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1
MEMÓRIA E COGNIÇÃO: UM ESTUDO SOBRE A PERFORMANCE
DO CAPOEIRISTA PELO OLHAR DA PSICOLOGIA DO ESPORTE
Luiz Leandro da Silva1
; Verônica de Holanda Santos2
;
1
Professor de Artes Marciais - projetokaisen@hotmail.com
2
Acadêmica do Curso de Pedagogia - vholandasantos@hotmail.com
RESUMO: Este trabalho tem como objetivo principal refletir a respeito da performance corporal do
capoeirista e inicia-se com os fundamentos neurofisiológicos de como o cérebro aprende e acessa novas
memórias motoras e como as emoções as influenciam, entre outros aspectos. A pesquisa relaciona o
aprendizado da linguagem e do vocabulário com o aprendizado da performance corporal. As
correlações entre as memórias, as emoções e a cognição são peças chaves para o funcionamento
cerebral do praticante, bem como influencia no comportamento dos mesmos. As emoções têm
impacto fulcral no ensino-aprendizagem do esporte seja qual ele for. Ao longo do trabalho serão
exploradas questões sobre as relações entre a emoção, a afetividade e a cognição em termos psico-
funcionais, quando ambas as funções se incorporam na aprendizagem, levantando muitas reflexões
a respeito do processo ensino-aprendizagem e sobre as interações afetivas e emocionais entre os
capoeiristas. A prática esportiva é um elemento importante no ensino-aprendizagem e excelente
incentivador de motivação e transformação dentro do processo educativo quando abre espaço para
diálogos e constantes interações, assim como favorece o desempenho da memória, a cognição e as
relações intrapessoal e interpessoal.
Palavras-chave: Capoeira. Memória. Cognição. Performance Corporal. Psicologia do Esporte.
1. INTRODUÇÃO
Os capoeiristas praticam a arte da capoeira durante quase toda a vida. Fazendo isso muitas horas
por dia e de modo repetitivo, até alcançarem os objetivos esperados e desejados. Quando possível,
recorrem aos conceitos básicos das técnicas corporais aprendidas, no intuito de aperfeiçoar seus
1
Professor de Capoeira de Cognome Belos Olhos
2
Aluna de Capoeira de Cognome Paciência
2
movimentos, por exemplo, para aprender um novo movimento corporal ou aprender uma técnica
mais avançada. Esse processo de aprendizagem depende do esforço e do estudo por repetições,
necessárias para a memorização e aperfeiçoamento dos movimentos. No entanto, para muitos
capoeiristas, o trabalho por repetição, em alguns momentos, parece não trazer benefícios e a
inconsistência e imprecisão dos resultados obtidos costumam gerar muita frustração. Uma
movimentação corporal mais precisa, por exemplo, é um requisito mínimo para a performance
corporal da próxima graduação, o que, por vezes, parece inalcançável. Conhecer a melhor maneira
de estudar, a quantidade ideal de horas, diariamente, quantas repetições são necessárias, o que fazer
para estar sempre preparado e qual o motivo de, no dia seguinte, parecer que nada foi memorizado
são, entre outras, questões recorrentes e comuns aos praticantes de capoeira.
No contexto dentro do estudo da capoeira, muito conhecimento verbal foi transmitido ao longo
das gerações pelos mestres mais antigos, tendo o conhecimento da técnica passado por uma
verdadeira seleção natural. Como resultado da prática, essa evolução por tentativa entre acertos e
erros ocorreu em todo o mundo, desenvolvendo academias e escolas específicas de ensino-
aprendizagem da arte capoeirística que são seguidas por milhares de pessoas ainda nos dias atuais.
Essas academias/escolas, em um mundo cada vez mais globalizado e compartilhado, começam a se
fundir, porque professores e alunos podem escolher o que há de melhor em cada uma. Porém, ainda
há muitas dúvidas sobre qual sistema é mais eficiente e otimizado para se aprender a capoeira.
Após décadas de desenvolvimento dos aspectos particulares das técnicas da capoeira,
adentramos na era de natureza interdisciplinar, ou seja, caracterizada pela busca de respostas em
outras áreas do conhecimento. Nos últimos anos, a Neurociência, a Psicologia do Esporte, a
Psicologia Cognitiva e a Educação Física dentre outras, avançaram muito nas pesquisas sobre a
aprendizagem motora, principalmente nos estudos realizados com atletas e esportistas. Essas
pesquisas podem auxiliar sobremaneira na eficácia do aprendizado e da prática; o resultado poderá
gerar uma proposta técnica e pedagógica inovadora de um sistema de aprendizado sensório-motor
mais eficiente, baseado em informações científicas. Deste modo, pretende-se que esta pesquisa sirva
como referência para esportistas, atletas, competidores e educadores, não só de capoeira, como
3
também de outras artes marciais e esportes, a fim de que se evitem práticas de repetições
prejudiciais e que a aprendizagem e a performance sejam otimizadas.
1.1 PROBLEMATIZAÇÃO
Neste tipo trabalho, a Psicologia do Esporte atua em várias vertentes. Uma delas é a otimização
da performance corporal e a cognição por meio dos treinos. Muitas vezes, o mau desempenho de
um capoeirista está atrelado à desmotivação por não ter conseguido compreender e apreender certo
movimento corporal e é papel desse profissional identificar a causa e trabalhar nela. O que faz o
capoeirista estar sempre tentando melhorar sua performance corporal? O que o ajuda nesta
performance corporal? O Cognitivo pode interferir na performance corporal? As memórias dão a
ajuda tão esperada e necessária à performance corporal?
O desempenho de um esportista, seja em um esporte individual ou coletivo, está obviamente e
também diretamente atrelado a fatores externos. Pode ser uma carga de estresse, a ansiedade ou até
mesmo problemas de relacionamento profissional e/ou pessoal, a psicologia esportiva entra
justamente para analisar e transformar estes fatores psíquicos.
Dentro desta perspectiva, a pesquisa versa sobre o seguinte problema: De que maneira a
Psicologia do Esporte pode correlacionar as memórias existentes no ser humano e a cognição para
que haja uma melhor performance corporal dos capoeiristas?
Destarte, a valorização que a Psicologia do Esporte assume no ambiente da academia e/ou
escolar, uma vez que proporciona aos capoeiristas a capacidade de se desenvolverem.
O planejamento de um bom trabalho do psicólogo no esporte precisa compreender as diferenças
individuais. Em um trabalho em grupo, por exemplo, cada indivíduo possui dificuldades específicas
(lidar com a pressão, problemas comportamentais, dentre outros). Já em esportes individuais, onde
o trabalho é bem mais direcionado, costuma-se dizer que o mental é o aspecto mais importante em
um duelo. No entanto, esse fator não pode ser desconsiderado, de forma alguma, em um esporte
coletivo, principalmente em um contexto onde o descuido de uma única pessoa possa significar o
fracasso de toda uma equipe.
4
Autoconfiança para confiar em seu próprio potencial e saber lidar com o sucesso e até mesmo
com o fracasso. Já no autoconhecimento o sentido é de conhecer seu próprio corpo, suas emoções e
seus limites. Esses conceitos se interligam ainda com a inteligência emocional e a social, que lidam
com a concentração, o controle da ansiedade e do estresse, dentre outros fatores psíquicos.
O relacionamento interpessoal também faz parte da rotina do capoeirista. Aceitar as diferenças,
lidar com as emoções dos pares, manter os ânimos durante os treinos. Cada detalhe faz toda a
diferença.
Cada vez mais atletas e esportistas estão se manifestando a respeito de temas como depressão ou
transtornos como a síndrome do pânico, a síndrome de burnout e crises de ansiedade.
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo Geral
Analisar os aspectos psicológico-cognitivos relacionados às memórias e à cognição e de que
maneira elas podem contribuir para a performance corporal do capoeirista.
1.2.2 Objetivos Específicos
Investigar e compreender a importância e de que maneira as memórias e a cognição podem
contribuir para a performance corporal do capoeirista;
Analisar os aspectos neurocientíficos e psicológico-cognitivos relacionados às memórias;
Relacionar as informações pesquisadas, adaptando os conceitos das memórias e memória muscular
com os aspectos da técnica dos treinos,
da performance do capoeirista.
5
1.3 TIPOLOGIA DA PESQUISA
Este projeto piloto de cunho qualitativo, bibliográfico e de análise documental.
Os dados foram coletados a partir de um roteiro de entrevista semiestruturada com praticantes de
capoeiras há mais de dez anos (onde 1 é professor de capoeira e os outros 6 são mestres da arte
capoeirística). A entrevista foi dividida em duas etapas: 1ª Etapa: foram mostrados cartões com as
imagens dos movimentos sem legenda para que o capoeirista descrevesse o nome do movimento, se
assim o conhecer; 2ª Etapa: uma segunda lista com apenas nomes dos movimentos para eles
marcarem se conhecem ou não e se já praticaram aquele determinado movimento e se conhecerem
por outra terminologia, que a descreva ao lado. Desse modo, com estas etapas elaboradas
proporcionamos maior liberdade e espontaneidade aos participantes entrevistados.
De acordo com (GERHARDT, 2009), ao definir a pesquisa qualitativa: “a pesquisa qualitativa
não se preocupa com representatividade numérica, mas, sim, com o aprofundamento da
compreensão de um grupo social, de uma organização etc. Os pesquisadores que adotam a
abordagem qualitativa opõem-se ao pressuposto que defende um modelo único de pesquisa para
todas as ciências, já que as ciências sociais tem sua especificidade, o que pressupõe uma
metodologia própria. A pesquisa qualitativa preocupa-se, portanto, com aspectos da realidade que
não podem ser quantificados, centrando-se na compreensão e explicação da dinâmica das relações
sociais”.
Segundo (FONSECA, 2002): “a pesquisa bibliográfica configura-se por ser levantamento de
informações com material já publicado em artigos, livros, páginas na internet etc.
Material coletado em páginas da internet em sites de busca. Para a verificação das pesquisas já
realizadas em relação às relações entre memória muscular e cognição; psicologia do esporte e
performance corporal. Procuramos em alguns sites oficiais de pesquisa Tede (UFRPE), Google
Acadêmico (Busca Livre), dentre outros que encontramos ao longo da pesquisa. Nesses sites
procuraremos por expressões-chaves: Psicologia do Esporte; Memórias e Memória Muscular e
Cognição; Capoeira e Performance Corporal.
