Preservação da Fertilidade em Síndrome de Turner.
Aula ministrada na Endocrinologia Pediátrica do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP)
Resumimos as opções para preservar a fertilidade de meninas com Turner, de forma objetiva.
2. Conceito
Reserva ovariana
Qualidade oocitária
Por que medir?
Baixa reserva ovariana
Quando medir?
Como medir?
Potencial reprodutivo
Histologia
FSH + Estradiol
CFA
HAM
Inibina B
Teste do clomifeno
Volume ovariano
Combinados
Exames
Timeline
3. Criopreservação de oócitos maduros
Criopreservação de tecido ovariano
Aspiração de oócitos imaturos + IVM
Uso de agonista GnRH
Transposição ovariana
Preservação da
fertilidade feminina
Fertilidade
Gestação
Sd. Turner
37. FSH
Alta variabilidade intra e interciclo
Baixa predição de resposta ovariana e sucesso na FIV
Valor preditivo positivo aceitável = altos valores de corte
Roberts JE. Fertil Steril, 2005
Scott. Fertil Steril 1990
The Practice Committee of the ASRM. Fertil Steril 2015
38. FSH > 10 UI/L + E2 < 60-80 pg/mL
M2 ao M4
Sempre com estradiol
FSH
FSH > 18 UI/L: prognóstico muito ruim
40. Estradiol
Alta variabilidade intra e interciclo
Baixa predição de resposta ovariana e sucesso na FIV
Sincronia do ciclo menstrual
Evers JL. Fertil Steril 1998
Smotrich DB. Fertil Steril 1995
Licciardi FL. Fertil Steril 1995
Buyalos RP. Fertil Steril 1997
The Practice Committee of the ASRM. Fertil Steril 2015
42. Inibina B
Alta variabilidade intra e interciclo
Baixa predição de resposta ovariana e sucesso na FIV
Baixa disponibilidade
McIlveen M. Hum Reprod 2007
Muttukrishna S. Br J Obstet Gynaecol 2005
The Practice Committee of the ASRM. Fertil Steril 2015
46. CFA
Pouca variabilidade intra e interciclo
Operador dependente
Boa reprodutibilidade inter e intraobservador
Scheffer GJ. Ultrasoun Obstet Gynecol 2002
Frattarelli JL. Fertil Steril 2003
Bancsi LF. Fertil Steril 2004
Klinkert ER. Human Reprod 2005
The Practice Committee of the ASRM. Fertil Steril 2015
49. HAM
Células da granulosa: folículos primários, secundários e antrais iniciais
Kits diferentes
Pouca variabilidade intra e interciclo
The Practice Committee of the ASRM. Fertil Steril 2015
Disponibilidade
50. Immunotech Beckman Coulter
Gen II
Diagnostic Systems Laboratories
DSL
AnshLabs
Ultrasensitive
Kits
IOT picoAMH
AnshLabs
Su HI. Fertil Steril 2014
The Practice Committee of the ASRM. Fertil Steril 2015
60. Teste do clomifeno
Citrato de clomifeno 100 mg/d: M5-M9
FSH no M3 e M10
Alta variabilidade interciclo
Hofmann GE. Fertil Steril 1998
The Practice Committee of the ASRM. Fertil Steril 2015
Pouco confiável
62. Volume ovariano
Alta variabilidade inter e intraexaminador
Variabilidade interciclo
Problemas: cistos, endometriomas
The Practice Committee of the ASRM. Fertil Steril 2015
Pouco confiável
65. HAM
FSH CFA
??
???
Combinados
?
McIlveen M. Hum Reprod 2007
Balasch J. Am J Obstet Gynecol 1996
Bancsi LF. Fertil Steril 2002
The Practice Committee of the ASRM. Fertil Steril 2015
66. Verhagen TE. Hum Reprod Update 2008
Combinação de testes não é melhor que testes individualmente
(ex.: CFA)
68. Quando?
Investigação da infertilidade
História familiar de menopausa precoce
Cirurgia ovariana prévia
Scott RT Jr. Obstet Gynecol 1993
Scott RT. Hum Reprod 1995
Leach RE. Fertil Steril 1997
Hofmann GE. Fertil Steril 1996
Quimioterapia e Radioterapia pélvica
Tabagistas
Baixa resposta ovariana
69. Caso clínico
C.P.S., 40 anos
Infertilidade há 1 ano. Filho de 8 anos de outro relacionamento.
