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O Estranho Mundo dos
Conflitos de Interesse na Saúde
Há pelo menos 15 anos, não
possuo nenhum tipo de
relação direta com indústrias
de medicamentos ou
dispositivos de uso em
pacientes. Não mais recebo
sequer visitas de
propagandistas.
DECLARAÇÃO DE
CONFLITOS DE
INTERESSE
Conflitos de interesse
“Um conjunto de condições em que o julgamento
relacionado a um interesse primário (bem estar do paciente
ou validade de uma pesquisa) pode ser influenciado por um
segundo interesse (ganho financeiro, status)”.
adaptado de Thompson, DF
Conflitos de interesse
“Um conjunto de condições em que o julgamento
relacionado a um interesse primário (bem estar do paciente
ou validade de uma pesquisa) pode ser influenciado por um
segundo interesse (ganho financeiro, status)”.
adaptado de Thompson, DF
Roteiro
• Motivações pessoais
• Conflito de interesse: por que a discussão é relevante?
• Um problema dos outros apenas?
• Influência / interferência da indústria:
– Na relação direta com os médicos;
– Em guidelines e outras publicações;
– Na educação médica continuada
• Possíveis fontes de reflexões / soluções
• Como diretor da AMERGHC
já fiz festas e torneios
esportivos financiados por
laboratório em troca de
“atividades científicas”.
• Já colaborei na organização de evento médico
de importante sociedade médica, em parceria
com a indústria farmacêutica, para mais de
5000 participantes, na sua maioria estudantes
de Medicina, depois médicos do interior. Na
época, entrou propaganda indevida na grade
oficial do evento: Olmesartana...
Schwocho LR et al. J. Clin Pharmacol 2001;41:515-527
Olmesartana medoxomila
COOH
de-esterificação na
parede intestinal
Olmesartana medoxomila olmesartana
O
CH3
O
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C
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OH
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N
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C
CH3
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H3C
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CH2
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Eficácia anti-aterosclerótica da Olmesartana
via redução de estresse oxidativo
 Redução de aterosclerose e estresse oxidativo com
olmesartana em ratos deficientes de apo-E
Suzuki J et al. Am J Cardiovasc Drugs 2005;5:41-50
 Olmesartana atua sinergisticamente com
estrógenos para inibir atividade da NAD(P)H
oxidase e o estresse oxidativo
Tsuda M et al. Hypertension 2005;45:545-51
 Olmesartana melhora a resistência à insulina em
ratos insulino-resistentes alimentados com frutose
Okada K et al. Hypertens Res 2004;27:293-9
Olmesartana
20 mg/dia
(n=171)
*
*
-12,2
-7,7
*
*
Amlodipina
5 mg/dia
(n=172)
-12,3
-7,0
Chrysant SG et al. J Human Hypertension 2003;17:425-432
Placebo
(n=54)
* p<0,001 vs placebo
MAPA após 8 semanas
-2,3
-1,4
mmHg
PAS
PAD
Olmesartana versus amlodipina
• EGDT trial, New England Journal of Medicine, by
Rivers et al, 2001
• Pacientes teriam “desaparecido” do estudo após
processo de randomização.
• As denúncias, antes de se tornarem públicas,
foram discutidas com os líderes maiores do
hospital de Rivers, que não deram importância.
• No momento da publicação do ECR em 2001, o
hospital era quem detinha os direitos da
tecnologia usada no grupo EGDT. Rivers havia
recém transferido os direitos à instituição.
• O NEJM, no momento do lançamento do trial, não
publicou nenhuma referência à qualquer possível
conflito de interesse.
• Rivers e seu hospital receberam pelo menos
$404.000 da Edwards Lifesciences nos anos
subsequentes.
• Várias evidências posteriores passaram a
questionar elementos do pacote de Rivers!
Minhas experiência como EGDT-Boy
• Não sou contra as indústria farmacêuticas, sei da sua
importância e reconheço que existirão sempre
conexões entre laboratórios e médicos - e que inclusive
muitas podem (e algumas devem) existir.
• O que defendo é separação entre farmacêuticas e
médicos para educação médica e para tomada de
algumas decisões estratégicas mais independentes.
