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Mosaico: estudos em psicologia ♦ 2007 ♦ Vol. I ♦ nº 1 ♦ p. 37-49
37
ISSN 1982 - 1913
2007, Vol. I, nº 1, 37-49
www.fafich.ufmg.br/mosaico
Replicabilidade do Modelo dos Cinco Grandes Fatores
em medidas da personalidade
Replicabilityof the Five Factor Model inpersonalitymeasurements
Renata Saldanha Silva
Carlos Guilherme Schlottfeldt
Mariana Prates Rozenberg
Mariana Teles Santos
Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Minas Gerais,
Belo Horizonte – MG, Brasil
Álvaro José Lelé
Centro Universitário Newton Paiva, Belo Horizonte – MG, Brasil
Resumo
O modelo dos cinco grandes fatores descreve a personalidade humana em
termos de grandes dimensões, cada uma reunindo uma variedade de
traços psicológicos. Esse modelo é um dos mais utilizados em pesquisa
acerca da personalidade por se mostrar abrangente e conciso. Assim
sendo, no presente estudo, investigou-se a replicabilidade dos cinco
fatores em dois instrumentos de medida da personalidade: o Inventário
Fatorial da Personalidade – IFP e as Escalas de Personalidade de Comrey –
CPS. Esses instrumentos foram aplicados a 654 estudantes universitárias de
psicologia, sexo feminino, com idade entre 19 e 58 anos (M=25,66 anos,
DP=6,84). A Análise Fatorial, com método de rotação varimax, mostrou que
o modelo de cinco fatores seria o mais adequado para agrupamento das
escalas dos testes. Confirma-se, assim, a replicabilidade dos cinco fatores
mesmo em instrumentos fundamentados em outras teorias da
personalidade.
Palavras-chave: Personalidade; cinco grandes fatores; avaliação
psicológica; análise fatorial.
Abstract
The Five Factor Model describes the human personality based on great
dimensions, each one grouping a variety of psychological traits. This model
has been one of the most utilized in researches concerning personality
because it is wide and precise. Therefore, in the present study, it was
investigated the five factor replicability by two personality measurement
instruments: Personality Factor Inventory – IFP and Comrey Personality
Scales – CPS. These instruments were administred to 654 female
universitary students, aged between 19 and 58 years old (M= 25,66 years
old, SD=6,84). The Factor Analysis, with varimax rotation method, showed
that the Five Factor Model would be the most appropriated to group the
tests scales. It is confirmed, this way, the replicability of the five factor even
by instruments based in others personality theories.
Key-words: Personality; big five factors; psychological assessment; factor
analysis.
Os autores agradecem a Profa. Dra. Carmen Flores-Mendoza, pela revisão de análises e redação do artigo.
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Mosaico: estudos em psicologia ♦ 2007 ♦ Vol. I ♦ nº 1 ♦ p. 37-49
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Renata Saldanha Silva - Carlos G. Schlottfeldt - Mariana P. Rozenberg - Mariana T. Santos - Álvaro José Lelé
Introdução
As teorias fatoriais da per-
sonalidade podem ser conceituadas como
um delineamento matemático da estrutura
da personalidade que reflete uma síntese
de características básicas, considerando-
se suas principais propriedades e as
relações entre elas (Pervin & John, 2004).
De acordo com estas teorias, a perso-
nalidade pode ser entendida como um
conjunto de padrões estáveis das dimen-
sões afetivas, cognitivas e comportamen-
tais dos seres humanos.
Entre as teorias clássicas fatoriais
mais importantes acerca da personalidade
destacam-se as desenvolvidas por R. B.
Cattell e H. J. Eysenck.
Cattell, na construção de sua
teoria, baseou-se em análises fatoriais de
descrições de personalidade obtidas
através de entrevistas, questionários e
avaliações entre pares. Atribui-se a Cattell
o desenvolvimento de uma metodologia
que permitiu agrupar de forma objetiva
centenas de descritores de traços
(Digman, apud Hutz, Nunes, Silveira,
Serra, Antón & Wieczorek, 1998). Para
isso, Cattell partiu da abordagem léxica,
que utiliza os descritores encontrados na
linguagem natural das pessoas como fonte
para encontrar as principais carac-
terísticas da personalidade humana
(García, 2006). Sua pesquisa resultou em
um modelo baseado em 16 fatores
primários que se combinam a seis fatores
de segunda ordem sendo operacio-
nalizado por meio do instrumento Sixteen
Personality Factor Questionaire (16PF; Eber
& Tatsuoka apud Noller et al, 1987; García,
2006).
A teoria de Eysenck, diferente da
de Cattell, não está baseada na lin-
guagem, mas em parâmetros biológicos
dos traços. Deste modo, Eysenck consi-
derava como traços do temperamento,
aquelas características que tivessem uma
base biológica obtida através de estudos
correlacionais e experimentais (García,
2006). Neste sentido, na década de 1950,
desenvolveu-se o Eysenck Personality
Inventory (EPI; Eysenck & Eysenck, apud
García, 2006), que avaliava a introversão e
o neuroticismo. Mais tarde, na década de
1970, com o objetivo de estudar as
diversas formas das psicoses, desen-
volveu-se o Eysenck Personality Questi-
onnaire (EPQ, Eysenck & Eysenck apud
García, 2006). Este instrumento traz uma
inovação ao anterior: a inclusão do
terceiro fator ao modelo de Eysenck, o
chamado fator de Psicoticismo (Eysenck
apud García, 2006) e, a partir de então, a
teoria de Eysenck passa a ser conhecida
como sistema PEN (Psicoticismo, Extro-
versão e Neuroticismo).
O fator Psicoticismo reúne
características como egocentrismo, frieza,
agressividade, impessoalidade, impul-
sividade, falta de empatia, criatividade,
obstinação e anti-sociabilidade. Tal fator é
definido pela tendência a ser solitário e
insensível, mas a aceitar os costumes
sociais e se interessar por outras pessoas.
A Extroversão inclui fatores primários de
sociabilidade, vitalidade, atividade, asser-
tividade, busca de sensações, domi-
nância. Assim, a dimensão introversão
caracteriza-se pela disposição a ser
quieto, reservado, reflexivo e evitar ris-
cos, enquanto a dimensão extroversão
caracteriza-se pela disposição para ser
sociável, simpático e correr riscos.Por fim,
Neuroticismo caracteriza a ansiedade,
depressão, sentimentos de culpa, baixa
auto-estima, tensão, irracionalidade, timi-
dez, tristeza e emotividade (Pervin & John,
2004).
Diversos estudos (Digman, 1979,
Digman & Inouye, 1986) apontam que o
teste desenvolvido por Eysenck, EPI,
subvaloriza o número de fatores ne-
cessários para avaliar a personalidade.
Por outro lado, os mesmos estudos apon-
tam que Cattell, no 16PF, sobrevaloriza as
dimensões ao utilizar 16 fatores. Um
instrumento que utiliza um número
intermediário de fatores são as Esca-
las de Personalidade de Comrey
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Replicabilidade do Modelo dos Cinco Grandes Fatores em medidas da personalidade
(CPS; Costa 2003) que utiliza oito fatores
descritos nas seguintes escalas: Confiança
- Atitude Defensiva; Ordem - Falta de
Compulsão; Conformidade – Incon-
formidade Social; Atividade - Passividade;
Estabilidade Emocional - Neuroticismo;
Extroversão - Introversão; Masculinidade
– Feminilidade; Empatia - Egocentrismo.
As diversas teorias fatoriais da
personalidade fomentaram diversas
pesquisas, entre elas, um estudo com-
parativo realizado por Noller, Law e
Comrey (1987) com três instrumentos:
16PF, CPS e o EPI. Os autores encontraram
evidências que corroboram a existência
de um modelo pentafatorial estável da
personalidade.
Diferente dos modelos teóricos
apresentados, o modelo dos cinco
grandes fatores é um modelo ateórico. Os
cinco fatores foram descobertos a partir
da análise de descritores da perso-
nalidade, encontrados na linguagem
natural. Partiu-se da hipótese lexical
fundamental, que afirma que "as dife-
renças individuais mais importantes nas
transações humanas serão codificadas
como termos únicos em algumas ou em
todas as línguas do mundo” (Goldberg
apud Pervin & John, 2004, p. 215). Desse
modo, o modelo dos cinco grandes fatores
parte do pressuposto de que todos os
aspectos da personalidade humana que
têm alguma importância estão registrados
na linguagem natural. (Cattell apud
McCrae, 2006).
O surgimento destes cinco fatores
léxicos possibilitou a elaboração de uma
taxonomia, através da qual é possível
classificar todos os traços de per-
sonalidade reconhecidos tanto por
psicólogos quanto por leigos (McCrae,
2006). Além disso, o modelo dos cinco
grandes fatores abriu caminho ao
desenvolvimento de novos instrumentos
criados especificamente para avaliar os
fatores (De Raad & Perugini apud McCrae,
2006).
Este modelo tem sido o mais
utilizado em pesquisas acerca da
personalidade, por ter-se mostrado
abrangente e conciso. Apesar de
considerar os traços de personalidade
como biologicamente fundamentados, o
modelo dos cinco grandes fatores
reconhece que existem adaptações
psicológicas aprendidas a partir das ex-
periências cotidianas (McCrae, 2006).
Dessa forma, os traços de personalidade
serviriam como um auxílio à forma como
interpretamos nosso ambiente e res-
pondemos a ele, o que explica as dife-
renças individuais. O modelo dos cinco
grandes fatores “sustenta que os traços
com base biológica interagem com o
ambiente social para orientar nosso
comportamento a cada instante” (McCrae,
2006: 215).
Embora existam algumas con-
trovérsias com relação à denominação de
cada fator, de acordo com a nomenclatura
utilizada no manual do Inventário de
Personalidade NEO revisado (NEO PI-R),
versão brasileira, têm-se: Extroversão,
Neuroticismo, Abertura à Experiência,
Conscienciosidade e Amabilidade.
A Extroversão corresponde ao nível
de sociabilidade de um indivíduo.
Características como atividade (alto nível
de energia), disposição, otimismo e
afetuosidade fazem parte da definição de
um indivíduo extrovertido. Por outro lado,
os introvertidos são sérios e inibidos e
evitam a companhia de outras pessoas.
Não são necessariamente tímidos, já que
podem possuir um bom nível de
habilidades sociais.
O Neuroticismo diz respeito à
instabilidade/estabilidade emocional de
um sujeito. Esse traço refere-se a emoções
negativas, como ansiedade, desamparo,
irritabilidade e pessimismo. Indivíduos
com alto escore nesse fator tendem a ser
bastante preocupados, melancólicos e
irritados. Geralmente são ansiosos e
apresentam mudanças freqüentes de
humor e depressão. Tendem a sofrer de
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Renata Saldanha Silva - Carlos G. Schlottfeldt - Mariana P. Rozenberg - Mariana T. Santos - Álvaro José Lelé
transtornos psicossomáticos e apresentam
reações muito intensas a todo tipo de
estímulos. Contrariamente, o sujeito es-
tável tende a responder a estímulos
emocionais de maneira controlada e
proporcionada. Retorna rapidamente a
seu estado normal após uma elevação
emocional. Normalmente é equilibrado,
calmo, controlado e despreocupado.