TH desde 2012 por sintomas vasomotores
FSH 146 UI/L, LH 94,9 UI/L, E 28,9 pg/mL, HAM < 0,16 ng/mL, CFA 2
FIV: cancelada por ausência de resposta
75. Resumo
FSH < 10 UI/L + E2 < 60-80 pg/mL (2º ou 3º dia do ciclo)
The Practice Committee of the ASRM. Fertil Steril 2015
CFA > 8-10 (2º ou 3º dia do ciclo)
AMH > 1,0 ng/mL
95. Vitrificação
Método de escolha em mulheres
Vitrificação = evitar cristais de gelo
1. Troca da água por crioprotetor (alta viscosidade)
2. Alta velocidade de congelamento (40.000oC/min)
Taxa de sobrevivência pós-descongelamento: 90%
101. Tecido ovariano
Objetivo: preservar reserva de folículos primordiais
Pacientes selecionadas
Não retarda o tratamento oncológico
Única opção em crianças pre-púberes
The Practice Committee of the ASRM. Fertil Steril 2015
Risco de transmissão de células neoplásicas
Necessidade de retirada de parte ou todo ovário
102. Tecido ovariano
Remoção de parte do ovário ou todo o ovário: córtex
Fragmentos: 8,0 x 5,0 x 1,5 mm
Congelamento lento ou vitrificação
Transplante ortotópico ou heterotópico
The Practice Committee of the ASRM. Fertil Steril 2015
109. Sd Turner: fertilidade
Puberdade espontânea: 15 a 30%
Menarca: 2 a 5% com chance de gravidez
Folículos até quando?
J Clin Endocrinol Metab 94: 74 – 80, 2009
Vale a pena preservar a fertilidade? Quando?
110.
111.
112. Artigo
Objetivo: quais meninas se beneficiam da criopreservação de tec. ovariano?
57 pacientes com Turner: 8 a 19 anos
Laparoscopia: biópsia de ovários em 47 pacientes
Avaliação: presença de folículos x idade / desenv. puberal / cariótipo / FSH, LH / AMH
J Clin Endocrinol Metab 94: 74 – 80, 2009
113.
114. Quem pode se beneficiar?
Mosaico Turner
Meninas com desenv. puberal espontâneo (45X ou mosaico)
Meninas FSH e/ou AMH normais, com ou sem desenv. puberal
J Clin Endocrinol Metab 94: 74 – 80, 2009
124. Criopreservação de tecido ovariano
Pré puberal: única opção
Ovários pequenos: ooforectomia
2015: 1º caso de nascido-vivo após transplante de tec. ovariano congelado antes da menarca
(13 anos e 11 meses)
Fert Stert 2016
Nenhum caso de Sd. Turner relatado
126. Aspectos éticos
Promover bem-estar psicossocial e autonomia: oferecer a melhor opção para ter filhos
biológicos
Porém... Técnicas atuais ainda são experimentais e com baixa taxa de sucesso
Expectativa x Realidade
Tratamento na infância e adolescência? Imaturidade psicológica e capacidade de decisão
Virgens: USG TV para aspiração folicular? Importância da discussão sobre virgindade
Fertil Steril 2016
128. Riscos ao concepto
Maior risco de aborto
Maior risco de anormalidades fetais
Maior risco de CIUR
Maior risco de prematuridade
Maior risco de baixo peso ao nascimento
Fertil Steril 2016
129. Riscos maternos
Alto risco cardiovascular: dissecção de aorta, insuf. cardíaca, morte súbita
- mortalidade: 1 a 2% (100 a 200x maior que a pop. geral)
Disfunções tireoidianas
Obesidade
HAS e DHEG
Nefropatia
Fertil Steril 2016
131. Outras opções
Ovodoação: menor taxa de gestação e nascido-vivo, maior taxa de aborto
Gestação de substituição e Adoção: sempre devem ser explicados
Practice Committee of American Society for Reproductive Medicine 2012
132. Renato Bussadori Tomioka
CRM-SP 130.201
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Médico colaborador da Disciplina de Ginecologia da FMUSP
Centro de Reprodução Humana Mário Covas do Hospital das Clínicas FMUSP
Diretor da Clínica VidaBemVinda
renato.tomioka@vidabemvinda.com.br
Notas do Editor
Explicar o conceito de reserva ovariana.