Tenho, em parceria com entidades e muitos colegas,
demonstrado que é possível. Ainda assim, aceito
posicionamentos intermediários, ao menos mostrando
para os membros das sociedades médicas algum
esforço transparente na tentativa de assegurar
independência científica (lançar evento com
programação completa antes da comercialização?).
Folha de São Paulo: Médico faz evento sem verba de
laboratórios em Florianópolis - 16/11/2010
https://medicinahospitalar.blogspot.com/2011/02/impressoes-e-comentarios-sobre-o.html
Conflitos de Interesse na Saúde
• Enquanto alguns médicos consideram que as
preocupações são justas e que discutir o assunto é
necessário, a maioria se ofende ao simplesmente
observar esta discussão vir à tona (“é uma afronta a
nossa integridade e põe em cheque a ética
profissional de toda a corporação”).
• Esses indivíduos acreditam que sua devoção a
Medicina e aos pacientes (que efetivamente costumam
ter) os protegem de influências externas.
• Entretanto, esta visão pode se basear em falta de
compreensão ou entendimento incompleto da
psicologia humana.
• “ Lapsos éticos quase nunca
são casos de pessoas ruins,
tomando atitudes ruins, por
motivos ruins. Ao contrário,
são boas pessoas, fazendo
coisas ruins, por bons
motivos.”
Marcia Angell
O cérebro ético na Medicina
(o eu ético - o outro não)
• Estudos em neurociência e psicologia sugerem que toda
pessoa pode ser um pouco mais influenciável do que
costuma pensar que seja. Não é surpreendente que
médicos pensem que conflitos de interesses não os afetam,
apenas aos outros.
• Reforça um paradoxo atual do brasileiro: cada um de nós,
individualmente ou em grupos organizados, tem a crença
de estar muito acima de tudo que aí está. Ninguém aceita,
ninguém aguenta mais, nenhum de nós pactua com o mar
de lama. O problema é que, ao mesmo tempo, o resultado
de todos nós juntos é precisamente tudo o que aí está -
estamos muito aquém da somatória das nossas
autoimagens individuais ou corporativas.
GUIDELINES
Relationships between authors of clinical practice guidelines
and the pharmaceutical industry
• Avaliados autores de diretrizes
clínicas apoiadas por sociedades
norte-americanas e européias,
sobre doenças comuns em adultos e
publicadas entre 1991-99.
• Questionário estudou as interações
dos autores com a indústria
farmacêutica.
JAMA, Feb 2002; 287: 612 - 617
A RELAÇÃO
Relationships between authors of clinical practice guidelines
and the pharmaceutical industry
87
64
53
38
6
0
20
40
60
80
100
A
ny
relationshipSpeaking
H
onorarium
TravelfundingEm
ployee/C
onsultant
Equity
%authors
JAMA, Feb 2002; 287: 612 - 617
Do relationships influence treatment
recommendations?
7
19
0
10
20
30
40
50
60
70
Personal Recommendations Colleague Recommendations
%authors
JAMA, Feb 2002; 287: 612 - 617
O PRESENTE
O PRESENTE
• Estudantes de medicina:
– 85% considera inadequado que políticos
recebam presentes de corporações.
– 46% acha que os médicos não devem receber
presentes da indústria farmacêutica.
J Gen Intern Med 2005; 20: 777-86.
OS RESULTADOS DOS ESTUDOS QUANDO
FINANCIADOS PELA INDÚSTRIA
Periódico científico
"The Open Information Science Journal“
aceita publicar trabalho fake
• A revista aceitou publicar um artigo científico sem sentido, gerado por computador por dois
pesquisadores brincalhões.
• O periódico teria informado aos dois "autores" que seu manuscrito já havia passado por
"peer-review" (revisão por pares), processo pelo qual artigos científicos são avaliados por
pareceristas independentes.
• Em seguida, teria cobrado deles US$ 800 de taxa de publicação.
