O documento discute as relações entre epilepsia, agressividade e personalidade. Apresenta estudos que mostram altas taxas de agressividade e alterações de personalidade em pacientes epilépticos, especialmente aqueles com lesões no lobo temporal. Também descreve traços comuns de personalidade observados em epilépticos, como irritabilidade, explosividade e dificuldades de relacionamento.
As relações entre autismo, comportamento social e função executiva
Epilepsia agressividade
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5) Epilepsia, Agressividade e Personalidade
A abordagem da epilepsia tem sido muito diferente entre as duas disciplinas médicas que se ocupam
do problema: a neurologia e a psiquiatria. Neurologicamente a epilepsia pode ser entendida como uma
disritmia cerebral paroxística capaz de provocar alterações no sistema nervoso central e,
conseqüentemente, em todo organismo. Sob o ponto de vista psiquiátrico, também se entende a
epilepsia como uma disritmia cerebral paroxística, com alterações funcionais do sistema nervoso
central e, conseqüentemente, manifestações no comportamento, nas emoções e nos padrões de
reações do indivíduo.
O termo Epilepsia refere-se a uma condição crônica de ataques periódicos ou repetidos, causados por
uma condição fisiopatológica da função cerebral, resultante da descarga espontânea e excessiva de
neurônios corticais. Entretanto, não se deve entender a epilepsia como uma doença exclusivamente
convulsiva. A convulsão é apenas um dos sintomas da doença, o qual traduz a existência ocasional de
uma descarga excessiva e desordenada do tecido nervoso sobre os músculos do organismo. A
epilepsia porém, deve ser conceituada atualmente, como uma síndrome com um conjunto de sinais e
sintomas decorrentes desta disritmia cerebral paroxística. Nesta síndrome portanto, a convulsão
propriamente dita, pode até estar ausente, como se acredita que aconteça na maioria dos pacientes
disrítmicos.
Na disritmia cerebral o distúrbio no padrão elétrico da atividade neuronal mostra-se paroxisticamente e
pode ser oriundo de qualquer parte do sistema nervoso central. Entretanto, alguns estudos iniciais pela
tomografia de emissão de pósitrons têm mostrado que os focos epilépticos são hipometabólicos nos
períodos intercrises, ou seja, o foco será hiperativo durante as crises e hipometabólicos fora das
crises, o que significa não funcionarem bem em nenhum momento. Quando a localização do foco
epileptógeno é no lobo temporal, esta atividade disrítmica se mostra mais relevante para a psiquiatria.
Neste caso será denominada Epilepsia Parcial Complexa, Epilepsia do Lobo Temporal ou Epilepsia
Psicomotora.
Em estudo realizado no Canadá em 1994 (Nathaniel J.Pollone e James J. Hennessy), num grupo de
372 homens presos de um hospital mental judiciário de segurança máxima, 20 % tinham
anormalidades focais temporais do eletroencefalograma, e 41% tinham alterações patológicas da
estrutura cerebral no lobo temporal. Isso sugere um relevante papel dos danos neurológicos na
formação do comportamento violento. Os dados mostraram uma proporção de 21:1 para agressivos
habituais, ou seja, 21 portadores de alterações neurológica para cada 1 agressivo sem essas
alterações. Em relação à população normal a incidência foi de 4:1, ou seja, 4 vezes mais freqüente os
agressores com as alterações neurológicas que os agressores sem elas.
As considerações acerca de determinada personalidade "epileptiforme", a qual reúne traços
encontradiços em pacientes disrítmicos, têm despertado discussões virulentas. Por cautela meramente
acadêmica, colocamos o "epileptiforme" entre demagogos parênteses. Mesmo que a prática clínica
cotidiana constate substanciais argumentos em favor de um rico conjunto de características personais
em epilépticos, tanto sob o ponto de vista comportamental quanto afetivo, convém estabelecer mais
algumas considerações sobre esse polêmico assunto e, desta forma, evitar arranhar opiniões ainda
não sensibilizadas pela força das observações.
Kaplan considera, juntamente com outros tantos autores, uma alta incidência de psicoses na epilepsia.
