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Universidade Estadual da Paraíba (UEPB)
Centro de Educação (CEDUC)
Departamento de História
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID/CAPES)
EEEMP Elpídio de Almeida
Série: 1º
Turno: Tarde
Professor Supervisor: Eriberto Souto
Bolsistas: Maria Emília, Milena Xavier, Natalia Santos, Natália Correia e Thais Costa.
AS BOAS MANEIRAS
No século XI uma princesa de Bizâncio – o Império Romano do Oriente, mais
refinados que os ocidentais semibárbaros casa-se com um Doge de Genova. Traz um
garfo na sua bagagem. Escândalo na Itália e na Europa que praticamente só conheciam
como talher a faca que, aliás, nem se poderia definir como utensílio de mesa, porque era
múltiplo o seu uso. Servia para cortar a carne, mas também para se levar os alimentos á
boca, palitar os dentes, matar um animal ou um homem, cortar uma corda ou galho, era
arma e ferramenta. Mais que talher, fazia parte da indumentária e talvez, até da
caracterização varonil ou nobre. Cada homem porta consegue á sua faca; os convivas
ainda não perderam os seus meios propícios de cortar.
O garfo bizantino escandaliza. A princesa é insultada; São Boaventura num
sermão acusa-a de ímpia, como logo vem a morrer, considera-se que Deus a castigou
por sua soberba. Nada melhor que este episódio, assinala a distância entre o oriente mais
culto (bizantino e árabe) e o Ocidente de maneiras rústicas, ou entre a Europa do século
XI e a Renascença, quando finalmente se aceitarão o garfo e os talheres.
Os costumes que nos acostumamos a chamar de boas maneiras custam muito a
se implantar no Ocidente. A sociedade medieval europeia é pouco refinada; os cruzados
que entram em contato com o Império Bizantino ou com os inimigos bárbaros árabes,
são fascinados pela riqueza, pelo fausto, pela qualidade do viver encontrado no oriente,
ás vezes tão áridos.
Podemos começar pelas maneiras de comer. Não apenas não existem talheres,
como não há pratos individualizados; as comidas são postas sobre a mesa de madeira, as
carnes de todos os tipos compõem a refeição aristocrática, o leite era bebida de crianças
e os legumes comida de pobre.
A apresentação da carne a mesa é também característica, o animal é servido
inteiro, ainda um boi; é um privilégio corta-lo, que cabe ao anfitrião, ao convidado de
mais prestígio ou a alguém que se deseja honrar. A carne é o grande alimento da
nobreza, sem dúvida isto se prende á caracterização do nobre como guerreiro, na
repartição da sociedade feudal entre os que rezam os que combatem os que trabalham
ou lavram, a nobreza hereditária justifica-se pelo ofício das armas.
É regra comer com as mãos, não há garfos ou colheres. As pessoas se servem com a
faca. As críticas de Erasmo de Rotterdan entre tantos que falaram das maneiras dirigem-
se muitas vezes aos costumes rústicos que ainda prevalecem no meio nobre. Por
exemplo, diz Tannhãuser que o conviva não deve palitar os dentes com a faca, afrouxar
o cinto sentando-se a mesa, assuar-se com a mão durante as refeições, devolver a
travessa os restos do que comeu.
Referencias bibliográficas:
RIBEIRO, Renato Jamine, A etiqueta no antigo regime (do sangue á doce viola)
Brasiliense, 1983.

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  • 1. Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) Centro de Educação (CEDUC) Departamento de História Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID/CAPES) EEEMP Elpídio de Almeida Série: 1º Turno: Tarde Professor Supervisor: Eriberto Souto Bolsistas: Maria Emília, Milena Xavier, Natalia Santos, Natália Correia e Thais Costa. AS BOAS MANEIRAS No século XI uma princesa de Bizâncio – o Império Romano do Oriente, mais refinados que os ocidentais semibárbaros casa-se com um Doge de Genova. Traz um garfo na sua bagagem. Escândalo na Itália e na Europa que praticamente só conheciam como talher a faca que, aliás, nem se poderia definir como utensílio de mesa, porque era múltiplo o seu uso. Servia para cortar a carne, mas também para se levar os alimentos á boca, palitar os dentes, matar um animal ou um homem, cortar uma corda ou galho, era arma e ferramenta. Mais que talher, fazia parte da indumentária e talvez, até da caracterização varonil ou nobre. Cada homem porta consegue á sua faca; os convivas ainda não perderam os seus meios propícios de cortar. O garfo bizantino escandaliza. A princesa é insultada; São Boaventura num sermão acusa-a de ímpia, como logo vem a morrer, considera-se que Deus a castigou por sua soberba. Nada melhor que este episódio, assinala a distância entre o oriente mais culto (bizantino e árabe) e o Ocidente de maneiras rústicas, ou entre a Europa do século XI e a Renascença, quando finalmente se aceitarão o garfo e os talheres. Os costumes que nos acostumamos a chamar de boas maneiras custam muito a se implantar no Ocidente. A sociedade medieval europeia é pouco refinada; os cruzados que entram em contato com o Império Bizantino ou com os inimigos bárbaros árabes,
  • 2. são fascinados pela riqueza, pelo fausto, pela qualidade do viver encontrado no oriente, ás vezes tão áridos. Podemos começar pelas maneiras de comer. Não apenas não existem talheres, como não há pratos individualizados; as comidas são postas sobre a mesa de madeira, as carnes de todos os tipos compõem a refeição aristocrática, o leite era bebida de crianças e os legumes comida de pobre. A apresentação da carne a mesa é também característica, o animal é servido inteiro, ainda um boi; é um privilégio corta-lo, que cabe ao anfitrião, ao convidado de mais prestígio ou a alguém que se deseja honrar. A carne é o grande alimento da nobreza, sem dúvida isto se prende á caracterização do nobre como guerreiro, na repartição da sociedade feudal entre os que rezam os que combatem os que trabalham ou lavram, a nobreza hereditária justifica-se pelo ofício das armas. É regra comer com as mãos, não há garfos ou colheres. As pessoas se servem com a faca. As críticas de Erasmo de Rotterdan entre tantos que falaram das maneiras dirigem- se muitas vezes aos costumes rústicos que ainda prevalecem no meio nobre. Por exemplo, diz Tannhãuser que o conviva não deve palitar os dentes com a faca, afrouxar o cinto sentando-se a mesa, assuar-se com a mão durante as refeições, devolver a travessa os restos do que comeu. Referencias bibliográficas: RIBEIRO, Renato Jamine, A etiqueta no antigo regime (do sangue á doce viola) Brasiliense, 1983.