• Acontece que tudo no artigo, intitulado "Desconstruindo Pontos de Acesso", era falso. A
começar de seus autores, David Philips e Andrew Kent, pseudônimos do doutorando em
comunicação científica Philip Davis, da Universidade Cornell (EUA), e de Kent Anderson,
executivo do periódico de acesso fechado "New England Journal of Medicine". No artigo de
gozação, os autores se intitulavam pesquisadores de um certo Center for Research in Applied
Phrenology, ou Crap ("titica"), na sigla em inglês. Davis e Anderson produziram seu artigo
usando um programa de computador criado no MIT (Instituto de Tecnologia de
Massachusetts) que gera randomicamente artigos científicos.
• "Eu queria ver se esse artigo passaria por "peer-review'", disse Davis à "The Scientist". "[Ele]
tem a aparência de um artigo, mas não faz sentido nenhum", afirmou.
FSP, 2009
The multibillion-dollar
continuing medical education
(CME) industry
JAMC • 18 JANV. 2005; 172 (2)
Commercial Medical Education?
• Apropriação da Educação Médica Continuada:
“CME is now so closely linked with the marketing of pharmaceuticals that
its integrity and credibility are being questioned.”
“The pharmaceutical industry provides a substantial proportion of the
several billion dollars spent on CME annually and uses that support as a
marketing tool.” Arnold S. Relman. JAMA. 2001;285(15):2009-2012.
• Indústria e Sociedades de Especialidades umbelicalmente ligadas;
• Speakers da indústria já não mais em simpósios satélites, mas na grade
principal de congressos - BMJ 2008;336:416-417;
• Informação de qualidade questionável.
Drug "A" Usage
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
Jan
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ar
M
ay
Jul
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N
ov
Jan
M
ar
M
ay
Jul
Sept
N
ov
Units
Index Institution Major Medical Centers
Chest1992;102:270
The Effects of Pharmaceutical Firm Enticements on Physician Prescribing
Patterns
• Pesquisa feita com médicos 6 meses após a
participação deles em cursos patrocinados
pela indústria sobre medicamentos;
• Foi solicitado uma média de prescrições dos
medicamentos abordados nos cursos,
comparando-se antes e depois.
Changes in drug prescribing patterns related to commercial company
funding of continuing medical education
Changes in drug prescribing patterns related to commercial
company funding of continuing medical education
Course 1 (sponsor nifedipine)
48
22
30
54
26
20
0
10
20
30
40
50
60
Nifedipine Diltiazem Verapamil
%ofprescriptions
Before
After
Changes in drug prescribing patterns related to commercial
company funding of continuing medical education
Course 2
(sponsor metoprolol)
14
30
25
27
32
18
0
5
10
15
20
25
30
35
Metoprolol Atenolol Propanolol
%ofprescriptions
Before
After
Revista Ser Médico – CREMESP
Como podemos avançar nesta discussão a
partir de 5 diferentes perspectivas....
 Descriminalização do
debate
 Foco no problema
 Menos críticas e mais
hipóteses, em busca por
soluções.
 Mais ciência e menos
“achismo”: testar, avaliar,
rediscutir, modificar.
 Mudança de cultura em
todos os níveis
Descriminalização do debate
 Para lugar nenhum iremos quando se busca somente e
obsessivamente os “médicos corruptos”. Isto apenas aumenta a
cortina de fumaça sobre o tema.
 É preciso compreender como efetivamente as relações de dão no
varejo.
 A cadeia de causalidade que vai do patrocínio à prescrição é
longa, complexa, difícil de delinear e compreender e, se jogada
no terreno da moralidade, geradora de barreiras cognitivas que
tornam os profissionais impermeáveis ao debate.
 Necessitamos de fóruns de discussão e avaliação de caráter não
punitivo. Que AJUDEM os médicos a compreender e administrar
eticamente estas relações. A mediar conflitos de interesse que,
per se, não podem ser caracterizados como antiéticos ou imorais,
sob pena de criminalização do cotidiano das relações humanas.
Foco no problema
 Tem sido freqüente a instrumentalização desse debate
por ativismos de todo tipo (anti-capitalismo, anti-
Medicina, anti-medicações, anti-psiquiatria, e suas
contrapartes), produzindo um cenário confuso, que
inviabiliza a construção de um espaço de “ética
possível”, como se houvesse uma condição ideal a
priori da qual não se pode abrir mão.
