O documento discute fertilizantes autorizados em agricultura biológica e fornece exemplos de cálculos de fertilização nitrogenada e balanço húmico para diferentes culturas. Inclui tabelas de fertilizantes permitidos e fatores a considerar no cálculo da adubação, como as necessidades da cultura, disponibilidade de nitrogênio no solo e aportes de corretivos orgânicos.
16. 4.1 – Fertilizntes autorizados em AB
4.1
Fertilizantes
autorizados
em
AB
17. GUIA DE FACORES DE PRODUÇÃO
PARA A AGRICULTURA BIOLÓGICA
2012 | 2013
Agro – Sanus
Assistência Técnica em Agricultura Biológica, Lda
4.1 – Fertilizantes autorizados em AB
37. 4.3 – Os excessos de nitratos no solo e nos alimentos
O caso da fertilização mesmo não usando adubos minerais de
síntese (com nitratos, amónio e/ou ureia), as plantas
apresentam quase sempre parte do azoto na forma de
nitratos.
É que a maior parte do azoto é absorvido nesta forma,
mesmo que a origem seja orgânica, pois transforma-se no
solo pela ação dos microrganismos em nitratos.
Algumas plantas têm tendência a acumular nitratos,
principalmente os legumes.
38. Os nitratos (NO3-), são uma forma combinada de azoto com
oxigénio e são a principal forma de absorção de azoto pelas
plantas.
O QUE SÃO OS NITRATOS ?
Os nitratos nas plantas dão origem a aminoácidos e às
proteínas, mas também podem acumular-se nessa forma e
na forma de nitritos (ainda mais perigosos), quando a
quantidade absorvida pela raiz é maior que aquela que a
planta consegue metabolizar.
4.3 – Os excessos de nitratos no solo e nos alimentos
39. O excesso de nitratos e nitritos nas plantas prejudica a
saúde, principalmente nas crianças, “doença azul”,
cianose ou metahemoglobinémia (cor azulada da pele,
provocada por falta de oxigénio) e o cancro
(nitrosaminas e nitrosamidas formadas no organismo).
40. 4.3 – Os excessos de nitratos no solo e nos alimentos
41. O Comité Científico da alimentação humana da OMS
estabeleceu os seguintes valores, expressos em miligramas
por quilo de peso corporal, exceto para crianças com menos
de 3 anos em que os valores são mais baixos.
Legislação, teores máximos e dose diária admissível
- Nitratos (NO3-) : 3.65 mg/kg
- Nitritos (NO2-) : 0.13 mg/kg
4.3 – Os excessos de nitratos no solo e nos alimentos
44. Fatores relacionados com a época de cultura e colheita
FATORES DE ACUMULAÇÃO
Estação do ano
Luz
Maturação
Hora de colheita
Fatores ligados ao solo
Teor de azoto mineral
Arejamento
Humidade
M.O. do solo
Micronutrientes
Água de rega
Fatores relacionados com a planta
Parte aérea
Espécies e variedades
Temperatura
Dióxido de carbono
Idade da planta
45. QUANTIDADES A APLICAR
APLICAÇÃO DE FERTILIZANTES CONTENDO AZOTO
Necessidades da cultura em azoto;
depende de:
Azoto disponibilizado pelo solo;
Azoto fornecido ao solo através de deposições atmosféricas secas (poeiras)
ou húmidas [chuvas (trovoadas) e neve] e/ou através da água de rega
Azoto fixado biologicamente;
Azoto proveniente dos resíduos das culturas precedentes;
Azoto imobilizado pelos microorganismos;
Perdas de azoto sob forma gasosa para a atmosfera;
Perdas por lavagem nas águas de escoamento e de percolação.
46. Para o estabelecimento da fertilização azotada a efetuar, um dos mais
importantes pontos a considerar é o cálculo das disponibilidades de Azoto para
a cultura. As principais fontes de azoto a considerar serão as seguintes.
4.4 – Cálculo do balanço do azoto no ciclo das culturas
1- Azoto proveniente da mineralização da matéria orgânica do solo;
2- Azoto mineral presente no solo;
3- Azoto incorporado pela água de rega;
4- Azoto proveniente da adubação em verde;
5- Azoto proveniente dos resíduos das culturas;
6- Azoto proveniente da aplicação dos corretivos orgânicos;
7- Azoto proveniente da fixação biológica por microrganismos do solo não simbióticos
e da atividade das minhocas;
47. Cultura: ALFACE (estufa)
Produção: 60 ton / ha
Azoto do solo: 67 kg /há /Ano (libertado/disponibilizado para a cultura ao longo do ano)
Azoto (N) dos resíduos de cultura: negligenciável
Corretivo orgânico: 10 ton Estrume bovino meio curtido (Mat. Seca =22% - K1 = 40% )
Taxa anual de mineralização (K2) é 3.75%.
Solo: Arenoso
M.O.: 1%
DAP: 1.5
Regadio
Profundidade média da camada arável: 0,3 m
Exportações: 150 Kg / ha
Área: 1ha
Cálculo da fertilização azotada
– exemplo prático
(Vacas leiteiras em regime de estabulação livre)
48.
