O documento discute as bases neurológicas da aprendizagem. Apresenta conceitos fundamentais da neuropsicologia como o estudo do comportamento humano baseado no funcionamento cerebral. Descreve a estrutura do cérebro em três unidades funcionais e como as lesões em determinadas áreas afetam funções específicas, de acordo com a teoria dos sistemas funcionais de Luria.
2. DISCIPLINA BASES NEUROPSICOLÓGICAS DA
APRENDIZAGEM
CARGA HORÁRIA: 30 H
OBJETIVO
• Possibilitar uma compreensão ampla dos
conceitos e pressupostos básicos
apresentados e desenvolver um pensamento
lógico que instrumentalize para absorção
racional crítica dos conhecimentos.
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3. A neuropsicologia é uma área específica da Psicologia que
enfoca, principalmente, o estudo do comportamento
humano baseado no funcionamento do cérebro. Sua
criação se deu entre duas vertentes: a psicologia
científica, que estuda o comportamento humano, as
estruturas funcionais responsáveis pelas atividades
mentais superiores, o movimento e a ação; e a
neurologia, que estuda as alterações comportamentais
causadas por lesões cerebrais.
A Neuropsicologia é uma ciência que propõe novos
métodos para investigar o papel de sistemas cerebrais
individuais, em formas complexas de atividade mental.
Assim, consegue-se um diagnóstico mais exato e precoce
das lesões cerebrais locais, o que proporciona estabelecer
programas de ação terapêutica e reeducativa.
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4. Breve histórico
Desde a Idade Média já havia uma tentativa de localizar as
funções cerebrais.
O anatomista Gall, no início do século XIX, afirmou que as
faculdades humanas estavam localizadas em áreas cerebrais
particulares. Em 1861, data de nascimento da investigação
científica dos distúrbios dos processos mentais, Paul Broca, ao
descrever o cérebro de um paciente com distúrbio de fala
motora, concluiu que o terço posterior do giro frontal inferior
esquerdo seria o centro para as imagens motoras das
palavras. Pela primeira vez, portanto, havia-se localizado uma
função mental complexa em uma área específica do córtex,
mostrando também, uma diferenciação entre os hemisférios
cerebrais. Posteriormente, o psiquiatra Carl Wernicke
descobriu que o terço posterior do giro temporal superior
esquerdo, estava relacionado à capacidade de compreender a
fala audível.
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5. • Gall, Broca e Wernicke foram os principais
representantes da vertente localizacionista, que
acreditava que as formas complexas da atividade
mental poderiam "ser localizadas em regiões
circunscritas do córtex cerebral, da mesma forma que
as funções elementares" (Luria, 1981). Contrapondo
essa teoria, havia a vertente unitarista que postulava
que os fenômenos mentais complexos seriam
resultado da atividade de todo o cérebro. Esta última
teve como representantes Goldstein, que postulava
que quanto mais massa cerebral, mais desenvolvida
seria a respectiva função cerebral, e Monakow que
atribuía uma natureza espiritual ao funcionamento do
cérebro.
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6. Alexander Romanovich Luria (1901–1978), contemporâneo a
esta época em que os teóricos dividiam-se na tentativa de
explicar os processos mentais complexos, é considerado o
fundador da vertente soviética da Neuropsicologia. Ele não se
integra puramente em nenhuma das duas correntes,
enfatizando a importância de se compreender a construção
de processos mentais ao invés da sua localização. Luria,
durante a Segunda Guerra Mundial, desenvolveu um estudo
de indivíduos portadores de lesão cerebral, no qual catalogou
cada paciente, mapeou as respectivas lesões cerebrais e
anotou as alterações no comportamento, tendo como
objetivo específico o estudo das bases neurológicas do
comportamento.
Através desse estudo, Luria elaborou a teoria do sistema
funcional, fazendo uma revisão dos termos função, localização
e sintoma. O termo função foi substituído por sistema
funcional, que se refere a um conjunto de áreas que
trabalham em concerto para desempenhar um objetivo final.
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7. A teoria de sistema funcional, elaborada por Luria, as funções mentais
organizam-se em sistemas de zonas que trabalham em concerto, cada qual
exercendo seu papel específico dentro do sistema. No entanto, se uma lesão
ocorrer em um único local ou lesões ocorrerem em locais diferentes, todo o
sistema funcional pode ser perturbado.
