SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 13
Baixar para ler offline
A inclusão tardia de crianças e adolescentes na
agenda da saúde mental brasileira
Maria Cristina Ventura Couto
NUPPSAM/IPUB/UFRJ
Florianópolis
2019
Premissa: até o final do século XX não é possível afirmar, no contexto brasileiro, a
existência de uma política de saúde mental voltada para o cuidado de crianças e
adolescentes.
Houve uma inserção tardia da SMCA na agenda da saúde pública e da Reforma
Psiquiátrica brasileira.
A Política de Saúde Mental para Crianças e Adolescentes é uma conquista
recente do Estado brasileiro
Política Pública
Para ser possível afirmar a existência de uma política, é necessário:
a) um claro compromisso do Estado com a provisão de serviços e ações, adequados às necessidades de
SMCA, expresso em documento oficial;
b) afirmação dos princípios e diretrizes nos quais se fundamenta a política;
c) destinação de recursos financeiros;
d) estabelecimento dos papéis e responsabilidades dos diferentes atores e setores implicados no
processo;
e) propostas para construção de rede de cuidado, com condição de responder às diferentes ordens de
problemas implicados na SMCA;
f) estabelecimento de mecanismos democráticos de gestão, participação, deliberação e
acompanhamento.
No caso brasileiro, apenas no início do século XXI o SUS integrou à política geral de saúde mental um
plano específico de ação, voltado para a SMCA, permitindo afirmar o início do processo de
implantação de uma política pública.
Introdução
Apenas no final do século XX e início do XXI foram desenvolvidas condições concretas de
possibilidade para o desenvolvimento de uma PSMCA.
a) Acontecimentos internos à SM: Lei 10.216 e III CNSM (2001)
b) Acontecimentos externos à SM (Direitos Humanos): Convenção Direitos da Criança (1989)
ECA (1990)
Marcos legais por si não alteram a realidade, mas podem, em certas circunstâncias, produzir
modulações no real, agindo ativamente na inscrição social de novas concepções e práticas eticamente
sustentáveis.
Contexto histórico e político
• Até o final do século XX o país não dispunha de formulações pelo setor da SM que
orientassem a construção de uma rede de cuidados para crianças e adolescentes com
problemas mentais. Não havia, portanto, política de SMCA.
• O que existia?
▫ - ações assistenciais (Assistência Social e Filantropia) com propostas mais reparadoras e
disciplinares do que propriamente clínicas ou psicossociais.
▫ - imagem da criança com problema: deficiente
▫ - concepção do Estado: ente com função tutelar/disciplinar
Em relação às crianças e adolescentes, o Estado brasileiro teve, historicamente, duas conformações
distintas:
- Uma tutelar, disciplinar e amparada na institucionalização (primeiros 80 anos da
República)
- Outra protetiva, baseada na premissa da criança e adolescente como sujeito de direitos e
amparada na proposta do cuidado em liberdade (a partir da Constituição de 1988).
CONDIÇÕES HISTÓRICAS PARA A MUDANÇA
Processo de Redemocratização
Constituição de 1988 (SUS e ECA)
Conquistas sociais dos anos 80 e 90 do século passado
Política de SMCA: conquista recente do Estado Brasileiro
Quais os possíveis determinantes para a inclusão tardia da SMCA na agenda política da saúde
mental?
Estudos sobre a trajetória das políticas sociais para infância e adolescência
Infância pobre foi o verdadeiro problema político
Século XX
Pobreza – ameaça aos ideais republicanos
Material: infância em perigo Moral: infância perigosa
Política de SMCA: conquista recente do Estado Brasileiro
 Matriz de leitura dos problemas da criança e das respostas do Estado nas primeiras 8 décadas:
. Representação social da criança: menor
. Marco jurídico: doutrina da situação irregular
. Concepção do Estado: ente com função tutelar
. Proposta de intervenção: institucionalização
Esta matriz dirigiu o rumo das ações, definiu o curso dos investimentos, a pauta política, estabeleceu a direção e
as prioridades da agenda pública de assistência à infância e adolescência.
Delineado o problema político, foi montada a agenda pública:
. Prevenção (vigiar a criança)
. Educação (moldar a criança)
. Recuperação (reabilitar a criança viciosa)
. Repressão (conter a criança delinquente)
(RIZZINI, 1997)
Aparato Médico-Jurídico
Política de SMCA: conquista recente do Estado Brasileiro
ANOS 80
Alteração dos elementos constitutivos da matriz de leitura
. Criança e Adolescente: sujeitos de direitos
. Marco Jurídico: doutrina da proteção integral
. Concepção do Estado: ente com função de proteção e bem-estar social
. Proposta de intervenção: cuidado em liberdade - de base comunitária e familiar
CONSTITUIÇÃO DE 1988
CONVENÇÃO DE DIREITOS DA CRIANÇA (ONU, 1989)
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (1990)
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (1990)
Novo Estado. Nova Criança
Novo tempo
• A nova concepção de criança e adolescente, possibilitada pelo marco dos Direitos Humanos, permitiu que fossem
reconhecidos como questões relevantes para as políticas públicas aspectos fundamentais da sua condição de
sujeitos psíquicos:
- São seres falantes
- Agentes de sua subjetivação frente as experiências no mundo
- Têm histórias de vida e experiências particulares
- São atravessados pelos enigmas da existência
- São passíveis de sofrimento e adoecimento mental
- Têm direito de serem tratados/cuidados quando o sofrimento se fizer insuportável
ESTA NOVA CONCEPÇÃO DE CRIANÇA E ADOLESCENTE FOI DESTACADA NA III CONFERÊNCIA NACIONAL DE
SAÚDE MENTAL (2001)
Divisor de águas na história brasileira da SMCA
PRIORIDADES PACTUADAS NA III CNSM /2001
• Enfrentar a desassistência aos casos de maior gravidade e complexidade: CAPSi,
reorientação dos ambulatórios, articulação com a rede básica
• Tomar como problema para a área da saúde mental a institucionalização de crianças e
adolescentes
• Construir uma rede de cuidados capaz de enfrentar as diferentes ordens de problemas
envolvidos na saúde mental de crianças e adolescentes – fundamento e articulação
intersetorial.
REDE PÚBLICA AMPLIADA DE ATENÇÃO EM SAÚDE MENTAL
ESTADO DA ARTE
AVANÇOS DESAFIOS
• Implantação de CAPSi nas grandes/médias
cidades (mesmo que ainda em número
insuficiente)
• Estratégia de Fóruns Intersetoriais (federal,
estaduais e municipais) para gestão da política e
construção da rede
• Proposição da noção: Rede Pública Ampliada de
Atenção
• Inclusão da SMCA na agenda do SUS
• Afirmação dos princípios da política e do
desenho da rede assistencial
 Estratégias para ampliação do acesso
 Intervenção à tempo (promoção de SM)
 Expansão da rede CAPSi
 Articulação consequente com a rede básica
 Supervisão/Formação (apropriação do mandato)
 Leitos de suporte, em rede e de base comunitária
 Qualificação das ações com a justiça, educação e assistência
social (trabalho em colaboração)
 Trabalho com familiares: como inovar?
 Organização de usuários/familiares
 Avaliação: construção de evidências psicossociais
 Vínculos de trabalho: frágeis, instáveis.
 Ampliação da institucionalidade das ações territoriais
 Desenvolvimento do mandato terapêutico e gestor do CAPSi
Fonte: CGMAD, Dezembro de 2014
OBS: em 2017, 219 CAPSi (2462 CAPS)
Número de CAPSi, no período de 2002 a 2014
Ano CAPSi
Total de CAPS
2002 32 424
2003 37 500
2004 44 605
2005 56 738
2006 75 1010
2007 84 1155
2008 101 1326
2009 112 1467
2010 128 1620
2011 149 1742
2012 174 1937
2013 187 2062
2014 201 2212