49.
50.
51.
52.
53.
54. Cultura: da Alface em estufa
Solo: Arenoso; M.O. = 1%; DAP = 1,5; Profundidade = 0,3 m; Taxa de mineralização Anual
(K2) = 3,75 % (2,5% x 1,5)
1- Necessidades da cultura para a produção de 60 ton/ha: N = 150 kg/há
2- Azoto do solo: 67 kg/ha/ano
3- Azoto dos resíduos de cultura: negligenciável
4- Azoto do correctivo orgânico:
Estrume de bovino meio curtido = 10 ton / ha
- parte que se transforma em húmus (k1=40%): 10 x 0,4 = 4 ton/ha
- parte que se mineraliza e fornece azoto (60%): 10 x 0,6 = 6 ton/ha x
teor de azoto 5,5 kg/ton então azoto disponibilizado = 6 ton x 5,5 = 33 kg
5- Azoto do solo + azoto do estrume = 67 + 33 = 100 kg/ha
6- Azoto em falta: 150 - 100 = 50 kg/ha
Para suprimir a falta podemos aumentar a dose de estrume ou aplicar um adubo orgânico
mais rico em azoto.
Cálculo da fertilização azotada – exemplo prático
55. Considerando esta última hipótese, e aplicando por exemplo, guano de aves marinhas, com 16%
de N total, com mineralização de 93%, temos:
Então: 50 kg/0,16/0,93 = 336 kg/ há (QUANTIDADE DE GUANO A APLICAR)
56. Cultura: da Alface em estufa, 5 meses (Março - Junho)
Solo: Arenoso; M.O. = 2%; DAP = 1,5; Profundidade = 0,3 m; Taxa de mineralização Anual
(K2) = 3,75 % x 1,5 = 5,625%
1- Necessidades da cultura para a produção de 60 ton/há: N = 150 kg/há
2- Azoto do solo: 135 kg/há/10 meses: em 5 meses = 135 x 5/10 = 67,5 Kg/5 meses
3- Azoto dos resíduos de cultura: negligenciável
4- Azoto do correctivo orgânico: Estrume de bovino meio curtido = 20 ton / há
- parte que se transforma em húmus (k1=40%): 20 x 0,4 = 8 ton/há
- parte que se mineraliza e fornece azoto (60%): 20 x 0,6 = 12 ton/há/10 meses
teor de azoto 5,5 kg/ton então azoto disponibilizado = 12 ton x 5,5 x 5/10 =
33kg/há/5 meses
5- Azoto do solo + azoto do estrume = 67,5 + 33 = 100,5 kg/ha
6- Azoto em falta: 150 - 100,5 = 49,5 kg/ha
Para suprimir a falta podemos aumentar a dose de estrume ou aplicar um adubo orgânico
mais rico em azoto.
Cálculo da fertilização azotada – exemplo prático
57. Considerando esta última hipótese, e aplicando por exemplo, guano de aves marinhas, com 16%
de N e mineralização em 5 meses, com mineralização de 93% em 8 meses: 93% x 5/8 = 58%
Então: 49,5 kg/0,16/0,58 = 533,40 =533 kg/ há (QUANTIDADE DE GUANO A APLICAR)
58. 4.5 Adições e perdas de matéria orgânica - cálculo
do balanço húmico
A fertilidade de um solo cultivado depende, em primeira instância
do seu teor em M.O. ou húmus estável, que vai desaparecendo
lentamente ano após ano.
É indispensável manter ou melhorar a M.O. no solo que cultivamos.
O cálculo teórico do balanço húmico é uma maneiro cómoda de
prever a evolução desse mesmo nível, para que possamos planear
corretamente uma correção orgânica e mesmo uma rotação.
59. Calculamos o volume de terra correspondente a um hectare, e a partir daí obtemos
sucessivamente o peso da terra e a quantidade total de M.O..
Vamos supor, um solo com 25 cm de profundidade média de camada arável :
10.000 m2 x 0,25 m = 2.500 m3 (volume terra);
2.500 m3 x DAP(peso específico) = peso da terra;
Peso da terra x % M.O. = M.O. Total
Suponhamos ainda, um solo com textura franca (DAP =1,3) e com teor de M.O. = 2%
2.500m3 x 1,3 ton/m3 = 3.250 ton de terra;
3.250 ton x 2% M.O = 65 ton
Ou seja, este solo contém, na sua camada arável 65.000 kg de M.O. (húmus estável)
por cada há.
Avaliação da Matéria Orgânica inicial:
60. Regadio, textura “franca” terá um K2 (taxa de mineralização anual) de 2,7%.
Vejamos o húmus mineralizado num ano, no solo de textura franca do nosso
exemplo, com 65.000 kg de M.O., no caso de culturas diferentes
BATATA
Textura franca com regadio
K2 = 2,7% 65.000 kg x 2,7% = 1.755 kg/ano (perdas)
VINHA (uva para vinho)
Textura franca sequeiro
K2= 1,8% 65.000 kg x 1,8% = 1.170 kg/ano (perdas)
Perdas anuais por mineralização:
61. É importante compensar o solo pela M.O. Perdida em cada ano.