A Abertura à Experiência ca-
racteriza-se por um interesse intrínseco na
experiência em uma ampla variedade de
áreas. Engloba traços como flexibilidade
de pensamento, fantasia e imaginação,
interesses culturais, versatilidade e
curiosidade. Indivíduos fechados, ao
contrário, preferem o conhecido e a rotina
e prezam os valores tradicionais.
A Amabilidade refere-se a traços
que levam a atitudes e a comportamentos
pró-sociais. Indivíduos com alto escore
nesse fator possuem tendência a serem
socialmente agradáveis, calorosos, dó-
ceis, generosos e leais. Enquanto que
aqueles que apresentam baixa cor-
dialidade são mais preocupados com seus
próprios interesses e desconfiam facil-
mente das outras pessoas.
A Conscienciosidade refere-se ao
senso de contenção e sentido prático.
Indivíduos com alta responsabilidade são
zelosos e disciplinados, apresentando
características como honestidade, enge-
nhosidade, cautela, organização e per-
sistência. Já os que possuem baixa res-
ponsabilidade são relaxados e sem am-
bição. Possivelmente, são mais distraídos
e até mesmo preguiçosos, sendo facil-
mente desencorajados a cumprir uma
tarefa.
De acordo com o modelo dos cinco
grandes fatores, cada traço da perso-
nalidade subdivide-se em seis facetas
inter-relacionadas, que podem ser defi-
nidas como fatores primários do traço em
questão (García, 2006). As facetas
possuem o importante papel de repre-
sentar da melhor maneira possível a am-
plitude e o alcance de cada fator (McCrae,
2006), proporcionando informações mais
detalhadas que não estão refletidas no
traço temperamental por si só (García,
2006). Elas distribuem-se conforme a
tabela 1.
Tabela 1 - Facetas do modelo dos cinco grandes fatores distribuídas por fator
Fatores Neuroticismo Extroversão Abertura Amabilidade Conscienciosidade
Facetas
Ansiedade
Hostilidade
Depressão
Autoconsciência
Impulsividade
Vulnerabilidade
Acolhimento
Gregarismo
Assertividade
Atividade
Busca de sensações
Emoções positivas
Fantasia
Estética
Sentimentos
Ações
Idéias
Valores
Confiança
Franqueza
Altruísmo
Aquiescência
Modéstia
Sensibilidade
Competência
Ordem
Senso de dever
Direcionamento
Autodisciplina
Deliberação
Um dos principais motivos da atual
predominância do modelo dos cinco
grandes fatores é a sua replicabilidade
(García, 2006). Os cinco fatores já foram
encontrados independentemente do país,
dos instrumentos de medição utilizados e
da pessoa que é avaliada (García, 2006).
Essas três evidências representam, além
de um critério de validação do modelo
dos cinco grandes fatores, a validação
também dos traços de personalidade em
geral.
Os principais questionários e
inventários de avaliação da
personalidade, desenvolvidos com base
em várias teorias da personalidade (por
exemplo, o 16-PF, o Minnesota Multi-
phasic Personality Inventory - MMPI, a
escala de Necessidades de Murray, o
Califórnia Q-Set, as escalas de Comrey,
entre outros), quando submetidos a
análises fatoriais, isoladamente ou em
conjunto, produzem soluções compatíveis
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Replicabilidade do Modelo dos Cinco Grandes Fatores em medidas da personalidade
com o modelo dos cinco grandes fatores
(Ozer & Reise, 1994; Hutz & col., 1998).
Em um estudo em que são com-
paradas uma amostra de brasileiros e
outra de norte-americanos, obteve-se uma
estrutura fatorial quase idêntica entre as
duas. Os dados norte-americanos eram de
auto-relatos feitos por adultos. Os dados
brasileiros eram hetero-avaliações de
estudantes e adultos feitas por uni-
versitários quase 15 anos mais tarde. Os
norte-americanos responderam a um
questionário em inglês e os brasileiros a
uma tradução para o português do Brasil.
Nem a fonte dos dados, nem a idade do
alvo, tampouco a época ou a língua e a
cultura exerceram influências sig-
nificativas sobre os resultados encon-
trados. Isso comprova mais uma vez que o
modelo dos cinco grandes fatores des-
creve satisfatoriamente a personalidade
humana (McCrae, 2006).
Como foi dito anteriormente, já se
sabe que diferentes países apresentam
estruturas de personalidade coerentes
com o modelo dos cinco grandes fatores,
inclusive o Brasil. Entretanto, poucos es-
tudos têm sido feitos acerca da
replicabilidade deste modelo em outros
instrumentos de personalidade validados
no Brasil. Com base nisto, o objetivo do
presente estudo foi testar a repli-
cabilidade do modelo dos cinco grandes
fatores em duas medidas de per-
sonalidade muito usadas: O Inventário
Fatorial de Personalidade (IFP) e a Escala
de Personalidade de Comrey (CPS).
Método
Amostra
O estudo foi realizado em uma
instituição de ensino superior particular
na cidade de Belo Horizonte - MG. A
amostra foi composta por 654 estudantes
universitárias do sexo feminino, do curso
de psicologia, com idades entre 19 e 58
anos (M=25,66 anos, DP=6,84).
Instrumentos
Foram administradas duas escalas
de avaliação da personalidade:
Inventário Fatorial da Personalidade (IFP):
consiste num inventário objetivo da
personalidade, de natureza verbal e
baseado na teoria das necessidades
básicas de Henry Murray (1938). Reúne 15
fatores da personalidade, que são
representados por 155 itens, medidos
numa escala tipo Likert de 7 pontos. O
teste conta também com uma escala de
mentira e outra de desejabilidade social.
Encontra-se, na Tabela 2, a relação dos
fatores seguida de uma sucinta descrição
(Pasquali, Azevedo & Ghesti, 1997).
Tabela 2 - Síntese dos fatores do Inventario Fatorial de Personalidade
Fatores do IFP Descrição
Assistência Expressa, em sujeitos fortes neste fator, os sentimentos de piedade, compaixão e
ternura, pelos quais o sujeito busca dar simpatia e gratificar as necessidades de outro.
Intracepção Tendência, em sujeitos fortes neste fator, de se deixarem conduzir por sentimentos e
inclinações difusas e por julgamentos subjetivos. Busca da felicidade pela fantasia e
imaginação.
Afago Busca de apoio, proteção, amor, orientação e consolo caracterizam sujeitos fortes neste
fator. Expectativa de ter seus desejos satisfeitos por alguém querido.
Deferência Respeito, admiração e reverência às autoridades em sujeitos com altos escores neste
fator.
Afiliação Em sujeitos com altos escores neste fator, desejo de dar e receber afeto de pessoas
amigas. Caracterizados pela confiança, boa vontade, amor e lealdade.
Dominância Expressa sentimentos de autoconfiança e desejo de controlar os outros através da
sugestão, sedução, persuasão e comando, em sujeitos fortes neste fator.
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Renata Saldanha Silva - Carlos G. Schlottfeldt - Mariana P. Rozenberg - Mariana T. Santos - Álvaro José Lelé
Tabela 2 (Cont.) - Síntese dos fatores do Inventario Fatorial de Personalidade
Denegação Em sujeitos fortes neste fator, desejo de se submeter passivamente à força externa,
aceitar desaforo, castigo e culpa. Resignar-se ao destino e admitir inferioridade.
Desempenho Desejo de realizar algo difícil, como dominar, manipular e organizar objetos, pessoas e
idéias.
Exibição Desejo de impressionar, ser ouvido e visto. Os sujeitos fortes neste fator gostam de
exercer fascínio sobre os outros.
Agressão Desejo de superar com vigor e violência a oposição. A raiva, irritação e ódio
caracterizam sujeitos fortes neste fator.
Ordem Tendência a pôr todas as coisas em ordem, manter limpeza, organização, equilíbrio e
precisão caracterizam os sujeitos fortes neste fator.
Persistência Tendência de levar a cabo qualquer trabalho iniciado. Pode levar o sujeito com altos
escores neste fator à obsessão pelo resultado final de um trabalho.
Mudança Desejo de desligar-se de tudo que é rotineiro e fixo é o desejo de uma pessoa com alto
escore nesse fator. Gosto pela novidade e pela aventura.
Autonomia Sentir-se livre, sair do confinamento, resistir à coerção e oposição caracterizam sujeitos
fortes nesse fator, que não gostam de se submeterem às imposições das autoridades.
Heterossexualidade Desejo de manter relações, desde românticas até sexuais com indivíduos do sexo
oposto.
Fonte: Inventário Fatorial de Personalidade: manual técnico e de avaliação / Luiz Pasquali, Maria Mazzarello
Azevedo, Ivânia Ghesti. São Paulo: Casa do Psicólogo: 1997.
Escala de Personalidade de Comrey
(CPS): instrumento destinado a medir de
forma objetiva os diversos fatores da
personalidade, capaz de diagnosticar
tanto qualitativa como quantitativamente
os fatores detectados em cada sujeito.
Possui 100 afirmações, respondidas
através de uma escala de 7 pontos. O teste
agrupa seus itens em duas escalas de
validação e oito escalas fatoriais de
personalidade, descritas na Tabela 3
(Comrey, 1997).
Tabela 3: Síntese dos Fatores da Escala de Personalidade de Comrey
Escalas do CPS Descrição
Confiança
x
Atitude Defensiva
Escores altos: crença na honestidade, confiabilidade e boas intenções das outras pessoas.
Acreditam que os outros desejam-lhe o bem e possuem fé na natureza humana.
Escores baixos: indicam falta de crença na honestidade, confiabilidade e boas intenções
das outras pessoas. Os indivíduos são cínicos, defensivos, desconfiados e possuem uma
opinião baixa do valor do homem comum.
Ordem
x
Falta de Compulsão
Escores altos: pessoas cuidadosas, meticulosas, ordeiras e muito organizadas. Os
indivíduos tendem a se preocuparem com limpeza e apreciam a rotina.
Escores baixos: pessoas pouco cuidadosas e pouco organizadas. Inclinam-se a serem
descuidadas, relaxadas, não sistemáticas em seu estilo de vida, imprudentes e poucos
asseadas.
Conformidade
x
Inconformidade
Social
Escores altos: aceitam a sociedade como ela é, ressentem-se do não conformismo de
outras pessoas, procuram aprovação da sociedade, e respeitam as leis.
Escores baixos: inclinam-se a contestar a lei e as instituições, ressentem-se do controle,
não aceitam a sociedade como ela é, são rebeldes.
