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NEUROPSICOLOGIA DA ATIVIDADE ONÍRICA 
CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS SUGERIDAS POR ASPECTOS CLÍNICOS 
MOYSÉS CHAVES*, MARCELO CAIXETA**, DELFINO DA COSTA MACHADO*** 
RESUMO - Baseados no que observamos em cinco pessoas hígidas, fazemos uma revisão das principais teorias 
a respeito dos sonhos e propomos uma explicação unificadora sobre a função cognitiva deles. Classificamos os 
sonhos considerando seu papel na inibição, estimulação ou criação de estratégias cognitivas em torno de um 
núcleo emocional. Estas estratégias seriam estocadas e elicitadas subliminarmente por experiências afetivas ou 
cognitivo-afetivas durante a vigília. Sugerimos que as mudanças de padrão, mais lógico ou mais emocional, 
durante o sonho baseiam-se numa oscilação de dominância frontal ou límbica durante cada período REM. 
Observações preliminares mostraram-nos que, durante o período de atividade eletrencefalográfica frontal mais 
rápida, o despertar elicita impressões de sonhos mais lógicos e menos bizarros mas, se este ocorrer durante 
períodos de menor ativação frontal, as lembranças elicitadas correspondem a sonhos mais bizarros e portanto 
cognitivãmente menos elaborados. 
PALAVRAS-CHAVE: sonho, neuropsicologia, eletrencefografia. 
Neuropsychological aspects of oneiric activity: theoretical considerations suggested by clinical aspects 
ABSTRACT - Based on observations in five patients, we review the main theories concerning dreams and 
propose a comprehensive theory on their cognitive function. We classify dreams based on the role performed by 
them in inhibition, stimulation or creation of cognitive strategies around an emotional nucleus. These are stored 
in the memory bank and retrieved by an elicitation mechanism linking affective experiences on awareness and 
the strategies processed in previous dreams. We also propose that the changes in logical and emotional patterns 
in dreams are based on fronto-limbic dominance oscillations during each REM period. Preliminary observations 
we made show that awakening patients during most rapid frontal EEG activity during REM sleep elicits more 
logical and less bizarre dreams. Contrariwise, when they are awakened during slower REM cortical EEG activity, 
mainly over the frontal lobes, their dreams are more bizarre and consequently less elaborated from a cognitive 
point of view. 
KEY WORDS: dream, neuropsychology, electroencephalography 
Os sonhos têm sido extensamente pesquisados ao longo das últimas décadas em seus aspectos 
neuropsicológicos e neurofisiológicos13, a partir do momento em que a teoria psicanalftica do sonho 
como um caminho para o inconsciente e disfarce para desejos inconfessáveis4deixou de ter primazia 
neste campo. 
As teorias consoHdativas1015 adyogam que o sonho seria um instrumento projetor de situações 
recentes que, ao serem relembradas, têm sua memorização facilitada num processo semelhante à 
consolidação em vigília. Recentes estudos experimentais têm provido embasamento empírico para 
Serviço de Psiquiatria (ASMGO) e Núcleo de Psicobiologia Humana Médica da Universidade Federal 
de Goiás (ICB/FM/HC): * Acadêmico de Medicina (ASMGO/1CB/FM/UFG); ** Médico-Chefe (ASMGO/ICB/ 
FM/HC/UFG); ***Médico-Professor (ICB/UFG). Aceite: 16-junho-1997. 
Dr. Marcelo Caixeta - Rua J45, Qd 86, Lt 16 - 74673-620 - Goiânia GO - Brasil.
tal aspecto da função onírica1. Wilson e McNaughton15 demonstraram o efeito do sonho sobre a 
consolidação de memória declarativa enquanto Kami e Tanne10 comprovaram o aperfeiçoamento da 
performance em tarefas de memória procedural (não-declarativa) durante o período onírico. 
Em 1977, Hobson e McCarley propuseram a hipótese da " ativação e síntese", numa tentativa 
de justificar neurofisiologicamente os fenômenos neuropsicológicos do sonho (isomorfismo)5-6. Esta 
hipótese, baseada no alto índice de atividade motora durante os sonhos, sugere que a ativação de 
neurônios responsáveis pela produção de estímulos sensório-motores, bem como a "tomada de 
consciência" pelo prosencéfalo desta ativação (não efetivada devido ao desligamento dos neurônios 
motores alfa medulares) serviria como substrato para a formação do sonho. Deste modo seria 
justificada a alta incidência de experiências sensório-motoras durante o sonho. Os conteúdos 
alucinóides seriam resultado da ativação simultânea de circuitos habitualmente não ativados em 
conjunto durante a vigília. As ondas PGO (ponto-genículo-occipitais) justificariam os movimentos 
rápidos dos olhos (REM). A sincronização e dessincronização do eletrencefalograma (EEG) no 
sono seria produzida pela atividade de neurônios dos núcleos tegmentais látero-dorsais e pedúncuio-pontinos, 
situados na transição ponto-mesencefálica, bem como por neurônios do núcleo basal de 
Meynert, situado no prosencéfalo basal. 
