antonio inacio ferraz, técnico erm agropecuária-cana-de-açúcar no Brasil
1. 1
Trabalho
de
Cana de Açúcar
“No Mundo, no Brasil, no Nordeste, em
Pernambuco.”
CODAI – COLÉGIO DOM AGOSTINHO IKAS
ALUNO: JOSÉ ANTÔNIO SIRINO PACHECO/ MANHÃ
2. 2
Sumário
Cana de Açúcar no Mundo-------------- Pag. 01 a 16
Cana de Açúcar no Brasil---------------- Pag. 17 a 19
Cana de Açúcar no Nordeste----------- Pag. 20 a 23
Cana de Açúcar em Pernambuco----- Pag. 24 a 31
3. 3
A cana-de-açúcar no mundo
A palavra que originou o nome açúcar é, provavelmente,
'grão', 'sarkar', em sânscrito. No leste da Índia, o açúcar era
chamado 'shekar', enquanto os povos árabes o conheciam
como 'al zucar', que se transformou no espanhol 'azucar', e
daí, 'açúcar', em português. Na França, o açúcar é
chamado de 'sucre' e, na Alemanha, de 'zücker', daí o
inglês 'sugar'.
Não se pode definir com precisão a época do surgimento
da cana-de-açúcar no mundo, tampouco dizer, com
exatidão, seu berço geográfico. Alguns pesquisadores
admitem que a cana-de-açúcar tenha surgido
primeiramente na Polinésia; outros arriscam a Papua Nova
Guiné. Para esses estudiosos, a primeira aparição da cana
no mundo se deu há 6 mil anos. A maior parte dos
historiadores, porém, aceita a tese de surgimento da cana
entre 10 e 12 mil anos atrás e data em 3.0 a.C. o caminho
percorrido pela cana da Península Malaia e Indochina até a
Baía de Bengala. A origem asiática da planta é consensual.
A cana foi introduzida na China por volta de 800 a.C. e o
açúcar cru já era produzido em 400 a.C. Porém, só a partir
de 700 d.C. o produto começou a ser comercializado.
A cana e o seu doce caldo foram mantidos em segredo, já
que os povos distantes do comércio entre os asiáticos
pagavam altas somas em troca de produtos luxuosos. E o
açúcar era um deles. A comercialização do açúcar a partir
de 700 enriqueceu os árabes e o produto da cana entrou
na lista de preciosidades a que os países ocidentais quase
não tinham acesso. A cana continuou sua viagem rumo ao
Ocidente, passando pela África do Norte até alcançar o
Marrocos. Depois, sul da Espanha, por volta de 755, e à
Sicília em 950. O primeiro registro da chegada do açúcar
na Inglaterra é de 1099 e, em 1150 a Espanha já investia
4. 4
em uma florescente indústria canavieira. Em 1319, um quilo
de açúcar valia, aproximadamente, US$ 100. Isso
manteveo status de artigo de luxo atribuído ao produto da
cana e, mais tarde, motivou o aproveitamento de colônias
conquistadas para a implantação de cultivares da cana-de-
açúcar.
Em 1425, D. Henrique (Príncipe Português) mandou buscar
na Sicília as primeiras mudas de cana, que plantou na Ilha
da Madeira. Começou, assim, a formação dos primeiros
canaviais do Atlântico, que chegaram às Canárias (1480),
Cabo Verde (1490) e Açores.
Metrópoles européias, o refino do açúcar ainda era um
entrave.
No século XV, todo o açúcar produzido na Europa, era
refinado em Veneza e isso anulava a possibilidade de
diminuição de custos de transporte.
No Novo Mundo , a primeira inserção da cana deveu-se a
Cristóvão Colombo, levada em sua segunda viagem
marítima, em 1493, e plantada na República Dominicana,
na ilha de La Española, e no Haiti. Daí, a gramínea
expandiu-se para Cuba (1516) e México (1520). O primeiro
engenho do continente foi instalado em La Española, em
1516.
5. 5
A cana chegou ao Brasil por ordem do rei D. Manuel,
introduzida na Capitania de SãoVicente pelo governador-
geral Martim Afonso de Souza, em 1532, tornando-se a
primeira atividade agrícola do País. A cana também se
adaptou bem ao clima e ao solo de massapé nordestino,
com a vantagem de contar com a produção mais próxima
do mercado consumidor europeu.
Em 1600, as lavouras e indústrias da cana do Novo Mundo
já haviam se tornado o investimento mais lucrativo do globo
e o Brasil tornou-se o maior produtor de açúcar do mundo.
Em 1613, o novo engenho de três cilindros foi implantado
no Brasil, o que consolidou a posição de liderança como
produtor e a liderança comercial da metrópole.
A cultura da cana, foi introduzida na Louisiana, em 1751;
no Havaí, em 1802; e na Austrália, em 1823. Também
foram criadas outras técnicas de extração, e a descoberta
de mais uma função para a cana, ou melhor, para o seu
bagaço, em 1838, na Martinica, a produção de papel.
A cana-de-açúcar é, talvez, o único produto de origem
agrícola destinado à alimentação que ao longo dos séculos
foi alvo de disputas e conquistas, mobilizando homens e
nações. A planta que dá origem ao produto encontrou lugar
ideal no Brasil. Durante o Império, o país dependeu
basicamente do cultivo da cana e da exportação do açúcar.
