O documento discute vários aspectos da pesquisa científica na área da fisioterapia e saúde, incluindo a evolução histórica da pesquisa, princípios éticos envolvidos e exemplos de estudos realizados. Resume protocolos de pesquisa sobre mobilização precoce de pacientes criticos e efeitos do treinamento físico em pacientes com ventilação prolongada.
4. 1947
• Código de Nuremberg Primeiro código de conduta em pesquisas, internacionalmente aceito.
1964
• Declaração de Helsinque A necessidade de regulamentar as pesquisas em humanos, de forma a
proteger as populações a elas submetidas e a pouca influência do Código de Nuremberg.
1988
• Resolução CNS 01 (1988) No Brasil, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) aprovou um documento
que teve como objetivo criar parâmetros éticos para as pesquisas na área da saúde. Posteriormente,
esse documento foi substituído pela resolução CNS 196/96.
2012
• Resolução 466/12 Incorpora, sob a ótica do indivíduo e das coletividades, referenciais da bioética,
tais como, autonomia, não maleficência, beneficência, justiça e equidade, dentre outros, e visa a
assegurar os direitos e deveres que dizem respeito aos participantes da pesquisa, à comunidade
científica e ao Estado.
ARAÚJO, L.Z.S de. Aspectos éticos da pesquisa científica. Pesqui Odontol Bras. 2003;17(Supl 1):57-63
5. • O profissional de saúde tem o dever de, não causar mal e/ou danos a seu paciente.
• Mínimo ético, que se não cumprido, coloca o profissional de saúde numa situação de
má-prática ou prática negligente.
Não
maleficência
• Obriga o profissional a ir além da não maleficência e exige que ele contribua para o bem
estar dos pacientes.
• É usar todos os conhecimentos e habilidades profissionais a serviço do paciente, buscando a
minimização dos riscos e a maximização dos benefícios.
Beneficência
• Se baseiam a aliança terapêutica entre o profissional de saúde e seu paciente e o
consentimento para a realização de procedimentos e tratamentos.Respeito à
autonomia
• Está associada preferencialmente com as relações entre grupos sociais, preocupando-se com
a equidade na distribuição de bens, riscos e benefícios, respeito às diferenças individuais,
numa tentativa de igualar as oportunidades de acesso.Justiça
LOCH, J. de A. Princípios da bioética. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Programa de Pós-Graduação em Medicina e Odontologia. 2002
7. Efeitos do treinamento físico sobre estado funcional em pacientes com
ventilação mecânica prolongada
Objetivo: Testar o efeito de um programa de treinamento físico de 6 semanas
em pacientes ventilados mecanicamente por mais de 14 dias que não tinham
recebido fisioterapia antes da internação na UTI
CHIANG LL, WANG LY, WU CP, WU HD, WU YT. Effects of physical training on functional status in with prolonged mechanical ventilation. Phys Ther. 2006;86(9):1271-81.
8. Terapia de mobilização precoce em unidade de terapia intensiva
no tratamento de insuficiência respiratória aguda.
Objetivo: avaliar a frequência de fisioterapia, e resultados comparando pacientes
que receberam o tratamento usual, com os pacientes que receberam mobilização
precoce no tratamento de insuficiência respiratória aguda.
MORRIS, et al. Early intensive care unit mobility therapy in treatment of acute respiratory failure. Crit Care Med. 2008;36(8):2238-43.
9. Objetivo: Avaliar os efeitos de um protocolo de mobilização precoce na
musculatura periférica e respiratória de pacientes críticos.
DANTAS, C.M. et al. Influência da mobilização precoce na força muscular periférica e respiratória em pacientes críticos. Rev Bras Ter Intensiva. 2012; 24(2):173-178
10. DANTAS, C.M. et al. Influência da mobilização precoce na força muscular periférica e respiratória em pacientes críticos. Rev Bras Ter Intensiva. 2012; 24(2):173-178
11.
12. FINLAY K, FERNANDEZ C. Failure to report and provide commentary on research etchics board approval and informed consent in medical journals. J Med Ethics. 2008; 34 (10): 761-4.
Objetivo: Determinar qual a proporção de artigos nas principais revistas
médicas com falta de declarações confirmando a aprovação dos conselhos de
ética em pesquisa e consentimento informado e se a alertas de comentário sobre
essa deficiência para os leitores.
13.