1.4 JUSTIFICATIVA
6
A justificativa para escolha da temática foi o fato de tentar compreender quais fatores
contribuem para o bom desempenho da performance corporal do praticante de capoeira. E também
de saber qual o papel do profissional psicólogo do esporte dentro desse processo.
A Capoeira é um arte multifacetada, é uma verdadeira colcha de retalhos, onde muitos processos
psicológicos contribuem para o aprendizado dessa arte tão magnífica. Filósofos e cientistas têm
debatido amplamente a natureza da relação entre cognição e emoção desde a época de Aristóteles,
que sugeria a emoção (a alma sensível) e cognição (a alma racional) são níveis ou componentes
separados da alma, e somente a alma racional é exclusiva dos seres humanos. A emoção é um
comportamento multifacetado que talvez não possa ser capturado por uma única definição,
colocado em um único circuito neural ou sistema cerebral.
A Capoeira, manifesta-se de diferentes formas, podendo ser visto como jogo, como dança, como
esporte, como arte marcial e como luta. Ela assume características que não são isoladas, ou seja,
atua em todas ao mesmo tempo. A Capoeira permite trabalhar com a música, o ritmo, a expressão
corporal, a harmonia, as manifestações artísticas e culturais, enfim, é um leque de possibilidades de
o corpo humano interagir e nesse interim, procuraremos fazer as interligações entre Memórias,
Memória Muscular, Cognição e Ensino-aprendizagem dentro do processo da performance corporal
do capoeirista.
2. DESENVOLVIMENTO
A capoeira é uma mistura de luta, dança, jogo, esporte, arte e arte marcial, que apareceu no
tempo da escravidão no Brasil e se desenvolveu de forma particular no país, participando de muitos
acontecimentos importantes, fazendo, desse modo, parte da história de todo o povo brasileiro.
Atualmente é praticada em mais de 150 países, onde está inserida em escolas, academias e
universidades, e é fonte inesgotável de estudos de vários pesquisadores ao redor do mundo inteiro.
7
De acordo com (SILVA, 1994): “a capoeira surgiu na ânsia de liberdade, através dos escravos
trazidos da África e forçados a trabalhar no Brasil, os quais lutaram muito para conseguir a sua
libertação. Os escravos não possuíam armas e utilizaram seus próprios corpos para se defender”.
Segundo relatos de (IÓRIO, 2005): “a capoeira, desde seu surgimento, passou por períodos de
transformações por causa dos sistemas políticos adotados por cada época como, por exemplo, a
capoeira escrava no século XVII e XVIII; a marginalidade no século XVIII; a proibição em 1890 e
a liberação da sua prática por volta de 1932”. E ainda: a criação da capoeira regional na década de
30.
Após a globalização da capoeira, muitos eventos foram possíveis serem realizados, a citar:
campeonatos municipais, estaduais, nacionais, continentais e mundiais, encontros, seminários e
festivais de músicas. Muitos detentores dos fundamentos da capoeira: os mestres e profissionais de
capoeira realizaram e realizam até hoje maravilhosos eventos em todo território brasileiro, como
também em outros países.
Por conta deste desenvolvimento acelerado, os praticantes de capoeira que já lecionam, estão
procurando aprofundar seus conhecimentos na área esportiva, realizando cursos superiores, para
buscar um melhor entendimento das qualidades físicas que a capoeira desenvolve em seus
praticantes, como agilidade, força, resistência, velocidade, equilíbrio, flexibilidade. Bem como
procuram novas metodologias de ensino-aprendizagem, treinamento desportivo, didática, dentre
outras temáticas, com o intuito de melhorar seu trabalho e desempenho com a capoeira em todas as
suas modalidades e afinidades.
No que tange o treinamento desportivo, segundo (MENEZES ET AL., 2009): “o atleta de
capoeira deve ser observado como um ser humano em seu aspecto global e para realização de um
trabalho de periodização é necessário separar parâmetros ou qualidades essenciais identificados
como: condicionamento físico, técnico, tático, moral e psicológico para treinamento tanto individual
como coletivo”. No que concerne à capacidade psicológica, seriam consideradas variáveis como o
temperamento, a personalidade e as emoções referentes ao controle, inteligência e equilíbrio
emocional, o altruísmo, o medo, o nervosismo, a tranquilidade, a determinação, a percepção, a
8
concentração, o foco emocional, a excitação emocional, a lealdade, a combatividade, a coragem, a
solidariedade e a tolerância.
A capoeira é uma atividade em que jogo, esporte, arte marcial, luta e dança acontecem numa
relação de reciprocidade. Embora a luta e a dança sejam indispensáveis à prática dessa atividade, o
praticante de capoeira é definido como jogador em uma roda, onde ele, por meio de seu jogo,
mostra na prática todo o seu aprendizado. É, na verdade, como uma festa em que os participantes
dão a si mesmos, oferecendo um espetáculo de som e passos para os observadores, podendo
acontecer em qualquer lugar: na rua, em ginásios, em quadras esportivas etc. Isso faz da capoeira
um universo completamente diferente e empolgante, fazendo surgir as mais variadas emoções e
sentimentos, tanto de quem pratica, como de quem observa tal atividade.
Percebe-se, que o aspecto psicológico é de extrema importância quando se fala em treinamento
desportivo. São várias modalidades esportivas que transpassam por estudos interligados à
Psicologia do Esporte. Temos em (BURITI, 2001): “o desenvolvimento da psicologia do esporte
iniciou-se na última década do século passado com trabalhos teóricos que mostravam os benefícios
psicológicos que a prática de atividade física e esportiva poderia trazer a seus praticantes, e que os
profissionais de Educação Física deveriam estar familiarizados com a psicologia”.
Já no Brasil (RUBIO, 2000): “afirma que a psicologia começou a ser desenvolvida em meados
da década de 50, com a atuante atuação do psicólogo João Carvalhes, no São Paulo Futebol Clube e
na Seleção Brasileira de Futebol, campeã na Copa de 1950. João Carvalhes ainda realizou um
trabalho com juízes de futebol; participou de vários eventos científicos e ainda apresentou trabalhos
e escreveu o livro Psicologia no Futebol, onde chama a atenção e despertando curiosidades dos
pesquisadores brasileiros, bem como de outros países [...]”.
É de suma importância e necessário que, além dos conhecimentos e habilidades técnicas
esportivas transmitidas por professores e técnicos esportivos, que os mesmos tenham conhecimento
e capacidade psicológica específica para compreender melhor o comportamento humano na área do
esporte. E para fazer um planejamento das ações esportivas de um atleta é necessário e importante
realizar um diagnóstico psicológico do mesmo, já que é por meio desse diagnóstico, que se pode
9
conhecer melhor os traços de personalidade do atleta, contribuindo de modo expressivo para o
planejamento que será elaborado para o mesmo.
Para (RUBIO, 2000, p. 52): “estudar as particularidades psicológicas de um grupo esportivo visa
identificar o tipo psicológico dos atletas e do grupo, além de utilizar os dados obtidos como mais
uma ferramenta de auxílio ao trabalho de preparação psicológica com as equipes esportivas”.
Trazendo todo esse estudo e essas análises para a capoeira, ao observarmos o desenrolar de uma
roda de capoeira, percebe-se que os participantes cantam, tocam os instrumentos e jogam capoeira
de uma maneira peculiar, ou seja, de modo descontraído, alegre e prazeroso.
2.1 O CÉREBRO
O nosso cérebro tem a função de controlar toda atividade corporal. Grande parte dessa função
está relacionada ao que o corpo faz de maneira automática e inconsciente, esteja a pessoa acordada
ou dormindo. É no ato de pensar em algo ou em que surge alguma ideia, é que o cérebro já tem
processado, anterior e inconscientemente, muitas informações relacionadas a isso.
Figura 01: O Estado de Sono e a Memória
Fonte: Revista Veja Edição 21/11/2007
10
Segundo (LENT, 2010, p. 668, p. 23): “o cérebro tenta, constantemente, automatizar todos os
processos comumente necessários, porque dessa forma ele é mais eficaz, mais rápido e mais
preciso. Neste trabalho o termo cérebro automático será utilizado para tratar dessa habilidade. O
corpo humano é controlado muito mais pelo cérebro automático, ou mente inconsciente, do que pela
mente consciente. Escovar os dentes, vestir-se, mudar a marcha do carro ou digitar no computador
com agilidade são atividades que o ser humano faz sem pensar, inconscientemente”.
Ao nos depararmos com uma pessoa desconhecida, nas primeiras frações de segundos o cérebro
automaticamente já julgou a pessoa em muitos aspectos, como por exemplo, se essa pessoa é
competente, atrativa, confiável ou não, antes mesmo de a consciência o ter feito. O cérebro tem a
capacidade para fazer duas ou três atividades e processar apenas quatro ou cinco informações ao
mesmo tempo, a mente consciente é extremamente limitada. Sendo, pois, utilizada para o
processamento de novas e importantes informações.
O cérebro é um órgão capaz de comandar o nosso comportamento e a nossa consciência; na
visão dos neurobiólogos, trata-se de um conjunto de células que se tocam por meio de finos
prolongamentos, formando trilhões de complexos circuitos; tem-se, ainda, a ótica dos
neuroquímicos, para quem o cérebro é visto como reações químicas que ocorrem entre as moléculas
existentes dentro e fora das células nervosas.
2.1.1 CÉREBRO E APRENDIZAGEM
Estima-se que o cérebro humano contenha um total de 86 bilhões de neurônios3
, com conexões
múltiplas (cerca de 1000 a 10.000 conexões cada neurônio, alguns podendo chegar a 20.000
conexões) chamadas de sinapses4
, emaranhados por todas as direções possíveis. Eles formam, desse
3
Principal unidade celular do sistema nervoso, adaptada para a transmissão e processamento de sinais (LENT, 2010, p.
4).