Menos críticas e mais hipóteses,
em busca por soluções.
 Qual o valor e a eficácia das declarações de conflitos?
 Quais as interfaces eticamente admissíveis? Quais os limites de cada
interface e da relação delas com o todo?
 Como garantir Diretrizes de maior qualidade e credibilidade?
 E na educação médica (básica ou continuada) e nos congressos,
simpósios satélites, e áreas de exposição, o que pode e o que não pode?
Como verdadeiramente garantir que essas orientações sejam efetivas?
 Precisamos de novos modelos de financiamento para os eventos?
Fundo único para os eventos anuais das sociedades oficiais e que
emitem pontuação para a recertificação do título de especialista?
 Como pontua aquele profissional que deseja atualização profissional
mais independente da indústria?
 O principal conflito de interesse a ser trabalhado entre os médicos é
realmente o financeiro, ou o que envolve facilidades para
reconhecimento e status?
Mais ciência e menos “achismo”:
testar, avaliar, rediscutir, modificar.
 Experiências com a indústria farmacêutica
 Experiência com o PASHA2010
 Experiência com Portal de Educação Continuada
Mudança de cultura
em TODOS os níveis
 Quem ocupa cargos de lideranças teria
automaticamente maior capacidade de gerenciar
conflitos de interesse ?
 A regulação tem que começar por quem tem mais
poder e transbordar para o dia-a-dia do médico
mais comum.
 É um equívoco supervalorizarem o efeito do presente
recebido pessoalmente do laboratório, em detrimento
dos grandes financiamentos “institucionais”.
CONFLITO DE INTERESSE NA SAÚDE
“ ...dizer em público o que muitos conhecem no
isolamento e na privacidade não é supérfluo.
Justamente o fato de alguma coisa estar sendo
escutada por todos confere a tal coisa um poder e
um brilho que confirmam sua existência real.”
Hannah Arendt
Podemos optar por sermos vistos como parte da
solução, ao invés de, indiferentes, sermos
inevitavelmente considerados parte do problema, ou o
que é pior, o problema em si.
Guilherme Barcellos
gbbarcellos@gmail.com
OBRIGADO!

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O Estranho Mundo dos Conflitos de Interesse na Saúde

  • 1. O Estranho Mundo dos Conflitos de Interesse na Saúde
  • 2. Há pelo menos 15 anos, não possuo nenhum tipo de relação direta com indústrias de medicamentos ou dispositivos de uso em pacientes. Não mais recebo sequer visitas de propagandistas. DECLARAÇÃO DE CONFLITOS DE INTERESSE
  • 3.
  • 4. Conflitos de interesse “Um conjunto de condições em que o julgamento relacionado a um interesse primário (bem estar do paciente ou validade de uma pesquisa) pode ser influenciado por um segundo interesse (ganho financeiro, status)”. adaptado de Thompson, DF
  • 5.
  • 6. Conflitos de interesse “Um conjunto de condições em que o julgamento relacionado a um interesse primário (bem estar do paciente ou validade de uma pesquisa) pode ser influenciado por um segundo interesse (ganho financeiro, status)”. adaptado de Thompson, DF
  • 7. Roteiro • Motivações pessoais • Conflito de interesse: por que a discussão é relevante? • Um problema dos outros apenas? • Influência / interferência da indústria: – Na relação direta com os médicos; – Em guidelines e outras publicações; – Na educação médica continuada • Possíveis fontes de reflexões / soluções
  • 8. • Como diretor da AMERGHC já fiz festas e torneios esportivos financiados por laboratório em troca de “atividades científicas”. • Já colaborei na organização de evento médico de importante sociedade médica, em parceria com a indústria farmacêutica, para mais de 5000 participantes, na sua maioria estudantes de Medicina, depois médicos do interior. Na época, entrou propaganda indevida na grade oficial do evento: Olmesartana...