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Drogas & saúde mental
Drogas & saúde mentalDrogas & saúde mental
Drogas & saúde mentalkmillaalves
 
Manual Ajuda e Suporte Mutuos em Saude Mental - MS, 2013
Manual Ajuda e Suporte Mutuos em Saude Mental - MS, 2013Manual Ajuda e Suporte Mutuos em Saude Mental - MS, 2013
Manual Ajuda e Suporte Mutuos em Saude Mental - MS, 2013Binô Zwetsch
 
1 a família e o cuidado em saúde mental
1   a família e o cuidado em saúde mental1   a família e o cuidado em saúde mental
1 a família e o cuidado em saúde mentalFranklin de Paula
 
Conceito de saúde mental.
Conceito de saúde mental.Conceito de saúde mental.
Conceito de saúde mental.Luciane Santana
 
Politica nacional de saúde mental (1)
Politica nacional de saúde mental (1)Politica nacional de saúde mental (1)
Politica nacional de saúde mental (1)Ana Célia Vieira
 
Um futuro incerto: Projetos e expectativas de familiares que convivem com pes...
Um futuro incerto: Projetos e expectativas de familiares que convivem com pes...Um futuro incerto: Projetos e expectativas de familiares que convivem com pes...
Um futuro incerto: Projetos e expectativas de familiares que convivem com pes...Simone Elisa Heitor
 
Reforma Psiquiatrica
Reforma PsiquiatricaReforma Psiquiatrica
Reforma Psiquiatricafabiolarrossa
 
Saúde mental ementa
Saúde mental   ementaSaúde mental   ementa
Saúde mental ementaPoliana Lima
 
Reforma psiquiátrica e política de saúde mental
Reforma psiquiátrica e  política de saúde mentalReforma psiquiátrica e  política de saúde mental
Reforma psiquiátrica e política de saúde mentalmulticentrica
 
Cartilha saude mental
Cartilha saude mentalCartilha saude mental
Cartilha saude mentalkarol_ribeiro
 

Mais procurados (20)

Drogas & saúde mental
Drogas & saúde mentalDrogas & saúde mental
Drogas & saúde mental
 
Manual Ajuda e Suporte Mutuos em Saude Mental - MS, 2013
Manual Ajuda e Suporte Mutuos em Saude Mental - MS, 2013Manual Ajuda e Suporte Mutuos em Saude Mental - MS, 2013
Manual Ajuda e Suporte Mutuos em Saude Mental - MS, 2013
 
1 a família e o cuidado em saúde mental
1   a família e o cuidado em saúde mental1   a família e o cuidado em saúde mental
1 a família e o cuidado em saúde mental
 
2405
24052405
2405
 
Saúde Mental
Saúde MentalSaúde Mental
Saúde Mental
 
Conceito de saúde mental.
Conceito de saúde mental.Conceito de saúde mental.
Conceito de saúde mental.
 