Atividade
x
Passividade
Escores altos: têm muita energia e resistência, trabalham muito e procuram padrões de
excelência. Gostam de atividade física, possuindo grande energia e perseverança e
esforçando-se para atingir seu máximo.
Escores baixos: inclinam-se à inatividade física, faltando-lhes vigor e energia, cansam-se
rapidamente e quase não têm motivação para superar-se. Esforçam-se pouco para atingir
seus objetivos.
Estabilidade
Emocional
x
Neuroticismo
Escores altos: são livres de sentimentos de depressão, são otimistas, tranqüilas, estáveis
de humor, e confiantes.
Escores baixos: demonstram sentimentos de inferioridade, são agitados, deprimidos,
pessimistas e reagem com freqüentes oscilações de humor, possuindo falta de confiança
em si mesmos
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Replicabilidade do Modelo dos Cinco Grandes Fatores em medidas da personalidade
Tabela 3 (Cont.): Síntese dos Fatores da Escala de Personalidade de Comrey
Extroversão
x
Introversão
Escores altos: interagem facilmente com os outros, procuram novos amigos, sentem-se à
vontade com pessoas estranhas e não têm medo de aparecer em público. São expansivos,
sociáveis e acessíveis.
Escores baixos: são mais reservados, reclusos, fleumáticos, tímidos, com dificuldade para
estabelecer contato com outros e receiam ser o foco de atenção.
Masculinidade
x
Feminilidade
Escores altos: tendem a ser teimosos, durões, frios, não se incomodam som sangue, bichos
rastejantes, vulgaridade, e não choram facilmente nem mostram muito interesse em
histórias de amor.
Escores baixos: choram com facilidade, perturbando-se com animais rastejantes e
pegajosos e demonstram grande interesse no romantismo.
Empatia
x
Egocentrismo
Escores altos: São pessoas prestativas, generosas, simpáticas e que estão interessadas em
devotar suas vidas ao serviço de outros.
Escores baixos: não são particularmente empáticos ou prestativos, tendendo à ocuparem-
se de si mesmos e com seus próprios objetivos, não demonstrando interesse em
dedicaram suas vidas ao serviço de outros.
Fonte: Escalas de Personalidade de Comrey: manual técnico / Andrey L. Comrey. Vetor Editora Psico-Pedagogica
Ltda: 1997.
Procedimentos
Todos os testes foram aplicados
coletivamente em sala de aula, seguindo
as instruções dos respectivos manuais de
aplicação. Os instrumentos foram apli-
cados em dias variados.
Os dados resultantes foram
analisados mediante o programa esta-
tístico SPSS (Statistical Package for the
Social Sciences), versão 15. Foram
realizadas análises de estatística des-
critiva, a fim de caracterizar a amostra e
Análise Fatorial Exploratória, a fim de
verificar se um modelo de cinco fatores
seria o mais adequado para agrupamento
das escalas dos testes.
Para a análise fatorial dessas
escalas, empregou-se a Principal Axis
Factoring (PAF), técnica que elimina a
variância do erro que contamina os com-
ponentes. Para interpretação dos fatores
utilizou-se o método de rotação varimax,
pois este maximiza os efeitos das cargas
fatoriais, facilitando assim a identificação
de relações entre estas (Hair, Anderson,
Tatham & Black, 2005).
Cabe destacar que a análise
fatorial foi feita em nível de escalas e não
dos itens das escalas. Costa e McCrae
(1992), por exemplo, consideram que o
NEO PI-R, um dos instrumentos de ava-
liação dos cinco grandes fatores mais
utilizados no mundo, pode ser mais bem
analisado em nível de facetas do que de
itens. Isto porque as facetas representam
melhor os traços de personalidade do que
os itens. Além disso, Noller, Law e
Comrey (1987) consideram que as escalas
de personalidade cobrem de maneira
ampla os mesmos domínios com
diferentes nomes, razão pela qual uma
análise fatorial poderá identificar as
intercorrelações entre as escalas e,
portanto, verificar se emerge um modelo
robusto de personalidade envolvendo
cinco fatores.
Resultados
O teste KMO apresentou o valor
0,753, que indica boa adequação dos
dados para a análise fatorial. Já o teste de
esfericidade de Bartlett mostrou signi-
ficância menor que 0,0001, de onde se
conclui que a matriz de correlações não é
a matriz identidade, ou seja, há
correlações entre as variáveis, que per-
mite o agrupamento destas em fatores
(Hair & cols, 2005).
Para melhor adequação ao modelo,
alguns fatores dos testes foram excluídos
da análise. Estes foram:
1 Mentira e Desejabilidade social (IFP);
Validade e Tendenciosidade da
Resposta (CPS) – trata-se de itens de
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44
Renata Saldanha Silva - Carlos G. Schlottfeldt - Mariana P. Rozenberg - Mariana T. Santos - Álvaro José Lelé
validade, que medem a atitude do
sujeito diante da situação de testagem
e, portanto, não são escalas de
personalidade.
2 Masculinidade (CPS) - Não apresentou
relações significativas com as outras
escalas dos testes, indicando serem
fatores específicos e, portanto, ina-
dequados para o agrupamento em
fatores.
3 Heterossexualidade (IFP) – Por tratar-
se de um fator em que seus itens são
nitidamente relacionados à dinâmica
da sexualidade dos sujeitos, com-
sidera-se pouco pertinente para a
descrição e compreensão das dimen-
sões da personalidade estruturada de
acordo com os modelos investigados
neste estudo.
4 Desempenho (IFP) – Foi inicialmente
incluído na matriz, mas apresentou
carga fatorial significativa em vários
fatores, provavelmente por conter
itens que se relacionam com mais de
um fator do modelo dos cinco grandes
fatores. Assim, esta escala não seria
útil pra o modelo em questão.
Para escolha do número de fatores
optou-se pelo critério da raiz latente, que
considera que os fatores obtidos devem
ter autovalores maiores que um (Hair &
cols, 2005). Desta forma, foram extraídos
cinco fatores que explicam, juntos, 47,26
% da variância. Para interpretação desses
cinco fatores empregou-se o método de
rotação varimax. A tabela 4 apresenta a
matriz fatorial extraída.
Tabela 4: Matriz fatorial das escalas dos testes IFP e CPS
Fator 1 Fator 2 Fator 3 Fator 4 Fator 5 h2
IFP Assistência 0,827 0,584
IFP Intracepção 0,532 0,371
IFP Afago 0,563 0,465
IFP Deferência 0,522 0,383
IFP Afiliação 0,723 0,588
CPS Empatia 0,413 0,273
IFP Agressão 0,666 0,509
IFP Exibição 0,791 0,608
IFP Dominância 0,779 0,549
IFP Denegação 0,305 -0,426 0,348
CPS Confiança 0,368 0,202
CPS Extroversão 0,563 0,402
CPS Atividade 0,642 0,397
CPS Estabilidade Emocional 0,714 0,421
IFP Persistência 0,565 0,410
IFP Ordem 0,769 0,411
CPS Ordem 0,629 0,334
CPS Conformidade -0,397 0,201
IFP Mudança 0,390 0,445 0,388
IFP Autonomia 0,686 0,376
Autovalor 2,739 2,099 1,840 1,483 1,290
Variância explicada (%) 13,697 10,495 9,201 7,414 6,452
O primeiro fator parece
representar a dimensão de Amabilidade.
Características como altruísmo, desejos e
sentimentos de piedade, compaixão e
ternura pelos mais fracos, além de
necessidades de apoio e proteção são
mensuradas pelas escalas relacionadas
neste fator. Uma escala que talvez se
distancie um pouco do fator Amabilidade
é a “Intracepção”, do IFP. De acordo com
o manual do teste essa dimensão está
relacionada a sentimentos e inclinações
difusas, à procura pela felicidade, através
da fantasia e da imaginação. Assim, o
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Mosaico: estudos em psicologia ♦ 2007 ♦ Vol. I ♦ nº 1 ♦ p. 37-49
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Replicabilidade do Modelo dos Cinco Grandes Fatores em medidas da personalidade
intraceptivo seria definido por adjetivos
do tipo: subjetivo, imaginativo, pessoal
nos julgamentos, pouco prático,
metafísico, etc., características muito mais
ligadas ao fator “Open” (Abertura à
Experiência) do que Amabilidade do
modelo dos cinco grandes fatores.
Entretanto, ao analisar os itens que
compõem a escala “Intracepção” no IFP,
percebe-se que há muitos relacionados à
empatia, retratando desejos de com-
preender os sentimentos e motivações
dos outros, por exemplo. Isto talvez
explique a alta correlação com o fator
Amabilidade. Outra escala que apre-
sentou carga significativa neste fator foi
“Deferência” do IFP. Os itens desta escala
são relativos a admiração e respeito pela
autoridade, características que podem
estar relacionadas com as facetas Aqui-
escência e Modéstia do fator “Abertura”,
de acordo com o modelo dos cinco
grandes fatores.
O segundo fator obtido é
composto por três dimensões do teste IFP:
Agressão, Exibição e Dominância. Um alto
escore nesta última dimensão indica uma
intensa busca por controle nas relações
interpessoais, que pode ser exercido pela
persuasão, sedução ou comando. Há,
também, neste grupo, uma busca
constante por ser notado, fazendo-se uso
da oratória e articulação motora, bus-
cando sempre impressionar e entreter, o
que caracteriza a dimensão da Exibição.
As ações orientadas neste grupo atendem,
ainda, a uma necessidade de superar
qualquer resistência, apresentando-se fre-
qüentemente como oposicionistas.
Chegam também a apresentarem compor-
tamentos agressivos, tanto física quanto
verbalmente, explicitando, então, a di-
mensão da Dominância. Tais carac-
terísticas descrevem com precisão o fator
de Extroversão do modelo dos cinco
grandes fatores.
O terceiro fator extraído pode ser
entendido como Neuroticismo. Foram em-
contradas correlações significativas entre
as escalas de “Estabilidade Emocional”,
“Confiança”, “Atividade” e “Extroversão”
da escala CPS e o fator Denegação do IFP.
De acordo com os itens que
compõem cada fator da escala CPS, é
possível verificar a existência de certa
afinidade dos fatores do CPS às facetas do
Neuroticismo, descritas no modelo dos
cinco grandes fatores. Dessa forma, o fator
Estabilidade Emocional, do CPS, apre-
senta maior relação com a faceta
Ansiedade, dos cinco grandes fatores, que
diz de pessoas apreensivas, nervosas e
bastante preocupadas. O fator Confiança,
do CPS, possui itens que se assemelham à
faceta hostilidade, do modelo dos cinco
grandes fatores, caracterizando sujeitos
que tendem a experienciar situações de
raiva, frustração e amargura. O fator
Atividade, do CPS, está diretamente
relacionado à faceta depressão, dos cinco
grandes fatores, pois seus itens indicam
claramente o estado de desânimo, falta de
coragem e sentimento de tristeza. O
último fator do CPS é a Extroversão,
aparentemente alheio à dimensão de
Neuroticismo no modelo dos cinco
grandes fatores. Contudo, um exame dos
itens que constituem esse fator permite
verificar que tais enquadram-se na faceta
Autoconsciência, da dimensão de Neu-
roticismo do modelo dos cinco grandes
fatores, indicando, assim, a presença, no
indivíduo, de emoções como vergonha e
embaraço, sensação de desconforto frente
a outras pessoas e, conseqüentemente,
sentimento de inferioridade em relação ao
outro.