O termo se refere a três resultados diferentes mas relacionados um ao outro: quantidade de óvulos, qualidade dos óvulos e potencial reprodutivo.
Uma mulher com reserva ovariana reduzida é aquela que pode ter uma resposta reduzida durante estimulação ovariana ou que a fertilidade está abaixo do esperado para a idade.
Capacidade reprodutiva ou Potencial Reprodutivo seria o parâmetro ideal para medirmos, mas nenhum teste hoje é capaz de avaliar diretamente.
Trabalho de Baker de 1963: 60 ovários analisados, sendo cerca de 40 antes do nascimento.
16 a 20 semanas: células germinativas se proliferam rapidamente por mitose, chegando a 5 a 7 milhões de oogônias.
A partir daí, a população de células germinativas começa a cair pelo mecanismo de apoptose, que é regulado geneticamente.
Ao nascimento, a recém-nascida tem cerca de 1 a 2 milhões de oócitos e na puberdade esse número é por volta de 300 a 500 mil.
Com 40 anos: cerca de 25 mil e na quando ocorre a menopausa: menos de 1000
Então, durante o menacme, a mulher ovula cerca de 400 vezes.
Os trabalhos histológicos mostram que a reserva ovariana começa a cair significativamente a partir dos 32 anos e, principalmente a partir dos 37 e 40 anos, quando a perda é mais acelerada.
Mulheres com mesma idade podem ter diferentes respostas ovarianas e diferentes potenciais reprodutivos.
Quantidade e qualidade dos óvulos reduzem com a idade.
Mas... A fertilidade varia entre mulheres com a mesma idade.
Vários testes bioquímicos e de imagem foram propostos para avaliar a reserva ovariana e potencial reprodutivo.
Em mulheres eumenorreicas: testes de reserva não predizer se a queda na fertilidade é a esperada ou acelerada.
Quando a gente avalia um casal infértil, a gente usa como base a idade da mulher e fatores de infertilidade para aconselhar os pacientes qual é o melhor plano de tratamento.
A medida da reserva ovariana é mais uma ferramenta que nos dá mais informações sobre o prognóstico daquele casal, facilitando a escolha pelo melhor tratamento, seja ele uma inseminação intrauterina, um congelamento de óvulos para preservar a fertilidade antes de uma ooforoplastia por endometrioma ou uma FIV.
Todo teste de rastreamento tem o objetivo de identificar pacientes com risco para uma determinada doença, no caso baixa reserva ovariana.
Portanto, os testes identificam as mulheres com maior risco de terem uma baixa resposta ovariana com o uso de gonadotrofinas e menor chance de gestação com o tratamento.
Baixa reserva ovariana: resultado de atresia acelerada de um pool normal de folículos OU atresia normal de um pool reduzido?
Fatores associados a baixa reserva ovariana que estão relacionados à essas duas hipóteses: QT, RT pélvica, alterações genéticas (45X, mosaicismos, mutação no FMR1), tabagismo
CLICAR: Uma característica do FSH é a alta variabilidade intra e interciclo menstrual
Os níveis de FSH podem variar bastante, é muito comum repetir o teste. Testes repetidos com níveis altos estão associados a prognóstico ruim.
CLICAR: Mas um único resultado acima de 10 UI/L não tem alta especificidade para predizer baixa resposta ovariana e sucesso na FIV.
CLICAR: o FSH tem um VPP aceitável mas isso acontece com altos valores de corte
Interessante: a ideia de selecionar o ciclo ideal para fazer tratamento de acordo com os níveis de FSH não aumenta a taxa de gestação. EXEMPLIFICAR;
Teste ideal para reserva ovariana: alta especificidade para baixa reserva ovariana, para reduzir o número de falso-positivos (incorretamente dizer que uma paciente com reserva normal tem baixa reserva ovariana), evitando tratamentos mais agressivos ou inapropriados como ovodoação ou adoção e evitar desencorajar pacientes com prognóstico bom.
Mas aumentar a especificidade do teste diminui a sensibilidade, e algumas pacientes com baixa reserva tem o exame normal.
Característica mais importante de um teste de rastreamento: VPP e VPN, que variam de acordo com a prevalência da doença (baixa reserva ovariana) na população estudada.