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8. O cérebro
O cérebro humano é composto por três unidades funcionais
básicas, sendo estas, necessárias para qualquer tipo de
atividade mental.
• A primeira unidade funcional é responsável para regular o
tônus cortical, a vigília e os estados mentais e é composta
pela formação reticular e pelo tronco encefálico.
• A segunda unidade funcional, que é responsável por
receber, processar e armazenar as informações compõe-se
das partes posteriores do cérebro (lobo parietal, occipital e
temporal).
• A terceira é a unidade para programar, regular e verificar a
atividade mental, constituindo-se pelas partes anteriores
do cérebro (lobo frontal).
Em uma concepção mais generalizada, intitula-se a primeira
unidade funcional como sendo o cérebro desperto, a segunda
como cérebro informado e a terceira como programador.
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9. Hierarquização das unidades cerebrais
Cada uma dessas unidades, com exceção da primeira,
exibe uma estrutura hierarquizada e consiste em três
áreas: primária, secundária e terciária.
• a área primária é responsável pela projeção do
impulso, caracterizando a sensação.
• A secundária, que se responsabiliza pela projeção e
associação do impulso, processam as informações,
caracterizando a percepção.
• a terciária, que se caracteriza pela percepção global,
encarrega-se pela associação ou integração do impulso,
sendo responsável pelas formas mais complexas de
atividade mental no homem.
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10. Os testes
• A Neuropsicologia desenvolveu testes que promovem um
mapeamento qualitativo das áreas cerebrais e a
investigação das mesmas, através de um exame minucioso
e sistemático de habilidades perceptuais, cognitivas e
motoras. Esse processo, que caracteriza a avaliação
neuropsicológica, tem como objetivo estudar a expressão
das disfunções cerebrais sobre o comportamento,
podendo, essas disfunções, ser resultado de lesões,
doenças degenerativas ou ligadas a quadros psiquiátricos e
doenças que tem a disfunção neurológica como resultado
secundário sem que possa ser detectada através de exames
clínicos, uma vez que o tecido cortical não está
comprometido. A avaliação é realizada por testes
organizados em baterias que fornecem psicodiagnósticos e
permitem confirmar ou não, as hipóteses iniciais sobre o
paciente. Através da aplicação da bateria em um paciente,
pode-se delimitar quais funções cerebrais estão afetadas e
quais estão preservadas.
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11. Existem dois tipos de bateria: a fixa, que é mais aconselhável
para uma população com determinada patologia;
e a flexível, na qual os testes são selecionados pelo
neuropsicólogo de acordo com os distúrbios apresentados pelo
paciente. Nesta última, a ênfase é dada à avaliação qualitativa,
trabalhando com a qualificação do erro, ou seja, "como o
paciente fracassa, como trabalha na tarefa pedida, como vai
construindo a forma, como e o que responde ou indaga, quando
pára, por que desiste, como completa e organiza seu trabalho"
(LEFÈVRE, in: Capovilla et al, 1998:72).
Dessa forma, a importância é dada para todo o processo de
elaboração de respostas e não apenas para o produto final. A
avaliação dos resultados de uma bateria de testes
neuropsicológicos deve ser realizada baseada nos conceitos de
sistemas funcionais, uma vez que dificilmente um teste será
específico para uma função mental independente.Msc. Luciene de O. Vieira 11
12. Testes neuropsicológicos é a Luria-Christensen
É de origem soviética, que tem função de avaliar as capacidades
neurológicas de um determinado sujeito à fim de avaliar diferentes funções
cognitivas, tais como memória, atenção, linguagem, capacidade de
planejamento, raciocínio lógico e abstração.
Essa bateria é composta por dez seções de acordo com as funções
particulares, que são: função motora, organização acústico-motora, funções
cutâneas e cinestésicas superiores, função visual superior, linguagem
expressiva, linguagem impressiva, leitura e escrita, habilidades aritméticas,
processos mnésicos e investigação dos processos intelectuais. Como esses
testes foram elaborados de acordo com o processo maturacional do
cérebro, salvo as diferenças individuais, estes objetivam traçar o perfil
cognitivo de pacientes e compará-los com o esperado de acordo com a
idade e escolaridade, averiguando-se assim, os indicativos de disfunção.