Politica nacional de saúde mental (1)
Politica nacional de saúde mental (1)Politica nacional de saúde mental (1)
Politica nacional de saúde mental (1)
 
Intervenções psicológicas em saúde pública
Intervenções psicológicas em saúde públicaIntervenções psicológicas em saúde pública
Intervenções psicológicas em saúde pública
 
Aula Saúde Mental
Aula Saúde MentalAula Saúde Mental
Aula Saúde Mental
 
Um futuro incerto: Projetos e expectativas de familiares que convivem com pes...
Um futuro incerto: Projetos e expectativas de familiares que convivem com pes...Um futuro incerto: Projetos e expectativas de familiares que convivem com pes...
Um futuro incerto: Projetos e expectativas de familiares que convivem com pes...
 
Reforma Psiquiatrica
Reforma PsiquiatricaReforma Psiquiatrica
Reforma Psiquiatrica
 
Saúde mental ementa
Saúde mental   ementaSaúde mental   ementa
Saúde mental ementa
 
Saúde Mental
Saúde MentalSaúde Mental
Saúde Mental
 
Saúde Mental
Saúde MentalSaúde Mental
Saúde Mental
 
Reforma psiquiátrica e política de saúde mental
Reforma psiquiátrica e  política de saúde mentalReforma psiquiátrica e  política de saúde mental
Reforma psiquiátrica e política de saúde mental
 
O psicólogo no sus
O psicólogo no susO psicólogo no sus
O psicólogo no sus
 
Saúde Mental
Saúde MentalSaúde Mental
Saúde Mental
 
Cartilha saude mental
Cartilha saude mentalCartilha saude mental
Cartilha saude mental
 
Atenção psicossocial
Atenção psicossocialAtenção psicossocial
Atenção psicossocial
 
Concepções da loucura
Concepções  da  loucuraConcepções  da  loucura
Concepções da loucura
 

Semelhante a Política de saúde mental infantojuvenil

Suas e a Primeira Infância
Suas e a Primeira InfânciaSuas e a Primeira Infância
Suas e a Primeira InfânciaIsabela Ferreira
 
Saúde da Criança para o Brasil do Futuro: diagnóstico e propostas
Saúde da Criança para o Brasil do Futuro: diagnóstico e propostas Saúde da Criança para o Brasil do Futuro: diagnóstico e propostas
Saúde da Criança para o Brasil do Futuro: diagnóstico e propostas Prof. Marcus Renato de Carvalho
 
Um retrato atual dos direitos da criança e do adolescente 20 anosecaritaippol...
Um retrato atual dos direitos da criança e do adolescente 20 anosecaritaippol...Um retrato atual dos direitos da criança e do adolescente 20 anosecaritaippol...
Um retrato atual dos direitos da criança e do adolescente 20 anosecaritaippol...Onésimo Remígio
 
Politica e plano decenal consulta publica
Politica e  plano decenal consulta publicaPolitica e  plano decenal consulta publica
Politica e plano decenal consulta publicasergiocalixto
 
Especialização em Saúde da Família UNA - SUS
Especialização em Saúde da Família UNA - SUSEspecialização em Saúde da Família UNA - SUS
Especialização em Saúde da Família UNA - SUSSebástian Freire
 
POLÍTICA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
POLÍTICA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES  POLÍTICA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
POLÍTICA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES OUVIDORIAMA
 
A fragilidade da política pública em absorver a criança como sujeito de direitos
A fragilidade da política pública em absorver a criança como sujeito de direitosA fragilidade da política pública em absorver a criança como sujeito de direitos
A fragilidade da política pública em absorver a criança como sujeito de direitosAntony Alves
 
Projeto SASE 2004
Projeto SASE 2004 Projeto SASE 2004
Projeto SASE 2004 NandaTome
 
Artigo sippedes-bolsa-familia
Artigo sippedes-bolsa-familiaArtigo sippedes-bolsa-familia
Artigo sippedes-bolsa-familiaElina Fernandes
 
Artigo sippedes-bolsa-familia
Artigo sippedes-bolsa-familiaArtigo sippedes-bolsa-familia
Artigo sippedes-bolsa-familiaElina Fernandes
 
SAÚDE MENTAL CONFERÊNCIA CARAÚBAS PB.pptx
SAÚDE MENTAL CONFERÊNCIA CARAÚBAS PB.pptxSAÚDE MENTAL CONFERÊNCIA CARAÚBAS PB.pptx
SAÚDE MENTAL CONFERÊNCIA CARAÚBAS PB.pptxKeylaMeneses4
 