Há, ainda, uma correlação negativa
entre Denegação do teste IFP e o fator 3,
mas essa mesma escala se correlaciona de
forma positiva com o fator 1, identificado
aqui como Amabilidade. Isso indica que
indivíduos com alto escore no terceiro
fator extraído têm a tendência de se
submeterem de forma passiva à força
alheia, aceitar desaforos, castigos e culpa,
admitindo por vezes fracasso não como
forma de demonstração de fraqueza ou
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Mosaico: estudos em psicologia ♦ 2007 ♦ Vol. I ♦ nº 1 ♦ p. 37-49
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Renata Saldanha Silva - Carlos G. Schlottfeldt - Mariana P. Rozenberg - Mariana T. Santos - Álvaro José Lelé
vulnerabilidade (característica do
Neuroticismo) e sim como características
da sensibilidade para com o outro. A
análise do conteúdo dos itens que com-
põem a dimensão Denegação no teste IFP
permite observar que a idéia de
inferioridade pode ser confundida por
concessão a terceiros ou prestação de
favores, o que em parte caracteriza a
agradabilidade social de indivíduos com
alto escore em Amabilidade.
O quarto fator extraído apresentou
cargas nas facetas Persistência e Ordem
do teste IFP e também mostrou correlação
com a escala Ordem vs. Falta de
Compulsão (O) do teste CPS. Costa (2003)
trata esta última escala (O), em um dos
extremos, como características de
pessoas altamente escrupulosas, meti-
culosas e ordeiras. Esta descrição é
semelhante à dada por Pasquali, Azevedo
& Ghesti (1997), em que a faceta Ordem
no teste IFP representaria a precisão,
organização e equilíbrio na execução das
tarefas. Pessoas com alto escore no fator
Per-sistência realizam suas tarefas mesmo
diante de qualquer obstáculo, de forma
exaustiva, muitas vezes levando-as ao
cansaço e a preocupações. Estas des-
crições se mostram coerentes, então, com
fator Conscienciosidade do modelo dos
cinco grandes fatores de onde foram
extraídas cargas moderadas nas facetas
“Persistência”, do IFP, e Ordem, do CPS
(0.527 e 0.613 respectivamente) e forte
(0.760) na faceta Ordem, do IFP. Tais
resultados indicam, então, a grande pro-
ximidade entre essas facetas, descritas
nos testes IFP e CPS, com a do modelo dos
cinco grandes fatores.
Por fim, o quinto fator extraído é
composto pelas dimensões “Mudança” e
“Autonomia” do IFP e por “Com-
formidade” do CPS. Entre as carac-
terísticas presentes pode citar-se o gosto
pela novidade e pela aventura, o interesse
por mudanças de hábitos, lugares, etc,
além de uma necessidade de sentir-se
livre, resistir à coerção e à imposição de
tarefas ou convenções. Essas caracte-
rísticas parecem estar relacionadas ao
fator Abertura do modelo dos cinco
grandes fatores. O fator “Conformidade”
apresentou carga fatorial negativa, o que
é coerente com a descrição deste fator, já
que pessoas com alto nível de Abertura
são pouco conformistas, questionam as
leis e buscam autonomia. A dimensão
Mudança, do IFP, também apresentou
carga maior do que 0,30 no primeiro fator,
denominado Amabilidade. Sugere-se,
como uma possível explicação para esta
aproximação entre os dois fatores, que
pessoas com um alto escore no fator
Mudança – caracterizadas pelo desejo de
buscarem novidades, como mudar de
cidade e relacionar-se com pessoas
diferentes – requerem um trato social mais
refinado para obterem êxito em sua
mobilidade.
Discussão
O modelo dos cinco grandes
fatores representa uma avaliação empírica
na área da personalidade, fornecendo
uma descrição objetiva, consistente e re-
plicável das dimensões da personalidade
humana. Apesar de ser relativamente
recente, engendrou diversas pesquisas
transculturais que corroboram sua univer-
salidade. Ainda existem divergências
quanto à denominação dos fatores, mas
alcançou-se um consenso em relação ao
conteúdo das dimensões, organizadas em
torno dos cinco fatores. Apesar de, no
Brasil, os estudos ainda serem incipientes,
alguns achados fortalecem a aplica-
bilidade do modelo (McCrae & Ter-
racciano, 2005).
Hutz e colaboradores (1998) em
sua pesquisa com o desenvolvimento de
marcadores para a avaliação da per-
sonalidade no modelo dos cinco grandes
fatores para uso no Brasil, obtiveram, em
suas análises fatoriais e aplicando
diferentes métodos de extração, cinco
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Mosaico: estudos em psicologia ♦ 2007 ♦ Vol. I ♦ nº 1 ♦ p. 37-49
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Replicabilidade do Modelo dos Cinco Grandes Fatores em medidas da personalidade
fatores correspondentes aos descritos na
literatura. No presente estudo foi
verificada a possibilidade da utilização do
modelo dos cinco grandes fatores para a
população brasileira, assim como na
pesquisa citada.
Sustenta-se, desse modo, a
replicabilidade do modelo dos cinco
grandes fatores, que resulta de uma
generalização empírica, a qual possibilita
reproduzi-lo independentemente do ins-
trumento ou do método de análise
utilizado, tal como Costa e McCrae
afirmavam (1992).
Faz-se mister traçar alguns
apontamentos em relação à amostra do
estudo, composta essencialmente por
sujeitos do sexo feminino. Estudos com o
Inventário Fatorial de Personalidade – IFP
evidenciam algumas diferenças quanto ao
sexo em relação aos fatores: pessoas do
sexo feminino se sobressaem nos desejos
de ajudar os outros e de compreender
seus sentimentos, necessitando de maior
ajuda, de mudança, respeito e amizade.
Enquanto os homens manifestam maiores
necessidades de dominar, de se exibir e
de relacionamentos heterossexuais. (Pas-
quali, Azevedo & Ghesti, 1997). Tendo em
vista as comprovadas diferenças entre
homens e mulheres em personalidade,
faz-se necessário um tratamento estatístico
que leve em conta tais diferenças.
Portanto, é interessante uma amostra
funda-mentalmente feminina para efetuar-
se a análise fatorial. Entretanto, seria inte-
ressante a composição de uma amostra
masculina, a qual não foi possível obter,
neste estudo, para ser submetida à mesma
análise. Ressalta-se a importância de tal
estudo para pesquisas posteriores.
Em relação à escala Mascu-
linidade/Feminilidade do teste CPS, não
foi possível agrupá-la em nenhum fator –
tal escala formou um fator separado, o que
nos faz levantar a questão de ser esta
escala outro fator da personalidade. Hutz
& colaboradores (1998) obtiveram um
resultado similar quanto a esta escala e
apontaram para a importância de uma
investigação que conclua por sua
localização no modelo dos cinco grandes
fatores. Reitera-se, de acordo com o
presente estudo, a necessidade de
pesquisas posteriores que elucidem o
motivo de a escala Masculinidade /
Feminilidade não ter se agrupado em
nenhum fator para que se possa averiguar
a hipótese de ser esta uma escala que
possui a dimensão de um fator dife-
renciado da personalidade.
Conclusão
Neste estudo, foi possível
comprovar, através da análise fatorial dos
testes CPS e IFP, a existência de uma
estrutura fatorial correspondente ao
modelo dos cinco grandes fatores, com as
dimensões medidas pelos dois instru-
mentos agrupadas em cinco fatores.
Verifica-se que tanto o CPS quanto o IFP,
ao serem submetidos à análise fatorial,
agruparam suas escalas nos cinco grandes
fatores. Evidencia-se, assim, que tais
fatores não emergem apenas através de
instrumentos criados com o objetivo de
identificá-los, já que é possível encontrar
estruturas fatoriais equivalentes ao
modelo dos cinco grandes fatores em
instrumentos que têm como fundamen-
tação outras teorias da personalidade.
Finalmente, é preciso apontar que
o modelo dos cinco grandes fatores,
apesar de apresentar explicações sa-
tisfatórias em relação aos processos
universais da personalidade e às di-
mensões comuns das diferenças indivi-
duais, apresenta limitações ao tratar das
características únicas dos indivíduos. Tal
limitação torna este modelo dependente
de outros sistemas de personalidade, na
medida em que é usado como um
referencial para interpretá-lo. Entretanto,
isto não invalida sua amplitude,
comprovada nos estudos transculturais,
nem tampouco sua aplicabilidade para
fins práticos e de pesquisa. ■
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Mosaico: estudos em psicologia ♦ 2007 ♦ Vol. I ♦ nº 1 ♦ p. 37-49
48
Renata Saldanha Silva - Carlos G. Schlottfeldt - Mariana P. Rozenberg - Mariana T. Santos - Álvaro José Lelé
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Retirado em 12 de agosto de 2007, de
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010279721998000200015&l
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Ozer, D.J. & Reise, S.P. (1994). Personality Assessment. Annual Review of
Psychology. 45, 357-388.
Recebido em:15/08/2007
Revisado em: 22/10/2007
Aceito em: 23/10/2007
Sobre os autores:
Renata Saldanha Silva é aluna do curso de graduação em psicologia pela Faculdade de Filosofia e
Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais. E-mail: rsaldanha@ufmg.br
Carlos Guilherme Schlottfeldt é aluno do curso de graduação em psicologia pela Faculdade de
Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais.
Mariana Prates Rozenberg é aluna do curso de graduação em psicologia pela Faculdade de
Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais.
Mariana Teles Santos é aluna do curso de graduação em psicologia pela Faculdade de Filosofia e
Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais.
Álvaro José Lelé é professor do Centro Universitário Newton Paiva.