GANCHO: a gente pode dividir os testes em métodos diretos e indiretos
O método direto é a histologia ovariana.
GANCHO: Trabalho publicado na Human Reproduction em 2004: autor biopsiou 5 ovários de pacientes submetidas a ooforectomia por diversos motivos (cancer de mama, mudança de gênero, abdomen agudo). Avaliou apenas 3 ovários pq ele percebeu uma variação muito grande entre as amostras biopsiadas no mesmo ovário.
Concentração follicular various de 0.007 a 166 folículos/mm3
Trabalho publicado na Human Reproduction em 2004: autor biopsiou 5 ovários de pacientes submetidas a ooforectomia por diversos motivos (cancer de mama, mudança de gênero, abdomen agudo). Avaliou apenas 3 ovários pois perceberam uma variação muito grande entre as amostras biopsiadas no mesmo ovário.
Concentração follicular various de 0.007 a 166 folículos/mm3
Conclusão: biopsiar o ovário não é um método confiável para estimar o número de folículos pq o ideal é fazer um estudo de todo o ovário e não apenas uma área representative.
Mais simples e mais utilizado para medir reserva ovariana.
Concentração sérica de FSH varia bastante durante o ciclo menstrual, por isso a mais usada é a coleta na fase folicular inicial (2o ao 4o dia)
Níveis de FSH acima de 10 UI/L tem alta especificidade para baixa resposta ovariana à estimulação com gonadotrofinas, mas a sensibilidade para detectar essas pacientes é baixa e diminui com o aumento do limiar.
Famoso trabalho de 2008 do Richard Scott: avaliou os níveis basais de FSH de 8.000 mulheres, sendo o objetivo primário a taxa de nascido-vivo por ciclo iniciado de FIV.
FSH > 18 UI/L teve 100% especificidade para falha em ter um nascido-vivo, mesmo em pacientes jovens.
CLICAR: Uma característica do FSH é a alta variabilidade intra e interciclo menstrual
Os níveis de FSH podem variar bastante, é muito comum repetir o teste. Testes repetidos com níveis altos estão associados a prognóstico ruim.
CLICAR: Mas um único resultado acima de 10 UI/L não tem alta especificidade para predizer baixa resposta ovariana e sucesso na FIV.
CLICAR: o FSH tem um VPP aceitável mas isso acontece com altos valores de corte
Interessante: a ideia de selecionar o ciclo ideal para fazer tratamento de acordo com os níveis de FSH não aumenta a taxa de gestação. EXEMPLIFICAR;
Resumo- Colher do segundo ao quarto dia do ciclo menstrual
Sempre pedir Estradiol junto
Níveis acima de 10 UI/L com Estradiol baixo podem sugerir uma baixa reserva ovariana
FSH acima de 18 está relacionado a baixíssima taxa de nascido-vivo com FIV
A concentração basal de estradiol, dosada isoladamente, tem pouco valor como medida de reserve ovariana, mas pode dar informações adicionais que ajudam na interpretação dos níveis de FSH basal.
Elevação precoce do estradiol: desenvolvimento follicular avançado e seleção precoce do folículo dominante, que é visto em pacientes com idade reprodutiva avançada.
O estradiol elevado suprime os níveis de FSH, mascarando uma baixa reserva ovariana.
Se o FSH está normal mas com estradiol acima de 60-80 pg/mL, a chance de baixa resposta ovariana aumenta e a taxa de gravidez reduz.
Inibina B
Secretada durante fase follicular pelas células da granulosa dos folículos antrais
Mas… varia muito durante e entre os ciclos menstruais provavelmente por ser produzido também por folículos maiores, não sendo um exame confiável para medida de reserva ovariana
Mesmo limiares bem baixos como 40-45 pg/mL tem uma baixa sensibilidade e especificidade que varia muito nos estudos.
Na população em geral: VPP baixo (19-22%)
Mulheres em idade reprodutiva: 20 a 150 folículos em crescimento ao mesmo tempo, mas apenas alguns têm tamanho suficiente para serem vistos no USG (2 mm)
Os folículos antrais são sensíveis ao FSH, que vai estimular e suportar os estágios mais avançados de desenvolvimento follicular.