ANEC-Politicas-Públicas-e-educação.pptx
ANEC-Politicas-Públicas-e-educação.pptxANEC-Politicas-Públicas-e-educação.pptx
ANEC-Politicas-Públicas-e-educação.pptxJoaoSmeira
 
A politica de_assistencia_social
A politica de_assistencia_socialA politica de_assistencia_social
A politica de_assistencia_socialVagner Machado
 
20 anos eca rita ippolito 10anos ic
20 anos eca rita ippolito 10anos ic20 anos eca rita ippolito 10anos ic
20 anos eca rita ippolito 10anos icInstituto Crescer
 
2015 saúde da criança ufmg - princípios do sus
2015 saúde da criança   ufmg - princípios do sus2015 saúde da criança   ufmg - princípios do sus
2015 saúde da criança ufmg - princípios do susRicardo Alexandre
 
Suas os desafios da assistencia social
Suas   os desafios da assistencia socialSuas   os desafios da assistencia social
Suas os desafios da assistencia socialAlinebrauna Brauna
 

Semelhante a Política de saúde mental infantojuvenil (20)

Suas e a Primeira Infância
Suas e a Primeira InfânciaSuas e a Primeira Infância
Suas e a Primeira Infância
 
Saúde da Criança para o Brasil do Futuro: diagnóstico e propostas
Saúde da Criança para o Brasil do Futuro: diagnóstico e propostas Saúde da Criança para o Brasil do Futuro: diagnóstico e propostas
Saúde da Criança para o Brasil do Futuro: diagnóstico e propostas
 
Um retrato atual dos direitos da criança e do adolescente 20 anosecaritaippol...
Um retrato atual dos direitos da criança e do adolescente 20 anosecaritaippol...Um retrato atual dos direitos da criança e do adolescente 20 anosecaritaippol...
Um retrato atual dos direitos da criança e do adolescente 20 anosecaritaippol...
 
13 suas case vermelho
13  suas case vermelho13  suas case vermelho
13 suas case vermelho
 
Politica e plano decenal consulta publica
Politica e  plano decenal consulta publicaPolitica e  plano decenal consulta publica
Politica e plano decenal consulta publica
 
Especialização em Saúde da Família UNA - SUS
Especialização em Saúde da Família UNA - SUSEspecialização em Saúde da Família UNA - SUS
Especialização em Saúde da Família UNA - SUS
 
POLÍTICA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
POLÍTICA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES  POLÍTICA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
POLÍTICA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
 
A fragilidade da política pública em absorver a criança como sujeito de direitos
A fragilidade da política pública em absorver a criança como sujeito de direitosA fragilidade da política pública em absorver a criança como sujeito de direitos
A fragilidade da política pública em absorver a criança como sujeito de direitos
 
Projeto SASE 2004
Projeto SASE 2004 Projeto SASE 2004
Projeto SASE 2004
 
Artigo sippedes-bolsa-familia
Artigo sippedes-bolsa-familiaArtigo sippedes-bolsa-familia
Artigo sippedes-bolsa-familia
 
Artigo sippedes-bolsa-familia
Artigo sippedes-bolsa-familiaArtigo sippedes-bolsa-familia
Artigo sippedes-bolsa-familia
 
SAÚDE MENTAL CONFERÊNCIA CARAÚBAS PB.pptx
SAÚDE MENTAL CONFERÊNCIA CARAÚBAS PB.pptxSAÚDE MENTAL CONFERÊNCIA CARAÚBAS PB.pptx
SAÚDE MENTAL CONFERÊNCIA CARAÚBAS PB.pptx
 
ANEC-Politicas-Públicas-e-educação.pptx
ANEC-Politicas-Públicas-e-educação.pptxANEC-Politicas-Públicas-e-educação.pptx
ANEC-Politicas-Públicas-e-educação.pptx
 
A politica de_assistencia_social
A politica de_assistencia_socialA politica de_assistencia_social
A politica de_assistencia_social
 
20 anos eca rita ippolito 10anos ic
20 anos eca rita ippolito 10anos ic20 anos eca rita ippolito 10anos ic
20 anos eca rita ippolito 10anos ic
 
2015 saúde da criança ufmg - princípios do sus
2015 saúde da criança   ufmg - princípios do sus2015 saúde da criança   ufmg - princípios do sus
2015 saúde da criança ufmg - princípios do sus
 
Coordenação e gestão local de programas integrados de atenção à primeira infâ...
Coordenação e gestão local de programas integrados de atenção à primeira infâ...Coordenação e gestão local de programas integrados de atenção à primeira infâ...
Coordenação e gestão local de programas integrados de atenção à primeira infâ...
 