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Modelo 5 fatores em medidas personalidade

  • 1. ______________________________________________________________________ Mosaico: estudos em psicologia ♦ 2007 ♦ Vol. I ♦ nº 1 ♦ p. 37-49 37 ISSN 1982 - 1913 2007, Vol. I, nº 1, 37-49 www.fafich.ufmg.br/mosaico Replicabilidade do Modelo dos Cinco Grandes Fatores em medidas da personalidade Replicabilityof the Five Factor Model inpersonalitymeasurements Renata Saldanha Silva Carlos Guilherme Schlottfeldt Mariana Prates Rozenberg Mariana Teles Santos Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte – MG, Brasil Álvaro José Lelé Centro Universitário Newton Paiva, Belo Horizonte – MG, Brasil Resumo O modelo dos cinco grandes fatores descreve a personalidade humana em termos de grandes dimensões, cada uma reunindo uma variedade de traços psicológicos. Esse modelo é um dos mais utilizados em pesquisa acerca da personalidade por se mostrar abrangente e conciso. Assim sendo, no presente estudo, investigou-se a replicabilidade dos cinco fatores em dois instrumentos de medida da personalidade: o Inventário Fatorial da Personalidade – IFP e as Escalas de Personalidade de Comrey – CPS. Esses instrumentos foram aplicados a 654 estudantes universitárias de psicologia, sexo feminino, com idade entre 19 e 58 anos (M=25,66 anos, DP=6,84). A Análise Fatorial, com método de rotação varimax, mostrou que o modelo de cinco fatores seria o mais adequado para agrupamento das escalas dos testes. Confirma-se, assim, a replicabilidade dos cinco fatores mesmo em instrumentos fundamentados em outras teorias da personalidade. Palavras-chave: Personalidade; cinco grandes fatores; avaliação psicológica; análise fatorial. Abstract The Five Factor Model describes the human personality based on great dimensions, each one grouping a variety of psychological traits. This model has been one of the most utilized in researches concerning personality because it is wide and precise. Therefore, in the present study, it was investigated the five factor replicability by two personality measurement instruments: Personality Factor Inventory – IFP and Comrey Personality Scales – CPS. These instruments were administred to 654 female universitary students, aged between 19 and 58 years old (M= 25,66 years old, SD=6,84). The Factor Analysis, with varimax rotation method, showed that the Five Factor Model would be the most appropriated to group the tests scales. It is confirmed, this way, the replicability of the five factor even by instruments based in others personality theories. Key-words: Personality; big five factors; psychological assessment; factor analysis. Os autores agradecem a Profa. Dra. Carmen Flores-Mendoza, pela revisão de análises e redação do artigo.
  • 2. ______________________________________________________________________ Mosaico: estudos em psicologia ♦ 2007 ♦ Vol. I ♦ nº 1 ♦ p. 37-49 38 Renata Saldanha Silva - Carlos G. Schlottfeldt - Mariana P. Rozenberg - Mariana T. Santos - Álvaro José Lelé Introdução As teorias fatoriais da per- sonalidade podem ser conceituadas como um delineamento matemático da estrutura da personalidade que reflete uma síntese de características básicas, considerando- se suas principais propriedades e as relações entre elas (Pervin & John, 2004). De acordo com estas teorias, a perso- nalidade pode ser entendida como um conjunto de padrões estáveis das dimen- sões afetivas, cognitivas e comportamen- tais dos seres humanos. Entre as teorias clássicas fatoriais mais importantes acerca da personalidade destacam-se as desenvolvidas por R. B. Cattell e H. J. Eysenck. Cattell, na construção de sua teoria, baseou-se em análises fatoriais de descrições de personalidade obtidas através de entrevistas, questionários e avaliações entre pares. Atribui-se a Cattell o desenvolvimento de uma metodologia que permitiu agrupar de forma objetiva centenas de descritores de traços (Digman, apud Hutz, Nunes, Silveira, Serra, Antón & Wieczorek, 1998). Para isso, Cattell partiu da abordagem léxica, que utiliza os descritores encontrados na linguagem natural das pessoas como fonte para encontrar as principais carac- terísticas da personalidade humana (García, 2006). Sua pesquisa resultou em um modelo baseado em 16 fatores primários que se combinam a seis fatores de segunda ordem sendo operacio- nalizado por meio do instrumento Sixteen Personality Factor Questionaire (16PF; Eber & Tatsuoka apud Noller et al, 1987; García, 2006). A teoria de Eysenck, diferente da de Cattell, não está baseada na lin- guagem, mas em parâmetros biológicos dos traços. Deste modo, Eysenck consi- derava como traços do temperamento, aquelas características que tivessem uma base biológica obtida através de estudos correlacionais e experimentais (García, 2006). Neste sentido, na década de 1950, desenvolveu-se o Eysenck Personality Inventory (EPI; Eysenck & Eysenck, apud García, 2006), que avaliava a introversão e o neuroticismo. Mais tarde, na década de 1970, com o objetivo de estudar as diversas formas das psicoses, desen- volveu-se o Eysenck Personality Questi- onnaire (EPQ, Eysenck & Eysenck apud García, 2006). Este instrumento traz uma inovação ao anterior: a inclusão do terceiro fator ao modelo de Eysenck, o chamado fator de Psicoticismo (Eysenck apud García, 2006) e, a partir de então, a teoria de Eysenck passa a ser conhecida como sistema PEN (Psicoticismo, Extro- versão e Neuroticismo). O fator Psicoticismo reúne características como egocentrismo, frieza, agressividade, impessoalidade, impul- sividade, falta de empatia, criatividade, obstinação e anti-sociabilidade. Tal fator é definido pela tendência a ser solitário e insensível, mas a aceitar os costumes sociais e se interessar por outras pessoas. A Extroversão inclui fatores primários de sociabilidade, vitalidade, atividade, asser- tividade, busca de sensações, domi- nância. Assim, a dimensão introversão caracteriza-se pela disposição a ser quieto, reservado, reflexivo e evitar ris- cos, enquanto a dimensão extroversão caracteriza-se pela disposição para ser sociável, simpático e correr riscos.Por fim, Neuroticismo caracteriza a ansiedade, depressão, sentimentos de culpa, baixa auto-estima, tensão, irracionalidade, timi- dez, tristeza e emotividade (Pervin & John, 2004). Diversos estudos (Digman, 1979, Digman & Inouye, 1986) apontam que o teste desenvolvido por Eysenck, EPI, subvaloriza o número de fatores ne- cessários para avaliar a personalidade. Por outro lado, os mesmos estudos apon- tam que Cattell, no 16PF, sobrevaloriza as dimensões ao utilizar 16 fatores. Um instrumento que utiliza um número intermediário de fatores são as Esca- las de Personalidade de Comrey
  • 3. ______________________________________________________________________ Mosaico: estudos em psicologia ♦ 2007 ♦ Vol. I ♦ nº 1 ♦ p. 37-49 39 Replicabilidade do Modelo dos Cinco Grandes Fatores em medidas da personalidade (CPS; Costa 2003) que utiliza oito fatores descritos nas seguintes escalas: Confiança - Atitude Defensiva; Ordem - Falta de Compulsão; Conformidade – Incon- formidade Social; Atividade - Passividade; Estabilidade Emocional - Neuroticismo; Extroversão - Introversão; Masculinidade – Feminilidade; Empatia - Egocentrismo. As diversas teorias fatoriais da personalidade fomentaram diversas pesquisas, entre elas, um estudo com- parativo realizado por Noller, Law e Comrey (1987) com três instrumentos: 16PF, CPS e o EPI. Os autores encontraram evidências que corroboram a existência de um modelo pentafatorial estável da personalidade. Diferente dos modelos teóricos apresentados, o modelo dos cinco grandes fatores é um modelo ateórico. Os cinco fatores foram descobertos a partir da análise de descritores da perso- nalidade, encontrados na linguagem natural. Partiu-se da hipótese lexical fundamental, que afirma que "as dife- renças individuais mais importantes nas transações humanas serão codificadas como termos únicos em algumas ou em todas as línguas do mundo” (Goldberg apud Pervin & John, 2004, p. 215). Desse modo, o modelo dos cinco grandes fatores parte do pressuposto de que todos os aspectos da personalidade humana que têm alguma importância estão registrados na linguagem natural. (Cattell apud McCrae, 2006). O surgimento destes cinco fatores léxicos possibilitou a elaboração de uma taxonomia, através da qual é possível classificar todos os traços de per- sonalidade reconhecidos tanto por psicólogos quanto por leigos (McCrae, 2006). Além disso, o modelo dos cinco grandes fatores abriu caminho ao desenvolvimento de novos instrumentos criados especificamente para avaliar os fatores (De Raad & Perugini apud McCrae, 2006). Este modelo tem sido o mais utilizado em pesquisas acerca da personalidade, por ter-se mostrado abrangente e conciso. Apesar de considerar os traços de personalidade como biologicamente fundamentados, o modelo dos cinco grandes fatores reconhece que existem adaptações psicológicas aprendidas a partir das ex- periências cotidianas (McCrae, 2006). Dessa forma, os traços de personalidade serviriam como um auxílio à forma como interpretamos nosso ambiente e res- pondemos a ele, o que explica as dife- renças individuais. O modelo dos cinco grandes fatores “sustenta que os traços com base biológica interagem com o ambiente social para orientar nosso comportamento a cada instante” (McCrae, 2006: 215). Embora existam algumas con- trovérsias com relação à denominação de cada fator, de acordo com a nomenclatura utilizada no manual do Inventário de Personalidade NEO revisado (NEO PI-R), versão brasileira, têm-se: Extroversão, Neuroticismo, Abertura à Experiência, Conscienciosidade e Amabilidade. A Extroversão corresponde ao nível de sociabilidade de um indivíduo. Características como atividade (alto nível de energia), disposição, otimismo e afetuosidade fazem parte da definição de um indivíduo extrovertido. Por outro lado, os introvertidos são sérios e inibidos e evitam a companhia de outras pessoas. Não são necessariamente tímidos, já que podem possuir um bom nível de habilidades sociais. O Neuroticismo diz respeito à instabilidade/estabilidade emocional de um sujeito. Esse traço refere-se a emoções negativas, como ansiedade, desamparo, irritabilidade e pessimismo. Indivíduos com alto escore nesse fator tendem a ser bastante preocupados, melancólicos e irritados. Geralmente são ansiosos e apresentam mudanças freqüentes de humor e depressão. Tendem a sofrer de
