O documento apresenta um resumo sobre queimaduras, abordando sua classificação, fisiopatologia, epidemiologia, tratamento inicial e cálculo da área queimada. As principais informações são: a classificação das queimaduras quanto a agente causal e profundidade da lesão, os riscos fisiopatológicos incluindo choque e sepse, a regra de Parkland para reposição volêmica, e a tabela de Lund e Browder para cálculo preciso da área queimada.
3. INTRODUÇÃO
Conceito:
É uma lesão dos tecidos orgânicos, com destruição do
revestimento epitelial, a partir de um agente externo
Classificação:
Térmica, Elétrica e Química
4. HISTÓRICO
Pré história: Controle do fogo
1500 aC: Uso de pomadas e poções
Celsus, Galeno, Parré, tratamento de queimaduras
Hipócrates: ``E o que o fogo não cura, deve- se considerer incurável``
Earle (séc. XVIII): Uso de água gelada
Marjolan (séc. XVIII): Úlcera de Marjolan- Crônica
Dupuytren: Classificação de queimaduras, banhos
5. HISTÓRICO
Baraduc (séc. XIX): Hemoconcentração queimados
Underhill (séc. XX): Fisiopatologia
1942: Cope e Moore – Reposição Volêmica
1952: Evans: Fórmula de Reposição de Evans
Baxter: Fórmula do Hospital Parkland- Cristalóide
1960: Fox- Tratamento com Curativo fechado com Nitrato de Prata
1970: Janzecovic- Excisão precoce e enxertia 2grau profundo
6. EPIDEMIOLOGIA
As queimaduras são a 4º maior causa de morte por injúria
unidirecional nos EUA
Estima-se que ocorrem um milhão de acidentes com
queimaduras por ano no Brasil
2/3 dos acidentes ocorrem dentro do ambiente domiciliar
58% das vítimas são crianças menores de 5 anos
O principal agente causal é líquido/alimento super aquecido
(térmica)
7. CLASSIFICAÇÕES
Quanto ao agente causal
- Físicos: temperatura: vapor, objetos aquecidos, água
quente, chama, etc.
- Elétrico: corrente elétrica, raio, etc.
- Radiação: sol, aparelhos de raios X, raios ultra-
violetas, nucleares, etc.
- Químicos: ácidos, bases, álcool, gasolina, etc. e
- Biológicos:
Animais: lagarta-de-fogo, água-viva, medusa, etc. e
Vegetais : o látex de certas plantas, urtiga, etc.
8. CLASSIFICAÇÃO
Quanto a profundidade da lesão
1º Grau
Não sangra , geralmente seca
Rosa e toda inervada
Não passam da Epiderme
Ocorre reepitelização total
Queimadura de Sol(exemplo)
Hiperemia(vermelhidão)
Dolorosa
Obs:Normalmente não chega na emergência
10. QUEIMADURA DE 2 GRAU
- Epiderme e parte da derme
- Bolhas (flictenas)
- Superficiais (tratamento com
pomadas)
- Profundas(Enxertia)
- Pode deixar cicatrizes
- Dolorosa
13. Quanto a profundidade da lesão
3º Grau
Atinge todos os apêndices da pele
Ossos , músculos (4grau?),nervos , vasos
Pouca ou nenhuma dor (destruição de nervos)
Úmida, Céreo
Cor Branca, Amarela ou Marrom
Não cicatriza espontaneamente,
necessita de enxerto (não reepiteliza)
Espessura Total
CLASSIFICAÇÃO
18. FISIOPATOLOGIA
Dois eventos resume a fisiopatologia das queimaduras:
Aumento da permeabilidade e Edema
Trauma Térmico – Exposição do Colágeno – Liberação de Histamina –
Permeabilidade capilar- Filtrado plasmático para o interstício- Edema Tecidual
– Hipovolemia
Ativação do Sistema Calicreína - Cininas- Aumento da Permeabilidade Capilar
Ativação do Sistema Fosfolipase- Ácido aracnóideo- Prostaglandinas- aumenta
Permeabilidade
Ativação da Via Tromboxano- Plasmina –Trombina – Edema tecidual
22. FISIOPATOLOGIA
Choque no Queimado :
- Agressão térmica – Aumento da permeabilidade capilar – edema tecidual –