Calcula-se que naquele período da história, a exportação
do açúcar rendeu ao Brasil cinco vezes mais que as divisas
proporcionadas por todos os outros produtos agrícolas
destinados ao mercado externo.
Foi na Nova Guiné que o homem teve o primeiro contato
com a cana-de-açúcar. De lá, a planta foi para a Índia. No
"Atharvaveda", o livro dos Vedas, há um trecho curioso:
"Esta planta brotou do mel; com mel a arrancamos; nasceu
a doçura.....Eu te enlaço com uma grinalda de cana-de-
6. 6
açúcar, para que me não sejas esquiva, para que te
enamores de mim, para que não me sejas infiel". A palavra
"açúcar" é derivado de "shakkar" ou açúcar em sânscrito,
antiga língua da Índia.
Desconhecida no Ocidente, a cana-de-açúcar foi
observada por alguns generais de Alexandre, o Grande, em
327 a.C e mais tarde, no século XI, durante as Cruzadas.
Os árabes introduziram seu cultivo no Egito no século X e
pelo Mar Mediterrâneo, em Chipre, na Sicília e na Espanha.
Credita-se aos egípcios odesenvolvimento do processo de
clarificação do caldo da cana e um açúcar de alta
qualidade para a época.
O açúcar era consumido por reis e nobres na Europa, que
a adquiriam de mercadores monopolistas, que
mantinham relações comerciais com o Oriente, a fonte de
abastecimento do produto. Por ser fonte de energia para o
organismo, os médicosforneciam açúcar em grãos para a
recuperação ou alívio dos moribundos. No início do século
XIV, há registros de comercialização de açúcar por
quantias que hoje seriam equivalentes R$ 200,00/kg. Por
isso, quantidades de açúcar eram registradas em
testamento por reis e nobres.
A Europa rumava para uma nova fase histórica, o
Renascimento, com a ascensão do comércio, entre outras
atividades. O comércio era feito por vias marítimas, pois os
senhores feudais cobravam altos tributos pelos comboios
que passavam pelas suas terras ou, simplesmente,
incentivavam o saque de mercadorias. Portugal, por sua
posição geográfica, era passagem obrigatória para as naus
carregadas de mercadorias. Isso estimulou a introdução
da cana-de-açúcar na Ilha da Madeira (Portugal), que foi o
laboratório para a cultura de cana e de produção
de açúcar que mais tarde se expandiria com a descoberta
7. 7
daAmérica.
Cristóvão Colombo, genro de um grande produtor
de açúcar na Ilha Madeira, introduziu o plantio da cana na
América, em sua segunda viagem ao continente, em 1493,
onde hoje é a República Dominicana. Quando os
espanhóis descobriram o ouro e a prata das civilizações
Azetca e Inca, no início do século XVI, o cultivo da cana e a
produçãode açúcar foramesquecidos.
Oficialmente, foi Martim Affonso de Souza que em 1532
trouxe a primeira muda de canaao Brasil e iniciou seu
cultivo na Capitania de São Vicente. Lá, ele próprio
construiu o primeiro engenho de açúcar. Mas foi no
Nordeste, principalmente nas Capitanias de Pernambuco e
da Bahia, que os engenhos de açúcar se multiplicaram.
Depois de várias dificuldades, após 50 anos, o Brasil
passou a monopolizar a produção mundial açúcar. Portugal
e Holanda, que comercializavam o produto, tinham uma
elevada lucratividade. A Europa enriquecida pelo ouro e
prata do Novo Mundo passou a ser grande consumidora
de açúcar. As regiões produtoras, especialmente as
cidades de Salvador e Olinda prosperaram rapidamente. As
refinarias se multiplicavam na Europa, a ponto de Portugal
proibir novas centrais de refino em 1559 devido ao grande
consumo de lenha e insumos para a clarificação do caldo
(clara de ovos, sangue de boi, ossos e gordura de
galinha).
No ano de 1578 Portugal foi anexado pela Espanha. O rei
espanhol, Felipe II, católico fervoroso, se opunha
duramente à Holanda e Inglaterra, países protestantes.
8. 8
O comércio da Holanda entrou em colapso e em 1630 os
holandeses invadiram o Brasil permanecendo em
Pernambuco até 1654, quando foram expulsos. Para
diminuir a dependência do açúcar brasileiro, os holandeses
iniciaram a produção açucareira no Caribe e mais tarde os
próprios ingleses e franceses fizeram o mesmo em suas
colônias, acabando com o monopólio do açúcar brasileiro.
A descoberta do ouro no final do século XVII nas Minas
Gerais retirou do açúcar o primeiro lugar na geração de
riquezas, cuja produção se retraiu até o final do século XIX.
Mesmo assim, no período do Brasil Império de (1500-1822)
a renda obtida pelo comércio do açúcar atingiu quase duas
vezes à do ouro e quase cinco vezes à de todos os outros
produtos agrícolas juntos, tais como café, algodão,
madeiras,etc.
A partir do início do século XVIII a produção nas ilhas do
Caribe e nas Antilhas cresceu e o Brasil perdeu posições
na produção mundial deaçúcar. Inglaterra e França
disputavam em suas colônias os primeiros lugares na
produção. A Inglaterra já era uma grande potência naval.