  • 4. ______________________________________________________________________ Mosaico: estudos em psicologia ♦ 2007 ♦ Vol. I ♦ nº 1 ♦ p. 37-49 40 Renata Saldanha Silva - Carlos G. Schlottfeldt - Mariana P. Rozenberg - Mariana T. Santos - Álvaro José Lelé transtornos psicossomáticos e apresentam reações muito intensas a todo tipo de estímulos. Contrariamente, o sujeito es- tável tende a responder a estímulos emocionais de maneira controlada e proporcionada. Retorna rapidamente a seu estado normal após uma elevação emocional. Normalmente é equilibrado, calmo, controlado e despreocupado. A Abertura à Experiência ca- racteriza-se por um interesse intrínseco na experiência em uma ampla variedade de áreas. Engloba traços como flexibilidade de pensamento, fantasia e imaginação, interesses culturais, versatilidade e curiosidade. Indivíduos fechados, ao contrário, preferem o conhecido e a rotina e prezam os valores tradicionais. A Amabilidade refere-se a traços que levam a atitudes e a comportamentos pró-sociais. Indivíduos com alto escore nesse fator possuem tendência a serem socialmente agradáveis, calorosos, dó- ceis, generosos e leais. Enquanto que aqueles que apresentam baixa cor- dialidade são mais preocupados com seus próprios interesses e desconfiam facil- mente das outras pessoas. A Conscienciosidade refere-se ao senso de contenção e sentido prático. Indivíduos com alta responsabilidade são zelosos e disciplinados, apresentando características como honestidade, enge- nhosidade, cautela, organização e per- sistência. Já os que possuem baixa res- ponsabilidade são relaxados e sem am- bição. Possivelmente, são mais distraídos e até mesmo preguiçosos, sendo facil- mente desencorajados a cumprir uma tarefa. De acordo com o modelo dos cinco grandes fatores, cada traço da perso- nalidade subdivide-se em seis facetas inter-relacionadas, que podem ser defi- nidas como fatores primários do traço em questão (García, 2006). As facetas possuem o importante papel de repre- sentar da melhor maneira possível a am- plitude e o alcance de cada fator (McCrae, 2006), proporcionando informações mais detalhadas que não estão refletidas no traço temperamental por si só (García, 2006). Elas distribuem-se conforme a tabela 1. Tabela 1 - Facetas do modelo dos cinco grandes fatores distribuídas por fator Fatores Neuroticismo Extroversão Abertura Amabilidade Conscienciosidade Facetas Ansiedade Hostilidade Depressão Autoconsciência Impulsividade Vulnerabilidade Acolhimento Gregarismo Assertividade Atividade Busca de sensações Emoções positivas Fantasia Estética Sentimentos Ações Idéias Valores Confiança Franqueza Altruísmo Aquiescência Modéstia Sensibilidade Competência Ordem Senso de dever Direcionamento Autodisciplina Deliberação Um dos principais motivos da atual predominância do modelo dos cinco grandes fatores é a sua replicabilidade (García, 2006). Os cinco fatores já foram encontrados independentemente do país, dos instrumentos de medição utilizados e da pessoa que é avaliada (García, 2006). Essas três evidências representam, além de um critério de validação do modelo dos cinco grandes fatores, a validação também dos traços de personalidade em geral. Os principais questionários e inventários de avaliação da personalidade, desenvolvidos com base em várias teorias da personalidade (por exemplo, o 16-PF, o Minnesota Multi- phasic Personality Inventory - MMPI, a escala de Necessidades de Murray, o Califórnia Q-Set, as escalas de Comrey, entre outros), quando submetidos a análises fatoriais, isoladamente ou em conjunto, produzem soluções compatíveis
  • 5. ______________________________________________________________________ Mosaico: estudos em psicologia ♦ 2007 ♦ Vol. I ♦ nº 1 ♦ p. 37-49 41 Replicabilidade do Modelo dos Cinco Grandes Fatores em medidas da personalidade com o modelo dos cinco grandes fatores (Ozer & Reise, 1994; Hutz & col., 1998). Em um estudo em que são com- paradas uma amostra de brasileiros e outra de norte-americanos, obteve-se uma estrutura fatorial quase idêntica entre as duas. Os dados norte-americanos eram de auto-relatos feitos por adultos. Os dados brasileiros eram hetero-avaliações de estudantes e adultos feitas por uni- versitários quase 15 anos mais tarde. Os norte-americanos responderam a um questionário em inglês e os brasileiros a uma tradução para o português do Brasil. Nem a fonte dos dados, nem a idade do alvo, tampouco a época ou a língua e a cultura exerceram influências sig- nificativas sobre os resultados encon- trados. Isso comprova mais uma vez que o modelo dos cinco grandes fatores des- creve satisfatoriamente a personalidade humana (McCrae, 2006). Como foi dito anteriormente, já se sabe que diferentes países apresentam estruturas de personalidade coerentes com o modelo dos cinco grandes fatores, inclusive o Brasil. Entretanto, poucos es- tudos têm sido feitos acerca da replicabilidade deste modelo em outros instrumentos de personalidade validados no Brasil. Com base nisto, o objetivo do presente estudo foi testar a repli- cabilidade do modelo dos cinco grandes fatores em duas medidas de per- sonalidade muito usadas: O Inventário Fatorial de Personalidade (IFP) e a Escala de Personalidade de Comrey (CPS). Método Amostra O estudo foi realizado em uma instituição de ensino superior particular na cidade de Belo Horizonte - MG. A amostra foi composta por 654 estudantes universitárias do sexo feminino, do curso de psicologia, com idades entre 19 e 58 anos (M=25,66 anos, DP=6,84). Instrumentos Foram administradas duas escalas de avaliação da personalidade: Inventário Fatorial da Personalidade (IFP): consiste num inventário objetivo da personalidade, de natureza verbal e baseado na teoria das necessidades básicas de Henry Murray (1938). Reúne 15 fatores da personalidade, que são representados por 155 itens, medidos numa escala tipo Likert de 7 pontos. O teste conta também com uma escala de mentira e outra de desejabilidade social. Encontra-se, na Tabela 2, a relação dos fatores seguida de uma sucinta descrição (Pasquali, Azevedo & Ghesti, 1997). Tabela 2 - Síntese dos fatores do Inventario Fatorial de Personalidade Fatores do IFP Descrição Assistência Expressa, em sujeitos fortes neste fator, os sentimentos de piedade, compaixão e ternura, pelos quais o sujeito busca dar simpatia e gratificar as necessidades de outro. Intracepção Tendência, em sujeitos fortes neste fator, de se deixarem conduzir por sentimentos e inclinações difusas e por julgamentos subjetivos. Busca da felicidade pela fantasia e imaginação. Afago Busca de apoio, proteção, amor, orientação e consolo caracterizam sujeitos fortes neste fator. Expectativa de ter seus desejos satisfeitos por alguém querido. Deferência Respeito, admiração e reverência às autoridades em sujeitos com altos escores neste fator. Afiliação Em sujeitos com altos escores neste fator, desejo de dar e receber afeto de pessoas amigas. Caracterizados pela confiança, boa vontade, amor e lealdade. Dominância Expressa sentimentos de autoconfiança e desejo de controlar os outros através da sugestão, sedução, persuasão e comando, em sujeitos fortes neste fator.
  • 6. ______________________________________________________________________ Mosaico: estudos em psicologia ♦ 2007 ♦ Vol. I ♦ nº 1 ♦ p. 37-49 42 Renata Saldanha Silva - Carlos G. Schlottfeldt - Mariana P. Rozenberg - Mariana T. Santos - Álvaro José Lelé Tabela 2 (Cont.) - Síntese dos fatores do Inventario Fatorial de Personalidade Denegação Em sujeitos fortes neste fator, desejo de se submeter passivamente à força externa, aceitar desaforo, castigo e culpa. Resignar-se ao destino e admitir inferioridade. Desempenho Desejo de realizar algo difícil, como dominar, manipular e organizar objetos, pessoas e idéias. Exibição Desejo de impressionar, ser ouvido e visto. Os sujeitos fortes neste fator gostam de exercer fascínio sobre os outros. Agressão Desejo de superar com vigor e violência a oposição. A raiva, irritação e ódio caracterizam sujeitos fortes neste fator. Ordem Tendência a pôr todas as coisas em ordem, manter limpeza, organização, equilíbrio e precisão caracterizam os sujeitos fortes neste fator. Persistência Tendência de levar a cabo qualquer trabalho iniciado. Pode levar o sujeito com altos escores neste fator à obsessão pelo resultado final de um trabalho. Mudança Desejo de desligar-se de tudo que é rotineiro e fixo é o desejo de uma pessoa com alto escore nesse fator. Gosto pela novidade e pela aventura. Autonomia Sentir-se livre, sair do confinamento, resistir à coerção e oposição caracterizam sujeitos fortes nesse fator, que não gostam de se submeterem às imposições das autoridades. Heterossexualidade Desejo de manter relações, desde românticas até sexuais com indivíduos do sexo oposto. Fonte: Inventário Fatorial de Personalidade: manual técnico e de avaliação / Luiz Pasquali, Maria Mazzarello Azevedo, Ivânia Ghesti. São Paulo: Casa do Psicólogo: 1997. Escala de Personalidade de Comrey (CPS): instrumento destinado a medir de forma objetiva os diversos fatores da personalidade, capaz de diagnosticar tanto qualitativa como quantitativamente os fatores detectados em cada sujeito. Possui 100 afirmações, respondidas através de uma escala de 7 pontos. O teste agrupa seus itens em duas escalas de validação e oito escalas fatoriais de personalidade, descritas na Tabela 3 (Comrey, 1997). Tabela 3: Síntese dos Fatores da Escala de Personalidade de Comrey Escalas do CPS Descrição Confiança x Atitude Defensiva Escores altos: crença na honestidade, confiabilidade e boas intenções das outras pessoas. Acreditam que os outros desejam-lhe o bem e possuem fé na natureza humana. Escores baixos: indicam falta de crença na honestidade, confiabilidade e boas intenções das outras pessoas. Os indivíduos são cínicos, defensivos, desconfiados e possuem uma opinião baixa do valor do homem comum. Ordem x Falta de Compulsão Escores altos: pessoas cuidadosas, meticulosas, ordeiras e muito organizadas. Os indivíduos tendem a se preocuparem com limpeza e apreciam a rotina. Escores baixos: pessoas pouco cuidadosas e pouco organizadas. Inclinam-se a serem descuidadas, relaxadas, não sistemáticas em seu estilo de vida, imprudentes e poucos asseadas. Conformidade x Inconformidade Social Escores altos: aceitam a sociedade como ela é, ressentem-se do não conformismo de outras pessoas, procuram aprovação da sociedade, e respeitam as leis. Escores baixos: inclinam-se a contestar a lei e as instituições, ressentem-se do controle, não aceitam a sociedade como ela é, são rebeldes. Atividade x Passividade Escores altos: têm muita energia e resistência, trabalham muito e procuram padrões de excelência. Gostam de atividade física, possuindo grande energia e perseverança e esforçando-se para atingir seu máximo. Escores baixos: inclinam-se à inatividade física, faltando-lhes vigor e energia, cansam-se rapidamente e quase não têm motivação para superar-se. Esforçam-se pouco para atingir seus objetivos. Estabilidade Emocional x Neuroticismo Escores altos: são livres de sentimentos de depressão, são otimistas, tranqüilas, estáveis de humor, e confiantes. Escores baixos: demonstram sentimentos de inferioridade, são agitados, deprimidos, pessimistas e reagem com freqüentes oscilações de humor, possuindo falta de confiança em si mesmos