Hipovolemia- Choque Hipovolêmico
- 6-8H Fase de Choque : Aumento da Permeabilidade Diminuição de
volume – Aumento do Hormônio Anti diurético (ADH) - liberação de
aldosterona – Retenção de Sódio e excreção de Potássio
-Piora do choque : perda da barreira cutânea – aumento das perdas
insensíveis, diminuição da velocidade de circulação sanguínea – aumento
da viscosidade- piorando a lesão
Eritrócitos destruídos na área queimada – Acidose metabólica- depressão
miocárdica
23. FISIOPATOLOGIA
Alterações Metabólicas :
Catabolismo inicial
Liberação de Mediadores Inflamatórios
Descargas hormonais (Estresse- Eixo hipotalâmico-
hipofisário)- Hormônios do Estresse
Hipotalámo- Sinais Neuronais Aferentes- Estímulos de Dor –
Hipovolemia – Hipóxia – Aumento de Citocinas – FNT – IL6 e
IL8 – Aumenta o catabolismo (degradação de proteínas)-
Aumento do cortisol e catecolaminas – Dimuição do
anabolismo (diminuição do hormônio do crescimento e
testosterona)
Se essa resposta for incontrolada ela passará de protetora a
autodestruidora
24. FISIOPATOLOGIA
Alterações Metabólicas :
O gasto de energia pode ser superior a 2x o valor basal
normal
Gliconeogenese - ´´diabetes do estresse´´( aumento do
glicogênio e cortisol)
Lipólise
Degradação de proteínas- Estresse oxidativo – Catabolismo –
diminuição de alanina, arginina, glutamina, leucina (AA)
Diminuição de sais minerais
25. FISIOPATOLOGIA
Imunidade:
1940-50: Reposição Hídrica – Sobreviveram a Fase de choque
1960-70: Homoenxertos- melhora sobrevida, porém grande
número de infecções
Imunodeficiência: Diminuição de Granulócitos, quimiotaxia,
depressão de células T (Linf. Helper)
Resposta Inflamatória Sistêmica
Radicais Livres, Peróxidos Lipídicos- Tempestade de Citocinas
27. FISIOPATOLOGIA
Perda da Barreira Mecânica
Alterações no Sist. Imune Invasão de Bactérias
Diminuição da ação Fagocítica
e da atividade
Bactericidados Neutrófilos
Diminuição
das Ig
Sepse – Choque Séptico
3º Risco
28. FISIOPATOLOGIA
Resposta Metabólica
1º Fase
Hipometabolismo
Diminuição do DC
Diminuição do consumo de O2
Liberação de subs. Vasoativas
( IL, Prostaglandinas, TNF-, Leucotrienos)
2º Fase
Hipermetabolismo
Aumento do Catabolismo
Liberação de Hormônios
Uso das reservas energéticas
29. FISIOPATOLOGIA
Resposta Metabólica(2º Fase)
Aumento do Catabolismo
e
Uso das reservas energéticas
Necessidade de recuperação
Cicatrização de Feridas
Circulação Hiperdinâmica
Impulso Respiratório
Fluxo Protéico
Proteínas – AA
Glicogenólise
Lipólise de Triglicérides
Liberação dos Hormônios
ADH
TSH(?)
GH
ACTH – Cortisol
Glucágon
Catecolaminas(Fator Chave)
Acidose
4º Risco
30. FISIOPATOLOGIA(RESUMO)
Agressão ao tecido
Mastócitos
Exposição
De
Colágeno
Histamina
APC
Sist. Calicreína
Cininas
Fosfolipase
Ac. Araquidônico
Prostaglandinas
E outros
Choque Hipovolêmico
1º Risco
Perda de Eletrólitos
2º Risco
Perda da Barreira Mecânica
Alterações no Sistema Imune
Invasão de Bactérias
Sepse/Choque Séptico
3º Risco
Resposta Metabólica
Aumento do Catabolismo
Liberação de Hormônios
Uso das reservas energéticas
Acidose Metabólica
4º Risco
31. ESCARA E SEUS PRODUTOS
Sucesso da ressucitação volêmica, porém ainda existe a imunodepressão
Excisão da escara precoce 72h pós queimadura (escara – tóxica –
Polímero Lipídico Proteíco LPC- Imunodepressivo- Maior Vilão do
Queimado) Diminui LPC e o processo inflamatório + Nitrato Cério(Liga
se ao LPC fixando a escara) com Sulfadiazina de Prata.