Os holandeses perderam pontos estratégicos no comércio
de açúcar. O Haiti, colônia francesa no Caribe, era o maior
produtormundial.
As 13 colônias americanas, que mais tarde deram origem
aos EUA, lutavam com dificuldade, apesar de um comércio
crescente com as colônias produtoras de açúcar no Caribe
e nas Antilhas. Em contrapartida compravam melaço,
matéria-prima para o rum, que forneciam à marinha
inglesa. Esse comércio era ignorado pelos ingleses e
concorreu para o fortalecimento econômico das colônias
americanas. Estes fatores foram decisivos não só para a
independência das 13 colônias, mas também para o
surgimento da grande nação da América do Norte.
9. 9
Os ingleses tomaram Cuba dos espanhóis em 1760,
dobraram o número de escravos e fizeram da ilha um dos
maiores produtores mundiais de açúcar. Em 1791, uma
revolução de escravos no Haiti aniquilou completamente
sua produção de açúcar e os franceses expulsos foram
para a Louisiana, dando início à indústria açucareira norte-
americana. O Brasil não estava no centro dos
acontecimentos mas continuava entre os cinco maiores
produtores.
No início do século XIX, Napoleão dominava a Europa.
Seus inimigos, os ingleses, promoveram o bloqueio
continental em 1806, graças ao seu maior poder naval.
Impedido de receber o açúcar de suas colônias ou de
outros lugares além-mar, Napoleão incentivou a produção
de açúcar a partir da beterraba, graças à técnica
desenvolvida por Andrés Marggraf, químico prussiano, em
1747. Assim, finalmente, a Europa não dependeria mais da
importação de açúcar de outros continentes. Por outro lado,
em plena revolução industrial, o uso de novas máquinas,
técnicas e equipamentos possibilitaram às novas indústrias
tanto de beterraba, como decana, um novo patamar
tecnológico de produção e eficiência, impossível de ser
atingido pelos engenhos tradicionais.
Aliado a esses fatores, o fim da escravatura sepultava
definitivamente o modelo de produção de quatro séculos.
Enquanto as modernas fábricas se multiplicavam e novas
regiões produtoras surgiam, como a África do Sul, Ilhas
Maurício e Reunião, Austrália e em colônias inglesas,
francesas ou holandesas, no Brasil os engenhos
tradicionais persistiam, ainda que agonizantes. Somente na
metade do século XIX é que medidas para reverter essa
situação começaram a ser tomadas.
10. 10
O imperador do Brasil, D. Pedro II, era um entusiasta das
novas tecnologias e em 1857 foi elaborado um programa
de modernização da produção deaçúcar. Assim surgiram
os Engenhos Centrais, que deveriam somente moer
a cana e processar o açúcar, ficando o cultivo por conta
dos fornecedores. Nessa época, Cuba liderava a produção
mundial de açúcar de cana com 25% do total e o açúcar de
beterraba produzido no Europa e EUA significava 36% da
produção mundial. O Brasil contribuía com apenas 5% de
um total de 2.640.000 toneladas em 1874.
Foram aprovados 87 Engenhos Centrais, mas só 12 foram
implantados. O primeiro deles, Quissamã, na região de
Campos, entrou em operação em 1877 e está em atividade
até hoje. Mas a maioria não teve a mesma sorte. O
desconhecimento dos novos equipamentos, a falta de
interesse dos fornecedores, que preferiam produzir
aguardente ou mesmo açúcar pelos velhos métodos, e
outras dificuldades contribuíram para a derrocada dos
EngenhosCentrais.
Os próprios fornecedores dos equipamentos acabaram por
adquiri-los e montar suas indústrias de processamento
de açúcar. A maioria das novas indústrias estava no
Nordeste e em São Paulo e passaram a ser chamadas de
"usinas de açúcar". Apesar da novidade, o açúcar derivado
da cana não fazia frente ao de beterraba (em 1900
ultrapassava mais de 50% da produção mundial).
A 1ª Grande Guerra, iniciada em 1914, devastou a indústria
de açúcar européia. Esse fato provocou um aumento do
preço do produto no mercado mundial e incentivou a
construção de novas usinas no Brasil, notadamente em
São Paulo, onde muitos fazendeiros de café desejavam
diversificar seu perfil de produção.
No final do século XIX, o Brasil vivia a euforia do café (70%
11. 11
da produção mundial estavam aqui). Após a abolição da
escravatura, o governo brasileiro incentivou a vinda de
europeus para suprir a mão-de-obra necessária às
fazendas de café, no interior paulista. Os imigrantes, de
maioria italiana, adquiriram terra e grande parte optou pela
produção de aguardente a partir da cana. Inúmeros
engenhos se concentraram nas regiões de Campinas, Itu,
Moji-Guaçu e Piracicaba. Mais ao norte do estado, nas
vizinhanças de Ribeirão Preto, novos engenhos também se
formaram.
Na virada do século, com terras menos adequadas ao café,
Piracicaba, cuja região possuía três dos maiores Engenhos
Centrais do estado e usinas de porte, rapidamente se
tornou o maior centro produtor de açúcar de São Paulo. A
partir da década de 10, impulsionados pelo crescimento da
economia paulista, os engenhos de aguardente foram
rapidamente se transformando em usinas de açúcar, dando
origem aos grupos produtores mais tradicionais do estado
naatualidade.