A teoria do aprendizado reverso, proposta por Crick e Mitehison2-3 em 1983, advoga, ao 
contrário das teorias consolidativas, que nós "sonhamos para esquecer". Baseados também na hipótese 
da ativação e síntese6 estes autores postulam que os núcleos do tronco encefálico participantes da 
formação dos fenômenos oníricos promovem uma ativação cortical de "circuitos neuronais 
parasitários" durante o sono REM. Dentro desta visão, a circuitaria cortical normal seria responsável 
pela codificação de informações utilizadas pelo indivíduo, enquanto os circuitos neuronais parasitários 
seriam ativados como subproduto de um processo de remodelação sináptica ocorrido após uma 
mudança significativa na organização de certas redes neurais corticais. Estas alterações basicamente 
funcionais seriam provocadas por crescimento das ligações sinápticas condicionadas pela 
aprendizagem de novas estruturas cognitivas. 
A teoria epigenética de Jouvet7,8-914, por sua vez, postula que o sono REM tem a função de 
promover uma complexificação crescente das ligações sinápticas mesmo após o término da 
organização anatômica destes circuitos neuronais durante a embriogênese e primeira infância. Para 
o referido autor o desenvolvimento humano não pode se restringir à programação genética, ao que é 
fixo e herdado, mas que, através do processamento onírico, surgem maneiras para que o indivíduo 
transponha tais limites. 
OBSERVAÇÕES 
Cinco indivíduos adultos hígidos do ponto de vista médico e neuropsiquiátrico foram despeitados, em 
dias separados, ora durante o que denominamos REM lento (atividade do EEG mais lentificada, sobretudo em 
regiões anteriores do scalp), ora durante o REM rápido, este último majoritariamente( mas não necessariamente) 
próximo da transição REM - NãoREM (estágio 1). 
Os pacientes acordados durante o REM mais ativo (rápido) relataram sonhos de conteúdo mais lógico, 
raciocínios cognitivamente elaborados, uma certa "vontade de acordar" durante períodos angustiantes, e mesmo 
o fenômeno de "querer acordar voluntariamente" durante um sonho de conteúdo altamente ansiógeno. 
Os pacientes acordados durante o REM mais lento relataram sonhos bizarros, menos "insight" sobre o 
fato de estar sonhando, menos controle sobre o sonho e cognições menos elaboradas. 
DISCUSSÃO 
As observações clínicas relatadas permitem considerações de interesse à neuropsicologia da 
atividade onírica. Nossa concepção propõe uma função do sono REM que abranja a formulação e 
modulação de estratégias cognitivas aplicáveis em vigília, defendendo assim um papel altamente 
adaptativo da atividade onírica.
Durante a vigília têm-se impressões a respeito de várias coisas, pessoas e situações. Estes estímulos 
são sempre correlacionados com aqueles de nossas vivências pregressas. Destas, a maioria já não é 
lembrada por nós, pouco tempo após sua produção; contudo, não podem ser qualificadas como 
essencialmente "inconscientes", devido ao fato de já terem sido, em algum momento, conscientes. 
O sonho, por ser composto de fatos outrora conscientes, tem a função de apresentar-nos 
situações que já vivemos ou que eventualmente poderíamos viver e nos preparar para não cometer 
os mesmos erros do passado, ou para lidarmos de maneira bem sucedida com situações que porventura 
viéssemos a enfrentar. A função primordial do sonho, desta forma, seria adaptativa. Nesta perspectiva, 
haveria basicamente dois tipos de sonhos: os moduladores e os formuladores de estratégia. O tipo 
modulador englobaria aqueles sonhos que apresentam situações nas quais se utilizam estratégias já 
formuladas anteriormente, em vigília-, e que necessitam de reforço ou inibição( modulação positiva 
ou negativa, respectivamente). Colocado frente a uma situação que já vivenciou, real ou 
imaginariamente, dentro de um contexto elaborado simbolicamente e baseado na própria bagagem 
mnêmica, o indivíduo teria a oportunidade de reviver algo para que seu organismo "sabe" que não 
está devidamente preparado. 