14. Objetivos: Incentivar a reflexão sobre a ética em pesquisa no Brasil por meio de filmes e
fomentar a discussão sobre a ética nos vários aspectos da pesquisa envolvendo seres
humanos.
KOVALIK, et al. A ética em pesquisa com seres humanos pelas lentes do cinema. 9.° CONEX – Apresentação Oral – Resumo Expandido. 2010
15.
16.
17.
18. • ARAÚJO, L.Z.S de. Aspectos éticos da pesquisa científica. Pesqui Odontol Bras. 2003;17(Supl 1):57-63.
• CHIANG LL, WANG LY, WU CP, WU HD, WU YT. Effects of physical training on functional status in with prolonged mechanical ventilation.
Phys Ther. 2006;86(9):1271-81.
• DANTAS, C.M.; SILVA, P.F.S.; SIQUEIRA, F.H.T.; PINTO, R.M.F.; MATIAS, S.; MACIEL, C. et al. Influência da mobilização precoce na força
muscular periférica e respiratória em pacientes críticos. Rev Bras Ter Intensiva. 2012; 24(2):173-178
• FINLAY K, FERNANDEZ C. Failure to report and provide commentary on research etchics board approval and informed consent in medical
journals. J Med Ethics. 2008; 34 (10): 761-4.
• KOVALIK, A. C.; ZARPELLON, D. C.; ROCHA, J. S.; CAMPOS, L. A.; POCHAPSKI, M. T.; SANTOS, F. A. A ética em pesquisa com seres
humanos pelas lentes do cinema. 9.° CONEX – Apresentação Oral – Resumo Expandido. 2010.
• LOCH, J. de A. Princípios da bioética. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Programa de Pós-Graduação em Medicina e
Odontologia. 2002
• MORRIS, P.E.; GOAD, A.; THOMPSON, C.; TAYLOR, K.; HARRY, B.; PASSMORE, L.; et al. Early intensive care unit mobility therapy in
treatment of acute respiratory failure. Crit Care Med. 2008;36(8):2238-43.
• SILVA, da E. CAMPIOLI, A da S. TELLES, L.C. AMORIM, M. SOUZA, de M. CHRISTINE SCHLOBACH, C. A importância da pesquisa
científica para o profissional fisioterapeuta. LAFIEX – Universidade Estácio de Sá.
Notas do Editor
Boa noite a todos!-Gostaria de agradecer a presença da coordenadora do curso profª Simone, coordenadora da clínica profª Janaína, do nosso supervisor de estágio profº Israel e de todos os professores e acadêmicos aqui presentes.
-Eu sou a acadêmica Karoline e esse é meu colega Jonatan.
-Estamos aqui para falar sobre o “dilemas éticos nas Pesquisas em fisioterapia”
A busca incessante por novos conhecimentos e conseqüentemente de novas tecnologias é uma característica do homem. Quase que diariamente somos surpreendidos por novas descobertas. Algumas chegam e trazem esperança para solução de problemas ou necessidades, outras provocam inquietações.
As descobertas científicas se acentuaram, nas ciências da saúde, principalmente nos últimos 50 anos. Muitas dessas novidades provocam, e algumas discussões éticas.
A pesquisa é uma atividade tão representativa e importante na sociedade que o número de profissionais de dicados a essa ocupação aumentou significativamente.
O termo “pesquisa” diz respeito a uma classe de atividades cujo objetivo é contribuir para o conhecimento generalizável.
Na fisioterapia entre as várias áreas de atuação a pesquisa científica destaca-se a cada dia mais, pois se faz necessário à criação de novos protocolos para a evolução técnica e tecnológica da profissão. Através do processo “tentativa-erro-acerto” estão sendo criados compondo assim um grande arsenal de recursos e técnicas fisioterápicas, afim de manter a funcionalidade de seus pacientes.
Para a elaboração desses pesquisas foram criadas normas, onde o Código de Nuremberg foi o primeiro código de conduta em pesquisas, internacionalmente aceito –(1947)
A necessidade de regulamentar as pesquisas em humanos, de forma a proteger as populações a elas submetidas e a pouca influência do Código de Nuremberg sobre as práticas de pesquisa está entre as condições que deram origem à chamada Declaração de Helsinque em 1964.