12 suas case verde
12  suas case verde12  suas case verde
12 suas case verde
 
Suas os desafios da assistencia social
Suas   os desafios da assistencia socialSuas   os desafios da assistencia social
Suas os desafios da assistencia social
 
Informação em Saúde
Informação em SaúdeInformação em Saúde
Informação em Saúde
 

Mais de CENAT Cursos

Como implementar um grupo ouvidores de vozes
Como implementar um grupo ouvidores de vozes Como implementar um grupo ouvidores de vozes
Como implementar um grupo ouvidores de vozes CENAT Cursos
 
Autonomias possíveis: práticas e desafios em saúde mental
Autonomias possíveis: práticas e desafios em saúde mentalAutonomias possíveis: práticas e desafios em saúde mental
Autonomias possíveis: práticas e desafios em saúde mentalCENAT Cursos
 
Mitos, estereótipos: uma visão alternativa do autismo
Mitos, estereótipos: uma visão alternativa do autismoMitos, estereótipos: uma visão alternativa do autismo
Mitos, estereótipos: uma visão alternativa do autismoCENAT Cursos
 
MANEJOS DE CRISES EM ADOLESCENTES PRIVADOS DE LIBERDADE
MANEJOS DE CRISES EM ADOLESCENTES PRIVADOS DE LIBERDADEMANEJOS DE CRISES EM ADOLESCENTES PRIVADOS DE LIBERDADE
MANEJOS DE CRISES EM ADOLESCENTES PRIVADOS DE LIBERDADECENAT Cursos
 
Deslocando sentidos diante de “adolescentes e suas práticas para morrer”
Deslocando sentidos diante de “adolescentes e suas práticas para morrer”Deslocando sentidos diante de “adolescentes e suas práticas para morrer”
Deslocando sentidos diante de “adolescentes e suas práticas para morrer”CENAT Cursos
 
Como implementar um grupo ouvidores de vozes na comunidade
Como implementar um grupo ouvidores de vozes na comunidadeComo implementar um grupo ouvidores de vozes na comunidade
Como implementar um grupo ouvidores de vozes na comunidadeCENAT Cursos
 
Experiências em Gestão Autônoma de Medicação
Experiências em Gestão Autônoma de MedicaçãoExperiências em Gestão Autônoma de Medicação
Experiências em Gestão Autônoma de MedicaçãoCENAT Cursos
 
Manifesto: Os Direitos Humanos dos Ouvidores de Vozes
Manifesto: Os Direitos Humanos dos Ouvidores de VozesManifesto: Os Direitos Humanos dos Ouvidores de Vozes
Manifesto: Os Direitos Humanos dos Ouvidores de VozesCENAT Cursos
 
Suporte em Pares - Open Dialogue
Suporte em Pares - Open DialogueSuporte em Pares - Open Dialogue
Suporte em Pares - Open DialogueCENAT Cursos
 
Autoajuda e Suporte em pares: Enik Recovery College
Autoajuda e Suporte em pares: Enik Recovery CollegeAutoajuda e Suporte em pares: Enik Recovery College
Autoajuda e Suporte em pares: Enik Recovery CollegeCENAT Cursos
 
A estratégia da Gestão Autônoma da Medicação
A estratégia da Gestão Autônoma da MedicaçãoA estratégia da Gestão Autônoma da Medicação
A estratégia da Gestão Autônoma da MedicaçãoCENAT Cursos
 
Medicalização na infância
Medicalização na infância Medicalização na infância
Medicalização na infância CENAT Cursos
 
Revisitando princípios da clínica
Revisitando princípios da clínicaRevisitando princípios da clínica
Revisitando princípios da clínicaCENAT Cursos
 
A EXPERIÊNCIA DA GESTÃO AUTÔNOMA DA MEDICAÇÃO
A EXPERIÊNCIA DA GESTÃO AUTÔNOMA DA MEDICAÇÃOA EXPERIÊNCIA DA GESTÃO AUTÔNOMA DA MEDICAÇÃO
A EXPERIÊNCIA DA GESTÃO AUTÔNOMA DA MEDICAÇÃOCENAT Cursos
 
Uma nova abordagem sobre ouvir vozes
Uma nova abordagem sobre ouvir vozesUma nova abordagem sobre ouvir vozes
Uma nova abordagem sobre ouvir vozesCENAT Cursos
 
Medicalização no contexto da atenção psicossocial
Medicalização no contexto da atenção psicossocialMedicalização no contexto da atenção psicossocial
Medicalização no contexto da atenção psicossocialCENAT Cursos
 
Tecnologias leves para o cuidado em saúde mental
Tecnologias leves para o cuidado em saúde mentalTecnologias leves para o cuidado em saúde mental
Tecnologias leves para o cuidado em saúde mentalCENAT Cursos
 
Clinica Centrada na Pessoa: QUEM É A(O) DONA(O) DO TRATAMENTO?
Clinica Centrada na Pessoa: QUEM É A(O) DONA(O) DO TRATAMENTO?Clinica Centrada na Pessoa: QUEM É A(O) DONA(O) DO TRATAMENTO?
Clinica Centrada na Pessoa: QUEM É A(O) DONA(O) DO TRATAMENTO?CENAT Cursos
 
Self help and Peer support: worthy of an academy?
Self help and Peer support: worthy of an academy?Self help and Peer support: worthy of an academy?
Self help and Peer support: worthy of an academy?CENAT Cursos
 