Foi nessa época, 1910, que Pedro Morganti, os irmãos
Carbone e outros pequenos refinadores formaram a Cia.
União dos Refinadores, uma das primeiras refinarias de
grande porte do Brasil. Em 1920, um imigrante italiano com
experiência em usinas deaçúcar, fundou em Piracicaba
uma oficina mecânica que logo depois se transformaria na
primeira fábrica de equipamentos para a produção
de açúcar no Brasil. Esse pioneiro era Mario Dedini.
Essa expansão da produção também ocorria no Nordeste,
concentrada em Pernambuco e Alagoas. As usinas
nordestinas eram responsáveis por toda a exportação
brasileira e ainda complementavam a demanda dos
estados do sul. A produção do Nordeste somada à de
Campos, no norte fluminense, e a rápida expansão das
12. 12
usinas paulistas acenavam para um risco eminente: a
superprodução. Para controlar a produção surgiu o IAA
(Instituto do Açúcar e Álcool), criado pelo governo Vargas
em 1933. O IAA adotou o regime de cotas, que atribuía a
cada usina uma quantidade de canaa ser moída, a
produção de açúcar e também a de álcool. A aquisição de
novos equipamentos ou a modificação dos existentes
também precisavam de autorização do IAA.
Por ocasião da 2ª Guerra Mundial, com o risco
representado pelos submarinos alemães à navegação na
costa brasileira, as usinas paulistas reivindicaram o
aumento da produção para que não houvesse o
desabastecimento dos Estados do sul. A solicitação foi
aceita e nos dez anos subseqüentes os paulistas
multiplicaram por quase seis vezes sua produção. No início
da década de 50, São Paulo ultrapassou a produção do
Nordeste, quebrando uma hegemonia de mais de 400
anos.
Desde a 2ª Guerra Mundial, os esforços da indústria
açucareira brasileira se concentraram na multiplicação da
capacidade produtiva. As constantes alterações na cotação
do açúcar no mercado internacional e os equipamentos
obsoletos forçaram uma mudança de atitude para a
manutenção da rentabilidade. Coube à Copersucar -
cooperativa formada em 1959 por mais de uma centena de
produtores paulistas para a defesa de seus preços de
comercialização - a iniciativa de buscar novas tecnologias
para o setor. A indústria açucareira da Austrália e a África
do Sul representavam o modelo de modernidade desejada.
Do país africano vieram vários equipamentos modernos.
Na agricultura, a busca por novas variedades de cana mais
produtivas e mais resistentes às pragas e doenças, iniciada
em 1926, por ocasião da infestação dos canaviais pelo
mosaico, foi também intensificada e teve início o controle
13. 13
biológico de pragas. Entidades como Copersucar, o IAC
(Instituto Agronômico de Campinas) e o IAA-Planalçucar
foram responsáveis por esses avanços. Esse período de
renovação culminou com a elevação dos preços
do açúcar no mercado internacional que atingiram a marca
histórica de mais de US$ 1000.00 a tonelada.
Com os recursos decorrentes desse aumento de preço foi
criado pelo IAA o Funproçucar que financiou em 1973 a
modernização das indústrias e a maioria das usinas foi
totalmente remodelada. Esses fatos foram de importância
fundamental para o próprio Brasil enfrentar as crises do
petróleo que se seguiram a partir de 1973, através do
Proálcool. Esse programa de incentivo à produção e uso
do álcool como combustível em substituição à gasolina,
criado em 1975, alavancou o desenvolvimento de novas
regiões produtoras como o Paraná, Goiás, Mato Grosso e
Mato Grosso do Sul. Em menos de cinco anos a produção
de pouco mais de 300 milhões de litros ultrapassou a cifra
de 11 bilhões de litros, caracterizando o Proálcool como o
maior programa de energia renovável já estabelecido em
termos mundiais, economizando mais de US$ 30 bilhões
emdivisas.
No final da década de 70, apareceram os adoçantes
sintéticos, com amplas campanhas publicitárias, para
concorrer com o açúcar. Paralelamente nos EUA, o
principal mercado consumidor de açúcar, desenvolveu-se a
produção de xaropes de frutose, obtidos a partir do milho,
para uso industrial, substituindo o açúcar em alimentos e
refrigerantes. No início da década de 80, o xarope de
frutose ocupou mais de 50% do mercado que originalmente
era do açúcar. Nos dias de hoje, praticamente 70% do
milho produzido nos EUA, que também é o maior produtor
mundial desse cereal, é destinado à produção de xarope de
frutose e álcool combustível, elevando os EUA à condição
14. 14
de segundo maior produtor mundial de álcool (7 bilhões de
litros). Esses novos produtos, suas campanhas e o
pequeno incremento na demanda mundial, derrubaram o
preço doaçúcar a patamares poucas vezes igualado na
históriarecente.
As usinas brasileiras se beneficiaram porque possuíam
o álcool como salvaguarda. Apesar das dificuldades, da
globalização, da rápida mudança de paradigmas a que está
submetida, a indústria açucareira brasileira continua em
expansão. Sua produção no final do milênio chegou a
300.000.000 de toneladas de cana moída/ano em pouco
mais de 300 unidades produtoras; 17 milhões de toneladas
de açúcar e 13 bilhões de litros de álcool. A procura por
diferenciação e produtos com maior valor agregado é
constante. Novos sistemas de administração e participação
no mercado são rapidamente incorporados. O setor não
mais se acomoda à resignação do passado e busca novas
alternativas, como a co-geração de energia elétrica.
