O documento discute o tracoma, uma doença infecciosa que causa cegueira. Apresenta definições da doença, sua história, sinais e sintomas, diagnóstico, tratamento e medidas de controle, incluindo a estratégia SAFE da OMS. Fornece dados sobre a situação do tracoma no Brasil com base em inquérito nacional realizado entre 2002-2008.
2. A palavra tracoma (do grego Tráchomas) significa:
rugoso, áspero ou edemaciado.
aparência da conjuntiva tarsal acometida.
3. Descrevia uma doença com as características do
tracoma e a cegueira provocada por ela.
Diferentes civilizações e momentos históricos:
• China (século XXVII A.C.);
• Suméria (século XXI A.C.);
• Egito (século XIX A.C.);
• Grécia (século V A.C.);
• Roma (século I A.C.).
4. Segunda metade do século XIX e início do
século XX - amplamente disseminado em todo o
mundo;
Século XX – há relatos de desaparecimento
da Europa, América do Norte e Japão - melhoria
das condições de vida, à industrialização e ao
desenvolvimento econômico.
7. 1905 - Emílio Ribas – Sugere
organizar serviço destinado a
evitar o tracoma
Medidas de controle
8. • 1906- 1ª “Campanha
Contra o Tracoma” (SP)
Medidas de controle
• Criação do Serviço de
Profilaxia do Tracoma junto
ao Serviço Sanitário - SP
9. Proibida a entrada de imigrantes com tracoma
pelo porto de Santos (curta duração - pressão
dos fazendeiros de café)
Medidas de controle
10. Conjuntiva - a fina membrana que recobre a esclera.
Esclera - a parte branca do olho.
Cílios- Flileiras de pêlos protetores dos olhos, localizados no reborbo da pálpebra
Córnea - a "janela" frontal e transparente do olho. A córnea transmite a luz e ajuda o olho a focalizar as imagens.
Cristalino (lens) - a lente situada no interior do olho que focaliza os raios de luz sobre a retina.
Íris - a estrutura que dá a cor ao olho; controla a abertura da pupila, regulando a quantidade de luz que entra no olho.
Mácula - uma pequena área sobre a retina que contém células super-sensíveis à luz. É a mácula que possibilita a visão de detalhes.
Nervo óptico - o nervo que conecta o olho ao cérebro. Ele transmite os impulsos gerados pela retina ao cérebro, que, por sua vez, os
"decodifica" sob a forma de imagens.
Pupila - a abertura no centro da íris que deixa passar os raios luminosos para o interior do olho.
Retina - camada de tecido nervoso que recobre internamente a parte posterior do olho. A retina capta a imagem e cria impulsos que
são enviados ao cérebro através do nervo óptico.
Vítreo - substância gelatinosa e transparente que preenche o espaço interno do olho.
Cílios
12. Definição
Cerato-conjuntivite folicular crônica recidivante.
Doença de características clínico-epidemiológica.
Etiologia
Chlamydia trachomatis
Bactéria Gram negativa, de vida exclusivamente
Intracelular (sorotipos A, B, Ba e C).
13. Forma direta – Pessoa a pessoa
Forma indireta - objetos contaminados
Estuda-se a ação de vetores mecânicos
especialmente a mosca doméstica e o mosquito
Liohippelates sp.
15. Caso suspeito
Indivíduos com história de “conjuntivite prolongada” ou sintomas
oculares de longa duração (ardor, prurido, sensação de corpo estranho
etc), especialmente na faixa etária de 1 a 10 anos.
16. Caso confirmado
Qualquer indivíduo que ao exame ocular externo
apresente um ou mais dos seguintes diagnósticos:
1. Inflamação Tracomatosa Folicular ( TF );
2. Inflamação Tracomatosa Intensa ( TI );
3. Cicatrização Conjuntival Tracomatosa ( TS );
4. Triquíase Tracomatosa ( TT );
5. Opacificação Corneana ( CO ).
17. A confirmação do caso é essencialmente clínica através da
verificação dos sinais chaves, ao exame ocular externo. O caso
inicial confirmado em crianças menores de 10 anos de idade deve
ser encarado enquanto um caso índice, a partir do qual, serão
desencadeadas medidas de investigação epidemiológica para a
detecção dos casos a ele associados.