Sendo assim, é possível identificar quais as funções correspondentes
àquela área cerebral afetada, o que permite a orientação de programas de
reabilitação, que é mais um dos trabalhos realizados pela Neuropsicologia.
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13. SISTEMA NERVOSO
O SNC recebe, analisa e integra informações. É o local onde ocorre a tomada de
decisões e o envio de ordens. O SNP carrega informações dos órgãos sensoriais
para o sistema nervoso central e do sistema nervoso central para os órgãos
efetores (músculos e glândulas).
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14. Sistema Nervoso Central (SNC)
O SNC divide-se em encéfalo
e medula. O encéfalo
corresponde ao telencéfalo
(hemisférios cerebrais),
diencéfalo (tálamo e
hipotálamo), cerebelo, e
tronco cefálico, que se
divide em:
BULBO, situado
caudalmente;
MESENCÉFALO, situado
cranialmente;
PONTE, situada entre
ambos.
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15. No SNC, existem as chamadas substâncias
cinzenta e branca. A substância cinzenta é
formada pelos corpos dos neurônios e a branca,
por seus prolongamentos. Com exceção do
bulbo e da medula, a substância cinzenta ocorre
mais externamente e a substância branca, mais
internamente.
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16. Os órgãos do SNC são protegidos por estruturas esqueléticas (caixa craniana,
protegendo o encéfalo; e coluna vertebral, protegendo a medula - também
denominada raque) e por membranas denominadas meninges, situadas sob a
proteção esquelética: dura-máter (a externa), aracnóide (a do meio) e pia-
máter (a interna). Entre as meninges aracnóide e pia-máter há um espaço
preenchido por um líquido denominado líquido cefalorraquidiano ou líquor.
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17. O TELENCÉFALO
• O encéfalo humano contém cerca de 35 bilhões de neurônios e
pesa aproximadamente 1,4 kg. O telencéfalo ou cérebro é dividido
em dois hemisférios cerebrais bastante desenvolvidos. Nestes,
situam-se as sedes da memória e dos nervos sensitivos e motores.
Entre os hemisférios, estão os VENTRÍCULOS CEREBRAIS
(ventrículos laterais e terceiro ventrículo); contamos ainda com um
quarto ventrículo, localizado mais abaixo, ao nível do tronco
encefálico. São reservatórios do LÍQUIDO CÉFALO-RAQUIDIANO,
(LÍQÜOR), participando na nutrição, proteção e excreção do sistema
nervoso.
• Em seu desenvolvimento, o córtex ganha diversos sulcos para
permitir que o cérebro esteja suficientemente compacto para caber
na calota craniana, que não acompanha o seu crescimento. Por isso,
no cérebro adulto, apenas 1/3 de sua superfície fica "exposta", o
restante permanece por entre os sulcos.
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19. O córtex cerebral está dividido em mais de quarenta áreas
funcionalmente distintas, sendo a maioria pertencente ao
chamado neocórtex
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20. Cada uma das áreas do córtex cerebral controla uma atividade
específica.
• Hipocampo: região do córtex que está dobrada
sobre si e possui apenas três camadas celulares;
localiza-se medialmente ao ventrículo lateral.
• Córtex olfativo: localizado ventral e lateralmente
ao hipocampo; apresenta duas ou três camadas
celulares.
• Neocórtex: córtex mais complexo; separa-se do
córtex olfativo mediante um sulco chamado fissura
rinal; apresenta muitas camadas celulares e várias
áreas sensoriais e motoras. As áreas motoras estão
intimamente envolvidas com o controle do
movimento voluntário.
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Fonte: McCRONE, JOHN. Como o cérebro funciona. Série Mais Ciência. São Paulo, Publifolha, 2002.
22. DIENCÉFALO (tálamo e hipotálamo)
Todas as mensagens sensoriais, com exceção das
provenientes dos receptores do olfato, passam pelo
tálamo antes de atingir o córtex cerebral. Esta é uma
região de substância cinzenta localizada entre o tronco
encefálico e o cérebro. O tálamo atua como estação
retransmissora de impulsos nervosos para o córtex
cerebral. Ele é responsável pela condução dos impulsos
às regiões apropriadas do cérebro onde eles devem ser
processados. O tálamo também está relacionado com
alterações no comportamento emocional; que decorre,
não só da própria atividade, mas também de conexões
com outras estruturas do sistema límbico (que regula as
emoções).