Além disso, as perturbações da personalidade constituem os problemas psiquiátricos mais comuns
nesta disfunção do Sistema Nervoso Central. Não se afirma, com isso, que todos epilépticos possuam
a mesma personalidade ou as mesmíssimas características, de forma que possamos colocá-los todos
num mesmo "clone". O que acontece são determinados traços comportamentais, de relacionamento,
de reação vivencial, de emotividade e impulsividade encontrados estatisticamente de maneira
significativa nos pacientes epilépticos.
Para melhor compreensão desse tema, é fundamental entendermos esse nosso epiléptico, não
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necessariamente como aquela pessoa que tem convulsões. Quase pelo contrário. A prática clínica nos
tem ensinado que os epilépticos convulsivos são, inclusive, menos propensos à alterações de
personalidade do que aqueles não convulsivos. Essas observações decorrem de um diagnóstico
retrógrado, ou seja, primeiramente constatamos algum traço ou mesmo alteração de personalidade
para, depois, constatarmos alterações eletroencefalográficas. Notadamente, são alterações do lobo
temporal.
Outro fato a ser lembrado é em relação aos termos usados: estamos falando em traços e alterações
de personalidade e não, necessariamente, em Transtornos de Personalidade. Isso quer dizer que
esses traços nem sempre constituem uma doença. Para tal, de acordo com o conceito de Transtornos
de Personalidade, há necessidade de concomitante prejuízo social e ocupacional.
Há uma maneira de ser do epiléptico caracterizada, principalmente, por irritabilidade, explosividade,
agressividade, querelância, viscosidade, instabilidade de humor e outros sinais muito bem delineados
pelo trabalho de Lúcia Coelho. Também se vê na prática clínica, outras alterações mais patológicas e
responsáveis por alterações da sensopercepção, tais como alucinações e ilusões, não citadas por
essa autora e encontradas em pacientes com alterações eletroencefalográficas do lobo temporal.
Inegavelmente a epilepsia resulta de um distúrbio fisiológico do Sistema Nervoso Central e não de
conflitos intra-psíquicos, embora, sem dúvida, estes possam coexistir. Assim, os transtornos
epileptiformes da personalidade seriam muito mais secundários a alterações funcionais do Sistema
Nervoso Central, do que motivados por razões exclusivamente emocionais, cogitando-se, inclusive,
que muitos dos sentimentos esboçados por tais pacientes sejam conseqüência deste distúrbio
funcional.
Uma das características da personalidade facilmente observável nos epilépticos extrovertidos, talvez
seja a chamada viscosidade, mas só nos extrovertidos. Esta alteração se evidencia numa forma de
inter-relacionamento pessoal caracterizada por adesividade, circunstancialidade e prolixidade; a
conversação com o paciente costuma ser lenta, séria, pedante, irritantemente ponderada,
excessivamente cheia de detalhes, minúcias supérfluas e demasiadamente circunstancial.
Comumente o ouvinte se aborrece diante do desprezo ao tema principal da conversa em benefício dos
detalhes, procura reconduzir o assunto à pauta principal mas o paciente insiste no discurso com um
volteio interminável. Encerrar a conversa com tais pacientes é tarefa difícil, despedir-se deles é
demorado e irritante; freqüentemente fazem que dão o assunto por encerrado mas acrescentam mais
alguma coisa, ficam mais um pouco, lembram mais alguma coisa a perguntar, enfim, grudam demais.
Por isso são chamados de viscosos ou pegajosos.
EPILÉPTICOS ADULTOS - TRAÇOS *
Irritabilidade e Agressividade... 83%
Dificuldades de relacionamento... 83%
Hiperemotividade... 73%
Dependência Afetiva... 60%
Misticismo... 60%
Instabilidade de humor... 60%
Sintomas depressivos/ hipocondria... 56%
Dificuldades Sexuais... 53%
EPILÉPTICOS ADULTOS - SINAIS CLÍNICOS *
Perda de fôlego em criança... 93%
Enurese noturna até tarde... 73%
Instabilidade da Atenção... 93%
Cefaléias ou enxaquecas... 70%
Vista escura (tontura postural)... 70%
Agitação durante o sono... 50%
*Porcentagens encontradas em pacientes epilépticos rep ortadas no trabalho de LúciaCoelho, "Epilepsia e
Personalidade".