Interessante: vários folículos antrais visíveis ao USG, às vezes mais da metade, estão em processo de atresia, mas não tem nenhum método para diferenciar, além da estimulação com gonadotrofinas.
Mas a CFA tem associação com o número de oócitos coletados na FIV, o que mostra que o estímulo com gonadotrofinas pode resgatar alguns folículos que estão em processo inicial de atresia.
Estudos histológicos mostraram que existe uma relação direta entre o número de folículos antrais e o número de folículos primordiais que ainda existem nos ovários.
CFA:
Pequena variabilidade
É operador dependente: medico treinado!
Clínicas de RH: é comum vários medicos fazerem o USG da mesma paciente, com pequena variação da CFA
Resumo- Fazer USG no segundo ou terceiro dia do ciclo, principalmente em pacientes com risco de baixa reserva ovariana
Melhor via sempre transvaginal, exceto para pacientes que nunca tiveram penetração vaginal, que pode ser mais frequente em homoafetivas
CFA menor que 6 está associada a baixa resposta ovariana e podemos usar como parâmetro para baixa reserva
CFA entre 6 e 10 podem ser consideradas como reserva ovariana limítrofe e vale a pena orientar o casal, mesmo que esse diagnóstico não seja estabelecido atualmente
HAM: glicoproteína dimérica da superfamília do TGF-beta
Produzido nas células da granulosa de folículos primários, secundários e antrais iniciais, geralmente até 6 mm.
CLICAR: Por isso, é um exame com minima variação interciclo.
Surgiu como um exame para medida da reserve ovariana há pouco mais de 10 anos e vem continuamente ganhando campo na Reprodução Humana.
CLICAR: Atualmente existem vários kits para dosage do HAM, mas ainda no Brasil é um exame caro e pouco disponível, não sendo coberto pelos planos de saúde.
No total, foram 5 kits para dosagem do HAM.
Sendo os kits da Immunotech e da DSL os mais antigos e mais usados nos trabalhos que a gente vai comentar aqui.
Atualmente os mais utilizados são o Gen II da Beckman Coulter e os da AnshLabs.
No ano seguinte, em 2012, foi publicado um estudo retrospective na Human Reproduction que avaliou 5.000 mulheres nas quais foram dosados os níveis séricos de HAM,
Com o kit DSL e Gen II.
Ao contrário do que o fabricante dizia, os níveis com o Gen II foram 20% menores do que os com o kit DSL, o que mostra que a conversão entre os kits ainda não é clara.
Os estudos mostram que a variabilidade inter e intraciclo do HAM é muito pequena, sendo um exame que pode ser colhido em qualquer fase do ciclo menstrual, com mínimas variações.
Foram avaliadas 259 mulheres eumenorreicas, sendo colhidas amostras em 8 momentos, desde a fase follicular inicial até a fase lútea final, por até 2 ciclos.
Houve diferença entre os valores medidos nas diferentes fases, sendo maiores na fase follicular media, com queda na fase ovulatória e voltando a subir na fase lútea.
Porém a diferença não é tão grande a ponto de mudar a nossa conduta atual que é de dosar o HAM em qualquer fase do ciclo.
Até hoje a gente não sabe qual é o corte mais adequado, sendo que os valores de referência de cada kit variam bastante e, muitas vezes, aqui no Brasil a gente não sabe qual é o kit que o laboratório está utilizando.
Classicamente a gente usa o corte de 1,0 ng/mL e níveis abaixo disso podem indicar uma baixa reserva ovariana.
A gente sabe que os contraceptivos hormonais podem reduzir os níveis de HAM.
Esse trabalho publicado na Fertility em 2013 mostrou o efeito da pilula combinada, adesivo e anel vaginal nos níveis de HAM.
Foram colhidas amostras antes, após 5 e 9 semanas do uso do contraceptive em 42 mulheres.
Nos 3 grupos os níveis de HAM foram cerca de 50% menores após 9 semanas de uso de contraceptive hormonal.
Agora, por que isso acontece?
Como o HAM é produzido também pelas céls da granulosa dos folículos antrais pequenos, que são resposíveis ao FSH.
CLICAR: Quando se utiliza algum contraceptive hormonal, o FSH é suprimido, o que inibe o crescimento de folículos principalmente os antrais, reduzindo a massa de células da granulosa e, consequentemente, os níveis de HAM.