4
Sinapses são estruturas de comunicação entre os neurônios que consistem em uma zona de contato entre dois
neurônios ou entre um neurônio e uma célula muscular ou glandular. É capaz não só de transmitir mensagens, mas
11
modo, a vasta rede celular, cerca de 100 trilhões de conexões possíveis, que faz com que as pessoas
sejam capazes de pensar, fazer inúmeras operações e de desenvolver a consciência. Com os estudos
e a ajuda da neurociência, se é possível saber que aprender uma nova habilidade motora, como
aprender capoeira ou outra arte marcial, muda por completo as estruturas físicas contidas no nosso
cérebro e que, com o passar do tempo, ou seja, com o envelhecimento, todas essas aprendizagens
ficam cada vez mais difíceis.
Figura 02: O Neurônio
Fonte: http://nerdscolam.blogspot.com/2016/06/tecido-nervoso-neuronio-machado.html
Com a prática de uma nova habilidade motora, os axônios5
de neurônios utilizados com mais
frequência para executar essa habilidade começam a se transformar. O axônio é o prolongamento
dos neurônios, responsável pela condução dos impulsos elétricos que partem do corpo celular até a
outra extremidade, que pode se conectar a outro neurônio ou um músculo. Alguns axônios de
neurônios de um humano adulto podem chegar a um metro de comprimento (LENT, 2010, APUD
SOUZA, 2020, p. 24).
também de bloqueá-las ou modificá-las inteiramente: realiza um verdadeiro processamento de informação (LENT,
2010, p. 107 APUD SOUZA, 2020, p. 24).
5
Os Axônios são parte do neurônio responsáveis pela condução dos impulsos elétricos que partem do corpo celular, até
outro local mais distante, como um músculo ou outro neurônio.
12
2.2 A MEMÓRIA, O QUE É AFINAL?
De acordo com (CARDOSO, 1997, p. 35): “a memória é a faculdade de se representar àquilo que
foi vivido, sentido e aprendido no passado de uma pessoa. É uma função cerebral superior que
“surge como um processo de retenção de informações no qual nossas experiências são arquivadas e
recuperadas quando as chamamos”. Sendo assim, a memória é a forma básica para a aprendizagem,
que é a aquisição de novos conhecimentos. Assim sendo, a memória retém esses conhecimentos
aprendidos.
Divergentes tipos de memória existem, que variam em sua complexidade: química, visual,
olfativa, auditiva, tátil, etc. Basicamente podemos classificá-las em dois grupos: a memória
intelectual, localizada na mente e a memória sensorial, localizada no corpo.
Não há uma área específica do cérebro ou do corpo em que a memória fica armazenada. Ela é
um fenômeno celular, biológico e psicológico que envolve vários sistemas neuropsicofisiológicos
que funcionam como um conjunto.
A mente e o corpo não são apenas um agrupar de órgãos, músculos e ossos, regidos por leis da
mecânica, da termodinâmica ou de qualquer outra área, mas sim, são conjuntos de células e tecidos,
movidos, principalmente, por leis energéticas e neuropsicofisiológicas. Corpo e mente são
permeáveis pelas impressões físicas, cognitivas, psicológicas e interagem entre si. A mente agrupa
as informações intelectuais e “mesmo em suas manifestações mais abstratas, não é separada do
corpo, mas sim nascida dele e moldada por ele” (CAPRA, 2002, p. 79). O corpo contém a história
de vida de uma pessoa de modo que mudanças na personalidade e no caráter, são condicionadas
pelas mudanças das funções corporais.
O nosso corpo vive em constante transformação ao longo de toda a nossa vida. Corrobora
conosco essas palavras de (VOLPI, 2004, p. 2): “o corpo sente, aprende, se disciplina, se condiciona
e toda vez que isso acontece, as células do cérebro sofrem uma alteração e essa alteração irá refletir
em nosso comportamento. A prática enquanto psicanalista, levou Reich (1995) a perceber que o
corpo retinha todos os conflitos emocionais e possuía uma linguagem própria, comunicada através
de gestos, postura, tom de voz, movimentos, vestimentas etc, negligenciada pela psicanálise. Optou,
então, por acreditar mais no que via do que no que ouvia e passou a ler no corpo de seus pacientes
13
as angústias, ansiedades, medos, desejos e repressões, encontrando a chave para a compreensão dos
mecanismos psíquicos e das defesas com a qual a psicanálise ortodoxa se debatia”.
Citando o mesmo autor (VOLPI, 2004, p. 8): “no decorrer de toda a nossa vida, nosso corpo
armazena sensações que estão ligadas a sentimentos e vivências afetivas, de cunho positivo e
negativo. Algumas dessas sensações irão desaparecer com o passar dos tempos; outras, irão se
sedimentar, deixando uma impressão gravada em nosso corpo e em nossa mente, de forma
consciente ou inconsciente. Essa memória irá reagir frente a ações e impactos sofridos no dia a dia,
principalmente ao estresse e por consequência, irá despertar em forma de sensações e/ou
lembranças, ou, o que é comum acontecer, em forma de doença”.
Portanto, constantemente somos confrontados com dois caminhos: ouvir nosso corpo e deixá-lo
falar em seus desejos e expressar suas angústias ou submetê-lo ao estresse físicos e psicológicos
diários que a vida nos traz, formando assim as couraças.
O corpo não esquece nada do que foi vivido ao longo da vida. “Tudo o que foi vivido durante a
infância, através de sensações, permanece registrado. A somatização é uma forma de comunicação
desses registros ancorados no corpo (VOLPI, 2004, p.8)”.
2.2.1 TIPOS DE MEMÓRIA
Memória é a função cognitiva de armazenar e resgatar informações.
Tipos de Memória
 Memória episódica;
 Memória semântica;
 Memória de procedimento
 Memória operacional.
Memória Episódica: Sistema de memória utilizado para lembrar experiências pessoais
vividas em um contexto próprio.
Ex.: O telefonema de um amigo; jantar da noite passada.
14
Memória Semântica: Armazenamento de conhecimento factual e conceitual. Inclui todo o
conhecimento do mundo ao nosso redor.
Ex.: cor de determinada rosa; nome do segundo presidente do Brasil.
Memória de Procedimento: Capacidade de aprender habilidades comportamentais e
cognitivas que são usadas de forma automática e inconsciente.
Ex.: aprender a dirigir; aprender a andar de bicicleta.
Memória Operacional: Combinação das capacidades de atenção, concentração e memória
recente. Capacidade de manter ou manipular informações de forma temporária.
Ex.: local onde estacionou o carro.
2.2.2 A MEMÓRIA MUSCULAR
Dentre algumas acepções do termo Memória Muscular, iremos utilizar o significado proposto
pela Neurociência Cognitiva:
A Neurociência cognitiva trata das capacidades mentais mais complexas, geralmente
típicas do homem, como a linguagem, a autoconsciência, a memória, etc. Pode ser
também chamada de Neuropsicologia. É claro que os limites entre essas disciplinas
não são nítidos, o que nos obriga a saltar de um nível a outro, ou seja, de uma
disciplina a outra, sempre que tentamos compreender o funcionamento do sistema
nervoso (LENT, 2010, p. 6).
De acordo com (GUNDERSEN, 2016 APUD SOUZA, 2020, p. 21): “o termo Memória
Muscular pode suscitar alguma confusão, haja vista que, como qualquer objeto de estudo, pode ser
concebido de formas diferentes, portanto, ter diversos significados, em diferentes áreas do
conhecimento. Tome-se como exemplo o estudo sobre o cérebro: no modo de ver dos psicólogos, o
cérebro é um órgão capaz de comandar o comportamento e a consciência; na visão dos
neurobiólogos, trata-se de um conjunto de células que se tocam através de finos prolongamentos,
formando trilhões de complexos circuitos; tem-se, ainda, a ótica dos neuroquímicos, para quem o
cérebro é visto como reações químicas que ocorrem entre as moléculas existentes dentro e fora das
células nervosas.
15
Memória Muscular também pode ter diferentes significados, todos verdadeiros e igualmente
importantes. Por exemplo, as áreas de educação física e biologia atribuem o termo à capacidade
muscular de recuperar suas estruturas, força e tamanho mais rapidamente, após um longo período de
inatividade e perda de massa muscular, a exemplo daqueles que sofreram alguma hipertrofia
muscular, anteriormente (GUNDERSEN, 2016 APUD SOUZA, 2020, p. 21).
Ainda, segundos o autor supracitado, (SOUZA, 2020, p. 22): “portanto, neste estudo, Memória
Muscular está relacionada à aprendizagem motora de precisão do cérebro automático, conforme
explicitado neste texto: Aprendizagem de habilidades motoras geralmente se refere a mudanças
neuronais que permitem que um organismo realize uma tarefa motora de maneira melhor, mais
rápida ou mais precisa do que antes. Além dessa compreensão aceita do uso comum da palavra, há
pouca concordância na literatura sobre uma definição científica mais precisa [...] o termo
aprendizagem de habilidades refere-se a melhorias na precisão ou velocidade em uma ampla
variedade de tarefas, incluindo a série tempo de reação, toque de dedo sequencial rápido, controle
de força sequencial, rastreamento visual, rastreamento, sinergia ou tarefas de configuração manual.
Em contraste com a adaptação, o aprendizado de habilidades tipicamente envolve a geração de um
novo padrão de movimento e é caracterizado por mudanças na relação velocidade-precisão”.
2.2.3 O ARQUIVO DAS MEMÓRIAS
É de suma importância saber como são arquivadas as memórias e, a posterior, como recuperá-
las. Quando se aprende uma nova palavra, por exemplo, é enviada para o cérebro uma informação
sensorial através dos olhos, dos ouvidos, da pronúncia da palavra em voz alta e aprendendo o
significado dela. Todos esses sentidos mencionados, estimulam diferentes partes do cérebro, a citar:
1) O Córtex Visual, que processa a informação que chega da retina para a formação da memória
visual.
2) O Córtex Auditivo, que é responsável pelo processamento da informação auditiva vinda da
cóclea, no ouvido interno.
16
3) O Lobo Temporal Anterior, onde reside o senso de significado e é responsável por armazenar
os eventos passados. Nele está localizado o neocórtex temporal, uma região potencialmente
envolvida com memória de longo prazo. Nesta parte encontram-se estruturas relacionadas à
memória declarativa, ou seja, aquela onde estão guardados se guardam fatos e eventos.
Figura 03: Lobo Frontal, Lobo Parietal, Lobo Temporal e Lobo occipital
Fonte: http://www.clker.com/clipart-anterior-temporal-lobe.html
Para que seja gravada uma nova memória, as conexões entre essas três partes peculiares (o
córtex visual, o córtex auditivo e o lobo temporal anterior) precisam ser fortalecidas de forma
gradual, formando um mapa para cada memória, cujo padrão é único, codificado e armazenado no
cérebro.
As possibilidades de uma informação ser gravada estão fortemente ligadas às emoções
associadas a essa informação, o que explica o papel do sistema límbico6
no funcionamento da
memória.
2.2.4 A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE PARA A MEMÓRIA
As emoções em seu sentido mais abrangente encerram aspectos comportamentais positivos e
negativos, conscientes e inconscientes, e podem equivaler a outras expressões, tais como a
6
O Sistema Límbico é a rede neural responsável pelas emoções e comportamentos sociais.
17
afetividade, a inteligência interpessoal, a inteligência emocional; a cognição social; a motivação, o
temperamento e a personalidade do indivíduo, cuja importância na aprendizagem e nas interações
sociais são de crucial importância e relevância.
Memórias não são apenas fatos e números. Além de toda informação sensorial percebida pelos
sentidos, elas também se entrelaçam às emoções e ocupam o centro da identidade e personalidade das
pessoas. As memórias mais nítidas são as de conteúdo emocional forte. Todas as memórias são
carregadas de algum grau de emoção. No ser humano não existe nenhum pensamento, desde a
percepção, formação e evocação de memórias, isento de algum tipo e grau de emoção (IZQUIERDO,
2004, p. 65).
Figura 04: Amígdala e Hipocampo
Fonte: https:// emaze.com@acwqlrt
Quando o ser humano domina a linguagem e se torna mais independente, passa a interagir com
mais pessoas. Para sobreviver em um mundo social complexo, é preciso aprender a colaborar e
cooperar uns com os outros, ou seja, aprender a entender as necessidades e desejos dos outros, a se
socializar. Uma das maneiras de entender o outro é através das expressões faciais e corporais - que
transmitem emoções -, por meio da aguçada capacidade de ler expressões faciais de outras pessoas,
quase a ponto de se saber o que estão pensando. A Amígdala é a principal responsável por essa
habilidade.
18
A Amígdala é o centro integrativo das emoções, do comportamento emocional e da motivação. É
responsável por regular funções de medo e ansiedade, agressividade, reconhecimento de emoções e
reações emocionais prazerosas, por associação de estímulos com aspectos recompensatórios. Ela é
importante tanto para o reconhecimento e a interpretação das emoções primárias, quanto para
formação de memórias emocionais, além de seu papel na expressão fisiológica das respostas
emocionais. Essas associações realizadas entre emoções e estímulos permitem que os medos e suas
reações sejam aprendidos, fazendo com que o organismo reaja de forma cada vez mais rápida,
garantindo melhor sobrevivência (LENT, 2010, p. 13).
2.3 COGNIÇÃO E AFETIVIDADE
Vários autores afirmam que a dimensão emocional pode contribuir, e não atrapalhar, no contato
do homem com a realidade. Assim, o homem seria dotado de um tipo de compreensão afetiva que
se faz por uma sintonização empática, ele compreenderia se emocionando, sentindo os fenômenos
da realidade. Mesmo aceitando a tradicional primazia da razão sobre a emoção na apreensão da
verdade, deve-se admitir que certas dimensões da vida só são realmente acessíveis pela lente da
emoção.
A afetividade pode influenciar as demais funções psíquicas através do humor, das emoções,
sentimentos e paixões.
2.3.1 DEFININDO A EMOÇÃO
1. Expressões Faciais: Paul Ekman (1971), descobriu que a maneira pela qual as emoções são
expressas através da expressão facial não varia.
2. Raiva, medo, repugnância, felicidade, tristeza e surpresa são as seis expressões faciais básicas
que representam os estados emocionais humanos.
3. Comportamento e Emoções: A emoção em comparação a outros comportamentos, parece ser
especialmente difícil de precisar.
19
2.3.2 VARIÁVEIS PSICOFISIOLÓGICAS
1. Um fator que diferencia a emoção de outros comportamentos, é que ela altera não somente
nosso estado mental e neural, mas também nosso estado corporal.
2.3.3 RESPOSTAS EMOCIONAIS CAUSAM REAÇÕES CORPORAIS.
1. A emoção é um comportamento multifacetado que talvez não possa ser capturado por uma única
definição, colocado em um único circuito neural ou sistema cerebral.
2. Não parece haver dúvidas de que as memórias estão associadas às emoções, o que ajuda a guiar
nossas ações.
3. Todos temos personalidades distintas que são formadas em parte de nossa disposição e pelo
nosso temperamento emocional.
Figura 05: Emoção e Cognição
Fonte: http://pepsic.bvsakud.org/scielo.php
A vida afetiva ocorre sempre num contexto de relações do EU com o mundo e com as pessoas.
Portanto a afetividade caracteriza-se por sua dimensão de realidade.
20
Segundo (DALGALARRONDO, 2008, p. 16): “a afetividade compreende: “A afetividade
compreende o estado de ânimo ou humor, os sentimentos, as emoções e as paixões e reflete sempre
a capacidade de experimentar o mundo subjetivamente. A afetividade é quem determina a atitude
geral da pessoa diante de qualquer experiência vivencial, promove os impulsos motivadores e
inibidores, percebe os fatos de maneira agradável ou sofrível, confere uma disposição indiferente ou
entusiasmada e determina sentimentos que oscilam entre dois polos e transitam por infinitos tons
entre esses dois polos, a depressão e a euforia”.
Figura 06: Afetividade
Fonte: http//pepsic.bvsalud.org/scielo.php
AAFETIVIDADE compreende várias modalidades afetivas:
1. HUMOR ou ESTADO DE ÂNIMO;
2. EMOÇÕES;
3. SENTIMENTOS;
4. AFETOS;
5. PAIXÕES.
Desta forma, a afetividade é quem confere o modo de relação do indivíduo à vida e será através
da tonalidade desse estado de ânimo que a pessoa perceberá o mundo e a realidade. Direta ou
21
indiretamente a afetividade exerce profunda influência sobre o pensamento e sobre toda a conduta
do indivíduo.
CONCLUSÃO
Ao longo desta pesquisa, constatou-se que o modo como o cérebro aprende, de maneira
conectada e distributiva nas áreas de seu funcionamento, depende de algumas frentes estratégicas
para a aprendizagem e memorização de novas habilidades motoras de precisão.
A pesquisa demonstrou que a aplicação das emoções, tão importantes para o fortalecimento das
memórias.
Este trabalho desenvolveu-se por comparação e adaptação interdisciplinar de conceitos das
diversas áreas e ciências, a citar: da Neurociência, Cognição, Psicologia Cognitiva, Psicologia do
Esporte e Educação Física para a performance corporal do capoeirista. Uma vez compreendido que
os recursos de pesquisa tradicionais da área sobre a capoeira não seriam suficientes para esclarecer
cientificamente as questões relacionadas a uma melhoria da eficiência do estudo do capoeirista, daí
então ficou evidente a necessidade dessa rica colaboração. Da experiência acumulada dessas outras
disciplinas sobre as memórias e a cognição - neste caso, a aprendizagem motora em movimentos
corporais abriu a possibilidade de uma adaptação dos conceitos vistos sob um novo ponto de vista.
Desse modo, espera-se que este trabalho de pesquisa sobre a memória, a cognição e o
capoeirista, inspire outros pesquisadores e capoeiristas a pesquisarem e estudarem temas e questões
da performance que dependem da comunicação e convívio do capoeirista com a capoeira e com
áreas afins.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Conselho Pleno. Parecer CNE/CP n.3/2004. Diretrizes
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Cultura Afro-Brasileira e Africana. Brasília: Ministério da Educação, 2004. Disponível em:
<www.mec.gov.br/cne>.
22
BRASIL. Roda de Capoeira recebe título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.