Já os sonhos formuladores de estratégias estariam envolvidos com a criação de novas estratégias 
cognitivas destinadas a preparar o indivíduo para lidar com situações pelas quais jamais se imaginou 
passando, ou para que nunca se deteve em formular planos de ação. Esta formulação se daria a partir 
do processamento de elementos componentes da experiência vivencial do indivíduo. Para Okuma12, 
os conteúdos elaborados do sonho se formariam a partir de um processamento cortical, superior, de 
conteúdos caóticos, experiências pictóricas e sensoriais geradas endogenamente e "metabolizadas " 
pelo aparato cognitivo. Neurofisiologicamente, períodos de atividade cortical mais lenta 
corresponderiam a esta atividade caótica, e períodos mais rápidos, e portanto vigília-símile, estariam 
mais correlacionados com atividade lógica e cognitiva mais elaborada12-15. Novos elementos cognitivos 
poderiam ser criados a partir da associação de elementos pré-existentes. As vivências do dia anterior 
( ou mesmo períodos mais remotos) serviriam muitas vezes como elementos elicitadores de 
associações com outros elementos mnemônicos. O aprofundamento lógico destes elementos, com 
base num raciocínio semelhante àquele existente na vigília, produziria situações que, dentro de um 
contexto altamente afetivo, apresentariam ao indivíduo estratégias vivenciais novas. 
Propomos que a relação lógica-emoção no sono REM se baseia num mecanismo variável de 
interação fronto-límbica durante este período. Esta interação está associada com o mecanismo de 
"testagem " das experiências na vigília. 
Ao se ter uma impressão a respeito de algo, tem-se um contexto afetivo habitualmente 
envolvendo uma codificação a nível de sistema límbico. Se a experiência for condizente às vivências 
anteriores do indivíduo, ou seja, o conjunto de conceitos considerados como lógicos, este 
processamento se continuará a nível subcortical de modo mais ou menos automático. Por outro lado, 
se tal impressão afetiva for "estranha" aos mesmos padrões, haverá a necessidade de um julgamento. 
Este será baseado num raciocínio que envolverá as vivências precedentes, utilizando os padrões 
lógicos que foram codificados por elas. 
Por exemplo: olha-se para uma pessoa conhecida que está particularmente de mau-humor 
naquele dia em especial A primeira impressão (límbica) seria puramente afetiva, tal como "de está 
com raiva de mim". Deixe-se claro que não há tomada de consciência desta impressão. Através de 
um "input" límbico esta vai para o lobo frontal, que realiza um julgamento da situação através de 
padrões lógicos apreendidos quando da passagem por situações semelhantes. Um "output" frontal 
se espraia por regiões do córtex e do sistema límbico numa busca por elementos mnemônicos úteis 
para a cogitação da situação em pauta. Um "input" de volta para o lobo frontal vem trazer tais 
elementos. Utilizando uma análise baseada no raciocínio lógico, o lobo frontal pode enfim informar 
a procedência ou não da impressão límbica. No nosso exemplo, poderia se pensar: "ele está de mau-humor 
mas não é a primeira vez que o vejo assim e deve haver alguma razão para este estado e,
como eu não fiz nada de errado, sua raiva não deve estar direcionada à minha pessoa". Houve 
sucessivamente: 1- uma impressão límbica; 2- um primeiro "input" límbico-frontal; 3- um "output" 
frontal para as áreas mnemônicas do córtex; 4- um segundo "input" das mesmas áreas para o lobo 
frontal; 5- o julgamento frontal utilizando um raciocínio baseado nos "inputs" recebidos. 
Acreditamos que a base do bizarrismo e das flutuações de teor lógico e motivacional do 
sonho resida em variações neste processo. 
No início do sono REM este processo estaria alterado no sentido de haver um predomínio dos 
"inputs" límbicos sobre os "outputs" frontais, ou seja, teríamos impressões afetivas virtualmente 
puras, destituídas de verificação frontal, ou pelo menos se existir, esta verificação não é eficaz na 
organização da experiência, como se atesta ao observar o conteúdo onírico dos indivíduos acordados 
neste período, em contraste com aqueles acordados durante o período do "REM rápido", no qual 
haveria um funcionamento frontal mais próximo da vigília. 
O bizarrismo característico de 70% dos sonhos11 estaria associado à incorporação de material 
não testado frontalmente ao "banco de matéria-prima" para a formação do sonho. No decorrer do 
sono REM, teríamos um progressivo aumento da função frontal e consequentemente da tomada de 
consciência do estado irreal do sonho associado a um aumento da motivação, o que possibilitaria a 
tomada de decisões e a formulação de planos de ação. O conteúdo afetivo do sonho provavelmente 
mantém-se inalterado e a atividade frontal varia desde o estado de baixa atividade (em termos relativos) 
até um máximo que se aproxima da vigília. 