  • 9. Schwocho LR et al. J. Clin Pharmacol 2001;41:515-527 Olmesartana medoxomila COOH de-esterificação na parede intestinal Olmesartana medoxomila olmesartana O CH3 O COCH2 C CH3 OH H3C H3CH2CH2C CH2 O O N N N N N NH C CH3 OH H3C H3CH2CH2C CH2 N N N N N NH
  • 10. Eficácia anti-aterosclerótica da Olmesartana via redução de estresse oxidativo  Redução de aterosclerose e estresse oxidativo com olmesartana em ratos deficientes de apo-E Suzuki J et al. Am J Cardiovasc Drugs 2005;5:41-50  Olmesartana atua sinergisticamente com estrógenos para inibir atividade da NAD(P)H oxidase e o estresse oxidativo Tsuda M et al. Hypertension 2005;45:545-51  Olmesartana melhora a resistência à insulina em ratos insulino-resistentes alimentados com frutose Okada K et al. Hypertens Res 2004;27:293-9
  • 11. Olmesartana 20 mg/dia (n=171) * * -12,2 -7,7 * * Amlodipina 5 mg/dia (n=172) -12,3 -7,0 Chrysant SG et al. J Human Hypertension 2003;17:425-432 Placebo (n=54) * p<0,001 vs placebo MAPA após 8 semanas -2,3 -1,4 mmHg PAS PAD Olmesartana versus amlodipina
  • 12. • EGDT trial, New England Journal of Medicine, by Rivers et al, 2001 • Pacientes teriam “desaparecido” do estudo após processo de randomização. • As denúncias, antes de se tornarem públicas, foram discutidas com os líderes maiores do hospital de Rivers, que não deram importância. • No momento da publicação do ECR em 2001, o hospital era quem detinha os direitos da tecnologia usada no grupo EGDT. Rivers havia recém transferido os direitos à instituição. • O NEJM, no momento do lançamento do trial, não publicou nenhuma referência à qualquer possível conflito de interesse. • Rivers e seu hospital receberam pelo menos $404.000 da Edwards Lifesciences nos anos subsequentes. • Várias evidências posteriores passaram a questionar elementos do pacote de Rivers! Minhas experiência como EGDT-Boy
  • 13.
  • 14. • Não sou contra as indústria farmacêuticas, sei da sua importância e reconheço que existirão sempre conexões entre laboratórios e médicos - e que inclusive muitas podem (e algumas devem) existir. • O que defendo é separação entre farmacêuticas e médicos para educação médica e para tomada de algumas decisões estratégicas mais independentes. Tenho, em parceria com entidades e muitos colegas, demonstrado que é possível. Ainda assim, aceito posicionamentos intermediários, ao menos mostrando para os membros das sociedades médicas algum esforço transparente na tentativa de assegurar independência científica (lançar evento com programação completa antes da comercialização?).
  • 15. Folha de São Paulo: Médico faz evento sem verba de laboratórios em Florianópolis - 16/11/2010 https://medicinahospitalar.blogspot.com/2011/02/impressoes-e-comentarios-sobre-o.html
  • 16. Conflitos de Interesse na Saúde • Enquanto alguns médicos consideram que as preocupações são justas e que discutir o assunto é necessário, a maioria se ofende ao simplesmente observar esta discussão vir à tona (“é uma afronta a nossa integridade e põe em cheque a ética profissional de toda a corporação”). • Esses indivíduos acreditam que sua devoção a Medicina e aos pacientes (que efetivamente costumam ter) os protegem de influências externas. • Entretanto, esta visão pode se basear em falta de compreensão ou entendimento incompleto da psicologia humana.
  • 17. • “ Lapsos éticos quase nunca são casos de pessoas ruins, tomando atitudes ruins, por motivos ruins. Ao contrário, são boas pessoas, fazendo coisas ruins, por bons motivos.” Marcia Angell
  • 18. O cérebro ético na Medicina (o eu ético - o outro não) • Estudos em neurociência e psicologia sugerem que toda pessoa pode ser um pouco mais influenciável do que costuma pensar que seja. Não é surpreendente que médicos pensem que conflitos de interesses não os afetam, apenas aos outros. • Reforça um paradoxo atual do brasileiro: cada um de nós, individualmente ou em grupos organizados, tem a crença de estar muito acima de tudo que aí está. Ninguém aceita, ninguém aguenta mais, nenhum de nós pactua com o mar de lama. O problema é que, ao mesmo tempo, o resultado de todos nós juntos é precisamente tudo o que aí está - estamos muito aquém da somatória das nossas autoimagens individuais ou corporativas.