Ventilação
Nutrição enteral
Antioxidades
Antibiótico – Infecção precoce
Terapias antiiflamatórias (bloqueio de citocinas)+ Subst. de Pele
32. ATENDIMENTO PRIMÁRIO AO QUEIMADO
Uma das piores agressões ao corpo humano, associado a traumas,
quedas ou explosão.
Exame : ABCDEF- ABLS (Advanced Burn Life Suport)
A: Vias Aéreas – Queimadura de Supercílios, Cílios, Mucosa Nasla e Oral
(Edema de Mucosa- IRpA – IOT- Cricot) Queda- Colar Cervical
B: Inalação de fumaça + Gazes
C: 2 acessos venosos periféricos – cristalóide
D: Deficit Neurológico: hipóxia –
E: Expor : Retirar anéis, brincos, roupas
F: Fluid : Ringer Lactato
33. ATENDIMENTO PRIMÁRIO AO QUEIMADO
Exame Secundário:
-Avaliação Completa
-Circunstâncias da lesão
-AMPLA
-Espaço Fechado (inalação de fumaça)
Controle:
- Parar o processo(pré hospitalar- retirar roupas, lavar com água)
- Preucações Universais de Proteção
- Controles de Vias Aéreas (02 em todo paciente com queimadura maior
que 20%
34. ATENDIMENTO PRIMÁRIO AO QUEIMADO
Controle:
Circulação: RL em 2 acessos periféricos ( 2-4ml RL X PESO X SCQ) Nas
primeiras 8h ministrar metade do total calculado e 25% nas 8h e 25% nas
8h posterior.
Monitorar os sinais vitais
Tubo Nasogástrico ( SQC maior de 20%)
Sondagem Vesical ( Foley)
Alívio da dor ( Morfina EV)
Queimaduras de Extremidades ( escara- constrição – diminuição pulso
arterial – Escarotomia)
35. ATENDIMENTO PRIMÁRIO AO QUEIMADO
Escarotomia:
Queimaduras de profundidade total (necrose de coagulação +desidratação
tecidual) 48h- Carapaça- escara+ edema de partes moles. Isquemia distal
ou IRpA padrão restritivo (tórax) – atelectasia e pneumonia ( maior causa
de morte)
* Queimadura Elétrica: Síndrome de Compartimento ( P. intramuscular
maior que 25mmHg) - fasciotomia
36. ATENDIMENTO PRIMÁRIO AO QUEIMADO
Critérios de Internação:
Queimaduras 2°Grau > 20% SCQ Adultos ou >10% em crianças
Períneo, Face, Orelhas, Nádegas, Mãos, Idosos, co morbidades
Analgesia :
Maior de 2° grau- Opióides ev
Imunização
Tétano (adulto)
Difteria + Tétano + Pertussis - DPT(Criança menor de 7a)
37. CALCULANDO A ÁREA QUEIMADA
Wallace(1951) Regra dos Nove ( 9% - SEGMENTO)
Rápido
Prático
Fácil de
memorizar
Pouco preciso
Regra da Palma da
mão pacinete (1%)
Tabela de Lund e
Browder (faixas
etárias)
38. CALCULANDO A ÁREA QUEIMADA
LUND BROWDER
O mais avançado
método de calculo
de área queimada
Leva em
consideração as
várias faixas de
idade com precisão
Obs. Em caso de não existir um método
disponível pode-se usar a Palma da
mão como medida de 1% para o
cálculculo
39. REPOSIÇÃO VOLÊMICA
Parkland (Baxter) : 4ml RL X P X SCQ
Brooke Army Hospital: 2ml RL X P X SCQ
ABLS: Fórmula do Consenso 2-4ml RL X P X SCQ (
queimaduras mais profundas, elétrica 4ml)
*Diurese > 1ml X Kg X h
*Mioglubinúria (queimadura elétrica): 4ml RL X P X SCQ (
Diurese> 75ml /h – Manitol S/N+ BIC
*Manutenção 24h : 100ml/kg ( primeiros 10Kg) + 50ml/kg
(11-20kg) + 20ml para cada kg acima de 20 kg.
40. HIDRATAