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram.
Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.
Num tom imperativo, de ordem
manda suspender/cessar a
fama dos gregos e romanos
Manda suspender a fama das
vitórias de reis e imperadores
clássicos
Porque o poeta louva o povo
lusitano ao qual pertence
.Povo esse que dominou o
mar (Neptuno)e a guerra
(Marte).
Continua em tom imperativo,
ordenando que os clássicos
suspendam a sua fama,
porque agora há um novo
povo que apresenta feitos
ainda mais valerosos.
Antonomásia - substituição de um nome
por uma expressão que lembre uma qualidade,
característica ou um fato que o identifique.
Ulisses Eneias
Sinédoque - os
portugueses
(patriotismo, valores
nacionais)
Deus do mar Deus da guerra
Presente
do
conjuntivo
com valor
de
Imperativo
Conjunção
subordinativa
causal
(= porque)
5. Canto I, est.4-5, o poeta pede ajuda a entidades mitológicas, chamadas musas.
Isso acontece várias vezes ao longo do poema, sempre que o autor precisa de
inspiração
E vós, Tágides minhas, pois criado
Tendes em mi um novo engenho ardente
Se sempre, em verso humilde, celebrado
Foi de mi vosso rio alegremente,
Dai-me agora um som alto e sublimado
Um estilo grandíloco e corrente,
Por que de vossas águas Febo ordene
Que não tenham enveja às de Hipocrene.
Invocar significa apelar,
pedir, suplicar. Daí a
presença do Imperativo.
Nestas estrofes,
Camões dirige-se às
Tágides, as ninfas do
Tejo, pedindo-lhes que o
ajudem a cantar os
feitos dos portugueses
de uma forma sublime.
Até aí apenas usou a
inspiração na humilde
lírica, mas agora precisa
de uma inspiração
superior.
Apóstrofe
Dupla
adjetivação
Imperativo
Locução
conjuncional
subordinativa
final (=para
que)
6. 5
Dai-me hua fúria grande e sonorosa,
E não de agreste avena ou frauta ruda,
Mas de tuba canora e belicosa,
Que o peito acende e a cor ao gesto muda.
Dai-me igual canto aos feitos da famosa
Gente vossa, que a Marte tanto ajuda;
Que se espalhe e se cante no Universo
Se tão sublime preço cabe em verso.
O estilo da epopeia aparece
aqui descrito:
“alto e sublimado” (est.4)
”Um estilo grandíloco e
corrente.“ (est.4)
“fúria grande e sonorosa”
“tuba canora e belicosa”
“Que se espalhe e se cante no
Universo”
Camões quer que a
mensagem se espalhe e que
cante ao universo os feitos dos
portugueses
Anáfora -é uma figura de estilo que
consiste em repetir a mesma palavra ou
expressão no início dos versos
Dupla
adjetivação
Metáfora -
coragem
Conjunção subordinativa
condicional
7. est. 6 -18
6
E vós, ó bem nascida segurança
Da Lusitana antiga liberdade,
E não menos certíssima esperança
De aumento da pequena Cristandade,
Vós, ó novo temor da Maura lança,
Maravilha fatal da nossa idade,
Dada ao mundo por Deus, que todo o mande,
Pera do mundo a Deus dar parte grande.
7
Vós, tenro e novo ramo florecente,
De hua árvore, de Cristo mais amada
Que nenhua nascida no Ocidente,
Cesária ou Cristianíssima chamada,
Vede-o no vosso escudo, que presente
Vos amostra a vitória já passada,
Na qual vos deu por armas e deixou
As que Ele pera Si na Cruz tomou;
Vocativo
Metáfora
Sinédoque - o
exército mouro
Hipérbole
8.
9. est.19
Já no largo Oceano navegavam,
As inquietas ondas apartando;
Os ventos brandamente respiravam,
Das naus as velas côncavas inchando;
Da branca escuma os mares se mostravam
Cobertos, onde as proas vão cortando
As marítimas águas consagradas,
Que do gado de Proteu são cortadas,
Início em “media res” da narração da ação central: a viagem de Vasco da Gama
para a Índia . Já a armada de Vasco da Gama navegava no Oceano Índico.
Índico
Personificação
Perífrase –
expressão mais
desenvolvida (e mais
ou menos óbvia ou
direta) que substitui
outra.
Oitava –
estrofe de 8
versos
a
a
a
b
b
c
b
c
Rima
cruzada
Rima
emparelhada
10. est. 20 - 41
20
Quando os Deuses no Olimpo luminoso,
Onde o governo está da humana gente,
Se ajuntam em consílio glorioso,
Sobre as cousas futuras do Oriente.