  • 19. GUIDELINES Relationships between authors of clinical practice guidelines and the pharmaceutical industry • Avaliados autores de diretrizes clínicas apoiadas por sociedades norte-americanas e européias, sobre doenças comuns em adultos e publicadas entre 1991-99. • Questionário estudou as interações dos autores com a indústria farmacêutica. JAMA, Feb 2002; 287: 612 - 617
  • 20. A RELAÇÃO Relationships between authors of clinical practice guidelines and the pharmaceutical industry 87 64 53 38 6 0 20 40 60 80 100 A ny relationshipSpeaking H onorarium TravelfundingEm ployee/C onsultant Equity %authors JAMA, Feb 2002; 287: 612 - 617
  • 21.
  • 22. Do relationships influence treatment recommendations? 7 19 0 10 20 30 40 50 60 70 Personal Recommendations Colleague Recommendations %authors JAMA, Feb 2002; 287: 612 - 617
  • 24. O PRESENTE • Estudantes de medicina: – 85% considera inadequado que políticos recebam presentes de corporações. – 46% acha que os médicos não devem receber presentes da indústria farmacêutica. J Gen Intern Med 2005; 20: 777-86.
  • 25.
  • 26. OS RESULTADOS DOS ESTUDOS QUANDO FINANCIADOS PELA INDÚSTRIA
  • 27.
  • 28.
  • 29. Periódico científico "The Open Information Science Journal“ aceita publicar trabalho fake • A revista aceitou publicar um artigo científico sem sentido, gerado por computador por dois pesquisadores brincalhões. • O periódico teria informado aos dois "autores" que seu manuscrito já havia passado por "peer-review" (revisão por pares), processo pelo qual artigos científicos são avaliados por pareceristas independentes. • Em seguida, teria cobrado deles US$ 800 de taxa de publicação. • Acontece que tudo no artigo, intitulado "Desconstruindo Pontos de Acesso", era falso. A começar de seus autores, David Philips e Andrew Kent, pseudônimos do doutorando em comunicação científica Philip Davis, da Universidade Cornell (EUA), e de Kent Anderson, executivo do periódico de acesso fechado "New England Journal of Medicine". No artigo de gozação, os autores se intitulavam pesquisadores de um certo Center for Research in Applied Phrenology, ou Crap ("titica"), na sigla em inglês. Davis e Anderson produziram seu artigo usando um programa de computador criado no MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) que gera randomicamente artigos científicos. • "Eu queria ver se esse artigo passaria por "peer-review'", disse Davis à "The Scientist". "[Ele] tem a aparência de um artigo, mas não faz sentido nenhum", afirmou. FSP, 2009
  • 30. The multibillion-dollar continuing medical education (CME) industry JAMC • 18 JANV. 2005; 172 (2)
  • 31. Commercial Medical Education? • Apropriação da Educação Médica Continuada: “CME is now so closely linked with the marketing of pharmaceuticals that its integrity and credibility are being questioned.” “The pharmaceutical industry provides a substantial proportion of the several billion dollars spent on CME annually and uses that support as a marketing tool.” Arnold S. Relman. JAMA. 2001;285(15):2009-2012. • Indústria e Sociedades de Especialidades umbelicalmente ligadas; • Speakers da indústria já não mais em simpósios satélites, mas na grade principal de congressos - BMJ 2008;336:416-417; • Informação de qualidade questionável.
