O documento discute os estágios do sono normal, incluindo sono NREM e REM. Descreve as características fisiológicas, neurológicas e eletrofisiológicas de cada estágio, assim como a arquitetura típica de um ciclo de sono durante a noite. Também aborda memória, consciência e os efeitos dos anestésicos nesses processos cerebrais.
2. Introdução
Sono: estado fisiológico cíclico.
Etapas não homogêneas;
Algumas fases: características eletrofisiológicas iguais
as da vigília;
Outras etapas: completa quietude e elevado teor de
ondas lentas no EEG;
3. Introdução
Sono:
Imobilidade;
Repertório limitado de movimentos;
Reatividade a estímulos auditivos, visuais, táteis e
dolorosos é reduzido ou abolido;
Sem interação produtiva com o ambiente;
4. Histórico
Berger (1929): eletroencefalografia.
Sono como atividade cerebral mais lenta e de padrão
sincronizado;
Bremer (1935):
Sono como estado de deaferentaão cortical reversível;
Kleitman (1953):
Primeira demonstração do sono REM.
5. Estágios do Sono
Variáveis Fisiológicas:
EEG;
EOG;
EMG submentoniano;
Padrões fundamentais do sono:
Sono NREM;
Sono REM;
FERNANDES RMF. O Sono Normal. Medicina (Ribeirão Preto) 2006; 39(2): 157-168.
6. Sono NREM
4 etapas em grau crescente de profundidade;
Estágios I a IV;
Relaxamento muscular com manutenção de
alguma tonicidade basal;
Aumento progressivo das ondas lentas no EEG;
Vigília: predomínio do ritmo alfa (freq: 8-13
ciclos/segundo);
7. Sono NREM
Estágio I:
Menos de 50% de ritmo alfa até o desaparecimento;
Freq. Teta (4-7 ciclos/segundo);
Freq. Beta (>13 ciclos/segundo);
Ondas Agudas do Vértex – início do sono profundo.
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8. Sono NREM
Estágio II:
Aumento do componente de ondas delta;
Fusos do sono (surtos de atividade de 12-14
ciclos/segundo), duração de 1-5 segundos;
Complexos K (ondas lentas bifásicas de alta amplitude).
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9. Sono NREM
Estágio III:
Início do sono delta (ondas lentas);
Freq. Delta (0,5 a 3,5 ciclos/segundo);
20-50% de ondas delta.
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10. Sono NREM
Estágio IV:
Fase mais profunda do sono NREM;
> 50% de ondas delta.
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12. Sono REM
Sono paradoxal, dessincronizado;
Estágio profundo;
Dificuldade no despertar;
Padrão do EEG semelhante ao da vigília;
Hipotonia/atonia muscular;
Movimentos corporais fásicos/erráticos
(face/membros);
Emissão de sons.
13. Sono REM
Inibição motora alternada com liberação fásica
de atividade muscular multifocal;
Padrão de EEG predominantemente rápido com
baixa voltagem das ondas cerebrais;
Ondas em dente de serra (faixa delta a teta de 2-
5 ciclos/segundo);
Atividade metabólica aumentada em
comparação a vigília;
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15. Sono REM
Movimentos oculares: salvas de abalos múltiplos
e multidirecionais dos globos oculares;
Irregularidades do padrão respiratório: bradi-
taquipnéia e pausas < 10 s;
Irregularidade da FC;
Tumescência peniana/clitoriana;
16. Sono REM
Fase onde ocorrem os sonhos;
Manifestações de diversos conteúdos, passíveis
de rememoração e ativação autonômica;
Reorganização sináptica e processamento de
neuroplasticidade, referentes a homeostase em
áreas cerebrais relacionadas à memória,
aprendizado e funções psíquicas.
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18. Arquitetura do Sono
NREM:
I: poucos minutos;
II: 30-60 minutos;
III-IV: 90 minutos;
REM:
Primeiros ciclos de 5-10 minutos;
Saídas do sono REM – microdespertares (3-15 s).
19. Arquitetura do sono
Noite de sono: 5 a 6 ciclos NREM-REM;
Despertares: podem ocorrer a qualquer
momento;
I: 5-10%;
II: 50-60%;
III-IV: 25%;
REM: 20-25%.
20. Centros Encefálicos
Vigília:
Ativação constante do SRAA;
Formação reticular do tronco encefálico;
Hipotálamo posterior: neurônios histaminérgicos;
Núcleo basal de Meynert;
Núcleo septal;
21. Centros Encefálicos
Sono NREM:
Ativação de neurônios serotoninérgicos da rafe do tronco;
Inibição de transferência de impulsos para o córtex e
inibição de atividade motora;
Sono REM:
Porção lateral do núcleo reticular pontino oral (ventral ao
locus ceruleus);
Reversão da inibição cortical;
Inibição motora;
Movimentos oculares: área peribraquial X.
22.
23. Memória
Capacidade de adquirir, reter e evocar, quando
necessárias, informações que de alguma forma são
relevantes.
Aquisição: dos sensores externos aos sistemas neurais;
Armazenamento, retenção dos eventos;
Seleção do quanto desse evento ou mesmo se esse evento será
retido;
Determinada pela importância ou pela frequência do evento;
Esquecimento:
Processo natural, mecanismo de limpeza;
Evitar sobrecarga de retenção de dados.