Dentro da arquitetura do sono, a atividade frontal varia desde a alta ativação do estado vigil, 
passando por uma lentificação progressiva ao longo do sono NREM com um salto do estagio 4 
(delta) para o REM significativamente mais rápido e havendo, a partir daí, uma aceleração progressiva 
até o fim deste período durante o qual a atividade frontal é tão intensa que o indivíduo beira o 
despertar (volta ao estágio 1), num padrão muito próximo à vigília. 
O desligamento frontal se limita aos momentos iniciais da formação dos sonhos (estágio 4 ou 
início do REM), utilizando as memórias compactadas pelo sistema límbico e lançadas ao córtex, o 
que é conhecido pelo estudo de Kami e Tanne10. A partir de então, o funcionamento frontal garantiria 
uma estruturação lógica e freqüentemente voluntária da experiência onírica em si. E como uma peça 
de teatro com doentes psiquiátricos como atores sendo comandados por um diretor experiente. Apesar 
de certos aspectos da encenação serem bizarros (focalmente alógicos), a peça como um todo mantém 
sua estrutura básica. 
Não é condição imprescindível que haja a lembrança do sonho para que se incorporem as 
estratégias formadas durante ele. No sonho, as emoções funcionam como um núcleo afetivo ao 
redor do qual constroem-se formulações cognitivas, estando desta forma as esferas afetiva e cognitiva 
unidas pelos laços da associação. 
Propomos que, quando o indivíduo se deparar com uma situação qiie envolva um conteúdo 
afetivo semelhante àquele de uma experiência onírica, as estratégias cognitivas incorporadas à 
memória de maneira subliminar aflorariam por um mecanismo essencialmente associativo. Estas 
associações seguiriam caminhos já percorridos no sonho quando da modulação ou formulação da 
própria estratégia. 
O alto conteúdo afetivo dos sonhos é fator que favorece tanto a incorporação das estratégias 
(já que os fatos de teor afetivo são mais facilmente memorizados do que os puramente cognitivos) 
em uma memória que transporá o limite realidade onírica-realidade material, quanto à lembrança 
delas. Sendo baseadas num raciocínio em torno de um núcleo afetivo, serão mais facilmente 
lembradas, já que as situações do dia-a-dia do indivíduo estão, em grande parte, ligadas a impressões 
afetivas, potencialmente elicitadoras de estratégias moduladas ou formuladas durante o sonho. A 
principal vantagem da existência de tal processamento durante o sono REM seria a provisão de uma
experiência vivenciada maior e mais rica devido à vividez do sonho, repleto de impressões sensorials 
nítidas e às vezes até exacerbadas, e ao fato de que a reaüdade do sonho não é necessariamente 
ligada ao tempo ou ao espaço, possibilitando assim interações inviáveis em vigília e o que é mais 
importante, sem sofrer os possíveis danos que tal gama de situações porventura viesse proporcionar. 
A nosso ver, portanto, é possível que o sonho, nesta perspectiva, proveja um generoso 
laboratório adaptativo especialmente útil aos seres mais desenvolvidos que, em vista de sua própria 
complexidade, necessitariam de um conjunto muito maior de experiências e conseqüentes riscos 
para estabelecer uma interação produtiva com o meio que os cerca. 
REFERÊNCIAS 
1. Barinaga M. To sleep, perchance to...learn? New studies say yes. Science 1994;265:603-604. 
2. Crick F, Mitchison G. The function of dream sleep. Nature 1983;304:111-114. 
3. Crick F, Mitchison G. REM sleep and neural nets. Behav Brain Res 1995;69:147-155. 
4. Freud S. The interpretation of dreams. New York: Avon, 1965. 
5. Hobson JA. Sleep and dreaming. J Neurosci 1990;10:371-382. 
6. Hobson JA, McCarley RW. The brain as a dream state generator:an activation-synthesis hypothesis of the dream process. 
Am J Psychiatry 1977;134:1335-1348. 
7. Jouvet M. Is paradoxical sleep responsible for a genetic programming of the brain?. CR Seances Soc Biol Fil 1978;172:9-32. 
8. Jouvet M. Memories and split brain during dream: 2525 memories of dream: Rev Prat 1979;29:27-32. 
9. Jouvet M. Paradoxical sleep: is it the guardian of psychological individualism? Can J Psychol 1991;45:148-151. 
10. Kami A, Tanne D. Dependence on REM sleep of overnight improvement of a perceptual skill. Science 1994;265:679-682. 
11. McCarley RW, Hoffman E. REM sleep dreams and the activation-synthesis hypothesis. Am J Psychiatry 1981,138:904-912. 
12. Okuma T. On the psychophysiology of dreaming:a sensory image-free association hypothesis of the dream process. Jpn J 
Psychiatry Neurol 1992;46:7-22. 