Já no Brasil, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) aprovou um documento que teve como objetivo criar parâmetros éticos para as pesquisas na área da saúde, a Resolução CNS 01 (1988). Posteriormente, esse documento foi substituído pela resolução CNS 196 (1996).
E após essa resolução 196/96 foi substituída pela 466/12, a presente Resolução incorpora, sob a ótica do indivíduo e das coletividades, referenciais da bioética, tais como, autonomia, não maleficência, beneficência, justiça e equidade, dentre outros, e visa a assegurar os direitos e deveres que dizem respeito aos participantes da pesquisa, à comunidade científica e ao Estado.
Diante disso foram criados princípios bioéticos que tiveram o intuito de servir como regras gerais para orientar a tomada de decisão frente aos problemas éticos.
São eles:
NÃO MALEFICIENCIADe acordo com este princípio, o profissional de saúde tem o dever de, intencionalmente, não causar mal e/ou danos a seu paciente.
Trata-se, portanto, de um mínimo ético, que se não cumprido, coloca o profissional de saúde numa situação de má-prática ou prática negligente.
BENEFICIENCIA O princípio da Beneficência obriga o profissional de saúde a ir além da Não Maleficência e exige que ele contribua para o bem estar dos pacientes.
É usar todos os conhecimentos e habilidades profissionais a serviço do paciente, buscando a minimização dos riscos e a maximização dos benefícios.
RESPEITO À AUTONOMIA Se baseiam a aliança terapêutica entre o profissional de saúde e seu paciente e o consentimento para a realização de procedimentos e tratamentos.
JUSTIÇAJustiça está associada preferencialmente com as relações entre grupos sociais, preocupando-se com a equidade na distribuição de bens, riscos e benefícios, respeito às diferenças individuais , numa tentativa de igualar as oportunidades de acesso.
Ao buscar estudos com o descritor Physiotherapy no banco de dados da PubMed e Fisioterapia na Scielo podemos observar que conforme os anos, cada vez mais foram realizadas pesquisas na área , com um salto importante a partir do ano de 2000 em ambos.
Em 2006, Chiang e colaboradores, realizaram um estudo onde teve por objetivo, testar o efeito de um programa de treinamento físico de 6 semanas em pacientes ventilados mecanicamente por mais de 14 dias que não tinham recebido fisioterapia antes da internação na UTI.
39 pacientes com VMP foram inicialmente incluídos no estudo e foram aleatoriamente divididos em um grupo de tratamento (N 20) ou um grupo de controle (N 19). Os indivíduos no grupo de tratamento recebeu treinamento físico 5 dias por semana durante 6 semanas, com treinamento para os músculos periféricos e respiratórios, enquanto os do grupo controle não receberam nenhum tipo de intervenção.Ambos os grupos foram avaliados pelo Índice de Barthel de Atividades da Vida Diária (BI) e Medida de Independência Funcional (MIF), no início e na terceira e sexta semanas do período de estudo.
Como podemos observar na tabela 2 nas 3º e 6º semana os pacientes do grupo tratamento apresentaram um aumento tanto na musculatura periférica (nos flexores de ombro, nos flexores de cotovelo e nos extensores de joelho), quanto na musculatura respiratória, onde o grupo controle teve um declínio significativo. Porém a falta de intervenção neste grupo não é apropriada conforme os conceitos éticos.
No estudo de Morris 2008, que teve como objetivo: avaliar a frequência de fisioterapia, e resultados comparando pacientes que receberam o tratamento usual, com os pacientes que receberam mobilização precoce no tratamento de insuficiência respiratória aguda.
Os pacientes foram divididos em 2 grupos onde o grupo controle recebia mobilização passiva e mudança de decúbitos de 2 em 2hrs, e o grupo intervenção um protocolo que era dividido em quatro níveis. O nível I era realizado com o paciente ainda inconsciente, mobilizando-se passivamente todas as articulações. No nível II, onde os pacientes já eram capazes de atender comandos verbais, além da mobilização passiva, eram realizados exercícios ativo-assistidos, ativos ou ativo-resistidos, de acordo com o grau de força e também sedestação no leito. No nível III, o objetivo dos exercícios era o fortalecimento de membros superiores, e estes eram realizados com o paciente sentado à beira do leito. No 4º e último nível eram treinadas transferências do leito para a cadeira (vice-versa), atividades de equilíbrio sentado, descarga de peso com o paciente em posição ortostática e deambulação.