Brasília: Ministério da Cultura, 26 nov, 2014. Disponível em <http://www.cultura.gov.br/noticias-
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24
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Memória, cognição e performance do capoeirista

  • 1. 1 MEMÓRIA E COGNIÇÃO: UM ESTUDO SOBRE A PERFORMANCE DO CAPOEIRISTA PELO OLHAR DA PSICOLOGIA DO ESPORTE Luiz Leandro da Silva1 ; Verônica de Holanda Santos2 ; 1 Professor de Artes Marciais - projetokaisen@hotmail.com 2 Acadêmica do Curso de Pedagogia - vholandasantos@hotmail.com RESUMO: Este trabalho tem como objetivo principal refletir a respeito da performance corporal do capoeirista e inicia-se com os fundamentos neurofisiológicos de como o cérebro aprende e acessa novas memórias motoras e como as emoções as influenciam, entre outros aspectos. A pesquisa relaciona o aprendizado da linguagem e do vocabulário com o aprendizado da performance corporal. As correlações entre as memórias, as emoções e a cognição são peças chaves para o funcionamento cerebral do praticante, bem como influencia no comportamento dos mesmos. As emoções têm impacto fulcral no ensino-aprendizagem do esporte seja qual ele for. Ao longo do trabalho serão exploradas questões sobre as relações entre a emoção, a afetividade e a cognição em termos psico- funcionais, quando ambas as funções se incorporam na aprendizagem, levantando muitas reflexões a respeito do processo ensino-aprendizagem e sobre as interações afetivas e emocionais entre os capoeiristas. A prática esportiva é um elemento importante no ensino-aprendizagem e excelente incentivador de motivação e transformação dentro do processo educativo quando abre espaço para diálogos e constantes interações, assim como favorece o desempenho da memória, a cognição e as relações intrapessoal e interpessoal. Palavras-chave: Capoeira. Memória. Cognição. Performance Corporal. Psicologia do Esporte. 1. INTRODUÇÃO Os capoeiristas praticam a arte da capoeira durante quase toda a vida. Fazendo isso muitas horas por dia e de modo repetitivo, até alcançarem os objetivos esperados e desejados. Quando possível, recorrem aos conceitos básicos das técnicas corporais aprendidas, no intuito de aperfeiçoar seus 1 Professor de Capoeira de Cognome Belos Olhos 2 Aluna de Capoeira de Cognome Paciência
  • 2. 2 movimentos, por exemplo, para aprender um novo movimento corporal ou aprender uma técnica mais avançada. Esse processo de aprendizagem depende do esforço e do estudo por repetições, necessárias para a memorização e aperfeiçoamento dos movimentos. No entanto, para muitos capoeiristas, o trabalho por repetição, em alguns momentos, parece não trazer benefícios e a inconsistência e imprecisão dos resultados obtidos costumam gerar muita frustração. Uma movimentação corporal mais precisa, por exemplo, é um requisito mínimo para a performance corporal da próxima graduação, o que, por vezes, parece inalcançável. Conhecer a melhor maneira de estudar, a quantidade ideal de horas, diariamente, quantas repetições são necessárias, o que fazer para estar sempre preparado e qual o motivo de, no dia seguinte, parecer que nada foi memorizado são, entre outras, questões recorrentes e comuns aos praticantes de capoeira. No contexto dentro do estudo da capoeira, muito conhecimento verbal foi transmitido ao longo das gerações pelos mestres mais antigos, tendo o conhecimento da técnica passado por uma verdadeira seleção natural. Como resultado da prática, essa evolução por tentativa entre acertos e erros ocorreu em todo o mundo, desenvolvendo academias e escolas específicas de ensino- aprendizagem da arte capoeirística que são seguidas por milhares de pessoas ainda nos dias atuais. Essas academias/escolas, em um mundo cada vez mais globalizado e compartilhado, começam a se fundir, porque professores e alunos podem escolher o que há de melhor em cada uma. Porém, ainda há muitas dúvidas sobre qual sistema é mais eficiente e otimizado para se aprender a capoeira. Após décadas de desenvolvimento dos aspectos particulares das técnicas da capoeira, adentramos na era de natureza interdisciplinar, ou seja, caracterizada pela busca de respostas em outras áreas do conhecimento. Nos últimos anos, a Neurociência, a Psicologia do Esporte, a Psicologia Cognitiva e a Educação Física dentre outras, avançaram muito nas pesquisas sobre a aprendizagem motora, principalmente nos estudos realizados com atletas e esportistas. Essas pesquisas podem auxiliar sobremaneira na eficácia do aprendizado e da prática; o resultado poderá gerar uma proposta técnica e pedagógica inovadora de um sistema de aprendizado sensório-motor mais eficiente, baseado em informações científicas. Deste modo, pretende-se que esta pesquisa sirva como referência para esportistas, atletas, competidores e educadores, não só de capoeira, como
  • 3. 3 também de outras artes marciais e esportes, a fim de que se evitem práticas de repetições prejudiciais e que a aprendizagem e a performance sejam otimizadas. 1.1 PROBLEMATIZAÇÃO Neste tipo trabalho, a Psicologia do Esporte atua em várias vertentes. Uma delas é a otimização da performance corporal e a cognição por meio dos treinos. Muitas vezes, o mau desempenho de um capoeirista está atrelado à desmotivação por não ter conseguido compreender e apreender certo movimento corporal e é papel desse profissional identificar a causa e trabalhar nela. O que faz o capoeirista estar sempre tentando melhorar sua performance corporal? O que o ajuda nesta performance corporal? O Cognitivo pode interferir na performance corporal? As memórias dão a ajuda tão esperada e necessária à performance corporal? O desempenho de um esportista, seja em um esporte individual ou coletivo, está obviamente e também diretamente atrelado a fatores externos. Pode ser uma carga de estresse, a ansiedade ou até mesmo problemas de relacionamento profissional e/ou pessoal, a psicologia esportiva entra justamente para analisar e transformar estes fatores psíquicos. Dentro desta perspectiva, a pesquisa versa sobre o seguinte problema: De que maneira a Psicologia do Esporte pode correlacionar as memórias existentes no ser humano e a cognição para que haja uma melhor performance corporal dos capoeiristas? Destarte, a valorização que a Psicologia do Esporte assume no ambiente da academia e/ou escolar, uma vez que proporciona aos capoeiristas a capacidade de se desenvolverem. O planejamento de um bom trabalho do psicólogo no esporte precisa compreender as diferenças individuais. Em um trabalho em grupo, por exemplo, cada indivíduo possui dificuldades específicas (lidar com a pressão, problemas comportamentais, dentre outros). Já em esportes individuais, onde o trabalho é bem mais direcionado, costuma-se dizer que o mental é o aspecto mais importante em um duelo. No entanto, esse fator não pode ser desconsiderado, de forma alguma, em um esporte coletivo, principalmente em um contexto onde o descuido de uma única pessoa possa significar o fracasso de toda uma equipe.
  • 4. 4 Autoconfiança para confiar em seu próprio potencial e saber lidar com o sucesso e até mesmo com o fracasso. Já no autoconhecimento o sentido é de conhecer seu próprio corpo, suas emoções e seus limites. Esses conceitos se interligam ainda com a inteligência emocional e a social, que lidam com a concentração, o controle da ansiedade e do estresse, dentre outros fatores psíquicos. O relacionamento interpessoal também faz parte da rotina do capoeirista. Aceitar as diferenças, lidar com as emoções dos pares, manter os ânimos durante os treinos. Cada detalhe faz toda a diferença. Cada vez mais atletas e esportistas estão se manifestando a respeito de temas como depressão ou transtornos como a síndrome do pânico, a síndrome de burnout e crises de ansiedade. 1.2 OBJETIVOS 1.2.1 Objetivo Geral Analisar os aspectos psicológico-cognitivos relacionados às memórias e à cognição e de que maneira elas podem contribuir para a performance corporal do capoeirista. 1.2.2 Objetivos Específicos Investigar e compreender a importância e de que maneira as memórias e a cognição podem contribuir para a performance corporal do capoeirista; Analisar os aspectos neurocientíficos e psicológico-cognitivos relacionados às memórias; Relacionar as informações pesquisadas, adaptando os conceitos das memórias e memória muscular com os aspectos da técnica dos treinos, da performance do capoeirista.
  • 5. 5 1.3 TIPOLOGIA DA PESQUISA Este projeto piloto de cunho qualitativo, bibliográfico e de análise documental. Os dados foram coletados a partir de um roteiro de entrevista semiestruturada com praticantes de capoeiras há mais de dez anos (onde 1 é professor de capoeira e os outros 6 são mestres da arte capoeirística). A entrevista foi dividida em duas etapas: 1ª Etapa: foram mostrados cartões com as imagens dos movimentos sem legenda para que o capoeirista descrevesse o nome do movimento, se assim o conhecer; 2ª Etapa: uma segunda lista com apenas nomes dos movimentos para eles marcarem se conhecem ou não e se já praticaram aquele determinado movimento e se conhecerem por outra terminologia, que a descreva ao lado. Desse modo, com estas etapas elaboradas proporcionamos maior liberdade e espontaneidade aos participantes entrevistados. De acordo com (GERHARDT, 2009), ao definir a pesquisa qualitativa: “a pesquisa qualitativa não se preocupa com representatividade numérica, mas, sim, com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização etc. Os pesquisadores que adotam a abordagem qualitativa opõem-se ao pressuposto que defende um modelo único de pesquisa para todas as ciências, já que as ciências sociais tem sua especificidade, o que pressupõe uma metodologia própria. A pesquisa qualitativa preocupa-se, portanto, com aspectos da realidade que não podem ser quantificados, centrando-se na compreensão e explicação da dinâmica das relações sociais”. Segundo (FONSECA, 2002): “a pesquisa bibliográfica configura-se por ser levantamento de informações com material já publicado em artigos, livros, páginas na internet etc. Material coletado em páginas da internet em sites de busca. Para a verificação das pesquisas já realizadas em relação às relações entre memória muscular e cognição; psicologia do esporte e performance corporal. Procuramos em alguns sites oficiais de pesquisa Tede (UFRPE), Google Acadêmico (Busca Livre), dentre outros que encontramos ao longo da pesquisa. Nesses sites procuraremos por expressões-chaves: Psicologia do Esporte; Memórias e Memória Muscular e Cognição; Capoeira e Performance Corporal. 1.4 JUSTIFICATIVA
  • 6. 6 A justificativa para escolha da temática foi o fato de tentar compreender quais fatores contribuem para o bom desempenho da performance corporal do praticante de capoeira. E também de saber qual o papel do profissional psicólogo do esporte dentro desse processo. A Capoeira é um arte multifacetada, é uma verdadeira colcha de retalhos, onde muitos processos psicológicos contribuem para o aprendizado dessa arte tão magnífica. Filósofos e cientistas têm debatido amplamente a natureza da relação entre cognição e emoção desde a época de Aristóteles, que sugeria a emoção (a alma sensível) e cognição (a alma racional) são níveis ou componentes separados da alma, e somente a alma racional é exclusiva dos seres humanos. A emoção é um comportamento multifacetado que talvez não possa ser capturado por uma única definição, colocado em um único circuito neural ou sistema cerebral. A Capoeira, manifesta-se de diferentes formas, podendo ser visto como jogo, como dança, como esporte, como arte marcial e como luta. Ela assume características que não são isoladas, ou seja, atua em todas ao mesmo tempo. A Capoeira permite trabalhar com a música, o ritmo, a expressão corporal, a harmonia, as manifestações artísticas e culturais, enfim, é um leque de possibilidades de o corpo humano interagir e nesse interim, procuraremos fazer as interligações entre Memórias, Memória Muscular, Cognição e Ensino-aprendizagem dentro do processo da performance corporal do capoeirista. 2. DESENVOLVIMENTO A capoeira é uma mistura de luta, dança, jogo, esporte, arte e arte marcial, que apareceu no tempo da escravidão no Brasil e se desenvolveu de forma particular no país, participando de muitos acontecimentos importantes, fazendo, desse modo, parte da história de todo o povo brasileiro. Atualmente é praticada em mais de 150 países, onde está inserida em escolas, academias e universidades, e é fonte inesgotável de estudos de vários pesquisadores ao redor do mundo inteiro.