Mais de CENAT Cursos (20)

Como implementar um grupo ouvidores de vozes
Como implementar um grupo ouvidores de vozes Como implementar um grupo ouvidores de vozes
Como implementar um grupo ouvidores de vozes
 
Autonomias possíveis: práticas e desafios em saúde mental
Autonomias possíveis: práticas e desafios em saúde mentalAutonomias possíveis: práticas e desafios em saúde mental
Autonomias possíveis: práticas e desafios em saúde mental
 
Mitos, estereótipos: uma visão alternativa do autismo
Mitos, estereótipos: uma visão alternativa do autismoMitos, estereótipos: uma visão alternativa do autismo
Mitos, estereótipos: uma visão alternativa do autismo
 
MANEJOS DE CRISES EM ADOLESCENTES PRIVADOS DE LIBERDADE
MANEJOS DE CRISES EM ADOLESCENTES PRIVADOS DE LIBERDADEMANEJOS DE CRISES EM ADOLESCENTES PRIVADOS DE LIBERDADE
MANEJOS DE CRISES EM ADOLESCENTES PRIVADOS DE LIBERDADE
 
Deslocando sentidos diante de “adolescentes e suas práticas para morrer”
Deslocando sentidos diante de “adolescentes e suas práticas para morrer”Deslocando sentidos diante de “adolescentes e suas práticas para morrer”
Deslocando sentidos diante de “adolescentes e suas práticas para morrer”
 
Como implementar um grupo ouvidores de vozes na comunidade
Como implementar um grupo ouvidores de vozes na comunidadeComo implementar um grupo ouvidores de vozes na comunidade
Como implementar um grupo ouvidores de vozes na comunidade
 
Experiências em Gestão Autônoma de Medicação
Experiências em Gestão Autônoma de MedicaçãoExperiências em Gestão Autônoma de Medicação
Experiências em Gestão Autônoma de Medicação
 
Manifesto: Os Direitos Humanos dos Ouvidores de Vozes
Manifesto: Os Direitos Humanos dos Ouvidores de VozesManifesto: Os Direitos Humanos dos Ouvidores de Vozes
Manifesto: Os Direitos Humanos dos Ouvidores de Vozes
 
Suporte em Pares - Open Dialogue
Suporte em Pares - Open DialogueSuporte em Pares - Open Dialogue
Suporte em Pares - Open Dialogue
 
Autoajuda e Suporte em pares: Enik Recovery College
Autoajuda e Suporte em pares: Enik Recovery CollegeAutoajuda e Suporte em pares: Enik Recovery College
Autoajuda e Suporte em pares: Enik Recovery College
 
A estratégia da Gestão Autônoma da Medicação
A estratégia da Gestão Autônoma da MedicaçãoA estratégia da Gestão Autônoma da Medicação
A estratégia da Gestão Autônoma da Medicação
 
Medicalização na infância
Medicalização na infância Medicalização na infância
Medicalização na infância
 
Revisitando princípios da clínica
Revisitando princípios da clínicaRevisitando princípios da clínica
Revisitando princípios da clínica
 
A EXPERIÊNCIA DA GESTÃO AUTÔNOMA DA MEDICAÇÃO
A EXPERIÊNCIA DA GESTÃO AUTÔNOMA DA MEDICAÇÃOA EXPERIÊNCIA DA GESTÃO AUTÔNOMA DA MEDICAÇÃO
A EXPERIÊNCIA DA GESTÃO AUTÔNOMA DA MEDICAÇÃO
 
Emotional CPR
Emotional CPR Emotional CPR
Emotional CPR
 
Uma nova abordagem sobre ouvir vozes
Uma nova abordagem sobre ouvir vozesUma nova abordagem sobre ouvir vozes
Uma nova abordagem sobre ouvir vozes
 
Medicalização no contexto da atenção psicossocial
Medicalização no contexto da atenção psicossocialMedicalização no contexto da atenção psicossocial
Medicalização no contexto da atenção psicossocial
 
Tecnologias leves para o cuidado em saúde mental
Tecnologias leves para o cuidado em saúde mentalTecnologias leves para o cuidado em saúde mental
Tecnologias leves para o cuidado em saúde mental
 
Clinica Centrada na Pessoa: QUEM É A(O) DONA(O) DO TRATAMENTO?
Clinica Centrada na Pessoa: QUEM É A(O) DONA(O) DO TRATAMENTO?Clinica Centrada na Pessoa: QUEM É A(O) DONA(O) DO TRATAMENTO?
Clinica Centrada na Pessoa: QUEM É A(O) DONA(O) DO TRATAMENTO?
 
Self help and Peer support: worthy of an academy?
Self help and Peer support: worthy of an academy?Self help and Peer support: worthy of an academy?
Self help and Peer support: worthy of an academy?
 