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Outra peculiaridade comportamental encontradiça em alterações da personalidade do paciente
disrítmicos é a agressividade. Segundo Kaplan, existem evidências sugerindo que o aumento da
agressividade esteja relacionada a lesões focais irritativas, particularmente do lobo temporal e frontal,
amígdala medial e tegumento mesoencefálico. Johnson refere pesquisas de Mark e Ervin constatando
mais de 50% de epilepsia entre 163 pacientes agressivos e acrescenta que "o tipo mais comum de
doença cerebral associada ao comportamento destrutivo e ao descontrole de comportamento é a
epilepsia do lobo temporal".
Bleuler diz ser a intensidade mórbida dos impulsos emocionais e dos estados de ânimo o traço mais
dominante do caráter epiléptico, muito mais prolongados que numa pessoa normal e mais difíceis de
interromper por influências externas. Assim sendo, o epiléptico pode ter uma ira cega em
circunstâncias nas quais uma pessoa sadia apenas se zangaria. Mas não é só a irritabilidade a se
manifestar de maneira exacerbada, também a alegria, gratidão e dedicação tendem a exagerar-se
nesses distúrbios. Denis Williams aponta a intensificação das emoções, as dificuldades de
relacionamento e o comportamento agressivo nas epilepsias do lobo temporal, entre outras
características.
O termo Personalidade Epileptóide é utilizada por Kaplan ao descrever o Transtornos Explosivo
Intermitente, segundo a classificação do DSM-III-R. O Transtornos Explosivo Intermitente foi tratado
pelo DSM-III-R e continua classificado pelo DSM-IV, no capítulo dos Transtornos do Controle dos
Impulsos. Na CID-10 corresponde ao código F63.8, rotulado como Outros Transtornos dos Hábitos e
Impulsos, dentro do capítulo Transtornos dos Hábitos e Impulsos. Devemos incluir aqui
comportamentos mal adaptativos, persistentemente repetidos que não sejam secundários à qualquer
síndrome psiquiátrica reconhecida e nos quais parece haver falhas repetidas a resistir a impulsos para
executar o comportamento agressivo.
Tanto a CID-10 quanto o DSM-IV colocam os seguintes transtornos juntos:
1 - Transtornos Explosivo Intermitente
2 - Cleptomania
3 - Jogo Patológico
4 - Piromania
5 - Tricotilomania
A característica essencial dos Transtornos de Controle dos Impulsos é o fracasso em resistir a um
impulso ou tentação de executar um ato perigoso para a própria pessoa ou para outros. Na maioria
dos transtornos descritos nesta classificação, o paciente sente uma crescente tensão ou excitação
antes de cometer o ato. Após cometê-lo, pode ou não haver arrependimento, auto-recriminação ou
culpa.
Embora o indivíduo fracasse em resistir ao ímpeto e à tentação para a realização de tais atitudes,
poderá experimentar grande arrependimento tão logo concretize o ato. Kaplan enfatiza autores atuais
que atestam um possível envolvimento de fatores orgânicos nos distúrbios dos impulsos e
determinadas experiências que demonstram regiões específicas do cérebro envolvidas com a
atividade impulsiva e violenta, como é o caso do sistema límbico e epilepsias dos lobos temporais.
Este quadro de explosividade e/ou agressividade é melhor estudado no capítulo anterior sobre o
Comportamento Violento.
Um outro transtorno da personalidade associado à epilepsia, desta feita do lobo frontal (raras vezes
também à epilepsia do lobo temporal), é a condição descrita pelo DSM-III-R como Síndrome Orgânica
da Personalidade, referida em classificações mais antigas como um padrão de comportamento
compatível com a Síndrome do Lobo Frontal. É um distúrbio persistente da personalidade
caracterizado principalmente por instabilidade afetiva, explosões de agressividade ou raiva
recorrentes, comprometimento acentuado do julgamento social, apatia acentuada e indiferença,
desconfiança ou ideação paranóide.