15. 15
Cana de açúcar no Brasil
As primeiras mudas chegaram em 1532, na expedição de
Martim Afonso de Souza. Aqui, a planta espalhou-se no
solo fértil de massapê, com a ajuda do clima tropical quente
e úmido e da mão-de-obra escrava trazida da África. Era o
início do primeiro ciclo econômico brasileiro, o 'Ciclo da
Cana-de-Açúcar'. A colônia enriqueceu Portugal e polvilhou
o açúcar brasileiro - assim como aquele produzido na
América Central, por franceses, espanhóis e ingleses - em
toda a Europa.
A capitania mais importante na época do ciclo da cana era
a de Pernambuco, onde foi implantado o primeiro centro
açucareiro do Brasil. Depois a Capitania da Bahia de Todos
os Santos, e com o desmatamento da Mata Atlântica, os
canaviais expandiram-se pela costa brasileira. Mas, para
que a cultura prosperasse, foi necessária a criação de
engenhos: as 'fábricas' onde a cana virava açúcar. Essas
instalações sustentaram a economia açucareira brasileira
até o desenvolvimento de novas técnicas em colônias de
países concorrentes. Os engenhos e vilas surgidos com a
expansão do cultivo de cana-de-açúcar foram responsáveis
pelo desenvolvimento da produção, do comércio e da
cultura do Nordeste brasileiro.
No ano de 1530, os portugueses começaram a finalmente
se fixar em terras brasileiras. Antes disso, os portugueses
se limitavam a realizar expedições que protegiam o litoral
de invasões estrangeiras, faziam o reconhecimento de
terras ainda desconhecidas e promoviam a busca de pau-
brasil para serem vendidas em terras europeias.
16. 16
Apesar do lucro com o pau-brasil, os portugueses
passaram a ter a necessidade de explorar algum tipo
de riqueza que fosse mais lucrativa. Sem encontrar
ouro por aqui, a administração portuguesa optou pelo início
da formação de lavouras de cana-de-açúcar na região do
litoral brasileiro. Mas afinal, por qual razão eles resolveram
plantar esse tipo de gênero agrícola em terras brasileiras?
A primeira razão se deve ao fato de os portugueses já
dominarem as técnicas de plantio da cana-de-açúcar. Esse
tipo de atividade era realizado nas ilhas atlânticas de
Madeira e Açores, que também eram colonizadas por
Portugal. Além disso, o açúcar era um produto de grande
aceitação na Europa e oferecia grande lucro. Por fim,
também devemos destacar o clima e o solo brasileiro como
dois fatores naturais que favoreciam esse tipo de atividade.
As primeiras lavouras apareceram nas regiões litorâneas e
logo se desenvolveram com destaque nas capitanias de
São Vicente e Pernambuco. Para formar as lavouras, os
portugueses utilizaram a formação de grandespropriedades
de terra. O uso de grandes lavouras era necessário para
que os lucros com a cana-de-açúcar fossem elevados e
vantajosos para os produtores e para o governo português.
Contudo, a formação dessas grandes lavouras também
exigia a disponibilidade de um grande número de
trabalhadores. Em Portugal seria impossível encontrar toda
essa mão de obra, já que o país tinha uma população
insuficiente para atender essa necessidade. Foi então que
as lavouras exigiram o uso da mão de obra dos indígenas
ou dos africanos. Em ambos os casos, querendo lucrar ao
máximo, os portugueses utilizaram a mão de obra desses
dois grupos humanos por meio do trabalho escravo.
17. 17
Na organização das lavouras, os donos das fazendas
instalavam suas casas nas regiões mais elevadas do
terreno. Chamada de “casa grande”, a residência do senhor
das terras ficava na parte mais alta por razões estratégicas.
Fixando-se nessas regiões poderiam fiscalizar as
atividades na lavoura e, ao mesmo tempo, se antecipar a
uma possível revolta dos escravos.
Os escravos, por sua vez, ficavam na chamada senzala.
Nesse lugar se amontoavam e tinham quase nenhum
conforto na hora de descansarem após longas horas de
trabalho. O serviço dos escravos era tão intenso que,
raramente, um escravo chegava a ultrapassar a casa dos
quarenta anos de idade. De tal forma, podemos notar que
as lavouras eram sustentadas por uma rotina de trabalho
bastante abusiva.
Em algumas lavouras de cana havia o engenho, lugar em
que a cana-de-açúcar era transformada em açúcar. Nem
todos os donos de terra possuíam engenho, pois a sua
manutenção e construção exigia um grande investimento.
Dentro do engenho havia três instalações: a moenda, onde
era extraído o caldo da cana; a caldeira, onde o caldo era
fervido e se transformava em melaço; e a casa de purgar,
lugar em que o melaço virava açúcar.
Durante e após a colonização do Brasil, a plantação de
cana-de-açúcar foi uma das mais importantes atividades
econômicas do país. Apesar dos vários momentos de crise
e instabilidade, o açúcar sempre teve grande importância
em nossa economia. Atualmente, a cana-de-açúcar
também é utilizada para a produção de combustíveis e
outros produtos de grande importância em nossa
economia.