Resumo- HAM é um teste promissor para rastreamento de baixa reserva ovariana, sendo mais útil em pacientes com alto risco ou na população com indicação de FIV, do que nas pacientes com baixo risco.
Portanto, pacientes que você viu no USG que tem boa CFA talvez não tenha muita vantagem em ficar pedindo HAM.
Ovários difíceis: ferramenta útil para avaliar reservas duvidosas
Baixos valores de corte são muito específicos para baixa resposta ovariana na FIV, mas não para gravidez!!!
Mais simples e mais utilizado para medir reserva ovariana.
Concentração sérica de FSH varia bastante durante o ciclo menstrual, por isso a mais usada é a coleta na fase folicular inicial (2o ao 4o dia)
Mulheres com idade mais avançada: menor coorte de folículos, menos inibina B e estradiol, resultando em menor feedback negative, levando a um aumento exagerado dos níveis de FSH.
Níveis acima de 10-22 UI/L estariam associados a baixa reserve ovariana, mas o teste não se mostrou melhor que a dosage isolada de FSH na fase follicular inicial, tendo uma sensibildade maior, mas especificidade menor que o FSH no terceiro
Dia.
Por isso é um teste com mais valor histórico do que prático atualmente.
Comprimento x Profundidade x Largura x 052 = volume
O volume ovariano reduz conforme reduz a quantidade de folículos, mas é um exame que varia muito de acordo com o examinador, além de ter uma alta variabilidade interciclo.
Fora isso, a maioria dos estudos excluiu pacientes com cistos, endometriomas e ovários de padrão policísticos, o que limita a aplicabilidade do teste.
Um baixo volume ovariano, menos que 3 mL, tem alta especificidade para predição de baixa resposta ovariana, mas a sensibilidade varia muito.
O VPP varia bastante também: em pacientes com baixo risco, chega a 17%. Em pacientes com alto risco: 53%
Comprimento x Profundidade x Largura x 052 = volume
Como nenhum teste tem 100% de sensibilidade e especificidade, vários estudos foram feitos para determinar se a combinação dos exames como FSH, HAM e CFA aumentaria a acurácia.
Mas as análises são difíceis por vários motivos. Primeiro por que os valores de corte variam muito.
Segundo porque os testes são altamente correlacionados e usar mais que um teste não necessariamente aumentaria a performance.
As fórmulas geradas podem ser complicadas e com pouca aplicação na prática diária.
Uma metanálise de 2008 revisou modelos multivariados para predição de reserva ovariana e gestação com FIV, comparando as curvas ROC desses modelos com a da CFA, utilizada como o teste isolado padrão.
Finalmente, quando devemos então pedir os exams para medir a reserve ovariana?
Historicamente, os testes de reserve ovariana eram usados para rastrear pacientes antes de iniciar um ciclo de FIV.
Mas os estudos que avaliam a performance dos testes usam populações heterogêneas de pacientes (como pacientes com indicação de FIV, mulheres com idade avançada) e diferentes objetivos primários, como baixa resposta ovariana, taxa de cancelamento de ciclo, gestação clínica, taxa de nascido-vivo, o que complica a interpretação.
As principais situações são:
Na investigação da infertilidade: FSH e CFA, pela facilidade e disponibilidade. Hoje praticamente todos que trabalham com RH tem USG na sala e podem fazer isso logo na 1a consulta. O FSH pode ser colhido em qualquer laboratório, juntamente com os outros exams de sangue da investigação geral
Casais com infertilidade sem causa aparente podem ter a causa desvendada quando se usa um teste mais acurado como o HAM
História familiar de menopausa precoce
Cirurgia ovariana prévia: ooforoplastia, drilling, ooforrectomia unilateral
Quimioterapia e Radioterapia pélvica
Tabagistas
Baixa resposta ovariana
Resumo:
HAM tem boa especificidade para baixa resposta, mas não prediz que a paciente não vai engravidar
CFA menor que 6 também tem boa especififidade para BRO, mas não prediz que a paciente não vai engravidar
Inibina B, Volume ovariano, Teste do Clomifeno são pouco utilizados para medida da RO por causa da alta variabilidade
Combinação de testes não parece ser melhor que a CFA isoladamente, por exemplo
Doenças autoimunes como LES e AR que necessitam de ciclofosfamida
GnRH agonista: restituir os níveis hormonais da fase pré puberal, quando o risco de falência ovariana após QT é menor.