Último

Modelo de apresentação de TCC em power point
Modelo de apresentação de TCC em power pointModelo de apresentação de TCC em power point
Modelo de apresentação de TCC em power pointwylliamthe
 
Manual-de-protocolos-de-tomografia-computadorizada (1).pdf
Manual-de-protocolos-de-tomografia-computadorizada (1).pdfManual-de-protocolos-de-tomografia-computadorizada (1).pdf
Manual-de-protocolos-de-tomografia-computadorizada (1).pdfFidelManuel1
 
Uso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia Hiperbárica
Uso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia HiperbáricaUso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia Hiperbárica
Uso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia HiperbáricaFrente da Saúde
 
Terapia Celular: Legislação, Evidências e Aplicabilidades
Terapia Celular: Legislação, Evidências e AplicabilidadesTerapia Celular: Legislação, Evidências e Aplicabilidades
Terapia Celular: Legislação, Evidências e AplicabilidadesFrente da Saúde
 
cuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptx
cuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptxcuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptx
cuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptxMarcosRicardoLeite
 
Saúde Intestinal - 5 práticas possíveis para manter-se saudável
Saúde Intestinal - 5 práticas possíveis para manter-se saudávelSaúde Intestinal - 5 práticas possíveis para manter-se saudável
Saúde Intestinal - 5 práticas possíveis para manter-se saudávelVernica931312
 

Último (6)

Modelo de apresentação de TCC em power point
Modelo de apresentação de TCC em power pointModelo de apresentação de TCC em power point
Modelo de apresentação de TCC em power point
 
Manual-de-protocolos-de-tomografia-computadorizada (1).pdf
Manual-de-protocolos-de-tomografia-computadorizada (1).pdfManual-de-protocolos-de-tomografia-computadorizada (1).pdf
Manual-de-protocolos-de-tomografia-computadorizada (1).pdf
 
Uso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia Hiperbárica
Uso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia HiperbáricaUso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia Hiperbárica
Uso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia Hiperbárica
 
Terapia Celular: Legislação, Evidências e Aplicabilidades
Terapia Celular: Legislação, Evidências e AplicabilidadesTerapia Celular: Legislação, Evidências e Aplicabilidades
Terapia Celular: Legislação, Evidências e Aplicabilidades
 
cuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptx
cuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptxcuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptx
cuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptx
 
Saúde Intestinal - 5 práticas possíveis para manter-se saudável
Saúde Intestinal - 5 práticas possíveis para manter-se saudávelSaúde Intestinal - 5 práticas possíveis para manter-se saudável
Saúde Intestinal - 5 práticas possíveis para manter-se saudável
 