18. 18
Cana de açúcar no Nordeste
Formada pelos estados de Alagoas, Bahia, Ceará,
Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do
Norte e Sergipe, a maior parte desta região está em um
extenso planalto, antigo e aplainado pela erosão. Em
função das diferentes características físicas que apresenta,
a região encontra-se dividida em sub-regiões: meio-norte,
zona da mata, agreste e sertão.
Sub-regiões e clima:
O meio-norte compreende da faixa de
transição entre o sertão semi-árido do Nordeste e a região
amazônica. Apresenta clima úmido e vegetação
exuberante, à medida que avança para o oeste.
A zona da mata estende-se do estado do Rio
Grande do Norte ao sul da Bahia, numa faixa litorânea de
até 200 km de largura. O clima é tropical úmido, com
chuvas mais frequentes no outono e inverno. O solo é fertil
e a vegetação natural é a mata atlântica, já praticamente
extinta e substituída por lavouras de cana-de-açúcar desde
o início da colonização.
O agreste é a área de transição entre a zona da
mata, região úmida e cheia de brejos, e o sertão semi-
árido. Nessa sub-região, os terrenos mais férteis são
ocupados por minifúndios, onde predominam as culturas de
subsistência e a pecuária leiteira.
O sertão, uma extensa área de clima semi-arido,
chega até o litoral, nos estados do Rio Grande do Norte e
do Ceará. As atividades agrícolas sofrem grande limitação,
pois os solos são rasos e pedregosos e as chuvas,
escassas e mal distribuídas. A vegetação típica é a
caatinga. O rio São Francisco é a única fonte de água
perene.
19. 19
Não é possível contar a história do Brasil sem destinar
páginas e mais páginas à cultura canavieira. A cana-de-
açúcar chegou em nossas terras junto com os primeiros
colonizadores e era item obrigatório na bagagem desses
desbravadores. Após dias e dias de viagem confinada nos
porões das caravelas, essa resistente gramínea - que para
uns é originária da Índia, para outros da Melanésia - sentiu-
se em casa ao tocar o solo brasileiro, propagou-se e
constitui-se como a primeira atividade econômica
organizada do Brasil colônia. Em 1630 havia mais de 150
engenhos produzindo cerca de 2 milhões de arrobas
de açúcar. No século XVII, a exportação de açúcar rendeu
quase 200 milhões de libras esterlinas à Cora portuguesa.
De 1700 a 1850, a colônia exportou cerca de 450 milhões
de arrobas, passando a ser a maior fornecedora mundial
de açúcar.
Se não dá para dissociar a agricultura canavieira de nossa
história, também não é possível contar a história
da cana sem abordar a região Nordeste do País. Apesar
dos primeiros engenhos terem sido instalados na capitania
de São Paulo, a maior proximidade da Corte portuguesa
favoreceu aqueles implantados na região Nordeste. A
capitania de Pernambuco registra sua primeira exportação
de açúcar em 1521 e em 1590 destacava-se por meio da
produção de açúcar como a mais importante da colônia.
Crises ao longo dos séculos, o setor açucareiro nacional
enfrentou diversas crises decorrentes da concorrência com
os países mais próximos da Europa devido à retração
do mercado internacional, à falta de planejamento
administrativo, de mão-de-obra especializada para realizar
os reparos necessários e à presença de tecnologia
ultrapassada. Mesmo assim, até fins do século XIX a cana-
de-açúcar ainda era o principal produto agrícola do País,
quando perdeu o posto para o café.
20. 20
Também é nesse período que o setor canavieiro nordestino
perde o trono para São Paulo, que se favoreceu pelas
condições climáticas, solo fértil, topografia plana, preços
favoráveis, maior mercado consumidor e mão-de-obra
especializada. Ao Nordeste restou o mercado externo. Mas
em 1924 a economia açucareira nordestina atravessa nova
crise, ocasionada pela queda das exportações e pelo
aumento da produção açucareira em São Paulo.
Foi um golpe fatal e, em muitos casos, a produção
nordestina apenas se mantinha graças à intervenção
governamental que visava a estabilidade dos preços
do açúcar e dava um suporte à produção nordestina contar
a expansão das usinas paulistas e fluminenses.
Com a criação do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA) em
1933, e depois do Proálcool, na década de 70, a
cultura canavieira nordestina continuou respirando, mas a
situação ainda não era das melhores, principalmente para
Pernambuco, que perdeu o posto de segundo maior
produtor para Alagoas. Na década de 80, a produção
estabilizou-se. Em 1986, por exemplo, a produção
nordestina alcançou 70 milhões de toneladas. Mas nos
anos 90 e após quatro grandes secas, a
desregulamentação do setor e o fim da tutela do governo -
como costumam dizer - levaram a produção a despencar
para a casa dos 40 milhões de toneladas. O cenário foi de
quebradeira, desemprego e o nordestino, além de
presenciar tradicionais usinas deixando de moer, viu seus
industriais e suas fábricas seguirem para o Centro-Sul.
Raio X do setor nordestino - com exceção de Alagoas, nos
demais Estados a cultura canavieira encolheu
drasticamente e apenas recentemente os golpes foram
assimilados. Passaram-se, então, a desenvolver
mecanismos para aos poucos recuperar a produção
perdida.