13. Reimão R. Sono: aspectos atuais. São Paulo: Atheneu, 1990. 
14. Sastre JP, Jouvet M. Oneiric behavior in cats. Physiol Behav 1979;22:979-989. 
15. Wilson MA, McNaughton BL. Replay of neuronal firing sequences in rat hippocampus during sleep following spatial 
experience. Science 1993;261:1055-1059.

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Neuropsicologia e sonhos

  • 1. NEUROPSICOLOGIA DA ATIVIDADE ONÍRICA CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS SUGERIDAS POR ASPECTOS CLÍNICOS MOYSÉS CHAVES*, MARCELO CAIXETA**, DELFINO DA COSTA MACHADO*** RESUMO - Baseados no que observamos em cinco pessoas hígidas, fazemos uma revisão das principais teorias a respeito dos sonhos e propomos uma explicação unificadora sobre a função cognitiva deles. Classificamos os sonhos considerando seu papel na inibição, estimulação ou criação de estratégias cognitivas em torno de um núcleo emocional. Estas estratégias seriam estocadas e elicitadas subliminarmente por experiências afetivas ou cognitivo-afetivas durante a vigília. Sugerimos que as mudanças de padrão, mais lógico ou mais emocional, durante o sonho baseiam-se numa oscilação de dominância frontal ou límbica durante cada período REM. Observações preliminares mostraram-nos que, durante o período de atividade eletrencefalográfica frontal mais rápida, o despertar elicita impressões de sonhos mais lógicos e menos bizarros mas, se este ocorrer durante períodos de menor ativação frontal, as lembranças elicitadas correspondem a sonhos mais bizarros e portanto cognitivãmente menos elaborados. PALAVRAS-CHAVE: sonho, neuropsicologia, eletrencefografia. Neuropsychological aspects of oneiric activity: theoretical considerations suggested by clinical aspects ABSTRACT - Based on observations in five patients, we review the main theories concerning dreams and propose a comprehensive theory on their cognitive function. We classify dreams based on the role performed by them in inhibition, stimulation or creation of cognitive strategies around an emotional nucleus. These are stored in the memory bank and retrieved by an elicitation mechanism linking affective experiences on awareness and the strategies processed in previous dreams. We also propose that the changes in logical and emotional patterns in dreams are based on fronto-limbic dominance oscillations during each REM period. Preliminary observations we made show that awakening patients during most rapid frontal EEG activity during REM sleep elicits more logical and less bizarre dreams. Contrariwise, when they are awakened during slower REM cortical EEG activity, mainly over the frontal lobes, their dreams are more bizarre and consequently less elaborated from a cognitive point of view. KEY WORDS: dream, neuropsychology, electroencephalography Os sonhos têm sido extensamente pesquisados ao longo das últimas décadas em seus aspectos neuropsicológicos e neurofisiológicos13, a partir do momento em que a teoria psicanalftica do sonho como um caminho para o inconsciente e disfarce para desejos inconfessáveis4deixou de ter primazia neste campo. As teorias consoHdativas1015 adyogam que o sonho seria um instrumento projetor de situações recentes que, ao serem relembradas, têm sua memorização facilitada num processo semelhante à consolidação em vigília. Recentes estudos experimentais têm provido embasamento empírico para Serviço de Psiquiatria (ASMGO) e Núcleo de Psicobiologia Humana Médica da Universidade Federal de Goiás (ICB/FM/HC): * Acadêmico de Medicina (ASMGO/1CB/FM/UFG); ** Médico-Chefe (ASMGO/ICB/ FM/HC/UFG); ***Médico-Professor (ICB/UFG). Aceite: 16-junho-1997. Dr. Marcelo Caixeta - Rua J45, Qd 86, Lt 16 - 74673-620 - Goiânia GO - Brasil.