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25. hipotálamo
Constituído por substância cinzenta, é o principal centro integrador das
atividades dos órgãos viscerais, sendo um dos principais responsáveis
pela homeostase corporal. Ele faz ligação entre o sistema nervoso e o
sistema endócrino, atuando na ativação de diversas glândulas
endócrinas. É o hipotálamo que controla a temperatura corporal,
regula o apetite e o balanço de água no corpo, o sono e está envolvido
na emoção e no comportamento sexual. Tem amplas conexões com as
demais áreas do prosencéfalo e com o mesencéfalo. Aceita-se que o
hipotálamo desempenha, ainda, um papel nas emoções.
Especificamente, as partes laterais parecem envolvidas com o prazer e
a raiva, enquanto que a porção mediana parece mais ligada à aversão,
ao desprazer e à tendência ao riso (gargalhada) incontrolável. De um
modo geral, contudo, a participação do hipotálamo é menor na gênese
(“criação”) do que na expressão (manifestações sintomáticas) dos
estados emocionais.
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27. TRONCO ENCEFÁLICO
O tronco encefálico interpõe-se entre a medula e o
diencéfalo, situando-se ventralmente ao
cerebelo.Possui três funções gerais:
(1) recebe informações sensitivas de estruturas
cranianas e controla os músculos da cabeça;
(2) contém circuitos nervosos que transmitem
informações da medula espinhal até outras
regiões encefálicas e, em direção contrária, do
encéfalo para a medula espinhal (lado esquerdo
do cérebro controla os movimentos do lado
direito do corpo; lado direito de cérebro controla
os movimentos do lado esquerdo do corpo);
(3) regula a atenção, função esta que é mediada
pela formação reticular (agregação mais ou
menos difusa de neurônios de tamanhos e tipos
diferentes, separados por uma rede de fibras
nervosas que ocupa a parte central do tronco
encefálico).
Além destas 3 funções gerais, as várias divisões do
tronco encefálico desempenham funções motoras e
sensitivas específicas.
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28. Na constituição do tronco
encefálico entram corpos de
neurônios que se agrupam em
núcleos e fibras nervosas, que,
por sua vez, se agrupam em
feixes denominados tractos,
fascículos ou lemniscos. Estes
elementos da estrutura
interna do tronco encefálico
podem estar relacionados com
relevos ou depressões de sua
superfície. Muitos dos núcleos
do tronco encefálico recebem
ou emitem fibras nervosas que
entram na constituição dos
nervos cranianos. Dos 12 pares
de nervos cranianos, 10 fazem
conexão no tronco encefálico.
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29. O CEREBELO
Situado atrás do cérebro está o cerebelo, que é primariamente um centro para o
controle dos movimentos iniciados pelo córtex motor (possui extensivas conexões
com o cérebro e a medula espinhal). Como o cérebro, também está dividido em
dois hemisférios.
Porém, ao contrário dos hemisférios cerebrais, o lado esquerdo do cerebelo está
relacionado com os movimentos do lado esquerdo do corpo, enquanto o lado
direito, com os movimentos do lado direito do corpo.
O cerebelo recebe informações do córtex motor e dos gânglios basais de todos os
estímulos enviados aos músculos.
A partir das informações do córtex motor sobre os movimentos musculares que
pretende executar e de informações proprioceptivas que recebe diretamente do
corpo (articulações, músculos, áreas de pressão do corpo, aparelho vestibular e
olhos), avalia o movimento realmente executado.
Após a comparação entre desempenho e aquilo que se teve em vista realizar,
estímulos corretivos são enviados de volta ao córtex para que o desempenho real
seja igual ao pretendido.
Dessa forma, o cerebelo relaciona-se com os ajustes dos movimentos, equilíbrio,
postura e tônus muscular. Msc. Luciene de O. Vieira 29
30. A palavra cerebelo vem do latim para "pequeno cérebro”. O
cerebelo fica localizado ao lado do tronco encefálico. É parecido
com o córtex cerebral em alguns aspectos: o cerebelo é dividido
em hemisférios e tem um córtex que recobre estes hemisférios.
Funções: Movimento, Equilíbrio; Postura; Tônus muscular
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