21. 21
Cana de açúcar em Pernambuco
Em Pernambuco, a atividade canavieira se fundiu à cultura
de seu povo. Há muitos anos o Estado deixou o posto de
maior produtor de cana. Mesmo assim, em nenhum outro
lugar do Brasil encontram-se tantas referências sobre a
agroindústria canavieira. Pernambuco não foi apenas um
grande produtor de cana e um mestre em açúcar, é
também um grande exportador de
especialistas canavieiros. Os grandes produtores
alagoanos são descendentes de pernambucanos. O
primeiro grupo nordestino a invadir o Centro-Sul (Tavares
de Melo) é pernambucano. José Pessoa de Queiroz
Bisneto, o segundo maior "engolidor" de usinas (só perde
para Rubens Ometto Silveira Mello), também é
pernambucano. Engenheiros, técnicos e administradores
pernambucanos estão espalhados pelas unidades de norte
a sul do País. Até mesmo fornecedores decana de
Pernambuco resolveram cultivar cana em Minas Gerais.
A zona canavieira pernambucana já teve uma boa malha
ferroviária, composta pelas ferrovias da antiga Great
Western e pelos ramais construídos pelas usinas para o
transporte da cana. No entanto, a partir da metade da
década de 1960, as ferrovias ficaram abandonadas sendo
substituídas pelas rodovias.
A primeira usina implantada em Pernambuco foi a de São
Francisco da Várzea, cuja primeira moagem aconteceu em
1875. Pernambuco já chegou a ter mais de cem usinas.
Atualmente, no entanto, existem apenas cerca de 38,
algumas, inclusive, encontram-se paralisadas ou
desativadas.
22. 22
RELAÇÃO ALFABÉTICA DE USINAS EM PERNAMBUCO
Água Branca*
Aliança*
Aripibú*
Bamburral*
Bananal*
Barão de Suassuna
Barra*
Beltrão*
Bom Destino*
Bom Dia
Bom Jesus
Bosque*
Brasil*
Brejo*
Bulhões
Cabeça de Negro*
Cachoeira Lisa*
Camurim Grande (Santa Inês)*
Capibaribe*
Carassú (depois Central Barreiros)
Catende
Caxangá
Central Barreiros
Central Nossa Senhora de Lourdes*
Central Olho D´Água
Coelhas*
Colégio*
Conceição dos Milagres*
Condado*
Crauatá*
Cruangi (antes Genipapo)
Cucaú
Cursay*
Cuyambuca (MoçaBonita)
Desespero*
23. 23
Desterro
Dois Irmãos*
Engenho do Meio*
Espírito Santo*
Estreliana
Firmeza*
Floresta (Usina Pinto)*
Frei Caneca
Freixeiras*
Gigantes*
Goiana
Gravatá*
Ipojuca
Jaboatão*
Jaguaré*
Javunda*
José da Costa*
José Rufino*
Laranjeiras
Liberato Marques*
Limoeirinho*
Lustosa*
Mameluco*
Manoel Borba*
Maria das Mercês*
Massauassu*
Matary
Moreno*
Muribeca*
Mussú*
Mussumbú*
Mussupe*
Mussurepe*
Nossa Senhora Auxiliadora*
Nossa Senhora da Vitória*
Nossa Senhora das Maravilhas
Nossa Senhora do Carmo (antes Sta. Pânfila)
Nossa Senhora do Desterro
24. 24
Nova Conceição*
Pedroza
Penderama*
Peri-Peri*
Perserverança*
Petribú
Pirajá*
Pirangi*
Pocinho*
Porto Alegre*
Progresso Colonial (depois Jaboatão)*
Pumaty (antes Central Bom Gosto)
Regalia*
Ribeirão*
Rio Una*
Roçadinho*
Salgado
Sant`Anna d`Aguiar*
Santa Filonila*
Santa Flora*
Santa Rita*
Santa Teresa
Santa Terezinha
Santa Terezinha de Jesus*
Santo André
Santo Inácio*
São Félix*
São Francisco da Várzea*
São João da Várzea*
São José (antiga Coelho)
São Salvador*
Serra-Azul*
Serro-Azul*
Sibéria*
Sibiró Grande*
Timbó*
Timbó-Assú*
Tinoco*
Tiúma*
Trapiche
Trapiche do Cabo*
25. 25
Três Marias*
Treze de Maio*
Trincheiras*
Ubaquinha*
União e Indústria
Uruaé*
Vicente Campelo
* Usina desativada, paralisada ou incorporada por outra.
Morfologia da cana-de-açúcar
Colmo: Se desenvolve á partir da gema do tolete de cana.
Quando a cana é plantada, cada gema pode formar um
colmo primário. Colmos secundários chamados de
"perfilhos" podem se formar a partir as gemas subterrâneas
do colmo primário. Além disso, perfilhos podem formar-se á
partir das gemas subterrâneas dos colmos secundários. O
colmo é formado por nós e entrenós. O nó é onde a folha
está presa ao colmo e onde as gemas e a raiz primária são
encontradas. Uma cicatriz da folha pode ser encontrada no
nó das folhas quando estas caem. O comprimento e o
diâmetro dos nós e entrenós variam muito de com as
cultivares e as condições de cultivo.