  • 7. ______________________________________________________________________ Mosaico: estudos em psicologia ♦ 2007 ♦ Vol. I ♦ nº 1 ♦ p. 37-49 43 Replicabilidade do Modelo dos Cinco Grandes Fatores em medidas da personalidade Tabela 3 (Cont.): Síntese dos Fatores da Escala de Personalidade de Comrey Extroversão x Introversão Escores altos: interagem facilmente com os outros, procuram novos amigos, sentem-se à vontade com pessoas estranhas e não têm medo de aparecer em público. São expansivos, sociáveis e acessíveis. Escores baixos: são mais reservados, reclusos, fleumáticos, tímidos, com dificuldade para estabelecer contato com outros e receiam ser o foco de atenção. Masculinidade x Feminilidade Escores altos: tendem a ser teimosos, durões, frios, não se incomodam som sangue, bichos rastejantes, vulgaridade, e não choram facilmente nem mostram muito interesse em histórias de amor. Escores baixos: choram com facilidade, perturbando-se com animais rastejantes e pegajosos e demonstram grande interesse no romantismo. Empatia x Egocentrismo Escores altos: São pessoas prestativas, generosas, simpáticas e que estão interessadas em devotar suas vidas ao serviço de outros. Escores baixos: não são particularmente empáticos ou prestativos, tendendo à ocuparem- se de si mesmos e com seus próprios objetivos, não demonstrando interesse em dedicaram suas vidas ao serviço de outros. Fonte: Escalas de Personalidade de Comrey: manual técnico / Andrey L. Comrey. Vetor Editora Psico-Pedagogica Ltda: 1997. Procedimentos Todos os testes foram aplicados coletivamente em sala de aula, seguindo as instruções dos respectivos manuais de aplicação. Os instrumentos foram apli- cados em dias variados. Os dados resultantes foram analisados mediante o programa esta- tístico SPSS (Statistical Package for the Social Sciences), versão 15. Foram realizadas análises de estatística des- critiva, a fim de caracterizar a amostra e Análise Fatorial Exploratória, a fim de verificar se um modelo de cinco fatores seria o mais adequado para agrupamento das escalas dos testes. Para a análise fatorial dessas escalas, empregou-se a Principal Axis Factoring (PAF), técnica que elimina a variância do erro que contamina os com- ponentes. Para interpretação dos fatores utilizou-se o método de rotação varimax, pois este maximiza os efeitos das cargas fatoriais, facilitando assim a identificação de relações entre estas (Hair, Anderson, Tatham & Black, 2005). Cabe destacar que a análise fatorial foi feita em nível de escalas e não dos itens das escalas. Costa e McCrae (1992), por exemplo, consideram que o NEO PI-R, um dos instrumentos de ava- liação dos cinco grandes fatores mais utilizados no mundo, pode ser mais bem analisado em nível de facetas do que de itens. Isto porque as facetas representam melhor os traços de personalidade do que os itens. Além disso, Noller, Law e Comrey (1987) consideram que as escalas de personalidade cobrem de maneira ampla os mesmos domínios com diferentes nomes, razão pela qual uma análise fatorial poderá identificar as intercorrelações entre as escalas e, portanto, verificar se emerge um modelo robusto de personalidade envolvendo cinco fatores. Resultados O teste KMO apresentou o valor 0,753, que indica boa adequação dos dados para a análise fatorial. Já o teste de esfericidade de Bartlett mostrou signi- ficância menor que 0,0001, de onde se conclui que a matriz de correlações não é a matriz identidade, ou seja, há correlações entre as variáveis, que per- mite o agrupamento destas em fatores (Hair & cols, 2005). Para melhor adequação ao modelo, alguns fatores dos testes foram excluídos da análise. Estes foram: 1 Mentira e Desejabilidade social (IFP); Validade e Tendenciosidade da Resposta (CPS) – trata-se de itens de
  • 8. ______________________________________________________________________ Mosaico: estudos em psicologia ♦ 2007 ♦ Vol. I ♦ nº 1 ♦ p. 37-49 44 Renata Saldanha Silva - Carlos G. Schlottfeldt - Mariana P. Rozenberg - Mariana T. Santos - Álvaro José Lelé validade, que medem a atitude do sujeito diante da situação de testagem e, portanto, não são escalas de personalidade. 2 Masculinidade (CPS) - Não apresentou relações significativas com as outras escalas dos testes, indicando serem fatores específicos e, portanto, ina- dequados para o agrupamento em fatores. 3 Heterossexualidade (IFP) – Por tratar- se de um fator em que seus itens são nitidamente relacionados à dinâmica da sexualidade dos sujeitos, com- sidera-se pouco pertinente para a descrição e compreensão das dimen- sões da personalidade estruturada de acordo com os modelos investigados neste estudo. 4 Desempenho (IFP) – Foi inicialmente incluído na matriz, mas apresentou carga fatorial significativa em vários fatores, provavelmente por conter itens que se relacionam com mais de um fator do modelo dos cinco grandes fatores. Assim, esta escala não seria útil pra o modelo em questão. Para escolha do número de fatores optou-se pelo critério da raiz latente, que considera que os fatores obtidos devem ter autovalores maiores que um (Hair & cols, 2005). Desta forma, foram extraídos cinco fatores que explicam, juntos, 47,26 % da variância. Para interpretação desses cinco fatores empregou-se o método de rotação varimax. A tabela 4 apresenta a matriz fatorial extraída. Tabela 4: Matriz fatorial das escalas dos testes IFP e CPS Fator 1 Fator 2 Fator 3 Fator 4 Fator 5 h2 IFP Assistência 0,827 0,584 IFP Intracepção 0,532 0,371 IFP Afago 0,563 0,465 IFP Deferência 0,522 0,383 IFP Afiliação 0,723 0,588 CPS Empatia 0,413 0,273 IFP Agressão 0,666 0,509 IFP Exibição 0,791 0,608 IFP Dominância 0,779 0,549 IFP Denegação 0,305 -0,426 0,348 CPS Confiança 0,368 0,202 CPS Extroversão 0,563 0,402 CPS Atividade 0,642 0,397 CPS Estabilidade Emocional 0,714 0,421 IFP Persistência 0,565 0,410 IFP Ordem 0,769 0,411 CPS Ordem 0,629 0,334 CPS Conformidade -0,397 0,201 IFP Mudança 0,390 0,445 0,388 IFP Autonomia 0,686 0,376 Autovalor 2,739 2,099 1,840 1,483 1,290 Variância explicada (%) 13,697 10,495 9,201 7,414 6,452 O primeiro fator parece representar a dimensão de Amabilidade. Características como altruísmo, desejos e sentimentos de piedade, compaixão e ternura pelos mais fracos, além de necessidades de apoio e proteção são mensuradas pelas escalas relacionadas neste fator. Uma escala que talvez se distancie um pouco do fator Amabilidade é a “Intracepção”, do IFP. De acordo com o manual do teste essa dimensão está relacionada a sentimentos e inclinações difusas, à procura pela felicidade, através da fantasia e da imaginação. Assim, o
  • 9. ______________________________________________________________________ Mosaico: estudos em psicologia ♦ 2007 ♦ Vol. I ♦ nº 1 ♦ p. 37-49 45 Replicabilidade do Modelo dos Cinco Grandes Fatores em medidas da personalidade intraceptivo seria definido por adjetivos do tipo: subjetivo, imaginativo, pessoal nos julgamentos, pouco prático, metafísico, etc., características muito mais ligadas ao fator “Open” (Abertura à Experiência) do que Amabilidade do modelo dos cinco grandes fatores. Entretanto, ao analisar os itens que compõem a escala “Intracepção” no IFP, percebe-se que há muitos relacionados à empatia, retratando desejos de com- preender os sentimentos e motivações dos outros, por exemplo. Isto talvez explique a alta correlação com o fator Amabilidade. Outra escala que apre- sentou carga significativa neste fator foi “Deferência” do IFP. Os itens desta escala são relativos a admiração e respeito pela autoridade, características que podem estar relacionadas com as facetas Aqui- escência e Modéstia do fator “Abertura”, de acordo com o modelo dos cinco grandes fatores. O segundo fator obtido é composto por três dimensões do teste IFP: Agressão, Exibição e Dominância. Um alto escore nesta última dimensão indica uma intensa busca por controle nas relações interpessoais, que pode ser exercido pela persuasão, sedução ou comando. Há, também, neste grupo, uma busca constante por ser notado, fazendo-se uso da oratória e articulação motora, bus- cando sempre impressionar e entreter, o que caracteriza a dimensão da Exibição. As ações orientadas neste grupo atendem, ainda, a uma necessidade de superar qualquer resistência, apresentando-se fre- qüentemente como oposicionistas. Chegam também a apresentarem compor- tamentos agressivos, tanto física quanto verbalmente, explicitando, então, a di- mensão da Dominância. Tais carac- terísticas descrevem com precisão o fator de Extroversão do modelo dos cinco grandes fatores. O terceiro fator extraído pode ser entendido como Neuroticismo. Foram em- contradas correlações significativas entre as escalas de “Estabilidade Emocional”, “Confiança”, “Atividade” e “Extroversão” da escala CPS e o fator Denegação do IFP. De acordo com os itens que compõem cada fator da escala CPS, é possível verificar a existência de certa afinidade dos fatores do CPS às facetas do Neuroticismo, descritas no modelo dos cinco grandes fatores. Dessa forma, o fator Estabilidade Emocional, do CPS, apre- senta maior relação com a faceta Ansiedade, dos cinco grandes fatores, que diz de pessoas apreensivas, nervosas e bastante preocupadas. O fator Confiança, do CPS, possui itens que se assemelham à faceta hostilidade, do modelo dos cinco grandes fatores, caracterizando sujeitos que tendem a experienciar situações de raiva, frustração e amargura. O fator Atividade, do CPS, está diretamente relacionado à faceta depressão, dos cinco grandes fatores, pois seus itens indicam claramente o estado de desânimo, falta de coragem e sentimento de tristeza. O último fator do CPS é a Extroversão, aparentemente alheio à dimensão de Neuroticismo no modelo dos cinco grandes fatores. Contudo, um exame dos itens que constituem esse fator permite verificar que tais enquadram-se na faceta Autoconsciência, da dimensão de Neu- roticismo do modelo dos cinco grandes fatores, indicando, assim, a presença, no indivíduo, de emoções como vergonha e embaraço, sensação de desconforto frente a outras pessoas e, conseqüentemente, sentimento de inferioridade em relação ao outro. Há, ainda, uma correlação negativa entre Denegação do teste IFP e o fator 3, mas essa mesma escala se correlaciona de forma positiva com o fator 1, identificado aqui como Amabilidade. Isso indica que indivíduos com alto escore no terceiro fator extraído têm a tendência de se submeterem de forma passiva à força alheia, aceitar desaforos, castigos e culpa, admitindo por vezes fracasso não como forma de demonstração de fraqueza ou