  • 32. Drug "A" Usage 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 Jan M ar M ay Jul Sept N ov Jan M ar M ay Jul Sept N ov Units Index Institution Major Medical Centers Chest1992;102:270 The Effects of Pharmaceutical Firm Enticements on Physician Prescribing Patterns
  • 33. • Pesquisa feita com médicos 6 meses após a participação deles em cursos patrocinados pela indústria sobre medicamentos; • Foi solicitado uma média de prescrições dos medicamentos abordados nos cursos, comparando-se antes e depois. Changes in drug prescribing patterns related to commercial company funding of continuing medical education
  • 34. Changes in drug prescribing patterns related to commercial company funding of continuing medical education Course 1 (sponsor nifedipine) 48 22 30 54 26 20 0 10 20 30 40 50 60 Nifedipine Diltiazem Verapamil %ofprescriptions Before After
  • 35. Changes in drug prescribing patterns related to commercial company funding of continuing medical education Course 2 (sponsor metoprolol) 14 30 25 27 32 18 0 5 10 15 20 25 30 35 Metoprolol Atenolol Propanolol %ofprescriptions Before After
  • 36. Revista Ser Médico – CREMESP Como podemos avançar nesta discussão a partir de 5 diferentes perspectivas....  Descriminalização do debate  Foco no problema  Menos críticas e mais hipóteses, em busca por soluções.  Mais ciência e menos “achismo”: testar, avaliar, rediscutir, modificar.  Mudança de cultura em todos os níveis
  • 37. Descriminalização do debate  Para lugar nenhum iremos quando se busca somente e obsessivamente os “médicos corruptos”. Isto apenas aumenta a cortina de fumaça sobre o tema.  É preciso compreender como efetivamente as relações de dão no varejo.  A cadeia de causalidade que vai do patrocínio à prescrição é longa, complexa, difícil de delinear e compreender e, se jogada no terreno da moralidade, geradora de barreiras cognitivas que tornam os profissionais impermeáveis ao debate.  Necessitamos de fóruns de discussão e avaliação de caráter não punitivo. Que AJUDEM os médicos a compreender e administrar eticamente estas relações. A mediar conflitos de interesse que, per se, não podem ser caracterizados como antiéticos ou imorais, sob pena de criminalização do cotidiano das relações humanas.
  • 38. Foco no problema  Tem sido freqüente a instrumentalização desse debate por ativismos de todo tipo (anti-capitalismo, anti- Medicina, anti-medicações, anti-psiquiatria, e suas contrapartes), produzindo um cenário confuso, que inviabiliza a construção de um espaço de “ética possível”, como se houvesse uma condição ideal a priori da qual não se pode abrir mão.
  • 39. Menos críticas e mais hipóteses, em busca por soluções.  Qual o valor e a eficácia das declarações de conflitos?  Quais as interfaces eticamente admissíveis? Quais os limites de cada interface e da relação delas com o todo?  Como garantir Diretrizes de maior qualidade e credibilidade?  E na educação médica (básica ou continuada) e nos congressos, simpósios satélites, e áreas de exposição, o que pode e o que não pode? Como verdadeiramente garantir que essas orientações sejam efetivas?  Precisamos de novos modelos de financiamento para os eventos? Fundo único para os eventos anuais das sociedades oficiais e que emitem pontuação para a recertificação do título de especialista?  Como pontua aquele profissional que deseja atualização profissional mais independente da indústria?  O principal conflito de interesse a ser trabalhado entre os médicos é realmente o financeiro, ou o que envolve facilidades para reconhecimento e status?
  • 40. Mais ciência e menos “achismo”: testar, avaliar, rediscutir, modificar.  Experiências com a indústria farmacêutica  Experiência com o PASHA2010  Experiência com Portal de Educação Continuada
  • 41. Mudança de cultura em TODOS os níveis  Quem ocupa cargos de lideranças teria automaticamente maior capacidade de gerenciar conflitos de interesse ?  A regulação tem que começar por quem tem mais poder e transbordar para o dia-a-dia do médico mais comum.  É um equívoco supervalorizarem o efeito do presente recebido pessoalmente do laboratório, em detrimento dos grandes financiamentos “institucionais”.
  • 42. CONFLITO DE INTERESSE NA SAÚDE “ ...dizer em público o que muitos conhecem no isolamento e na privacidade não é supérfluo. Justamente o fato de alguma coisa estar sendo escutada por todos confere a tal coisa um poder e um brilho que confirmam sua existência real.” Hannah Arendt Podemos optar por sermos vistos como parte da solução, ao invés de, indiferentes, sermos inevitavelmente considerados parte do problema, ou o que é pior, o problema em si. Guilherme Barcellos gbbarcellos@gmail.com OBRIGADO!