3. Infecção subaguda ou crônica causada por fungo dimórfico do complexo
Sporothrix.
Está associada a inoculação traumática de material orgânico contaminado com o
fungo como cascas de árvores, palhas, farpas, espinhos.
Tem alto poder zoonótico, ou seja, de fácil transmissão entre animais,
principalmente felinos e desses para os humanos.
1. Agente etiológico e transmissão
4. A doença pode se iniciar entre 2 a 4 semanas, após o acidente desencadeador
podendo chegar até 6 meses após a infecção.
A doença se manifesta na forma de lesões na pele, que começam com uma
lesão papulonodular eritematosa, que pode ulcerar e fistulizar drenando
secreção purulenta.
Localização mais frequente: membros superiores. Outras localizações: face,
membros inferiores.
Formas Clínicas:
Cutâneas:
• Cutâneo linfática
• Cutâneo localizada
• Cutâneo disseminada
Extra-cutânea
2. Quadro Clínico
9. An Bras Dermatol. 2011;86(6):1217-9.
Esporotricose cutâneo disseminada
2. Quadro Clínico
10. Esporotricose mucosa
An Bras Dermatol. 2017;92(5):606-20.
• Lesões granulomatosas na conjuntiva palpebral superior
2. Quadro Clínico
11. Forma rara.
• Esporotricose sistêmica.
• Esporotricose osteoarticular - pode se apresentar semelhante à osteomielite,
sinovite ou tenossinovite.
• Esporotricose pulmonar primária - decorre da inalação do fungo.
Esporotricose Extracutânea
2. Quadro Clínico
12. Síndromes de Hipersensibilidade
E
F
G
H
Eritema nodoso
Eritema nodoso
Eritema multiforme Síndrome de Sweet
Freitas et al., 2012b
Gutierrez-Galhardo et al., 2002, 2005 Orofino-Costa et al., 2010
2. Quadro Clínico
14. 4 . Diagnóstico
O diagnóstico da esporotricose é feito a partir da suspeita clínica,
associada aos dados epidemiológicos e exames laboratoriais. O
contato com gatos com diagnóstico de esporotricose é uma
informação epidemiológica importante.
15. Diagnóstico laboratorial
CULTURA (PADRÃO OURO)
Material: exsudato purulento, aspirado de nódulo ou
fragmento de pele
4 . Diagnóstico
Cultura em meio de ágar Sabouraud modificado de
secreção do olho, com crescimento de colônias
filamentosas, de cor
creme no anverso e reverso de cor castanho-negra
central
16. O exame histopatológico e o micológico direto, geralmente, oferecem pouca ajuda no diagnóstico,
devido à escassez de elementos fúngicos no tecido.
É importante salientar que o resultado negativo em amostras de lesões com suspeita clínica e que
atende aos critérios epidemiológicos, não afasta o diagnóstico de esporotricose.
Diagnóstico laboratorial
4 . Diagnóstico
17. Diagnóstico laboratorial
CULTURA (PADRÃO OURO) do
exsudato purulento, aspirado de
nódulo ou fragmento de pele
Enviar em até 2 horas ou
manter refrigerado, em
geladeira (2 a 8ºC ) até o
envio. Não ultrapassar 24
horas.
Exsudato ou Aspirado
pode ser enviado na
própria seringa em que
foi coletado
O material deve ser enviado ao LACEN com
a requisição de esporotricose, via GAL, ao
setor de recepção de material
Resultado liberado em torno de 30 dias
Fragmento de pele
deve ser enviado em
soro fisiológico, frasco
estéril
OBS: Para exame
histopatológico :
colocar o material em
frasco de boca larga , com
formol 10%, em volume 20x
maior que a peça – seguir
fluxos e referências da
área.
4 . Diagnóstico
18. Referência para Exame Histopatológico
CAP REFERÊNCIA LABORATÓRIO CONTRATADO
1.0 ********** DASA
2.1 H M JESUS DASA
2.2 H M JESUS DASA
3.1 H FEDERAL BONSUCESSO AFIP
3.2 ********** AFIP
3.3 ********** AFIP
4.0 H M LOURENÇO JORGE DASA
5.1 H M JESUS DASA
5.2 H M JESUS DASA
5.3 H M JESUS DASA
4 . Diagnóstico
19. Dúvida diagnóstica, dúvidas relacionadas a evolução do
caso, parecer do especialista, :
Encaminhar para avaliação na Atenção secundária
via SISREG Consulta em Dermatologia
4 . Diagnóstico
20. 5. Notificação
Para a notificação utilizar:
Ficha de Notificação/Conclusão
(disponível na Plataforma Subpav):
• CID-10: Preencher B42 sem suas pontuações de forma clínica.