Política de saúde mental infantojuvenil

  • 1. A inclusão tardia de crianças e adolescentes na agenda da saúde mental brasileira Maria Cristina Ventura Couto NUPPSAM/IPUB/UFRJ Florianópolis 2019
  • 2. Premissa: até o final do século XX não é possível afirmar, no contexto brasileiro, a existência de uma política de saúde mental voltada para o cuidado de crianças e adolescentes. Houve uma inserção tardia da SMCA na agenda da saúde pública e da Reforma Psiquiátrica brasileira. A Política de Saúde Mental para Crianças e Adolescentes é uma conquista recente do Estado brasileiro
  • 3. Política Pública Para ser possível afirmar a existência de uma política, é necessário: a) um claro compromisso do Estado com a provisão de serviços e ações, adequados às necessidades de SMCA, expresso em documento oficial; b) afirmação dos princípios e diretrizes nos quais se fundamenta a política; c) destinação de recursos financeiros; d) estabelecimento dos papéis e responsabilidades dos diferentes atores e setores implicados no processo; e) propostas para construção de rede de cuidado, com condição de responder às diferentes ordens de problemas implicados na SMCA; f) estabelecimento de mecanismos democráticos de gestão, participação, deliberação e acompanhamento. No caso brasileiro, apenas no início do século XXI o SUS integrou à política geral de saúde mental um plano específico de ação, voltado para a SMCA, permitindo afirmar o início do processo de implantação de uma política pública.
  • 4. Introdução Apenas no final do século XX e início do XXI foram desenvolvidas condições concretas de possibilidade para o desenvolvimento de uma PSMCA. a) Acontecimentos internos à SM: Lei 10.216 e III CNSM (2001) b) Acontecimentos externos à SM (Direitos Humanos): Convenção Direitos da Criança (1989) ECA (1990) Marcos legais por si não alteram a realidade, mas podem, em certas circunstâncias, produzir modulações no real, agindo ativamente na inscrição social de novas concepções e práticas eticamente sustentáveis.
  • 5. Contexto histórico e político • Até o final do século XX o país não dispunha de formulações pelo setor da SM que orientassem a construção de uma rede de cuidados para crianças e adolescentes com problemas mentais. Não havia, portanto, política de SMCA. • O que existia? ▫ - ações assistenciais (Assistência Social e Filantropia) com propostas mais reparadoras e disciplinares do que propriamente clínicas ou psicossociais. ▫ - imagem da criança com problema: deficiente ▫ - concepção do Estado: ente com função tutelar/disciplinar
  • 6. Em relação às crianças e adolescentes, o Estado brasileiro teve, historicamente, duas conformações distintas: - Uma tutelar, disciplinar e amparada na institucionalização (primeiros 80 anos da República) - Outra protetiva, baseada na premissa da criança e adolescente como sujeito de direitos e amparada na proposta do cuidado em liberdade (a partir da Constituição de 1988). CONDIÇÕES HISTÓRICAS PARA A MUDANÇA Processo de Redemocratização Constituição de 1988 (SUS e ECA) Conquistas sociais dos anos 80 e 90 do século passado
  • 7. Política de SMCA: conquista recente do Estado Brasileiro Quais os possíveis determinantes para a inclusão tardia da SMCA na agenda política da saúde mental? Estudos sobre a trajetória das políticas sociais para infância e adolescência Infância pobre foi o verdadeiro problema político Século XX Pobreza – ameaça aos ideais republicanos Material: infância em perigo Moral: infância perigosa
  • 8. Política de SMCA: conquista recente do Estado Brasileiro  Matriz de leitura dos problemas da criança e das respostas do Estado nas primeiras 8 décadas: . Representação social da criança: menor . Marco jurídico: doutrina da situação irregular . Concepção do Estado: ente com função tutelar . Proposta de intervenção: institucionalização Esta matriz dirigiu o rumo das ações, definiu o curso dos investimentos, a pauta política, estabeleceu a direção e as prioridades da agenda pública de assistência à infância e adolescência. Delineado o problema político, foi montada a agenda pública: . Prevenção (vigiar a criança) . Educação (moldar a criança) . Recuperação (reabilitar a criança viciosa) . Repressão (conter a criança delinquente) (RIZZINI, 1997) Aparato Médico-Jurídico
  • 9. Política de SMCA: conquista recente do Estado Brasileiro ANOS 80 Alteração dos elementos constitutivos da matriz de leitura . Criança e Adolescente: sujeitos de direitos . Marco Jurídico: doutrina da proteção integral . Concepção do Estado: ente com função de proteção e bem-estar social . Proposta de intervenção: cuidado em liberdade - de base comunitária e familiar CONSTITUIÇÃO DE 1988 CONVENÇÃO DE DIREITOS DA CRIANÇA (ONU, 1989) SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (1990) ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (1990) Novo Estado. Nova Criança
  • 10. Novo tempo • A nova concepção de criança e adolescente, possibilitada pelo marco dos Direitos Humanos, permitiu que fossem reconhecidos como questões relevantes para as políticas públicas aspectos fundamentais da sua condição de sujeitos psíquicos: - São seres falantes - Agentes de sua subjetivação frente as experiências no mundo - Têm histórias de vida e experiências particulares - São atravessados pelos enigmas da existência - São passíveis de sofrimento e adoecimento mental - Têm direito de serem tratados/cuidados quando o sofrimento se fizer insuportável ESTA NOVA CONCEPÇÃO DE CRIANÇA E ADOLESCENTE FOI DESTACADA NA III CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE MENTAL (2001) Divisor de águas na história brasileira da SMCA
  • 11. PRIORIDADES PACTUADAS NA III CNSM /2001 • Enfrentar a desassistência aos casos de maior gravidade e complexidade: CAPSi, reorientação dos ambulatórios, articulação com a rede básica • Tomar como problema para a área da saúde mental a institucionalização de crianças e adolescentes • Construir uma rede de cuidados capaz de enfrentar as diferentes ordens de problemas envolvidos na saúde mental de crianças e adolescentes – fundamento e articulação intersetorial. REDE PÚBLICA AMPLIADA DE ATENÇÃO EM SAÚDE MENTAL
  • 12. ESTADO DA ARTE AVANÇOS DESAFIOS • Implantação de CAPSi nas grandes/médias cidades (mesmo que ainda em número insuficiente) • Estratégia de Fóruns Intersetoriais (federal, estaduais e municipais) para gestão da política e construção da rede • Proposição da noção: Rede Pública Ampliada de Atenção • Inclusão da SMCA na agenda do SUS • Afirmação dos princípios da política e do desenho da rede assistencial  Estratégias para ampliação do acesso  Intervenção à tempo (promoção de SM)  Expansão da rede CAPSi  Articulação consequente com a rede básica  Supervisão/Formação (apropriação do mandato)  Leitos de suporte, em rede e de base comunitária  Qualificação das ações com a justiça, educação e assistência social (trabalho em colaboração)  Trabalho com familiares: como inovar?  Organização de usuários/familiares  Avaliação: construção de evidências psicossociais  Vínculos de trabalho: frágeis, instáveis.  Ampliação da institucionalidade das ações territoriais  Desenvolvimento do mandato terapêutico e gestor do CAPSi
  • 13. Fonte: CGMAD, Dezembro de 2014 OBS: em 2017, 219 CAPSi (2462 CAPS) Número de CAPSi, no período de 2002 a 2014 Ano CAPSi Total de CAPS 2002 32 424 2003 37 500 2004 44 605 2005 56 738 2006 75 1010 2007 84 1155 2008 101 1326 2009 112 1467 2010 128 1620 2011 149 1742 2012 174 1937 2013 187 2062 2014 201 2212