Este documento descreve o caso clínico de uma gata que apresentou maceração fetal. A gata apresentava secreção vaginal sanguinolenta e restos de fetos envoltos em sangue. Exames identificaram anemia, leucocitose e aumento de volume abdominal. Foi realizada cesariana e ovariohisterectomia para tratamento, com boa recuperação pós-operatória.
5. Histórico
Semana anterior ao atendimento realizado no dia
20/02/2018 em Porto Velho- RO, o tutor relatou
presença de secreção sanguinolenta na vulva do
animal.
Horas antes ao atendimento, relatou também
restos de fetos envoltos em uma poça de sangue.
6. Anamnese
Alimentação: kite kat ®
Mora em casa com acesso a rua
Sem histórico de desverminação
Somente vacina contra raiva
Sem alterações nos demais sistemas.
7. Exame Físico
Deprimido
TPC: <2 segundos
Mucosas: Hipocoradas
Escore corporal:
Temperatura: 40,3°C (37,5-39,2°C)
Desidratação:7%
Linfonodos: Sem alterações
Aumento de volume abdominal com tensão e
sensibilidade aumentada a palpação.
20. Pós cirúrgico
Animal permaneceu internado por 3 dias, em seguida recebeu alta e foi para casa.
Tramadol 0,35ml /IV/ BID
Cefatriaxona 0,5ml /IV/ BID
Metronidazol 10,5mil /IV/ BID
Maxicam 0,18ml /IV/ SID
Ranitidina 0,28ml /IV/ BID
21. Prescrição
Cefalexina ( 250 mg/kg) 1,8 ml via oral, a cada 12 horas, durante 7 dias
Meloxicam (0,5 mg/kg) 1 comprimido por Via oral, a cada 24 horas, por 3 dias
Dipirona (500 mg/ml) 3 gotas por via oral a cada 12 horas, durante 3 dias.
Uso tópico:
Rifamicina spray borrifar na ferida cirúrgica 3 vezes ao dia até total cicatrização.
Demais instruções:
Uso do colar elisabetano obrigatório
Limpar a ferida com solução fisiológica com auxilio de gazes 3 vezes ao dia
Repouso total do animal por pelo menos 7 dias
Remoção dos pontos externos e retorno do paciente com 10 dias.
23. Maceração Fetal: É o processo séptico de destruição do feto retido no útero,
com amolecimento e liquefação dos tecidos moles fetais, levando-a uma
esqueletização. (TONIOLLO & VICENTE, 2003).
A maceração de um feto morto requer a presença de microorganismos no
útero que podem ser os causadores da morte fetal ou os que penetraram no
útero devido a abertura da cérvix. (PRESTES & LANDIM-ALVARENGA,
2006).
Casos de maceração fetal podem ocorrer após o emprego de contraceptivos
em gatas (TONIOLLO e VICENTE, 2003).
24. Sinais Clínicos
Desconforto abdominal
Diminuição gradativa do apetite
Perda de peso
Inapetência
Corrimento vaginal de odor fétido
Perfuração da parede uterina pelos ossos e peritonite, com aderências
peritoneais.
Prestes, N. C., & da Cruz Landim-Alvarenga, F. (2017)
25. Diagnóstico
O diagnóstico é confirmado através da história clínica, sinais clínicos, exames
laboratoriais e por imagem. (NELSON e COUTO, 1998).
A ultrassonografia é o método mais eficiente para verificar a viabilidade fetal.
(FRITSCH e GERWING, 1996; NELSON e COUTO, 1998).
26. Conclusão
A maceração fetal é de extrema importância. É uma patologia que necessita de
cuidado imediato, pois compromete a vida do animal, uma vez que em casos graves
pode ocorrer complicações como ruptura de útero, toxemia e septicemia.
Exames complementares como hemograma, e ultrassonografia confirmam ou definem
o diagnostico. Neste caso a USS não foi realizada, mas poderia ter sido feita, afim de
identificar o conteúdo uterino ,e, a existência de presença de liquido ou gases,
alternando assim o tratamento cirúrgico utilizando somente a técnica de
Ovariohisterectomia e evitando maiores contaminações para a cavidade abdominal.
Durante a intubação o animal em questão continuou com reflexo de glote. De acordo
com a literatura poderia ter sido empregado um anestésico local como a lidocaina10%
spray para suprimir esse reflexo e proporcionar melhor qualidade na intubação.
27. O tratamento instituído está de acordo com a literatura, dentro do sugerido.
28. Referencias
ARAÚJO, L. S. Morte Fetal em cadelas e gatas submetidas a tratamento com
anticoncepcionais atendidas no Hospital Veterinário do Centro de Saúde e
Tecnologia Rural da Universidade Federal de Campina Grande. Monografia
(Graduação em Medicina Veterinária) - Centro de Saúde e Tecnologia Rural,
Universidade Federal de Campina Grande, Patos, 2013.
Bolson, Juliano, et al. "Fisometra em cadela (Canis familiaris Linnaeus, 1758)–
relato de caso." Arquivos de Ciências Veterinárias e Zoologia da UNIPAR 7.2 (2004):
171-174.
Grunert, Eberhard, and Eduardo Harry Birgel. Obstetrícia veterinária. Vol. 3. Porto
Alegre: Sulina, 1982.
Prestes, Nereu Carlos, and Fernanda da Cruz Landim-Alvarenga. Obstetrícia
veterinária . Grupo Gen-Guanabara Koogan, 2017.
Sales, K. D. K. D. S., Rodrigues, N. M., Rufino, A. K. B., & Luz, P. M. D. S. (2016).
Maceração fetal em gata: Relato de caso. PUBVET, 10, 873-945.
29. Spinosa, H. S; Górniak, S. L & Bernardi, M. M. Farmacologia aplicada à
Medicina Veterinária. 5 ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2011.
TONIOLLO, G. H.; VICENTE, W. R. R. Manual de Obstetrícia Veterinária. São
Paulo: Editora Varela, 2003.