  • 2. tal aspecto da função onírica1. Wilson e McNaughton15 demonstraram o efeito do sonho sobre a consolidação de memória declarativa enquanto Kami e Tanne10 comprovaram o aperfeiçoamento da performance em tarefas de memória procedural (não-declarativa) durante o período onírico. Em 1977, Hobson e McCarley propuseram a hipótese da " ativação e síntese", numa tentativa de justificar neurofisiologicamente os fenômenos neuropsicológicos do sonho (isomorfismo)5-6. Esta hipótese, baseada no alto índice de atividade motora durante os sonhos, sugere que a ativação de neurônios responsáveis pela produção de estímulos sensório-motores, bem como a "tomada de consciência" pelo prosencéfalo desta ativação (não efetivada devido ao desligamento dos neurônios motores alfa medulares) serviria como substrato para a formação do sonho. Deste modo seria justificada a alta incidência de experiências sensório-motoras durante o sonho. Os conteúdos alucinóides seriam resultado da ativação simultânea de circuitos habitualmente não ativados em conjunto durante a vigília. As ondas PGO (ponto-genículo-occipitais) justificariam os movimentos rápidos dos olhos (REM). A sincronização e dessincronização do eletrencefalograma (EEG) no sono seria produzida pela atividade de neurônios dos núcleos tegmentais látero-dorsais e pedúncuio-pontinos, situados na transição ponto-mesencefálica, bem como por neurônios do núcleo basal de Meynert, situado no prosencéfalo basal. A teoria do aprendizado reverso, proposta por Crick e Mitehison2-3 em 1983, advoga, ao contrário das teorias consolidativas, que nós "sonhamos para esquecer". Baseados também na hipótese da ativação e síntese6 estes autores postulam que os núcleos do tronco encefálico participantes da formação dos fenômenos oníricos promovem uma ativação cortical de "circuitos neuronais parasitários" durante o sono REM. Dentro desta visão, a circuitaria cortical normal seria responsável pela codificação de informações utilizadas pelo indivíduo, enquanto os circuitos neuronais parasitários seriam ativados como subproduto de um processo de remodelação sináptica ocorrido após uma mudança significativa na organização de certas redes neurais corticais. Estas alterações basicamente funcionais seriam provocadas por crescimento das ligações sinápticas condicionadas pela aprendizagem de novas estruturas cognitivas. A teoria epigenética de Jouvet7,8-914, por sua vez, postula que o sono REM tem a função de promover uma complexificação crescente das ligações sinápticas mesmo após o término da organização anatômica destes circuitos neuronais durante a embriogênese e primeira infância. Para o referido autor o desenvolvimento humano não pode se restringir à programação genética, ao que é fixo e herdado, mas que, através do processamento onírico, surgem maneiras para que o indivíduo transponha tais limites. OBSERVAÇÕES Cinco indivíduos adultos hígidos do ponto de vista médico e neuropsiquiátrico foram despeitados, em dias separados, ora durante o que denominamos REM lento (atividade do EEG mais lentificada, sobretudo em regiões anteriores do scalp), ora durante o REM rápido, este último majoritariamente( mas não necessariamente) próximo da transição REM - NãoREM (estágio 1). Os pacientes acordados durante o REM mais ativo (rápido) relataram sonhos de conteúdo mais lógico, raciocínios cognitivamente elaborados, uma certa "vontade de acordar" durante períodos angustiantes, e mesmo o fenômeno de "querer acordar voluntariamente" durante um sonho de conteúdo altamente ansiógeno. Os pacientes acordados durante o REM mais lento relataram sonhos bizarros, menos "insight" sobre o fato de estar sonhando, menos controle sobre o sonho e cognições menos elaboradas. DISCUSSÃO As observações clínicas relatadas permitem considerações de interesse à neuropsicologia da atividade onírica. Nossa concepção propõe uma função do sono REM que abranja a formulação e modulação de estratégias cognitivas aplicáveis em vigília, defendendo assim um papel altamente adaptativo da atividade onírica.
  • 3. Durante a vigília têm-se impressões a respeito de várias coisas, pessoas e situações. Estes estímulos são sempre correlacionados com aqueles de nossas vivências pregressas. Destas, a maioria já não é lembrada por nós, pouco tempo após sua produção; contudo, não podem ser qualificadas como essencialmente "inconscientes", devido ao fato de já terem sido, em algum momento, conscientes. O sonho, por ser composto de fatos outrora conscientes, tem a função de apresentar-nos situações que já vivemos ou que eventualmente poderíamos viver e nos preparar para não cometer os mesmos erros do passado, ou para lidarmos de maneira bem sucedida com situações que porventura viéssemos a enfrentar. A função primordial do sonho, desta forma, seria adaptativa. Nesta perspectiva, haveria basicamente dois tipos de sonhos: os moduladores e os formuladores de estratégia. O tipo modulador englobaria aqueles sonhos que apresentam situações nas quais se