Pisando o cristalino Céu fermoso,
Vêm pela Via Láctea juntamente,
Convocados, da parte de Tonante,
Pelo neto gentil do velho Atlante.
Apresenta-se
então:
- o local da
reunião: Olimpo;
- o objetivo da
reunião: decisão
sobre as coisas do
Oriente.
Indicação da forma
como os deuses foram
convocados: foi
Mercúrio que avisou
todos os deuses
cumprindo a vontade
de Júpiter.
Mercúrio
Antonomásia
- Júpiter
Perífrase
Conjunção
subordinativa
temporal
11. 21
Deixam dos sete Céus o regimento,
Que do poder mais alto lhe foi dado,
Alto poder, que só co pensamento
Governa o Céu, a Terra e o Mar irado.
Ali se acharam juntos num momento
Os que habitam o Arcturo congelado
E os que o Austro têm e as partes onde
A Aurora nasce e o claro Sol se esconde.
22
Estava o Padre ali, sublime e dino,
Que vibra os feros raios de Vulcano,
Num assento de estrelas cristalino,
Com gesto alto, severo e soberano;
Do rosto respirava um ar divino,
Que divino tornara um corpo humano;
Com ũa coroa e ceptro rutilante,
De outra pedra mais clara que diamante.
Reunião dos deuses vindos de todos
os quadrantes: N, S, E, O.
Perífrase - Júpiter
Perífrase: Norte; Sul; este ;
oeste
É apresentada a
descrição de Júpiter
–um deus poderoso,
soberano, severo.
Antonomásia -
Júpiter
Dupla
adjetivação
Símbolos do poder
Pretérito imperfeito do
indicativo
Presentedo indicativo
Pretérito mais-que-
perfeito do indicativo
hipérbole
12. 23
Em luzentes assentos, marchetados
De ouro e de perlas, mais abaixo estavam
Os outros Deuses, todos assentados
Como a Razão e a Ordem concertavam
(Precedem os antigos, mais honrados,
Mais abaixo os menores se assentavam);
Quando Júpiter alto, assi dizendo,
Cum tom de voz começa grave e horrendo:
24
–«Eternos moradores do luzente,
Estelífero Pólo e claro Assento:
Se do grande valor da forte gente
De Luso não perdeis o pensamento,
Deveis de ter sabido claramente
Como é dos Fados grandes certo intento
Que por ela se esqueçam os humanos
De Assírios, Persas, Gregos e Romanos.
Caracterização do espaço
do Olimpo e Organização
do espaço. Os deuses
sentam-se segundo a sua
hierarquia.
Introdução ao discurso de
Júpiter – Discurso direto.
Descrição de um
local rico, luxuoso,
sublime.
Apóstrofe, indicação dos
destinatários do seu discurso
–os restantes deuses. Início
do discurso de Júpiter
Júpiter começa por
recordar que é do
conhecimento geral que os
Fados têm a intenção de
tornar este povo luso
superior aos antigos heróis.
Enumeração
Perífrase -
os portugueses
Início do discurso de Júpiter
13. 25
Já lhe foi (bem o vistes) concedido,
Cum poder tão singelo e tão pequeno,
Tomar ao Mouro forte e guarnecido
Toda a terra que rega o Tejo ameno.
Pois contra o Castelhano tão temido
Sempre alcançou favor do Céu sereno:
Assi que sempre, enfim, com fama e glória,
Teve os troféus pendentes da vitória.
26
Deixo, Deuses, atrás a fama antiga,
Que co a gente de Rómulo alcançaram,
Quando com Viriato, na inimiga
Guerra Romana, tanto se afamaram;
Também deixo a memória que os obriga
A grande nome, quando alevantaram
Um por seu capitão, que, peregrino,
Fingiu na cerva espírito divino.
Júpiter recorda as
vitórias e a proteção
concedidas e
realizadas pelos lusos.
Lutou contra os
Mouros e contra os
castelhanos e sempre
foi protegido pelas
divindades.
Júpiter continua a
relembrar as raízes do
povo português:
-Guerra com os
Romanos;
- A importância e valor
de Viriato;
-Lendas romanas.
Os inimigos que teve
de enfrentar são
apresentados como
“fortes” e “temidos”,
reforçando o seu
valor
Sinédoque -
sul do Tejo
vocativo
Conjunção
subordinativa
temporal
14. 27
Agora vedes bem que, cometendo
O duvidoso mar num lenho leve,
Por vias nunca usadas, não temendo
De Áfrico e Noto a força, a mais s'atreve:
Que, havendo tanto já que as partes vendo
Onde o dia é comprido e onde breve,
Inclinam seu propósito e perfia
A ver os berços onde nasce o dia.