A Unidade de saúde deve enviar a ficha SINAN para a CAP/DVS .
23. 6. Tratamento
- Itraconazol (1ª escolha) – cápsula de 100mg
- Disponível nas UBS
Dose: 100 a 200 mg/dia, após refeição.
Atenção para:
- Danos hepáticos
- Interações medicamentosas
- Evitar o uso em: Disfunção de ventrículo esquerdo, uso concomitante
de sinvastatina, midazolam.
- Contra indicações - Gestação, Hipersensibilidade ao itraconazol e
outras condições
24. 6. Tratamento
Tratamentos alternativos:
- Terbinafina – comp 250mg 1x ao dia
- Solução Concentrada de Iodeto de Potássio (20g/20ml):
Enviar para manipulação (1ml=1g de iodeto de potássio)
(1 ml=20gts=1g).
- Em adultos Iniciar com 5 gts 3 x ao dia . Aumentar 1gt a cada tomada,
diariamente, de acordo com a tolerância individual, até dose de 40 a 50
gts /dia.
- Em crianças iniciar 1 gt 3 x ao dia e ir aumentando gradativamente, de
acordo com tolerância gástrica. Até dose de 1gt/Kg (máx 40 a 50 gts)
dividida em 3 tomadas diárias.
Obs: Atentar para as contra indicações ao iodeto de potássio
25. 6. Tratamento
Opção Posologia Manejo Vantagens Desvantagens
Itraconazol
(Escolha)
100 mg/dia1
1 cápsula após almoço
ou jantar, com suco
ácido ou água.
Se não estiver
melhorando após 2
meses, considerar
aumentar para 2 cápsulas
ou trocar terapia.
Poucos efeitos
adversos, posologia
Custo, interações
medicamentosas
Alternativas
Terbinafina
Sol. Sat. Iodeto
Potássio
(100 g KI + 70 mL H2O)
250 mg/dia2
40 a 50 gt, 3x/dia
(Opção3 20 - 25 gt
2x/dia)
1 comprimido ao dia.
Considerar aumentar
para 2 comprimidos,
caso não haja melhora
após 2 meses.
Começar 5 gotas por
tomada e aumentar 1
gota por tomada por dia,
até dose alvo.
Posologia
Custo
Custo
Efeitos adversos,
posologia
1 Barros MBL e cols., 2011. Clin Infect Dis 52(12): e200-6.
2 Francesconi G e cols., 2011. Mycopathologia 171: 349-54.
3 Macedo PM e cols., 2015. J Eur Acad Dermatol Venereol 29(4): 719-24.
Consenso:
Kauffman CA e cols., 2007. Clin Infect Dis 2007;
45: 1255-65.
26. 6. Tratamento
Tratamento da Criança:
ITRACONAZOL
5mg/Kg (até dose habitual do adulto 100 a 200mg/dia).
• Cápsula 100 mg
• Crianças ou adultos que não podem ingerir a cápsula, manipular o
itraconazol em forma de xarope : 40 mg/ml.
• Exemplo para manipulação: Itraconazol 40mg/ml
Xarope qsp..............ml
qsp = quantidade suficiente para.
OBS: Aquisição do itraconazol solução a critério da CAP
27. 6. Tratamento
Tratamento da Criança:
ITRACONAZOL
Exemplo criança de 20 Kg : 5mg/Kg/dia = 100mg/dia.
Manipular:
Itraconazol 40mg/ml
Xarope qsp 60ml
Dar 2,5 ml via oral 1 x ao dia, em jejum.
OBS : O paciente deverá retornar antes de 1 mês para reavaliação e
prescrição de nova receita. Avaliar necessidade de solicitação de exames.
29. 6. Tratamento da gestante
ATENÇÃO: GESTANTES NÃO PODEM FAZER USO DOS MEDICAMENTOS
CITADOS
Nas formas CUTÂNEA LOCALIZADA E CUTÂNEO LINFÁTICA
Termoterapia – Calor local 20 minutos/vez, 3 vezes/dia
Adjuvantes – Criocirurgia; Punção/drenagem; Curetagem
(a) (b) (c)
Ferreira et al. 2012
30. 6. Tratamento
• Duração do tratamento: Em geral 3 meses. Alguns casos
podem necessitar de tratamento mais prolongado.
• Situações especiais: utilização de outras drogas ou de doses
maiores deverão ser avaliadas por especialistas
31. 6. Tratamento
Ferreira et al. 2012
antes durante depois
• Critério de cura: é clínico, depende da cicatrização/
reepitelização da(s) lesão(ões), desaparecimento do eritema,
infiltração e das crostas.