  • 7. 7 De acordo com (SILVA, 1994): “a capoeira surgiu na ânsia de liberdade, através dos escravos trazidos da África e forçados a trabalhar no Brasil, os quais lutaram muito para conseguir a sua libertação. Os escravos não possuíam armas e utilizaram seus próprios corpos para se defender”. Segundo relatos de (IÓRIO, 2005): “a capoeira, desde seu surgimento, passou por períodos de transformações por causa dos sistemas políticos adotados por cada época como, por exemplo, a capoeira escrava no século XVII e XVIII; a marginalidade no século XVIII; a proibição em 1890 e a liberação da sua prática por volta de 1932”. E ainda: a criação da capoeira regional na década de 30. Após a globalização da capoeira, muitos eventos foram possíveis serem realizados, a citar: campeonatos municipais, estaduais, nacionais, continentais e mundiais, encontros, seminários e festivais de músicas. Muitos detentores dos fundamentos da capoeira: os mestres e profissionais de capoeira realizaram e realizam até hoje maravilhosos eventos em todo território brasileiro, como também em outros países. Por conta deste desenvolvimento acelerado, os praticantes de capoeira que já lecionam, estão procurando aprofundar seus conhecimentos na área esportiva, realizando cursos superiores, para buscar um melhor entendimento das qualidades físicas que a capoeira desenvolve em seus praticantes, como agilidade, força, resistência, velocidade, equilíbrio, flexibilidade. Bem como procuram novas metodologias de ensino-aprendizagem, treinamento desportivo, didática, dentre outras temáticas, com o intuito de melhorar seu trabalho e desempenho com a capoeira em todas as suas modalidades e afinidades. No que tange o treinamento desportivo, segundo (MENEZES ET AL., 2009): “o atleta de capoeira deve ser observado como um ser humano em seu aspecto global e para realização de um trabalho de periodização é necessário separar parâmetros ou qualidades essenciais identificados como: condicionamento físico, técnico, tático, moral e psicológico para treinamento tanto individual como coletivo”. No que concerne à capacidade psicológica, seriam consideradas variáveis como o temperamento, a personalidade e as emoções referentes ao controle, inteligência e equilíbrio emocional, o altruísmo, o medo, o nervosismo, a tranquilidade, a determinação, a percepção, a
  • 8. 8 concentração, o foco emocional, a excitação emocional, a lealdade, a combatividade, a coragem, a solidariedade e a tolerância. A capoeira é uma atividade em que jogo, esporte, arte marcial, luta e dança acontecem numa relação de reciprocidade. Embora a luta e a dança sejam indispensáveis à prática dessa atividade, o praticante de capoeira é definido como jogador em uma roda, onde ele, por meio de seu jogo, mostra na prática todo o seu aprendizado. É, na verdade, como uma festa em que os participantes dão a si mesmos, oferecendo um espetáculo de som e passos para os observadores, podendo acontecer em qualquer lugar: na rua, em ginásios, em quadras esportivas etc. Isso faz da capoeira um universo completamente diferente e empolgante, fazendo surgir as mais variadas emoções e sentimentos, tanto de quem pratica, como de quem observa tal atividade. Percebe-se, que o aspecto psicológico é de extrema importância quando se fala em treinamento desportivo. São várias modalidades esportivas que transpassam por estudos interligados à Psicologia do Esporte. Temos em (BURITI, 2001): “o desenvolvimento da psicologia do esporte iniciou-se na última década do século passado com trabalhos teóricos que mostravam os benefícios psicológicos que a prática de atividade física e esportiva poderia trazer a seus praticantes, e que os profissionais de Educação Física deveriam estar familiarizados com a psicologia”. Já no Brasil (RUBIO, 2000): “afirma que a psicologia começou a ser desenvolvida em meados da década de 50, com a atuante atuação do psicólogo João Carvalhes, no São Paulo Futebol Clube e na Seleção Brasileira de Futebol, campeã na Copa de 1950. João Carvalhes ainda realizou um trabalho com juízes de futebol; participou de vários eventos científicos e ainda apresentou trabalhos e escreveu o livro Psicologia no Futebol, onde chama a atenção e despertando curiosidades dos pesquisadores brasileiros, bem como de outros países [...]”. É de suma importância e necessário que, além dos conhecimentos e habilidades técnicas esportivas transmitidas por professores e técnicos esportivos, que os mesmos tenham conhecimento e capacidade psicológica específica para compreender melhor o comportamento humano na área do esporte. E para fazer um planejamento das ações esportivas de um atleta é necessário e importante realizar um diagnóstico psicológico do mesmo, já que é por meio desse diagnóstico, que se pode
  • 9. 9 conhecer melhor os traços de personalidade do atleta, contribuindo de modo expressivo para o planejamento que será elaborado para o mesmo. Para (RUBIO, 2000, p. 52): “estudar as particularidades psicológicas de um grupo esportivo visa identificar o tipo psicológico dos atletas e do grupo, além de utilizar os dados obtidos como mais uma ferramenta de auxílio ao trabalho de preparação psicológica com as equipes esportivas”. Trazendo todo esse estudo e essas análises para a capoeira, ao observarmos o desenrolar de uma roda de capoeira, percebe-se que os participantes cantam, tocam os instrumentos e jogam capoeira de uma maneira peculiar, ou seja, de modo descontraído, alegre e prazeroso. 2.1 O CÉREBRO O nosso cérebro tem a função de controlar toda atividade corporal. Grande parte dessa função está relacionada ao que o corpo faz de maneira automática e inconsciente, esteja a pessoa acordada ou dormindo. É no ato de pensar em algo ou em que surge alguma ideia, é que o cérebro já tem processado, anterior e inconscientemente, muitas informações relacionadas a isso. Figura 01: O Estado de Sono e a Memória Fonte: Revista Veja Edição 21/11/2007
  • 10. 10 Segundo (LENT, 2010, p. 668, p. 23): “o cérebro tenta, constantemente, automatizar todos os processos comumente necessários, porque dessa forma ele é mais eficaz, mais rápido e mais preciso. Neste trabalho o termo cérebro automático será utilizado para tratar dessa habilidade. O corpo humano é controlado muito mais pelo cérebro automático, ou mente inconsciente, do que pela mente consciente. Escovar os dentes, vestir-se, mudar a marcha do carro ou digitar no computador com agilidade são atividades que o ser humano faz sem pensar, inconscientemente”. Ao nos depararmos com uma pessoa desconhecida, nas primeiras frações de segundos o cérebro automaticamente já julgou a pessoa em muitos aspectos, como por exemplo, se essa pessoa é competente, atrativa, confiável ou não, antes mesmo de a consciência o ter feito. O cérebro tem a capacidade para fazer duas ou três atividades e processar apenas quatro ou cinco informações ao mesmo tempo, a mente consciente é extremamente limitada. Sendo, pois, utilizada para o processamento de novas e importantes informações. O cérebro é um órgão capaz de comandar o nosso comportamento e a nossa consciência; na visão dos neurobiólogos, trata-se de um conjunto de células que se tocam por meio de finos prolongamentos, formando trilhões de complexos circuitos; tem-se, ainda, a ótica dos neuroquímicos, para quem o cérebro é visto como reações químicas que ocorrem entre as moléculas existentes dentro e fora das células nervosas. 2.1.1 CÉREBRO E APRENDIZAGEM Estima-se que o cérebro humano contenha um total de 86 bilhões de neurônios3 , com conexões múltiplas (cerca de 1000 a 10.000 conexões cada neurônio, alguns podendo chegar a 20.000 conexões) chamadas de sinapses4 , emaranhados por todas as direções possíveis. Eles formam, desse 3 Principal unidade celular do sistema nervoso, adaptada para a transmissão e processamento de sinais (LENT, 2010, p. 4). 4 Sinapses são estruturas de comunicação entre os neurônios que consistem em uma zona de contato entre dois neurônios ou entre um neurônio e uma célula muscular ou glandular. É capaz não só de transmitir mensagens, mas
  • 11. 11 modo, a vasta rede celular, cerca de 100 trilhões de conexões possíveis, que faz com que as pessoas sejam capazes de pensar, fazer inúmeras operações e de desenvolver a consciência. Com os estudos e a ajuda da neurociência, se é possível saber que aprender uma nova habilidade motora, como aprender capoeira ou outra arte marcial, muda por completo as estruturas físicas contidas no nosso cérebro e que, com o passar do tempo, ou seja, com o envelhecimento, todas essas aprendizagens ficam cada vez mais difíceis. Figura 02: O Neurônio Fonte: http://nerdscolam.blogspot.com/2016/06/tecido-nervoso-neuronio-machado.html Com a prática de uma nova habilidade motora, os axônios5 de neurônios utilizados com mais frequência para executar essa habilidade começam a se transformar. O axônio é o prolongamento dos neurônios, responsável pela condução dos impulsos elétricos que partem do corpo celular até a outra extremidade, que pode se conectar a outro neurônio ou um músculo. Alguns axônios de neurônios de um humano adulto podem chegar a um metro de comprimento (LENT, 2010, APUD SOUZA, 2020, p. 24). também de bloqueá-las ou modificá-las inteiramente: realiza um verdadeiro processamento de informação (LENT, 2010, p. 107 APUD SOUZA, 2020, p. 24). 5 Os Axônios são parte do neurônio responsáveis pela condução dos impulsos elétricos que partem do corpo celular, até outro local mais distante, como um músculo ou outro neurônio.