28
Prometido lhe está do Fado eterno,
Cuja alta lei não pode ser quebrada,
Que tenham longos tempos o governo
Do mar que vê do Sol a roxa entrada.
Nas águas têm passado o duro Inverno;
A gente vem perdida e trabalhada;
Já parece bem feito que lhe seja
Mostrada a nova terra que deseja.
Júpiter reconhece
a força, a coragem
para descobrir e
explorar territórios
em locais tão
diferentes. E diz
que agora querem
explorar o oriente.
Sinédoque
– a armada de
navios
Ventos do sudoeste e do sul
que eram acompanhados de
tempestades
Perífrase -
equador
Perífrase -
Oriente
Júpiter reafirma que os
Fados (destinos) já
determinaram a glória
dos portugueses.
Júpiter considera os
portugueses merecedores
de algum recobro e
reconforto, pois as
tripulações estão
cansadas. Apresenta pois a
sua posição pessoal
15. 29
E porque, como vistes, têm passados
Na viagem tão ásperos perigos,
Tantos climas e céus exprimentados,
Tanto furor de ventos inimigos,
Que sejam, determino, agasalhados
Nesta costa Africana como amigos;
E, tendo guarnecido a lassa frota,
Tornarão a seguir sua longa rota.»
30
Estas palavras Júpiter dizia,
Quando os Deuses, por ordem respondendo,
Na sentença um do outro diferia,
Razões diversas dando e recebendo.
O padre Baco ali não consentia
No que Júpiter disse, conhecendo
Que esquecerão seus feitos no Oriente
Se lá passar a Lusitana gente.
A viagem tem levado
a enfrentar perigos,
climas, intempéries…
Júpiter apresenta a sua
determinação em apoiar os
portugueses, mostrando-lhes
terra e assegurando-lhes que
serão bem “agasalhados”
para que depois possam
seguir viagem.
Final do discurso de Júpiter
Júpiter termina o seu
discurso e os deuses
apresentam as suas
posições.
Baco, deus do vinho,
teme perder a sua fama
no Oriente.
Início do discurso de Baco
16. 31
Ouvido tinha aos Fados que viria
Ũa gente fortíssima de Espanha
Pelo mar alto, a qual sujeitaria
Da Índia tudo quanto Dóris banha,
E com novas vitórias venceria
A fama antiga, ou sua ou fosse estranha.
Altamente lhe dói perder a glória
De que Nisa celebra inda a memória.
32
Vê que já teve o Indo sojugado
E nunca lhe tirou Fortuna ou caso
Por vencedor da Índia ser cantado
De quantos bebem a água de Parnaso.
Teme agora que seja sepultado
Seu tão célebre nome em negro vaso
D' água do esquecimento, se lá chegam
Os fortes Portugueses que navegam.
Baco: deus do
vinho e das festas
Baco já tinha ouvido a fama deste povo e sabe que
este povo levará ao esquecimento dos antigos heróis,
entre eles, o próprio Baco.
E mais uma vez se reforça a ideia de que
perderia a fama que ainda tem no Oriente (Nisa).
divindade aquática
Perífrase – Pacífico / Oriente
Baco nunca fora posto
em causa por nenhum
herói ou poeta.
Baco teme agora que o
seu nome seja votado ao
esquecimento e à “morte”
–este medo reforça o
valor dos lusos, pois são
um poder fora de comum.
Sinédoque- O
Indo (rio )
representa a Índia
Perífrase - os poetas
Oração subordinada adjetiva relativa restritiva
17. 33
Sustentava contra ele Vénus bela,
Afeiçoada à gente Lusitana
Por quantas qualidades via nela
Da antiga, tão amada, sua Romana;
Nos fortes corações, na grande estrela
Que mostraram na terra Tingitana,
E na língua, na qual quando imagina,
Com pouca corrupção crê que é a Latina.
34
Estas causas moviam Citereia,
E mais, porque das Parcas claro entende
Que há-de ser celebrada a clara Deia
Onde a gente belígera se estende.
Assi que, um, pela infâmia que arreceia,
E o outro, pelas honras que pretende,
Debatem, e na perfia permanecem;
A qualquer seus amigos favorecem.
Vénus – deusa da
beleza e do amor
Vénus defendia os
portugueses:
-Descendentes dos romanos;
-coragem e força demonstrada;
-Uso da língua com origem
latina.