No caso de Síndrome Orgânica da Personalidade, pode haver um acentuado comprometimento social
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e ocupacional proporcional ao comprometimento do juízo crítico e às crises de explosividade, fato
muito mais atenuado nos casos de Transtornos Explosivo Intermitente. De maneira geral, tanto a
Síndrome Orgânica da Personalidade como o Transtornos Explosivo Intermitente são modalidades de
personalidade que proporcionam ao indivíduo uma maneira própria de existir, de reagir e de sentir a
vida e cuja etiologia supõe-se associada à um transtorno disrítmico do Sistema Nervoso Central,
porém, sem menção obrigatória da existência de convulsões.
De todo complexo sintomático associado à epilepsia, três sinais receberam atenção maior dos
pesquisadores: irritabilidade, instabilidade afetiva e viscosidade. Nenhum deles, entretanto, é
patognomônico da epilepsia e nem tampouco obrigatório nos pacientes epilépticos. Mais apropriado
seria considerá-los como componentes de uma vasta constelação caracterológica, na maioria das
vezes compatível com uma boa manutenção da vida gregária, mas possíveis de uma abordagem
psiquiátrica, sempre que esta modalidade de personalidade fizer sofrer o indivíduo ou aqueles que o
rodeiam.
Classificação e Diagnóstico
Devemos considerar a epilepsia sob dois pontos de vista: primeiramente como um conjunto sindrômico
de sinais e sintomas psíquicos e, em segundo, como possibilidade de manifestação da potencialidade
epiléptica sob a forma de crises clínicas definidas, desde a clássica convulsão generalizada até
pequenos sintomas sensitivos, cognitivos ou psicomotores.
No caso de ser abordado o conjunto sindrômico do paciente disrítmico há que se compreender o
epiléptico, com sua maneira de ser e sua personalidade. No caso da caracterização clínica das crises
procura-se compreender a epilepsia, com seu quadro clínico, curso e evolução. Interessa à psiquiatria
a abordagem do epiléptico em geral e das epilepsias com peculiar expressão psíquica. As demais
formas são melhor estudadas pela neurologia.
As epilepsias podem ser Parciais ou Generalizadas. As epilepsias ditas Parciais são aquelas que
comprometem apenas um dos hemisférios cerebrais. Entre elas, serão consideradas Parciais Simples
sempre que não houver comprometimento da consciência e, ao contrário, Parciais Complexas
havendo tal comprometimento. São Generalizadas as epilepsias que afetam ambos hemisférios
cerebrais e, tal como as parciais, podem ser Convulsivas e não-Convulsivas.
I - EPILEPSIA PARCIAL
Simples
Complexa
II - EPILEPSIA GENERALIZADA
Convulsiva
Não Convulsiva
Entre as crises epilépticas interessa particularmente à psiquiatria, a Crise Parcial com Sintomatologia
Psíquica. Estas crises podem se manifestar em forma de distúrbios paroxísticos da linguagem com
crises de afasia transitórias, podem apresentar lapsos paroxísticos de memória, sensações de "dêjà
vu"ou de "jamais vu". Não raras vezes há queixas de distorções na percepção dos objetos, ora
percebidos como aumentados ora como diminuídos, disformes, mudados de posição, etc.
Outras peculiaridades podem estar presentes nas Crises Parciais com Sintomatologia Psíquica, como
por exemplo, as modificações paroxísticas do humor e do afeto, sensações de prazer e desprazer,
episódios súbitos e imotivados de depressão e raiva, de medo e terror. O início e o término destas
manifestações é, via de regra, abrupto e, freqüentemente, existem outros sinais sugestivos de disritmia
concomitantes.
É de primordial importância ao clínico ter noção dessas alterações sensoperceptivas e emocionais
conseqüentes à epilepsia. Estas são situações que despertam, na maioria dos psiquiatras, uma
grande inclinação à utilização de antipsicóticos e/ou antidepressivos mas que, não obstante,
respondem muito melhor ao uso de anticonvulsivantes, notadamente a carbamazepina.
Quando estas Crises Parciais são Complexas as alterações da consciência podem dar-se sob a forma
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de estreitamento, denominado Estado Crepuscular, freqüentemente de média ou longa duração.