Vejamos :
BATATA
Rendimento: bom; m.s. = 500 kg/há raízes; K1= 15%
Ganhos: (500kg x 0,15= 75 kg húmus restituído
VINHA
Rendimento: bom; m.s. = 3.000 kg da lenha + 3.000 kg das folhas= 6.000kg/há; K1= 10%
Ganhos: (6.000kg x 0,10= 600 kg húmus restituído
Restituições:
62. BALANÇO:
BATATA
Rendimento: bom; m.s. = 500 kg/há raízes; K1= 15%
Ganhos: (500kg x 0,15= 75 kg húmus restituído
Perdas: 1.755 kg de húmus (mineralizado)
Balanço: (-1.755+75)= -1.680 kg húmus 1 há/ano
Para minimizar este balanço negativo podemos semear um adubo verde a seguir à colheita,
e enterrá-lo quando maduro.
Adubo verde
Rendimento: bom; m.s.=6.500 kg / há; K1= 8%
6.500 kg x 0,08= 520 kg de húmus (ganhos)
O balanço resultará então: (-1.680+520)= -1.160 kg húmus/há/ano
Há pois necessidade de um correctivo orgânico para compensar as perdas. Para manter o
teor inicial de 2% de M.O. No solo, de acordo com este balanço, vejamos:
Composto comercial (m.s.= 20%; K1= 50%)
1.160 kg / 0,2 / 0,5= 11.600 kg/há/ano
63. BALANÇO:
VINHA
Rendimento: m.s. = 3.000 kg da lenha + 3.000 kg das folhas= 6.000kg/há; K1= 10%
Ganhos: (6.000kg x 0,10= 600 kg húmus restituído
Perdas: 1.170 kg de húmus (mineralizado)
Balanço: (-1.170+600)= -570 kg húmus 1 há/ano
Para minimizar este balanço negativo podemos semear um adubo verde a seguir à
colheita, e enterrá-lo quando maduro.
Adubo verde
Rendimento: bom; m.s.=6.500 kg / há; K1= 8%
6.500 kg x 0,08= 520 kg de húmus (ganhos)
O balanço resultará então: (-570+520)= -50 kg húmus/há/ano
Há pois necessidade de um correctivo orgânico para compensar as perdas. Para manter o
teor inicial de 2% de M.O. No solo, de acordo com este balanço, vejamos:
Composto comercial (m.s.= 20%; K1= 50%)
50 kg / 0,2 / 0,5= 500 kg/há/ano
64. 4.6 – Plano de fertilização - exemplos e cálculos
Entende-se como um plano de fertilização o conjunto de
técnicas agrícolas a desenvolver (meios de controlo da
erosão, mobilizações, gestão da água no solo e aplicação
de fertilizantes), com o objetivo de estimular o sistema
produtivo agrícola: o solo, os seus micro-organismos e as
plantas, tendo em conta o clima.
65. A.1 – Que práticas agrícolas podem travar a erosão?
A – Controlo da erosão
A.1.1 – Medidas de natureza biológica
1 – Coberto vegetal
1.1 – Coberto vegetal espontâneo
1.2 – Cobertos vegetais temporários
1.3 – Cobertura permanente
1.4 – Corte do coberto vegetal
1.4.1 – Corte
1.4.2 – Pastoreio
2 – Faixas de contenção (sebes ou outras)
66. A.1 – Que práticas agrícolas podem travar a erosão?
A.1.2 – Medidas de natureza mecânica
1 – Mobilizações
2 – Canais de desvio
3 – Valados
4 – Socalcos
5 – Muretes
A – Controlo da erosão
67. B.1 – Alfaias a utilizar
B – Mobilização do solo
B.2 – Épocas mais favoráveis para as mobilizações do solo
68. C.1 – Que processos podem ser utilizados de forma a aumentar
as disponibilidades de água no solo.
C – Gestão da água no solo
C.1.1 – Aumento da capacidade de armazenamento
C.1.2 – Conservação da humidade
C.2 – Que métodos de rega a utilizar para fazer a melhor gestão
da água.
69. Para que a aplicação de fertilizantes no solo cumpra o seu papel dever-
se-á ter em consideração o conjunto de medidas anteriormente
apontadas (controlo da erosão, mobilizações e gestão da água no solo).
Para além disso, há ainda que considerar a aplicação de fertilizantes,
entre outros aspetos, quais os fertilizantes a serem utilizados, as suas
quantidades e a altura em que devem ser aplicados. Para tal é
necessário conhecer o nível de fertilidade do solo (análises); as
exigências nutricionais da cultura (principais exigências nutritivas e
respetivas épocas - períodos vegetativos) e as quantidades a produzir
por hectare.
D – Aplicação de fertilizantes