utilizam estratégias já formuladas anteriormente, em vigília-, e que necessitam de reforço ou inibição( modulação positiva ou negativa, respectivamente). Colocado frente a uma situação que já vivenciou, real ou imaginariamente, dentro de um contexto elaborado simbolicamente e baseado na própria bagagem mnêmica, o indivíduo teria a oportunidade de reviver algo para que seu organismo "sabe" que não está devidamente preparado. Já os sonhos formuladores de estratégias estariam envolvidos com a criação de novas estratégias cognitivas destinadas a preparar o indivíduo para lidar com situações pelas quais jamais se imaginou passando, ou para que nunca se deteve em formular planos de ação. Esta formulação se daria a partir do processamento de elementos componentes da experiência vivencial do indivíduo. Para Okuma12, os conteúdos elaborados do sonho se formariam a partir de um processamento cortical, superior, de conteúdos caóticos, experiências pictóricas e sensoriais geradas endogenamente e "metabolizadas " pelo aparato cognitivo. Neurofisiologicamente, períodos de atividade cortical mais lenta corresponderiam a esta atividade caótica, e períodos mais rápidos, e portanto vigília-símile, estariam mais correlacionados com atividade lógica e cognitiva mais elaborada12-15. Novos elementos cognitivos poderiam ser criados a partir da associação de elementos pré-existentes. As vivências do dia anterior ( ou mesmo períodos mais remotos) serviriam muitas vezes como elementos elicitadores de associações com outros elementos mnemônicos. O aprofundamento lógico destes elementos, com base num raciocínio semelhante àquele existente na vigília, produziria situações que, dentro de um contexto altamente afetivo, apresentariam ao indivíduo estratégias vivenciais novas. Propomos que a relação lógica-emoção no sono REM se baseia num mecanismo variável de interação fronto-límbica durante este período. Esta interação está associada com o mecanismo de "testagem " das experiências na vigília. Ao se ter uma impressão a respeito de algo, tem-se um contexto afetivo habitualmente envolvendo uma codificação a nível de sistema límbico. Se a experiência for condizente às vivências anteriores do indivíduo, ou seja, o conjunto de conceitos considerados como lógicos, este processamento se continuará a nível subcortical de modo mais ou menos automático. Por outro lado, se tal impressão afetiva for "estranha" aos mesmos padrões, haverá a necessidade de um julgamento. Este será baseado num raciocínio que envolverá as vivências precedentes, utilizando os padrões lógicos que foram codificados por elas. Por exemplo: olha-se para uma pessoa conhecida que está particularmente de mau-humor naquele dia em especial A primeira impressão (límbica) seria puramente afetiva, tal como "de está com raiva de mim". Deixe-se claro que não há tomada de consciência desta impressão. Através de um "input" límbico esta vai para o lobo frontal, que realiza um julgamento da situação através de padrões lógicos apreendidos quando da passagem por situações semelhantes. Um "output" frontal se espraia por regiões do córtex e do sistema límbico numa busca por elementos mnemônicos úteis para a cogitação da situação em pauta. Um "input" de volta para o lobo frontal vem trazer tais elementos. Utilizando uma análise baseada no raciocínio lógico, o lobo frontal pode enfim informar a procedência ou não da impressão límbica. No nosso exemplo, poderia se pensar: "ele está de mau-humor mas não é a primeira vez que o vejo assim e deve haver alguma razão para este estado e,
  • 4. como eu não fiz nada de errado, sua raiva não deve estar direcionada à minha pessoa". Houve sucessivamente: 1- uma impressão límbica; 2- um primeiro "input" límbico-frontal; 3- um "output" frontal para as áreas mnemônicas do córtex; 4- um segundo "input" das mesmas áreas para o lobo frontal; 5- o julgamento frontal utilizando um raciocínio baseado nos "inputs" recebidos. Acreditamos que a base do bizarrismo e das flutuações de teor lógico e motivacional do sonho resida em variações neste processo. No início do sono REM este processo estaria alterado no sentido de haver um predomínio dos "inputs" límbicos sobre os "outputs" frontais, ou seja, teríamos impressões afetivas virtualmente puras, destituídas de verificação frontal, ou pelo menos se existir, esta verificação não é eficaz na organização da experiência, como se atesta ao observar o conteúdo onírico dos indivíduos acordados neste período, em contraste com aqueles acordados durante o período do "REM rápido", no qual haveria um funcionamento frontal mais próximo da vigília. O bizarrismo característico de 70% dos sonhos11 estaria associado à incorporação de material não testado frontalmente ao "banco de matéria-prima" para a formação do sonho. No decorrer do sono REM, teríamos um progressivo aumento da função frontal e consequentemente da tomada de consciência do estado irreal do sonho associado a um aumento da motivação, o que possibilitaria a tomada de