Nestes Estados Crepusculares é comum um certo automatismo motor, quase sempre com atitudes
sem objetivo prático e expressão facial sugestiva de medo ou agressividade. Havendo agressividade
extremada durante o Estado Crepuscular, podemos falar em Furor Epiléptico, distúrbio responsável
por graves danos sociais e familiares. Passado o episódio, normalmente o paciente não guarda uma
lembrança nítida do ocorrido.
Psiquiatricamente, entretanto, interessa-nos os indivíduos não apenas com crises
eletrencefalograficamente ou fisiopatologicamente delimitadas mas, sobretudo, os portadores de um
conjunto mais abrangente de sinais e sintomas capazes de conferir-lhes uma maneira peculiar de
contatar a realidade e de viver. De acordo com este conceito, muitos autores têm utilizado o termo
Personalidade Epiléptica (9,10), Epileptiforme ou Epileptóide para designar esta constelação de
características psíquicas associadas à atividade disrítmica do Sistema Nervoso Central, notadamente
do lobo temporal.
Eneida Matarazzo reconhece alterações de várias áreas do psiquismo como manifestações
permanentes dos pacientes epilépticos. Na esfera do pensamento ela sublinha a prolixidade e
viscosidade comentadas acima, na sexualidade ela refere o aumento ou diminuição da libido, na
psicomotricidade observa a hiperatividade infantil e a presença de tiques e, na esfera da volição,
enfatiza as obsessões e compulsões. As alterações da afetividade são descritas por essa autora
englobando a irritabilidade, a agressividade, o medo e a depressão. Esta última com a marcante
característica de apatia depressiva, mais que de tristeza, propriamente dita, e enfatiza também o medo
patológico, imotivado e com início precoce na infância.
O diagnóstico da epilepsia, do ponto de vista psiquiátrico, quer seja do Transtornos Explosivo
Intermitente, do Transtornos Explosivo da Personalidade, da Síndrome de Descontrole Episódico, de
alguns Transtornos Disruptivos da Infância, da Epilepsia não Convulsiva, da Epilepsia Parcial com
sintomas psíquicos ou, simplesmente, da Personalidade Epileptiforme, deve repousar em bases
eminentemente clínicas. Devem ser avaliadas as manifestações da conduta, das emoções, das
reações, do desenvolvimento psicomotor, bem como as queixas somáticas vagotônicas, a vida infantil
e o relacionamento interpessoal. Enfim, devemos armar um arcabouço da personalidade atual e
pregressa e daí, independente dos resultados eletrencefalográficos, dizer se o paciente tem ou não
traços epileptiformes.
Para os profissionais sensíveis ao conceito das alterações da personalidade de natureza epiléptica, é
muito importante a investigação minuciosa sobre algumas características personais. Evidentemente
isso contribuirá, sobremaneira, na melhor resolutividade terapêutica, já que, como dissemos, tais
quadros respondem bem à carbamazepina.
Deve-se verificar a ocorrência de enurese noturna na infância até mais de 6 anos, terror noturno
mesmo depois de adulto, sono muito agitado com fala noturna e/ou sonambulismo em qualquer idade,
episódios de perda de fôlego na primeira infância, ocorrência de convulsões febris na infância,
irritabilidade e agressividade a vida toda, instabilidade do humor do tipo que acorda com o "pé
esquerdo", cefaléias freqüentes, incluindo o tipo enxaqueca, episódios de vista escura e tontura
postural, distúrbios da atenção na infância, viscosidade, tendências depressivas do tipo apático. Trata-
se de uma verdadeira constelação de traços que, no mínimo, oferecerão uma opção à mais para
hipótese diagnóstica.
Há quem recomende, também, para a possibilidade desse tipo de personalidade epileptiforme,
observações sobre a predominância do Sistema Nervoso Parassimpático, tais como, bradicardia,
hipotensão arterial, tendência à gastrites e úlceras digestivas, alergia e asma brônquica. Para a
psiquiatria, a convulsão generalizada é apenas mais um sintoma epiléptico, podendo ou não estar
presente e o eletroencefalograma, nesses casos, só terá valor se positivo.
para referir:
Ballone GJ - Epilepsia, Agressividade e Personalidade - in. PsiqWeb, Internet, disponível em
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www.psiqweb.med.br, revisto em 2005.
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