32. 7. Encaminhamento do paciente para o especialista
SISREG -Consulta em Dermatologia
Dúvida diagnóstica
Consultoria no acompanhamento
33. Quando encaminhar para referência de maior complexidade? (FIOCRUZ)
Referência: Fiocruz – INI (Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas) – Paciente deve levar guia de referência e contrarreferência - Setor da
Triagem, de segunda a sexta feira de 8h às 12h (preferencialmente terça e quinta).
*Gestantes com indicação de internação ou medicação parenteral em hospital-dia serão encaminhadas pois o INI não dispõe de obstetrícia.
** Avaliar com critério a resposta ao tratamento (em geral, quando não houver qualquer melhora após 2 a 3 meses de terapêutica antifúngica
adequada).
Encaminhar apenas adultos, sendo:
• Gestantes – formas cutânea disseminada e extracutânea*; formas cutânea fixa e cutâneo-
linfática: a critério
• Esporotricose ocular
• Esporotricose com lesões cutâneas na face e/ou mucosas das vias aerodigestivas superiores
• Esporotricose em pacientes com HIV: a critério
• Pacientes em uso de imunossupressores
• Esporotricose cutâneo-disseminada e disseminada
• Contraindicação aos medicamentos usualmente utilizados
• Falha terapêutica com o tratamento empregado**
• Reação de hipersensibilidade associada à esporotricose
7. Encaminhamento do paciente para o especialista
34. 7. Como encaminhar para referência de maior complexidade?
(FIOCRUZ)
Guia de Referência e Contra-referência : dados do paciente e
história clínica detalhada.
Referência: Fiocruz - INI
Setor da Triagem, de segunda a sexta feira de 8h às 12h
(preferencialmente terça e quinta).
35. ESPOROTRICOSE
Formas cutâneas:
Cutâneo linfática, Cutâneo localizada
Cutâneo disseminada
Extra-cutânea: Mucosa, Pulmonar
Articular, Óssea
Manifestação de Hipersensibilidade: Mais observadas nas formas de
transmissão zoonótica. Surgem 2 a 4 semanas após o início da lesão.
Curso benigno.
Eritema nodoso, Eritema multiforme, Síndrome de Sweet, Artrite
inflamatória, Artralgia.
Diagnóstico
clínico
Diagnóstico
Laboratorial
(cultura)
TRATAMENTO
CRITÉRIO DE CURA: clínico
Depende:
da cicatrização da(s) lesão(ões);
do desaparecimento do eritema e das crostas.
NOTIFICAÇÃO
Ficha de N/C
Form SUS
ESPOROTRICOSE ANIMAL
Folheto orientativo
Diagnóstico
clínico-epidemiológico
QUANDO REFERENCIAR?
Referência/Contrarreferência – FIOCRUZ
Encaminhar apenas adultos, sendo:
• Gestantes – formas cutânea disseminada e extracutânea*; formas
cutânea fixa e cutâneo-
linfática: a critério
• Esporotricose ocular
• Esporotricose com lesões cutâneas na face e/ou mucosas das vias
aerodigestivas superiores
• Esporotricose em pacientes com HIV: a critério
• Pacientes em uso de imunossupressores
• Esporotricose cutâneo-disseminada e disseminada
• Contraindicação aos medicamentos usualmente utilizados
• Falha terapêutica com o tratamento empregado**
• Reação de hipersensibilidade associada à esporotricose
Referência: Fiocruz -INI Setor da Triagem, de segunda a sexta feira de 8h
às 12h (preferencialmente terça e quinta).
SISREG -Consulta em Dermatologia
Dúvida diagnóstica
Consultoria no acompanhamento
39. 1. Esporotricose nos Animais
ESPOROTRICOSE nos animais também tem tratamento e bons resultados na
maioria dos casos.
CCZ- Rio de Janeiro CCZ- Rio de Janeiro
40. 1. Esporotricose nos Animais
ESPOROTRICOSE nos animais também tem tratamento e bons resultados na
maioria dos casos.
CCZ- Rio de Janeiro
CCZ- Rio de Janeiro
41. 1. Esporotricose nos Animais
Serviços:
• Atendimento clínico e
exame laboratorial;
• Fornecimento de
medicamento;
• Castração cirúrgica;
• Cremação de cadáver;
• Atendimento domiciliar
quando há muitos
animais.
• Inspeção sanitária em
criações de animais.
• Orientação técnica.