Reduziria a liberação de FSH, diminuindo o recrutamento follicular e depleção oocitáriaMecanismos de ação
Mantém as células ovarianas em estado quiescente
Redução da vascularização ovariana
Ação via esfingosina-1-fosfato (anti-apoptose)
Críticas: Atresia folicular uniforme desde a vida intra-uterina e no Menacme: 90% dos folículos quiescentes
GnRH agonista: restituir os níveis hormonais da fase pré puberal, quando o risco de falência ovariana após QT é menor.
Reduziria a liberação de FSH, diminuindo o recrutamento follicular e depleção oocitária
Resumo:
HAM tem boa especificidade para baixa resposta, mas não prediz que a paciente não vai engravidar
CFA menor que 6 também tem boa especififidade para BRO, mas não prediz que a paciente não vai engravidar
Inibina B, Volume ovariano, Teste do Clomifeno são pouco utilizados para medida da RO por causa da alta variabilidade
Combinação de testes não parece ser melhor que a CFA isoladamente, por exemplo
IVM: ainda experimental
IVM: ainda experimental
IVM: ainda experimental
IVM: ainda experimental
IVM: ainda experimental
Oocitos maduros: única técnica reconhecida
Oocitos maduros: única técnica reconhecida
IVM: ainda experimental
Oocitos maduros: única técnica reconhecida
IVM: ainda experimental
Quantos óvulos congelar?
Quantos óvulos congelar?
Quantos óvulos congelar?
Quantos óvulos congelar?
IVM: ainda experimental
02:15
02:15
IVM: ainda experimental
IVM: ainda experimental
FSH após transplante ortotópico
FSH após transplante ortotópico
FSH após transplante ortotópico
Alterações estruturais: deleções braço curto ou longo, isocromossomos, fragmentos de Y
Mosaicos: 45X, 46XX, 47XXX
Resumo:
HAM tem boa especificidade para baixa resposta, mas não prediz que a paciente não vai engravidar
CFA menor que 6 também tem boa especififidade para BRO, mas não prediz que a paciente não vai engravidar
Inibina B, Volume ovariano, Teste do Clomifeno são pouco utilizados para medida da RO por causa da alta variabilidade
Combinação de testes não parece ser melhor que a CFA isoladamente, por exemplo
AMH na infância/adolescência e em meninas com Turner: 45X, mosaic variável e 45X,46XX
AMH na infância/adolescência e em meninas com Turner: 45X, mosaic variável e 45X,46XX
AMH na infância/adolescência e em meninas com Turner: 45X, mosaic variável e 45X,46XX
1 pmol/L = 0,445 ng/mL
8 pmoL/L = 3,5 ng/mL
Não há consenso em relação à preservação da fertilidade em meninas com Turner
Turner: 1/2500 meninas
Insuficiência ovariana geralemente ocorre antes da puberdade
Mecanismo: apoptose acelerada
Presença de tecido ovariano functional depende des céls germinativas 46XX no ovário
Cariótipo de sangue periférico 45X não exclui a presença de cels 46XX no ovário!!!
Adultas com TS já perderam toda a reserve ovariana: foco na infância e adolescência! Importância da Pediatria
Ou seja, quando chega a hora de pensarem em formar uma família, não há mais tratamento com óvulos próprios.
IVM: ainda experimental
IVM: ainda experimental
1o caso no mundo de nascimento após transplante de tec ovariano congelado na infância: Bélgica
Nenhuma menina com Sd Turner retornou para transplantar o tec congelado até agora
Imaturidade psicológica e capacidade de decisão: necessidade de consentimento informado
Discutir virgindade com psicóloga e médico, para tomarem a decisão, quando se pensa em coleta de oócitos
Maior risco de aneuploidia
Pior receptividade uterina: hipoestrogenismo prolongado e útero hipoplásico
Indicação de rastreamento pré natal nas que ovulam
PGS para FIV
Atenção ao risco cardiovascular: ECO, ECG e acompanhamento cardiológico!!!
Mesmo com ovodoação, as chances são 2x piores que a pop infértil, risco de aborto 44% (útero hipoplásico e pouco receptive)
Taxa de nascido vivo: 18%