decisões e a formulação de planos de ação. O conteúdo afetivo do sonho provavelmente mantém-se inalterado e a atividade frontal varia desde o estado de baixa atividade (em termos relativos) até um máximo que se aproxima da vigília. Dentro da arquitetura do sono, a atividade frontal varia desde a alta ativação do estado vigil, passando por uma lentificação progressiva ao longo do sono NREM com um salto do estagio 4 (delta) para o REM significativamente mais rápido e havendo, a partir daí, uma aceleração progressiva até o fim deste período durante o qual a atividade frontal é tão intensa que o indivíduo beira o despertar (volta ao estágio 1), num padrão muito próximo à vigília. O desligamento frontal se limita aos momentos iniciais da formação dos sonhos (estágio 4 ou início do REM), utilizando as memórias compactadas pelo sistema límbico e lançadas ao córtex, o que é conhecido pelo estudo de Kami e Tanne10. A partir de então, o funcionamento frontal garantiria uma estruturação lógica e freqüentemente voluntária da experiência onírica em si. E como uma peça de teatro com doentes psiquiátricos como atores sendo comandados por um diretor experiente. Apesar de certos aspectos da encenação serem bizarros (focalmente alógicos), a peça como um todo mantém sua estrutura básica. Não é condição imprescindível que haja a lembrança do sonho para que se incorporem as estratégias formadas durante ele. No sonho, as emoções funcionam como um núcleo afetivo ao redor do qual constroem-se formulações cognitivas, estando desta forma as esferas afetiva e cognitiva unidas pelos laços da associação. Propomos que, quando o indivíduo se deparar com uma situação qiie envolva um conteúdo afetivo semelhante àquele de uma experiência onírica, as estratégias cognitivas incorporadas à memória de maneira subliminar aflorariam por um mecanismo essencialmente associativo. Estas associações seguiriam caminhos já percorridos no sonho quando da modulação ou formulação da própria estratégia. O alto conteúdo afetivo dos sonhos é fator que favorece tanto a incorporação das estratégias (já que os fatos de teor afetivo são mais facilmente memorizados do que os puramente cognitivos) em uma memória que transporá o limite realidade onírica-realidade material, quanto à lembrança delas. Sendo baseadas num raciocínio em torno de um núcleo afetivo, serão mais facilmente lembradas, já que as situações do dia-a-dia do indivíduo estão, em grande parte, ligadas a impressões afetivas, potencialmente elicitadoras de estratégias moduladas ou formuladas durante o sonho. A principal vantagem da existência de tal processamento durante o sono REM seria a provisão de uma
  • 5. experiência vivenciada maior e mais rica devido à vividez do sonho, repleto de impressões sensorials nítidas e às vezes até exacerbadas, e ao fato de que a reaüdade do sonho não é necessariamente ligada ao tempo ou ao espaço, possibilitando assim interações inviáveis em vigília e o que é mais importante, sem sofrer os possíveis danos que tal gama de situações porventura viesse proporcionar. A nosso ver, portanto, é possível que o sonho, nesta perspectiva, proveja um generoso laboratório adaptativo especialmente útil aos seres mais desenvolvidos que, em vista de sua própria complexidade, necessitariam de um conjunto muito maior de experiências e conseqüentes riscos para estabelecer uma interação produtiva com o meio que os cerca. REFERÊNCIAS 1. Barinaga M. To sleep, perchance to...learn? New studies say yes. Science 1994;265:603-604. 2. Crick F, Mitchison G. The function of dream sleep. Nature 1983;304:111-114. 3. Crick F, Mitchison G. REM sleep and neural nets. Behav Brain Res 1995;69:147-155. 4. Freud S. The interpretation of dreams. New York: Avon, 1965. 5. Hobson JA. Sleep and dreaming. J Neurosci 1990;10:371-382. 6. Hobson JA, McCarley RW. The brain as a dream state generator:an activation-synthesis hypothesis of the dream process. Am J Psychiatry 1977;134:1335-1348. 7. Jouvet M. Is paradoxical sleep responsible for a genetic programming of the brain?. CR Seances Soc Biol Fil 1978;172:9-32. 8. Jouvet M. Memories and split brain during dream: 2525 memories of dream: Rev Prat 1979;29:27-32. 9. Jouvet M. Paradoxical sleep: is it the guardian of psychological individualism? Can J Psychol 1991;45:148-151. 10. Kami A, Tanne D. Dependence on REM sleep of overnight improvement of a perceptual skill. Science 1994;265:679-682. 11. McCarley RW, Hoffman E. REM sleep dreams and the activation-synthesis hypothesis. Am J Psychiatry 1981,138:904-912. 12. Okuma T. On the psychophysiology of dreaming:a sensory image-free association hypothesis of the dream process. Jpn J Psychiatry Neurol 1992;46:7-22. 13. Reimão R. Sono: aspectos atuais. São Paulo: Atheneu, 1990. 14. Sastre JP, Jouvet M. Oneiric behavior in cats. Physiol Behav 1979;22:979-989. 15. Wilson MA, McNaughton BL. Replay of neuronal firing sequences in rat hippocampus during sleep following spatial experience. Science 1993;261:1055-1059.