  • 12. 12 2.2 A MEMÓRIA, O QUE É AFINAL? De acordo com (CARDOSO, 1997, p. 35): “a memória é a faculdade de se representar àquilo que foi vivido, sentido e aprendido no passado de uma pessoa. É uma função cerebral superior que “surge como um processo de retenção de informações no qual nossas experiências são arquivadas e recuperadas quando as chamamos”. Sendo assim, a memória é a forma básica para a aprendizagem, que é a aquisição de novos conhecimentos. Assim sendo, a memória retém esses conhecimentos aprendidos. Divergentes tipos de memória existem, que variam em sua complexidade: química, visual, olfativa, auditiva, tátil, etc. Basicamente podemos classificá-las em dois grupos: a memória intelectual, localizada na mente e a memória sensorial, localizada no corpo. Não há uma área específica do cérebro ou do corpo em que a memória fica armazenada. Ela é um fenômeno celular, biológico e psicológico que envolve vários sistemas neuropsicofisiológicos que funcionam como um conjunto. A mente e o corpo não são apenas um agrupar de órgãos, músculos e ossos, regidos por leis da mecânica, da termodinâmica ou de qualquer outra área, mas sim, são conjuntos de células e tecidos, movidos, principalmente, por leis energéticas e neuropsicofisiológicas. Corpo e mente são permeáveis pelas impressões físicas, cognitivas, psicológicas e interagem entre si. A mente agrupa as informações intelectuais e “mesmo em suas manifestações mais abstratas, não é separada do corpo, mas sim nascida dele e moldada por ele” (CAPRA, 2002, p. 79). O corpo contém a história de vida de uma pessoa de modo que mudanças na personalidade e no caráter, são condicionadas pelas mudanças das funções corporais. O nosso corpo vive em constante transformação ao longo de toda a nossa vida. Corrobora conosco essas palavras de (VOLPI, 2004, p. 2): “o corpo sente, aprende, se disciplina, se condiciona e toda vez que isso acontece, as células do cérebro sofrem uma alteração e essa alteração irá refletir em nosso comportamento. A prática enquanto psicanalista, levou Reich (1995) a perceber que o corpo retinha todos os conflitos emocionais e possuía uma linguagem própria, comunicada através de gestos, postura, tom de voz, movimentos, vestimentas etc, negligenciada pela psicanálise. Optou, então, por acreditar mais no que via do que no que ouvia e passou a ler no corpo de seus pacientes
  • 13. 13 as angústias, ansiedades, medos, desejos e repressões, encontrando a chave para a compreensão dos mecanismos psíquicos e das defesas com a qual a psicanálise ortodoxa se debatia”. Citando o mesmo autor (VOLPI, 2004, p. 8): “no decorrer de toda a nossa vida, nosso corpo armazena sensações que estão ligadas a sentimentos e vivências afetivas, de cunho positivo e negativo. Algumas dessas sensações irão desaparecer com o passar dos tempos; outras, irão se sedimentar, deixando uma impressão gravada em nosso corpo e em nossa mente, de forma consciente ou inconsciente. Essa memória irá reagir frente a ações e impactos sofridos no dia a dia, principalmente ao estresse e por consequência, irá despertar em forma de sensações e/ou lembranças, ou, o que é comum acontecer, em forma de doença”. Portanto, constantemente somos confrontados com dois caminhos: ouvir nosso corpo e deixá-lo falar em seus desejos e expressar suas angústias ou submetê-lo ao estresse físicos e psicológicos diários que a vida nos traz, formando assim as couraças. O corpo não esquece nada do que foi vivido ao longo da vida. “Tudo o que foi vivido durante a infância, através de sensações, permanece registrado. A somatização é uma forma de comunicação desses registros ancorados no corpo (VOLPI, 2004, p.8)”. 2.2.1 TIPOS DE MEMÓRIA Memória é a função cognitiva de armazenar e resgatar informações. Tipos de Memória  Memória episódica;  Memória semântica;  Memória de procedimento  Memória operacional. Memória Episódica: Sistema de memória utilizado para lembrar experiências pessoais vividas em um contexto próprio. Ex.: O telefonema de um amigo; jantar da noite passada.
  • 14. 14 Memória Semântica: Armazenamento de conhecimento factual e conceitual. Inclui todo o conhecimento do mundo ao nosso redor. Ex.: cor de determinada rosa; nome do segundo presidente do Brasil. Memória de Procedimento: Capacidade de aprender habilidades comportamentais e cognitivas que são usadas de forma automática e inconsciente. Ex.: aprender a dirigir; aprender a andar de bicicleta. Memória Operacional: Combinação das capacidades de atenção, concentração e memória recente. Capacidade de manter ou manipular informações de forma temporária. Ex.: local onde estacionou o carro. 2.2.2 A MEMÓRIA MUSCULAR Dentre algumas acepções do termo Memória Muscular, iremos utilizar o significado proposto pela Neurociência Cognitiva: A Neurociência cognitiva trata das capacidades mentais mais complexas, geralmente típicas do homem, como a linguagem, a autoconsciência, a memória, etc. Pode ser também chamada de Neuropsicologia. É claro que os limites entre essas disciplinas não são nítidos, o que nos obriga a saltar de um nível a outro, ou seja, de uma disciplina a outra, sempre que tentamos compreender o funcionamento do sistema nervoso (LENT, 2010, p. 6). De acordo com (GUNDERSEN, 2016 APUD SOUZA, 2020, p. 21): “o termo Memória Muscular pode suscitar alguma confusão, haja vista que, como qualquer objeto de estudo, pode ser concebido de formas diferentes, portanto, ter diversos significados, em diferentes áreas do conhecimento. Tome-se como exemplo o estudo sobre o cérebro: no modo de ver dos psicólogos, o cérebro é um órgão capaz de comandar o comportamento e a consciência; na visão dos neurobiólogos, trata-se de um conjunto de células que se tocam através de finos prolongamentos, formando trilhões de complexos circuitos; tem-se, ainda, a ótica dos neuroquímicos, para quem o cérebro é visto como reações químicas que ocorrem entre as moléculas existentes dentro e fora das células nervosas.
  • 15. 15 Memória Muscular também pode ter diferentes significados, todos verdadeiros e igualmente importantes. Por exemplo, as áreas de educação física e biologia atribuem o termo à capacidade muscular de recuperar suas estruturas, força e tamanho mais rapidamente, após um longo período de inatividade e perda de massa muscular, a exemplo daqueles que sofreram alguma hipertrofia muscular, anteriormente (GUNDERSEN, 2016 APUD SOUZA, 2020, p. 21). Ainda, segundos o autor supracitado, (SOUZA, 2020, p. 22): “portanto, neste estudo, Memória Muscular está relacionada à aprendizagem motora de precisão do cérebro automático, conforme explicitado neste texto: Aprendizagem de habilidades motoras geralmente se refere a mudanças neuronais que permitem que um organismo realize uma tarefa motora de maneira melhor, mais rápida ou mais precisa do que antes. Além dessa compreensão aceita do uso comum da palavra, há pouca concordância na literatura sobre uma definição científica mais precisa [...] o termo aprendizagem de habilidades refere-se a melhorias na precisão ou velocidade em uma ampla variedade de tarefas, incluindo a série tempo de reação, toque de dedo sequencial rápido, controle de força sequencial, rastreamento visual, rastreamento, sinergia ou tarefas de configuração manual. Em contraste com a adaptação, o aprendizado de habilidades tipicamente envolve a geração de um novo padrão de movimento e é caracterizado por mudanças na relação velocidade-precisão”. 2.2.3 O ARQUIVO DAS MEMÓRIAS É de suma importância saber como são arquivadas as memórias e, a posterior, como recuperá- las. Quando se aprende uma nova palavra, por exemplo, é enviada para o cérebro uma informação sensorial através dos olhos, dos ouvidos, da pronúncia da palavra em voz alta e aprendendo o significado dela. Todos esses sentidos mencionados, estimulam diferentes partes do cérebro, a citar: 1) O Córtex Visual, que processa a informação que chega da retina para a formação da memória visual. 2) O Córtex Auditivo, que é responsável pelo processamento da informação auditiva vinda da cóclea, no ouvido interno.
  • 16. 16 3) O Lobo Temporal Anterior, onde reside o senso de significado e é responsável por armazenar os eventos passados. Nele está localizado o neocórtex temporal, uma região potencialmente envolvida com memória de longo prazo. Nesta parte encontram-se estruturas relacionadas à memória declarativa, ou seja, aquela onde estão guardados se guardam fatos e eventos. Figura 03: Lobo Frontal, Lobo Parietal, Lobo Temporal e Lobo occipital Fonte: http://www.clker.com/clipart-anterior-temporal-lobe.html Para que seja gravada uma nova memória, as conexões entre essas três partes peculiares (o córtex visual, o córtex auditivo e o lobo temporal anterior) precisam ser fortalecidas de forma gradual, formando um mapa para cada memória, cujo padrão é único, codificado e armazenado no cérebro. As possibilidades de uma informação ser gravada estão fortemente ligadas às emoções associadas a essa informação, o que explica o papel do sistema límbico6 no funcionamento da memória. 2.2.4 A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE PARA A MEMÓRIA As emoções em seu sentido mais abrangente encerram aspectos comportamentais positivos e negativos, conscientes e inconscientes, e podem equivaler a outras expressões, tais como a 6 O Sistema Límbico é a rede neural responsável pelas emoções e comportamentos sociais.
  • 17. 17 afetividade, a inteligência interpessoal, a inteligência emocional; a cognição social; a motivação, o temperamento e a personalidade do indivíduo, cuja importância na aprendizagem e nas interações sociais são de crucial importância e relevância. Memórias não são apenas fatos e números. Além de toda informação sensorial percebida pelos sentidos, elas também se entrelaçam às emoções e ocupam o centro da identidade e personalidade das pessoas. As memórias mais nítidas são as de conteúdo emocional forte. Todas as memórias são carregadas de algum grau de emoção. No ser humano não existe nenhum pensamento, desde a percepção, formação e evocação de memórias, isento de algum tipo e grau de emoção (IZQUIERDO, 2004, p. 65). Figura 04: Amígdala e Hipocampo Fonte: https:// emaze.com@acwqlrt Quando o ser humano domina a linguagem e se torna mais independente, passa a interagir com mais pessoas. Para sobreviver em um mundo social complexo, é preciso aprender a colaborar e cooperar uns com os outros, ou seja, aprender a entender as necessidades e desejos dos outros, a se socializar. Uma das maneiras de entender o outro é através das expressões faciais e corporais - que transmitem emoções -, por meio da aguçada capacidade de ler expressões faciais de outras pessoas, quase a ponto de se saber o que estão pensando. A Amígdala é a principal responsável por essa habilidade.