24. Memória
Declarativa (Explícita):
Rememorada conscientemente;
Expressa por palavras;
Episódica: fatos sequenciados com referência temporal;
Semântica: informações atemporais;
Não-declarativa (Implícita):
Representação perceptual;
Procedimentos: habilidades e hábitos;
Associativa: informações que ligam estímulos e respostas;
Não-associativa: estímulos repetitivos.
26. Memória
A memória não é imediatamente desenvolvida
após a aprendizagem:
Requer tempo para a consolidação e retenção;
Inicialmente em estado frágil e estabilizada ao longo do
tempo na memória de longo prazo;
28. Bases Anatômicas
Memória de curto prazo:
Sistema límbico;
Retenção e consolidação de informações novas;
Hipocampo: vias de input e output que ligam o
hipocampo ao córtex, amígdala e o giro
parahipocampal;
Interconexões dentro do próprio sistema límbico:
circuito de Papez e vias projetadas das áreas corticais
de associação;
29. Bases Anatômicas
Memória de longo prazo:
Explícita:
Lobo temporal medial e diencéfalo;
Lobo frontal relacionado com memória episódica;
Lobo parietal esquerdo relacionado com memória
semântica;
Implícita:
Habilidades motoras: corpo estriado e núcleos da base;
Respostas de mm. esquelética: cerebelo.
30. Bases Moleculares
LTP (Long Term Potential/Potencial de Longa Duração):
Pequeno período de ativ. Elétrica de alta frequência aumento
na efetividade sináptica;
Induzida rapidamente e logo após é estável;
Hipocampo: ocorre nas vias das fibras musgosas e nas fibras
colaterais de Schaffer;
Fibras musgosas:
Células granulares do hipocampo;
Liberação de glutamato;
LTP não depende de ativ. Pós-sináptica;
Influxo de cálcio ativ. De adenilato ciclase aum. De AMPc
ativação de cinases e estímulo e inibição de síntese de proteínas.
31. Bases Moleculares
Fibras Colaterais de Schaffer:
Células piramidais da região CA3 do hipocampo;
LTP requer atividade tanto pré quanto pós-sináptica;
Ativação de recepetores NMDA;
Influxo do cálcio;
Aumento na sensibilidade dos receptores AMPA;
Aumento de liberação de neurotransmissores, ativação
de cinases e aumento da transcrição de genes;
Aumento na efetividade das sinapses;
33. Neuromodulação da Memória
Beta-endorfina:
Relacionada ao esquecimento;
Encefalinas, ACTH e adrenalina facilitam a sua liberação;
Eventos traumáticos;
Noradrenalina, dopamina, acetilcolina:
Facilitadores de consolidação da memória;
GABA: neurotransmissor inibitório;
Antagonistas: facilitam a memorização;
Agonistas: podem afetar a memória (BZDs)
34. Neuromodulação da Memória
Serotonina:
Consolidação da memória de longo prazo;
Aumento dos níveis de AMPc;
Aumento da ativação de cinases aumento da síntese
proteica.
Amígdala:
Núcleo basolateral;
Modulação dos primeiros momentos da formação de
memória de longo prazo;
Afetada por fatores estressantes e ansiogênicos;
35. Amnésia
Incapacidade de se processar e armazenar fatos ou
idéias:
Orgânica: diminuição do registro e retenção de informações;
Psicogênica: inibição de recordação de fatos vividos;
Retrógrada:
Incapacidade de relembrar fatos ocorridos antes do distúrbio;
Anterógrada:
Incapacidade de armazenar novas informações;
Distúrbio de retenção.
36.
37. Consciência
Estado em que o indivíduo está ciente de si
mesmo e do ambiente; é conhecedor das
circunstâncias que lhe dizem respeito e
daquelas com que se relaciona (tempo, espaço,
pessoas e fatos).
Nível;
Conteúdo.
38. Consciência
Tononi (2009):
Teoria da Informação Integrada:
Capacidade de integrar informações processadas em
locais específicos do cérebro;
Subpopulações neurais que processam os estímulos
para sintetizar a informação final (ligações cognitivas);
39. Consciência
Convergência: transmissão de informações dos centros
primários para os centros superiores do cérebro para
integração;
Montagem: interneurônios cujas conexões fortalecem
com o aumento de estímulos aferentes;
Sincronia: introduzem dimensões temporais para
sintetizar as informações;
41. Anestésicos X Consciência
Supressão de atividades de centros neurais
responsáveis pela integração de informações:
Isoflurano/halotano: redução do metabolismo da
glicose em estruturas subcorticais (tálamo, formação
reticular do mesencéfalo);
Propofol: supressão de atividade talâmica;
Conexões neurais talamocorticais – afetadas pelos AG;
42. Anestésicos X Consciência
Efeitos corticais:
AGs: inibição reversível de centros corticais:
○ Córtex frontal;
○ Pré-frontal;
○ Dorsolateral;
○ Medial orbital;
○ Anterior cingulado;
○ Giro paracentral;
43. Consciência Intraoperatória
Complicação potencialmente deletéria ao paciente;
Sebel et al (2004): incidência de 0,13% nos EUA;
Relacionada com sequelas psicológicas, incluindo estresse pós-
traumático;
Aspecto médico-legal;
Diretamente relacionada à profundidade da anestesia;
Observação clínica;
Monitorização: dispositivos.