42. 1. Esporotricose nos Animais
Central de Atendimento ao Cidadão - 1746
Atendimento Clínico nas unidades veterinárias: ordem de chegada de 2ª
a 6ª feira das 9h às 16h:
- Centro de Controle de Zoonoses Paulo Dacorso Flho – CCZ
Largo do Bodegão, 150 – Santa Cruz
- Instituto de Medicina Veterinária Jorge Vaitsman – IJV
Av. Bartholomeu de Gusmão, 1120 – São Cristóvão
Coordenação de Vigilância em Zoonoses – Tel: 2224-5079
43. 2. Cuidados com o ambiente
• Observar se existe algum gato lesionado e, em caso positivo encaminhar ao
veterinário para tratamento e isolar os animais doentes (Tel: 1746 para
informações);
• Usar luvas ao manipular gatos doentes;
• Limpar o ambiente com água sanitária;
• No caso de morte de animais doentes entrar em
• contato com 1746 para conduta mais adequada;
44. 2. Cuidados com o ambiente
Campanhas de conscientização e políticas públicas:
Posse responsável de animais (assistência veterinária,
castração, contra o abandono de animais em via
pública);
Evitar fuga de cães e gatos das residências, conforme
legislação vigente;
Manejo adequado do lixo;
Saneamento básico.
45. Bibliografia
Orofino-Costa R, de Macedo PM, Rodrigues AM, Bernardes-Engemann AR. Sporothrichosis: an update on epidemiology, etiopathogenesis,
laboratory and clinical therapeutics. An Bras Dermatol. 2017;92(5):606-20.
Orofino-Costa R, Bernardes-Engemann AR, Azulay-Abulafia L, Benvenuto F, Neves MLP, Lopes-Bezerra LM. Esporotricose na gestação: relato
de cinco casos numa epidemia zoonótica no Rio de Janeiro. An Bras Dermatol. 2011;86(5):995-8.
Alexandre Sampaio de Abreu RibeiroI; Tiago BisolII; Marcela Sant'Ana Menezes Rev. bras.oftalmol. vol.69 no.5 Rio de Janeiro Sept./Oct. 2010.
Síndrome oculoglandular de Parinaud causada por esporotricose
IDSA Guidelines for Management of Sporotrichosis • CID 2007:45 (15 November)
https://www.dermatologia.net/cat-doencas-da-pele/esporotricose/
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Coordenação-Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviços. Guia
de Vigilância em Saúde : volume único [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Coordenação-Geral de
Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviços. – 3ª. ed. – Brasília : Ministério da Saúde, 2019. 740 p. : il.
Medeiros KB, Landeiro LG, Diniz LM, Falqueto A. Esporotricose disseminada cutânea associada à lesão ocular em paciente imunocompetente.
An Bras Dermatol. 2016;91(4):537-9.
Orofino-Costa R, Bernardes-Engemann AR, Azulay-Abulafia L, Benvenuto F, Neves MLP, Lopes-Bezerra LM. Esporotricose na gestacao: relato
de cinco casos numa epidemia zoonotica no Rio de Janeiro. An Bras Dermatol. 2011;86(5):995-8.
Dermatologia – Azulay. 7 ed 2017. Ed Guanabara Koogan.
http://www.atlasdermatologico.com.br
Macedo PM e cols., 2015. J Eur Acad Dermatol Venereol 29(4): 719-24.
Sporothrix schenckii and Sporotrichosis. Barros MBL e cols., 2011. Clin Infect Dis 52(12): e200-6.
Francesconi et al.Terbinafine (250 mg/day): an effective and safe treatment of cutaneous sporotrichosisJEADV 2009, 23, 1273–1276
Treatment of Cutaneous Sporotrichosis With Itraconazole—Study of 645 Patients. Bastos et al. Clinical Infectious Diseases 2011;52(12):e200–
e206
Macedo et al. New posology of potassium iodide for the treatment of cutaneous sporotrichosis: study of efficacy and safety in102 patients.
JEADV 2014
Francesconi et al.Comparative Study of 250 mg/day Terbinafine and 100 mg/day Itraconazole for the Treatmentof Cutaneous Sporotrichosis.
Mycopathologia (2011) 171:349–354
46. ➢- Coordenadora de Doenças Crônicas Transmissíveis:
Emanuelle Pereira de Oliveira Corrêa
➢- Gerente das Doenças Dermatológicas Prevalentes
Márcia Cristiana Borges Vilas Bôas
- Técnicas :Cristina Monteiro Bernardes
Denise Alves Silva
Gabriela T. de Oliveira Cardoso
Lia Raquel Araujo
Tatiana Siqueira
Viviani Christini Lima
Equipe Técnica