18. Não há
necessidade de
isolar o paciente!
A gravidade dos casos está diretamente
relacionada à frequência dos episódios de
reinfecção e à associação com conjuntivites de
outra etiologia.
19.
20. DIAGNÓSTICO
O diagnóstico é essencialmente
clínico- epidemiológico
Exame ocular externo com
eversão palpebral
Observa-se a conjuntiva tarsal
superior de ambos os olhos
◦ Lupa binocular de 2,5 x de
aumento
◦ Iluminação natural ou artificial
21.
22. Tracoma Inflamatório Folicular (TF)
quando estão presentes no mínimo 5 folículos
(formação arredondadas e mais claras) com pelo
menos 0,5 mm de diâmetro, na conjuntiva da pálpebra
superior do olho, em sua região central;
23.
24. Tracoma Inflamatório Intenso (TI)
Quando há espessamento da conjuntiva da pálpebra
superior que se apresenta enrrugada e avermelhada,
não permitindo a visualização de mais de 50% dos
vasos tarsais profundos;
25.
26. Tracoma Cicatricial (TS)
Presença de cicatrizes na conjuntiva da pálpebra
superior. A conjuntiva tem uma aparência
esbranquiçada, fibrosa, com bordas retas, angulares
ou estreladas;
27.
28. Triquíase Tracomatosa (TT)
Quando pelo menos um dos cílios atrita o globo
ocular, ou quando há evidências de remoção recente
de cílios invertidos, associados à presença de
cicatrizes na conjuntiva da pálpebra superior.
29.
30. Opacificação Corneana (CO)
De origem tracomatosa quando ocorre um
obscurecimento de pelo menos uma parte da borda
da pupila.
31.
32. DEFINIÇÃO DE CASO
– Cicatrização Conjuntival Tracomatosa (TS)
Cicatrizes na conjuntiva tarsal superior
– Triquíase Tracomatosa (TT)
Pelo menos um cílio tocando o globo ocular ou
evidência de epilação
– Opacificação Corneana (CO)
Opacificação corneana que obscurece a borda
pupilar
TRACOMA
33.
34.
35.
36. O Ministério da Saúde disponibiliza a azitromicina em
comprimidos de 500mg e em suspensão de 600mg
Dosagem para uso da suspensão
- 20 mg/kg de peso em dose única
Dosagem para uso de comprimidos
- 2 comprimidos (1g) em dose única para pessoas
com 50 ou mais Kg
38. Tratamento do Tracoma
Tratamento sistêmico
– Interrompe a transmissão
– Risco de efeitos colaterais
– Atualmente utiliza-se azitromicina em dose
única, de preferência assistida, após
normatização em abril/2005.
39. Tratamento do Tracoma
Tratamento cirúrgico
– Casos entrópio e/ou triquíase: encaminhar
para referência oftalmológica para correção
cirúrgica.
Entrópio
Triquíase
40. Investigação do caso;
Exame dos comunicantes;
Visita domiciliar;
Notificação do caso;
Preenchimento da ficha epidemiológica.
41. Reuniões com a direção da instituição,
funcionários, professores e pais;
Busca ativa de casos entre alunos,
professores e funcionários;
Controle de comunicantes domiciliares;
Tratamento e controle dos casos.
42. 1º Controle: após 6 meses do tratamento
2º Controle: após 12 meses do tratamento.