  • 10. ______________________________________________________________________ Mosaico: estudos em psicologia ♦ 2007 ♦ Vol. I ♦ nº 1 ♦ p. 37-49 46 Renata Saldanha Silva - Carlos G. Schlottfeldt - Mariana P. Rozenberg - Mariana T. Santos - Álvaro José Lelé vulnerabilidade (característica do Neuroticismo) e sim como características da sensibilidade para com o outro. A análise do conteúdo dos itens que com- põem a dimensão Denegação no teste IFP permite observar que a idéia de inferioridade pode ser confundida por concessão a terceiros ou prestação de favores, o que em parte caracteriza a agradabilidade social de indivíduos com alto escore em Amabilidade. O quarto fator extraído apresentou cargas nas facetas Persistência e Ordem do teste IFP e também mostrou correlação com a escala Ordem vs. Falta de Compulsão (O) do teste CPS. Costa (2003) trata esta última escala (O), em um dos extremos, como características de pessoas altamente escrupulosas, meti- culosas e ordeiras. Esta descrição é semelhante à dada por Pasquali, Azevedo & Ghesti (1997), em que a faceta Ordem no teste IFP representaria a precisão, organização e equilíbrio na execução das tarefas. Pessoas com alto escore no fator Per-sistência realizam suas tarefas mesmo diante de qualquer obstáculo, de forma exaustiva, muitas vezes levando-as ao cansaço e a preocupações. Estas des- crições se mostram coerentes, então, com fator Conscienciosidade do modelo dos cinco grandes fatores de onde foram extraídas cargas moderadas nas facetas “Persistência”, do IFP, e Ordem, do CPS (0.527 e 0.613 respectivamente) e forte (0.760) na faceta Ordem, do IFP. Tais resultados indicam, então, a grande pro- ximidade entre essas facetas, descritas nos testes IFP e CPS, com a do modelo dos cinco grandes fatores. Por fim, o quinto fator extraído é composto pelas dimensões “Mudança” e “Autonomia” do IFP e por “Com- formidade” do CPS. Entre as carac- terísticas presentes pode citar-se o gosto pela novidade e pela aventura, o interesse por mudanças de hábitos, lugares, etc, além de uma necessidade de sentir-se livre, resistir à coerção e à imposição de tarefas ou convenções. Essas caracte- rísticas parecem estar relacionadas ao fator Abertura do modelo dos cinco grandes fatores. O fator “Conformidade” apresentou carga fatorial negativa, o que é coerente com a descrição deste fator, já que pessoas com alto nível de Abertura são pouco conformistas, questionam as leis e buscam autonomia. A dimensão Mudança, do IFP, também apresentou carga maior do que 0,30 no primeiro fator, denominado Amabilidade. Sugere-se, como uma possível explicação para esta aproximação entre os dois fatores, que pessoas com um alto escore no fator Mudança – caracterizadas pelo desejo de buscarem novidades, como mudar de cidade e relacionar-se com pessoas diferentes – requerem um trato social mais refinado para obterem êxito em sua mobilidade. Discussão O modelo dos cinco grandes fatores representa uma avaliação empírica na área da personalidade, fornecendo uma descrição objetiva, consistente e re- plicável das dimensões da personalidade humana. Apesar de ser relativamente recente, engendrou diversas pesquisas transculturais que corroboram sua univer- salidade. Ainda existem divergências quanto à denominação dos fatores, mas alcançou-se um consenso em relação ao conteúdo das dimensões, organizadas em torno dos cinco fatores. Apesar de, no Brasil, os estudos ainda serem incipientes, alguns achados fortalecem a aplica- bilidade do modelo (McCrae & Ter- racciano, 2005). Hutz e colaboradores (1998) em sua pesquisa com o desenvolvimento de marcadores para a avaliação da per- sonalidade no modelo dos cinco grandes fatores para uso no Brasil, obtiveram, em suas análises fatoriais e aplicando diferentes métodos de extração, cinco
  • 11. ______________________________________________________________________ Mosaico: estudos em psicologia ♦ 2007 ♦ Vol. I ♦ nº 1 ♦ p. 37-49 47 Replicabilidade do Modelo dos Cinco Grandes Fatores em medidas da personalidade fatores correspondentes aos descritos na literatura. No presente estudo foi verificada a possibilidade da utilização do modelo dos cinco grandes fatores para a população brasileira, assim como na pesquisa citada. Sustenta-se, desse modo, a replicabilidade do modelo dos cinco grandes fatores, que resulta de uma generalização empírica, a qual possibilita reproduzi-lo independentemente do ins- trumento ou do método de análise utilizado, tal como Costa e McCrae afirmavam (1992). Faz-se mister traçar alguns apontamentos em relação à amostra do estudo, composta essencialmente por sujeitos do sexo feminino. Estudos com o Inventário Fatorial de Personalidade – IFP evidenciam algumas diferenças quanto ao sexo em relação aos fatores: pessoas do sexo feminino se sobressaem nos desejos de ajudar os outros e de compreender seus sentimentos, necessitando de maior ajuda, de mudança, respeito e amizade. Enquanto os homens manifestam maiores necessidades de dominar, de se exibir e de relacionamentos heterossexuais. (Pas- quali, Azevedo & Ghesti, 1997). Tendo em vista as comprovadas diferenças entre homens e mulheres em personalidade, faz-se necessário um tratamento estatístico que leve em conta tais diferenças. Portanto, é interessante uma amostra funda-mentalmente feminina para efetuar- se a análise fatorial. Entretanto, seria inte- ressante a composição de uma amostra masculina, a qual não foi possível obter, neste estudo, para ser submetida à mesma análise. Ressalta-se a importância de tal estudo para pesquisas posteriores. Em relação à escala Mascu- linidade/Feminilidade do teste CPS, não foi possível agrupá-la em nenhum fator – tal escala formou um fator separado, o que nos faz levantar a questão de ser esta escala outro fator da personalidade. Hutz & colaboradores (1998) obtiveram um resultado similar quanto a esta escala e apontaram para a importância de uma investigação que conclua por sua localização no modelo dos cinco grandes fatores. Reitera-se, de acordo com o presente estudo, a necessidade de pesquisas posteriores que elucidem o motivo de a escala Masculinidade / Feminilidade não ter se agrupado em nenhum fator para que se possa averiguar a hipótese de ser esta uma escala que possui a dimensão de um fator dife- renciado da personalidade. Conclusão Neste estudo, foi possível comprovar, através da análise fatorial dos testes CPS e IFP, a existência de uma estrutura fatorial correspondente ao modelo dos cinco grandes fatores, com as dimensões medidas pelos dois instru- mentos agrupadas em cinco fatores. Verifica-se que tanto o CPS quanto o IFP, ao serem submetidos à análise fatorial, agruparam suas escalas nos cinco grandes fatores. Evidencia-se, assim, que tais fatores não emergem apenas através de instrumentos criados com o objetivo de identificá-los, já que é possível encontrar estruturas fatoriais equivalentes ao modelo dos cinco grandes fatores em instrumentos que têm como fundamen- tação outras teorias da personalidade. Finalmente, é preciso apontar que o modelo dos cinco grandes fatores, apesar de apresentar explicações sa- tisfatórias em relação aos processos universais da personalidade e às di- mensões comuns das diferenças indivi- duais, apresenta limitações ao tratar das características únicas dos indivíduos. Tal limitação torna este modelo dependente de outros sistemas de personalidade, na medida em que é usado como um referencial para interpretá-lo. Entretanto, isto não invalida sua amplitude, comprovada nos estudos transculturais, nem tampouco sua aplicabilidade para fins práticos e de pesquisa. ■
  • 12. ______________________________________________________________________ Mosaico: estudos em psicologia ♦ 2007 ♦ Vol. I ♦ nº 1 ♦ p. 37-49 48 Renata Saldanha Silva - Carlos G. Schlottfeldt - Mariana P. Rozenberg - Mariana T. Santos - Álvaro José Lelé REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Comrey, A. L. (1997) Escalas de Personalidade de Comrey: manual técnico.Vetor Editora Psico-Pedagógica Ltda. Comrey, A.L. & Schiebel, D. (1985). Personality Test Correlates of Psychiatric Case History Data. Journal of Consulting and Clinical Psychology. 53, 470-479. Costa, P.T. & McCrae, R.R.. (1992). NEO-PI-R: Professional Manual. FL: Psychological Assessment Resources. Costa, R. C. (2003). Escala de Personalidade de Comrey: Manual. 2.ª Edição. São Paulo: Vetor Editora. Digman, J. M. (1979). The five major domains of personality variables: Analysis of personality questionnaire data in the light of the five robust factors emerging from studies of rated characteristics. Paper presented at the Annual Meeting of the Society of Multivariate Experimental Psychology, Los Angeles, CA. Digman J.M. & J. Inouye (1986). Further specification of the five robust factors of personality. Journal of Persononality and Social Psychology. 50, 116–123. García, L. F (2006). Teorias Psicométricas da Pernalidade. In: C. Flores-Mendoza & R. Colom (Orgs.), Introdução à Psicologia das Diferenças Individuais (pp. 219-241). Porto Alegre: Artmed. Hair, JF; Anderson, RE; Tatham, RL & Black, WC (2005). Análise Multivariada de Dados. 5ª ed. Porto Alegre: Bookman Hutz, C. S.; Nunes, C.H.; Silveira, A.D.; Serra, J.; Antón, M. & Wieczorek, L. S. (1998). O desenvolvimento de marcadores para a avaliação da personalidade no modelo dos Cinco Grandes Fatores. Psicologia: Reflexão e Crítica, Porto Alegre, v. 11, n. 2. Retirado em 12 de agosto de 2007, de http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010279721998000200015&l ng=pt&nrm=iso McCrae, R.R. & Terracciano, A. (2005). Personality profiles of cultures: aggregate personality traits. Journal of Personality and Social Psychology. 89, 407– 425 Mccrae, R. R (2006). O que é personalidade? In C. Flores-Mendoza & R. Colom-Marañon (Orgs.). Introdução à Psicologia das Diferenças Individuais (pp. 203-218). Porto Alegre: Artmed. Noller, P.; Law, H.& Comrey, A.L. (1987). Cattell, Comrey and Eysenck personality factors compared: more evidence for the five robust factors?. Journal of Persononality and Social Psychology. 53, 775–782. Pasquali, L.; Azevedo, M.M.& Ghesti, I. (1997). Inventário Fatorial de Personalidade: manual técnico e de avaliação. São Paulo: Casa do Psicólogo
  • 13. ______________________________________________________________________ Mosaico: estudos em psicologia ♦ 2007 ♦ Vol. I ♦ nº 1 ♦ p. 37-49 49 Replicabilidade do Modelo dos Cinco Grandes Fatores em medidas da personalidade Pervin, LA & John, OP. (2004). Personalidade: teoria e pesquisa. (R. C. Costa, trad.). 8ª ed. Porto Alegre: Artmed Ozer, D.J. & Reise, S.P. (1994). Personality Assessment. Annual Review of Psychology. 45, 357-388. Recebido em:15/08/2007 Revisado em: 22/10/2007 Aceito em: 23/10/2007 Sobre os autores: Renata Saldanha Silva é aluna do curso de graduação em psicologia pela Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais. E-mail: rsaldanha@ufmg.br Carlos Guilherme Schlottfeldt é aluno do curso de graduação em psicologia pela Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais. Mariana Prates Rozenberg é aluna do curso de graduação em psicologia pela Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais. Mariana Teles Santos é aluna do curso de graduação em psicologia pela Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais. Álvaro José Lelé é professor do Centro Universitário Newton Paiva.