Posição de Vénus
Vénus defendia os
portugueses, pois
sabe que se eles
tiverem sucesso ela
também será louvada.
Enquanto Baco se
opõe, porque não
quer perder a fama,
Vénus defendia, pois
deseja ser louvada.
As 3 divindades que
presidiam aos destinos dos
homens
Oração subordinada adjetivas relativa
restritiva
Oração subordinada substantiva
completiva
18. 35
Qual Austro fero ou Bóreas na espessura
De silvestre arvoredo abastecida,
Rompendo os ramos vão da mata escura
Com ímpeto e braveza desmedida,
Brama toda montanha, o som murmura,
Rompem-se as folhas, ferve a serra erguida:
Tal andava o tumulto, levantado
Entre os Deuses, no Olimpo consagrado.
Balanço da discussão
A agitação dos
ventos era grande,
evidenciando a
agitação da
discussão gerada
no Olimpo.
A natureza reflete
o humor dos
deuses.
Vento do sul Vento do norteAnástrofe –
inversão da ordem
natural das
palavras
19. 36
Mas Marte, que da Deusa sustentava
Entre todos as partes em porfia,
Ou porque o amor antigo o obrigava,
Ou porque a gente forte o merecia,
De antre os Deuses em pé se levantava:
Merencório no gesto parecia;
O forte escudo, ao colo pendurado,
Deitando pera trás, medonho e irado;
37
A viseira do elmo de diamante
Alevantando um pouco, mui seguro,
Por dar seu parecer se pôs diante
De Júpiter, armado, forte e duro;
E dando ũa pancada penetrante
Co conto do bastão no sólio puro,
O Céu tremeu, e Apolo, de torvado,
Um pouco a luz perdeu, como enfiado;
Marte, porque
amava Vénus, ou
porque a gente lusa
o merecia, tomou a
palavra e uma
posição.
Descrição de
Marte
Posição de Marte
Descrição de Marte –
deus forte, decidido,
duro. Faz-se ouvir e
respeitar.
Anáfora
Anástrofe
Tripla
adjetivação
Marte – deus
da guerra
Hipérbole
20. 38
E disse assi: –«Ó Padre, a cujo império
Tudo aquilo obedece que criaste:
Se esta gente que busca outro Hemisfério,
Cuja valia e obras tanto amaste,
Não queres que padeçam vitupério,
Como há já tanto tempo que ordenaste,
Não ouças mais, pois és juiz direito,
Razões de quem parece que é suspeito.
39
Que, se aqui a razão se não mostrasse
Vencida do temor demasiado,
Bem fora que aqui Baco os sustentasse,
Pois que de Luso vêm, seu tão privado;
Mas esta tenção sua agora passe,
Porque enfim vem de estâmago danado;
Que nunca tirará alheia enveja
O bem que outrem merece e o Céu deseja.
Discurso de Marte
Apóstrofe
Discurso de Marte –
Começa por reforçar
o poder de Júpiter.
Considera que Júpiter é
soberano e que não
deve ouvir as opiniões
dos restantes deuses.
Deuses esses que são
“suspeitos” (refere-se a
Baco)
Índia
Marte tenta provar que
a opinião de Baco é
fundada na inveja. Uma
vez que os portugueses
descendem de Luso.
Considera ainda que a
inveja nunca poderá
roubar as glórias
merecidas e oferecidas
pelo céu, como é o
caso dos portugueses.
21. 40
E tu, Padre de grande fortaleza,
Da determinação que tens tomada
Não tornes por detrás, pois é fraqueza
Desistir-se da cousa começada.
Mercúrio, pois excede em ligeireza
Ao vento leve e à seta bem talhada,
Lhe vá mostrar a terra onde se informe
Da Índia, e onde a gente se reforme.»
41
Como isto disse, o Padre poderoso,
A cabeça inclinando, consentiu
No que disse Mavorte valeroso
E néctar sobre todos esparziu.
Pelo caminho Lácteo glorioso
Logo cada um dos Deuses se partiu,
Fazendo seus reais acatamentos,
Pera os determinados apousentos.
Reforça novamente o
poder de Júpiter. Considera
que Júpiter é soberano que
se voltar atrás com a sua
posição é uma mostra de
fraqueza.
Finaliza o seu discurso,
dizendo que Mercúrio
deverá, rapidamente, indicar
um porto seguro, onde os
portugueses sejam
reabastecidos e orientados.
Apóstrofe
Modificador
apositivo
Fim do discurso de Marte
Via Láctea
Júpiter concorda e termina
este consílio.
Todos os deuses
regressaram aos
respetivos aposentos,
aceitando a decisão
tomada.