43. Alta clínica
◦ Após 6 meses do início do tratamento
◦ Conjuntiva sem folículos (TF)
Alta cura
◦ Ausência de sinais clínicos aos 6 e 12 meses após o início
do tratamento
44. Medidas de Controle
Estratégia SAFE (OMS)
S Cirurgia para TT
A Tratamento das formas inflamatórias
F Educação em saúde
E Saneamento básico
45. TRACOMA
SITUAÇÃO ATUAL NO BRASIL:
INQUÉRITO EPIDEMIOLÓGICO NACIONAL DE TRACOMA EM
ESCOLARES
INÍCIO :SEGUNDO SEMESTRE DE 2002
TÉRMINO: SEGUNDO SEMESTRE DE 2008
PREVALÊNCIA MÉDIA ESPERADA: EM TORNO DE 5%
PREVALÊNCIA MÉDIA ENCONTRADA: 5,07
46. Inquérito de Prevalência de Tracoma nos Estados.
Brasil 2002-2008
Fonte:
MS/SVS/DEVEP/CGDT/CDTV
Não realizado
0 Casos
> 0 < 5 %
5 a < 10%
≥ 10 %
47. No Brasil*:
◦ Presente em todas as Unidades Federadas
◦ Prevalência nacional em escolares menores de 10
anos
média 5,1%
◦ Relacionado com precárias condições
socioeconômicas, de saneamento e de
desenvolvimento humano.
47
*Dados do ultimo Inquérito Nacional de Tracoma em escolares, 2002-2008
48. Municípios Trab. no
Inquérito
Nº. de Escolas
Trabalhadas
Nº. Pessoas
Examinadas
Nº. de Casos de
Tracoma
Nº. de Pessoas
Medicadas
Nº. Pessoas c/ 02
Controles
Cavalcante Goiás 01 145 35 35 00
Flores de Goiás 07 1.266 68 61 61
Formosa Goiás 07 3.975 364 364 318
Monte Alegre de Go. 01 119 09 09 00
Planaltina de Goiás 04 1.566 109 00 00
Posse Goiás 03 1.144 423 393 374
Demanda Espontânea - 1.932 658 431 00
INQUERITO AMOSTRAL DE CASOS DE TRACOMA
05/02/2007 a 29/09/2010 *
*Fonte: NACE Formosa
49. Tratamento medicamentoso;
Os cuidados com a higiene pessoal e familiar;
Limpeza do rosto das crianças;
Cuidado com ambientes domiciliares, lugares dormitórios;
Não acumular lixo no interior das residências;
Destinação adequada do lixo.
Podem ter um impacto significativo na redução da prevalência e
gravidade dos casos.
50. Controlar a ocorrência de tracoma mediante a realização
regular de inquéritos/busca ativa de casos e visitas domiciliares
dos contatos.
Realizar diagnóstico e tratar os casos com infecção ativa,
adotando as medidas de prevenção e controle pertinentes.
Monitorar a ocorrência e distribuição da doença, para
verificar a tendência e situação epidemiológica
51. Coleta, consolidação, análise e interpretação de dados.
Investigação Epidemiológica.
Recomendação, execução e avaliação de medidas de controle.
Divulgações de Informações.
52. A investigação epidemiológica do tracoma deve dirigir-se
prioritariamente às instituições educacionais, territórios e comunidades
de reconhecida prevalência de tracoma, áreas hiperendêmicas de
tracoma no passado e áreas de maior pobreza dos municípios( setores
censitários, comunidades, territórios)
Estratégias:
Realização de Inquérito/Busca ativa em Escolares e Pré –
escolares;
Realização de Inquéritos Domiciliares em áreas de risco social em
saúde;
Realização de Inquéritos em Populações Indígenas, Quilombolas e
Assentamentos Rurais.
53. Dados epidemiológicos revelam:
• O tracoma não está controlado em todas as áreas geográficas do Brasil (Prevalência<5% em
comunidades/territórios) – endemia focal
•É um importante problema de saúde pública em todas as regiões, em especial em
comunidades pobres nas periferias das grandes cidades, áreas rurais e indígenas.
• É necessário realizar inquéritos domiciliares em áreas de risco epidemiológico - bolsões de
pobreza das cidades – conhecer a real situação epidemiológica nas comunidades
•Busca ativa de triquíase tracomatosa - encaminhamento para cirurgia.
•A distribuição da frequência e a ocorrência da doença servem de base para a Elaboração de
Planos de eliminação do tracoma como causa de cegueira até o ano 2020, recomendado
pela OMS:
< 1 caso de triquíase/1.000 habitantes e prevalência de TF< 5%.