As cores do colmo vistas nos entrenós dependem das
cultivares de cana e das condições ambientais. Por
exemplo, a exposição dos entrenós ao sol pode resultar em
uma alteração completa de cor. A mesma cultivar cultivada
em climas diferentes pode exibir cores diferentes. Todas as
cores do talo derivam de dois pigmentos básicos: a cor
vermelha da antocianina e o verde da clorofila. A proporção
de concentração desses dois pigmentos produz cores de
verde ao vermelho púrpuro ao vermelho para quase preto.
Colmos amarelos indicam uma relativa falta desses
pigmentos. A superfície dos entrenós, com a exceção do
anel de crescimento, é mais ou menos coberta por cera. A
quantidade de cera depende da variedade.
26. 26
O topo do colmo é relativamente baixo em sacarose e,
portanto tem pouco valor industrial.
O 1/3 superior do colmo, porém, contém muitas gemas e
um bom suprimento de nutrientes, o que o torna valioso na
propagação da cana (plantio). Dois tipos de rachaduras
podem ser encontradas na superfície do Colmo;
rachaduras inofensivas com pequenas espirais, que são
restritas a epiderme, e rachaduras de crescimento que
podem ser profundas e ocorrem ao longo de toda a
extensão do entrenó. Rachaduras de crescimento são
prejudiciais pois permitem aumento de perda de água,
exposição do colmo para microrganismos e insetos.
Rachaduras de crescimento dependem da variedade e
condições de crescimento. Folhas: A folha da cana-de-
açúcar é dividida em duas partes: bainha e lâmina. A
bainha, cobre completamente o colmo, estendendo-se
sobre pelo menos um entrenó completo. As folhas se
desenvolvem de forma alternada, nos nós, portanto
formando duas fileiras em lados opostos. A primeira folha
de cima para baixo do colmo com aurículas bem visíveis é
designada +1. Para baixo elas recebem, sucessivamente,
os números +2, e +3. Para cima, 0, -1, -2 etc. A folha com a
aurícula visível (+3) é a considerada adulta e usada em
determinações (avaliação do estado nutricional; índice de
área foliar) A planta madura de cana de açúcar tem uma
superfície foliar, em media, de 0,5 metros quadrado, nas
folhas superiores. O número de folhas verdes por colmo é
ao redor de dez,(6 a 12) dependendo da variedade e
condições de crescimento. O número de folhas é menor em
condições de déficit hídrico ou em temperaturas baixas. As
folhas velhas ao receberem pouca intensidade luminosa,
tornam-se senescentes. As folhas verdes do topo são
eretas, com o ápice curvo, podendo as demais serem mais
ou menos eretas. Bonnett (1998), ao relatou que em
temperaturas médias baixas, inferiores a 8 ºC, o
desenvolvimento das folhas de alguns cultivares foi
prejudicado. Sinclair et al. (2004), ao estudar o efeito das
temperaturas mínimas ideais para o desenvolvimento das
folhas, encontrou limites diferentes de temperatura para
cada cultivar avaliado, tendo observado que a temperatura
27. 27
base para desenvolvimento dos aparatos foliares estaria
em torno de 10 ºC, variando conforme o cultivar.
Inflorescência: Quando a planta da cana-de-açúcar atinge
uma maturação relativa de desenvolvimento, seu ponto de
crescimento pode, sob certo fotoperíodo e condições de
umidade do solo, passar de vegetativo para reprodutivo. O
ponto de crescimento para de formar folhas e começa a
produzir uma inflorescência. A cana é uma planta de dias
curtos. Suas condições fotoperiódicas são alcançáveis nos
trópicos. A inflorescência da cana de açúcar é uma
panícula aberta. Cada panícula possui milhares de flores,
cada uma capaz de produzir uma semente. Os sementes
são extremamente pequenas e cerca de 250 sementes
pesam 1 grama. Para a produção comercial de cana-de-
açúcar, o desenvolvimento da inflorescência tem pouca
importância econômica. O florescimento é importante para
cruzamento e produção de variedades híbridas.
Geralmente dias com duração de 12,5 horas e
temperaturas noturnas entre 20° e 25° C induzirão o início
do florescimento. Condições de crescimento ótimas na fase
vegetativa (solo fértil, suprimento abundante de nitrogênio e
umidade) restringem a inflorescência enquanto condições
de estresse induzem a formação de florescimento.
Raízes: As primeiras raízes formadas são as raízes do
tolete, que emergem de banda de raiz primárias acima da
cicatriz da folha nos nós do tolete. Raízes do tolete podem
emergir dentro de 24 horas após o plantio. Essas raízes
são finas e com muitas ramificações, que sustentam a
planta em crescimento nas primeiras semanas depois da
brotação. Raízes do broto são tipos secundários de raízes,
que emergem da base do novo colmo 5 - 7 dias após o
plantio. Esta raízes são mais grossas que as raízes do
tolete e vão formar o sistema de raiz principal da planta. As
raízes do tolete continuam a crescer por um período de 6 -
15 dias após o plantio, a maioria desaparecendo aos 60 -
90 dias enquanto o sistema de raízes do broto desenvolve-
se e apropria-se do suprimento de água e nutrientes. Até a
idade de três meses, as raízes do tolete contêm menos que
2% da massa seca da raiz.