E como podemos observar na tabela, os pacientes do grupo experimento saíram da cama com 5 dias, enquanto que os pacientes do grupo controle com 11,3 dias . Outra diferença estatística entre os dois grupos foi o tempo de permanência na UTI e no hospital. O tempo de permanência na UTI do grupo controle foi de 6,9 dias, enquanto que do grupo experimento foi de 5,5 dias. A permanência hospitalar foi de 14,5 dias para o grupo controle e de 11,2 dias para o grupo experimento.
Concluindo que a mobilização precoce realizada no início do curso da insuficiencia respiratória aguda pacientes em pacientes com ventilação mecânica é viável, seguro, não o fez aumentar o custo e teve grandes ganhos.
Em contraste com os dois artigos apresentados , no estudo de Dantas 2012, que teve como objetivo avaliar os efeitos de um protocolo de mobilização precoce na musculatura periférica e respiratória de pacientes críticos.
Concluindo que os pacientes submetidos a um protocolo de mobilização sistemática e precoce, apresentaram ganho da força muscular inspiratória e força muscular periférica, o que não ocorreu no programa padrão de mobilização.
Os concelhos de ética proíbem a publicação de artigos que não cumprem os padrões éticos definidos para o relatório do conselho de ética em pesquisa (REB) aprovação e consentimento informado.
Apesar desta proibição e uma chamada para destacar a deficiência para o leitor, artigos com potenciais deficiências éticas continuam a ser publicados.
No estudo de Finlay que teve como OBJETIVO: Determinar qual a proporção de artigos nas principais revistas médicas com falta de declarações confirmando a aprovação dos conselhos de ética em pesquisa e consentimento informado e se a alertas de comentário sobre essa deficiência para os leitores.
Foi realizado a revisão online de cinco principais revistas médicas, no BMJ, Lancet, Annals of Internal Medicine, JAMA e do New England Journal of Medicine.
RESULTADOS: De 1780 artigos revisados, 1.133 (63,7%) preencheram os critérios de inclusão (manuscritos relatando seres humanos, o tecido humano ou pesquisa de dados pessoais identificáveis), 36 (3,2%) artigos faltava uma declaração de aprovação REB, 62 (5,5%) não tinham a divulgação de informação consente e 15 (1,3%) artigos faltou ambos. Os artigos que não estado de aprovação REB foram associados com não informando consentimento informado (p <0,001) e concluíram que apesar de infrequentes, artigos que não explicitam aprovação de um CEP ou utilização de TCLE continuam sendo publicados pelas revistas científicas sem uma declaração de alerta ao leitor sobre esta deficiência no editorial.
Kovalik e colaboradores, realizaram um estudo que teve como objetivos Incentivar a reflexão sobre a ética em pesquisa no Brasil por meio de filmes e fomentar a discussão sobre a ética nos vários aspectos da pesquisa envolvendo seres humanos.
Em um 1º momento: Acadêmicos da área da saúde de uma instituição, assistiram 3 filmes, sendo eles EXPERIENCIA(2001), O JARDINEIRO FIEL(2005) E COBAIAS(1997) ; 2º momento: Foi realizado um debate das impressões extraídas.
Para encerrar o encontro, os temas discutidos eram associados ao momento atual da prática de pesquisa com seres humanos e foi aplicado um questionário para coletar informações dos participantes acerca da relevância do evento.
Segundo a análise do questionário, foi considerado relevante e satisfatório para o conhecimento assim como para o posicionamento ético dos participantes em relação aos aspectos éticos da pesquisa envolvendo seres humanos.
E agora para contextualizar os princípios que pontuamos nos artigos, com os princípios da bioética, queremos inserir esse vídeo , que trata-se do filme “Cobaias” que foi realizado em 1997, na cidade de Condado de Macon, Alabama, Estados Unidos, de 1932 à 1972, onde mostrará com clareza alguns fatos que correspondem a falta de ética para com a pesquisa em seres humanos na época.
Ficou conhecido como o Estudo Tuskegee, um experimento que verificou os efeitos de sífilis em pacientes negros que não receberam tratamento.
Os pacientes eram levados a acreditar que existia uma preocupação com eles e que estavam sendo tratados com os melhores recursos disponíveis, quando na realidade lhes está sendo negado o tratamento que poderia curá-los, em nome da pesquisa.
Valeu a pena tudo isso ?