54. ACS
Identificar casos de TT (cílios tocando o globo ocular), pessoas com sinais e
sintomas como lacrimejamento, sensação de corpo estranho no olho, prurido,
discreta fotofobia e secreção purulenta e encaminhar à UBS;
Acompanhar os usuários em tratamento e orientá-los quanto à importância da
necessidade de sua conclusão;
Orientá-los quanto à necessidade de adotar medidas para prevenção do
tracoma como lavar a face várias vezes ao dia, evitar dormir em camas com
várias pessoas e compartilhar lençóis e toalhas;
Desenvolver ações educativas e de mobilização da comunidade relativas à
promoção da saúde, prevenção e ao controle do tracoma em sua área de
abrangência;
55. ACS
Realizar busca de casos, após a notificação do caso índice, em domicílio,
escolas, creches, orfanatos, entre outros;
Acompanhar os demais profissionais da equipe de saúde nas visitas de
controle de casos positivos após o tratamento, para avaliação da sua evolução:
• 1ª visita de controle do caso - deve ser realizada após 6 (seis) meses do início
do tratamento.
• 2ª visita de controle do caso - deve ser realizada após 12 (doze) meses do
início do tratamento.
Mobilizar a comunidade para desenvolver medidas simples de higiene,
especialmente orientar a lavagem freqüente do rosto das crianças e de
melhorias de hábitos no cuidado com o corpo e das condições sanitárias e
ambientais.
56. MÉDICO
Diagnosticar e tratar precocemente as pessoas acometidas por tracoma,
conforme as orientações do MS;
Solicitar exames complementares, quando necessário;
Realizar tratamento imediato e adequado, de acordo com esquema
terapêutico preconizado pelo MS, Portaria GM nº 67 de 22/12/2005;
Encaminhar, quando necessário, os casos que necessitam de um atendimento
em Unidade de Referência, respeitando os fluxos locais e mantendo-se
responsável pelo acompanhamento;
57. MÉDICO
Registrar os casos confirmados, em ficha especifica – e no SINAN/NET,
informando à Secretaria Municipal de Saúde, que seguirá o fluxo definido neste
Caderno;
Orientar os auxiliares/técnicos de enfermagem, ACS e ACE para o
acompanhamento dos casos em tratamento;
Capacitar e supervisionar membros da equipe quanto às ações de vigilância
epidemiológica e controle do tracoma.
58. ENFERMEIRO
Realizar consulta de enfermagem, solicitar exames complementares e
prescrever medicações, conforme protocolos ou outras normativas técnicas
estabelecidas pelo gestor municipal, observadas as disposições legais da
profissão;
Planejar, gerenciar, coordenar e avaliar as ações desenvolvidas pelos
auxiliares/técnicos de enfermagem e ACS;
Registrar os casos confirmados, em ficha especifica – e no SINAN/NET,
informando à Secretaria Municipal de Saúde, que seguirá fluxo definido;
Orientar os auxiliares/técnicos de enfermagem, ACS e ACE para o
acompanhamento dos casos em tratamento;
Capacitar e supervisionar membros da equipe quanto às ações de vigilância
epidemiológica e controle do tracoma.
59. AUX./TÉC. ENFERMAGEM
Realizar procedimentos regulamentados para o exercício de sua profissão;
Registrar os casos confirmados, em ficha especifica - e no SINAN NET,
informando à Secretarias Municipal de Saúde, que seguirá fluxo definido;
Identificar casos de triquíase tracomatosa (cílios tocando o globo ocular),
pessoas com sinais e sintomas como lacrimejamento, sensação de corpo
estranho no olho, prurido, discreta fotofobia (sensibilidade à luz) e secreção
purulenta e encaminhar à consulta médica.
60.
61. Coordenação Estadual de Zoonoses
Telefones: (62) 3201 2683 ou 3201 7878
E-mail: zoonoses.go@gmail.com
daniella.machado@saude.go.gov.br