  • 18. 18 A Amígdala é o centro integrativo das emoções, do comportamento emocional e da motivação. É responsável por regular funções de medo e ansiedade, agressividade, reconhecimento de emoções e reações emocionais prazerosas, por associação de estímulos com aspectos recompensatórios. Ela é importante tanto para o reconhecimento e a interpretação das emoções primárias, quanto para formação de memórias emocionais, além de seu papel na expressão fisiológica das respostas emocionais. Essas associações realizadas entre emoções e estímulos permitem que os medos e suas reações sejam aprendidos, fazendo com que o organismo reaja de forma cada vez mais rápida, garantindo melhor sobrevivência (LENT, 2010, p. 13). 2.3 COGNIÇÃO E AFETIVIDADE Vários autores afirmam que a dimensão emocional pode contribuir, e não atrapalhar, no contato do homem com a realidade. Assim, o homem seria dotado de um tipo de compreensão afetiva que se faz por uma sintonização empática, ele compreenderia se emocionando, sentindo os fenômenos da realidade. Mesmo aceitando a tradicional primazia da razão sobre a emoção na apreensão da verdade, deve-se admitir que certas dimensões da vida só são realmente acessíveis pela lente da emoção. A afetividade pode influenciar as demais funções psíquicas através do humor, das emoções, sentimentos e paixões. 2.3.1 DEFININDO A EMOÇÃO 1. Expressões Faciais: Paul Ekman (1971), descobriu que a maneira pela qual as emoções são expressas através da expressão facial não varia. 2. Raiva, medo, repugnância, felicidade, tristeza e surpresa são as seis expressões faciais básicas que representam os estados emocionais humanos. 3. Comportamento e Emoções: A emoção em comparação a outros comportamentos, parece ser especialmente difícil de precisar.
  • 19. 19 2.3.2 VARIÁVEIS PSICOFISIOLÓGICAS 1. Um fator que diferencia a emoção de outros comportamentos, é que ela altera não somente nosso estado mental e neural, mas também nosso estado corporal. 2.3.3 RESPOSTAS EMOCIONAIS CAUSAM REAÇÕES CORPORAIS. 1. A emoção é um comportamento multifacetado que talvez não possa ser capturado por uma única definição, colocado em um único circuito neural ou sistema cerebral. 2. Não parece haver dúvidas de que as memórias estão associadas às emoções, o que ajuda a guiar nossas ações. 3. Todos temos personalidades distintas que são formadas em parte de nossa disposição e pelo nosso temperamento emocional. Figura 05: Emoção e Cognição Fonte: http://pepsic.bvsakud.org/scielo.php A vida afetiva ocorre sempre num contexto de relações do EU com o mundo e com as pessoas. Portanto a afetividade caracteriza-se por sua dimensão de realidade.
  • 20. 20 Segundo (DALGALARRONDO, 2008, p. 16): “a afetividade compreende: “A afetividade compreende o estado de ânimo ou humor, os sentimentos, as emoções e as paixões e reflete sempre a capacidade de experimentar o mundo subjetivamente. A afetividade é quem determina a atitude geral da pessoa diante de qualquer experiência vivencial, promove os impulsos motivadores e inibidores, percebe os fatos de maneira agradável ou sofrível, confere uma disposição indiferente ou entusiasmada e determina sentimentos que oscilam entre dois polos e transitam por infinitos tons entre esses dois polos, a depressão e a euforia”. Figura 06: Afetividade Fonte: http//pepsic.bvsalud.org/scielo.php AAFETIVIDADE compreende várias modalidades afetivas: 1. HUMOR ou ESTADO DE ÂNIMO; 2. EMOÇÕES; 3. SENTIMENTOS; 4. AFETOS; 5. PAIXÕES. Desta forma, a afetividade é quem confere o modo de relação do indivíduo à vida e será através da tonalidade desse estado de ânimo que a pessoa perceberá o mundo e a realidade. Direta ou
  • 21. 21 indiretamente a afetividade exerce profunda influência sobre o pensamento e sobre toda a conduta do indivíduo. CONCLUSÃO Ao longo desta pesquisa, constatou-se que o modo como o cérebro aprende, de maneira conectada e distributiva nas áreas de seu funcionamento, depende de algumas frentes estratégicas para a aprendizagem e memorização de novas habilidades motoras de precisão. A pesquisa demonstrou que a aplicação das emoções, tão importantes para o fortalecimento das memórias. Este trabalho desenvolveu-se por comparação e adaptação interdisciplinar de conceitos das diversas áreas e ciências, a citar: da Neurociência, Cognição, Psicologia Cognitiva, Psicologia do Esporte e Educação Física para a performance corporal do capoeirista. Uma vez compreendido que os recursos de pesquisa tradicionais da área sobre a capoeira não seriam suficientes para esclarecer cientificamente as questões relacionadas a uma melhoria da eficiência do estudo do capoeirista, daí então ficou evidente a necessidade dessa rica colaboração. Da experiência acumulada dessas outras disciplinas sobre as memórias e a cognição - neste caso, a aprendizagem motora em movimentos corporais abriu a possibilidade de uma adaptação dos conceitos vistos sob um novo ponto de vista. Desse modo, espera-se que este trabalho de pesquisa sobre a memória, a cognição e o capoeirista, inspire outros pesquisadores e capoeiristas a pesquisarem e estudarem temas e questões da performance que dependem da comunicação e convívio do capoeirista com a capoeira e com áreas afins. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADORNO, Camile. Arte da Capoeira. Goiania/GO. 1995. BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Conselho Pleno. Parecer CNE/CP n.3/2004. Diretrizes Curriculares para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Brasília: Ministério da Educação, 2004. Disponível em: <www.mec.gov.br/cne>.
  • 22. 22 BRASIL. Roda de Capoeira recebe título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. Brasília: Ministério da Cultura, 26 nov, 2014. Disponível em <http://www.cultura.gov.br/noticias- destaques. Acesso em 15 março 2019. BURITI, M. A. Psicologia do esporte. 2ª ed. Campinas: Alínea, 2001. CAMPOS, Hélio. Capoeira na escola. Salvador: EDUFBA, 1990. 153p. CAPRA, F. As conexões ocultas. Ciência para uma vida sustentável. São Paulo: Cultrix, 2002. CARDOSO, S. H. Memória: O Que é e Como Melhorá-la. In Revista Cérebro & Mente. São Paulo, 1997, n. 1. Disponível em: http://www.epub.org.br/cm/n01/memo/memoria.htm. Acesso: 19/07/2019. DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais – 2ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2008. FILHO, Vicente Deodato de Luna. SANTOS, Verônica de Holanda. Capoeira, Musicalidade e Educação Infantil: Valores e Saberes Necessários à Prática Educativa. In: V Congresso Nacional de Educação, 2018, Recife/PE. Anais do V Congresso nacional de Educação – CONEDU. Porto Alegre: UniRitler, 2018. V.11. p.6. ________________. A Capoeira como Instrumento de Inclusão Social na Educação Básica. In: V Congresso Nacional de Educação, 2018, Recife/PE. Anais do V Congresso nacional de Educação – CONEDU. Porto Alegre: UniRitler, 2018. V.11. p.12. FONSECA, V. Importância das emoções na aprendizagem: uma abordagem neuropsicopedagógica. Rev. Psicopedagogia 2016; 33(102): 365-84. ____________. Papel das funções cognitivas, conativas e executivas na aprendizagem: uma abordagem neuropsicopedagógica. Rev. Psicopedagogia. 2014;31(96):236-53. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à pratica educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. GERHARD, Tatiana; SILVEIRA, Denise Tolfo. Métodos de pesquisa. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009. 120p. GUNDERSEN, K. Muscle memory and a new cellular model for muscle atrophy and hypertrophy. Publisher: The Company of Biologists, Journal of Experimental Biology, v.219, p.235-242, 2016. Disponível em: http://jeb.biologists.org/content/219/2/235. Acesso em: 12 mai. 2018.
  • 23. 23 IÓRIO, L. S.; Darido, S. C. (2005). Educação Física, capoeira e Educação Física Escolar: possíveis relações. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, v.4, n.4, p.137-143. IZQUIERDO, I. Questões sobre Memória. São Leopoldo: Editora Unisinos, 2004, p. 15-25. KOHL, Henrique Gerson. Gingando na prática pedagógica escolar: expressões lúdicas no que fazer da educação física. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Pernambuco. CE. Educação, 2007. _____________. Educação e Capoeira: figurações emocionais na cidade do Recife-PE-Brasil. Tese de Doutorado na Universidade Federal de Pernambuco. 2012, 390f. LENT, R. Cem Bilhões de Neurônios: Conceitos Fundamentais de Neurociência. 2ª. Edição. [s.l.]: Atheneu, 2010. LOWEN, A. O corpo em terapia. São Paulo: Summus, 1977. MENEZES, J. A. de; Vicente, J. G. V.; Órdas, M. C.; Menezes, N. de S. (2009). Capoeira - análise das formas tradicionais de ensino. Propostas para beneficiá-las agregando dados científicos no Treinamento das capacidades física, técnica, tática, moral e Psicológica. In: Anais do XVI Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte e III Congresso Internacional de Ciências do Esporte. Salvador – Bahia/Brasil 20-25 de setembro. REIS, L. O mundo de pernas para o ar: a capoeira no Brasil. São Paulo: Publisher Brasil, 1997. RUBIO, K. Psicologia do esporte. São Paulo: Casa do Psicólogo. 2000. SAMULSKI, D. Psicologia do esporte: conceitos e novas perspectivas. 2ª ed. Barueri: Manole. 2009. SILVA, G. O. (1995). Capoeira: do engenho à universidade. 2ª ed. São Paulo: CEPEUSP. SOARES, Gerson Alexandre; et.al. Manual da Capoeira de Pernambuco Imortal, Imortal!!. Recife. Ed. dos Autores, 2020, 141 páginas. ISBN 978-65-00-04647-2. SOUZA, Joel Silva de. Memória muscular: um estudo interdisciplinar sobre a performance no violoncelo. Tese (Doutorado em Música. UNESP: São Paulo, 2020. VOLPI, José Henrique. Somatização: a memória emocional ancorada no corpo. Curitiba: Centro Reichiano, 2004. Disponível em: www.centroreichiano.com.br/artigos. Acesso em: 10/12/2020.
  • 24. 24 VOLPI, J. H. & VOLPI, S. M. Crescer é uma aventura! Desenvolvimento emocional segundo a psicologia corporal. Curitiba: Centro Reichiano, 2002.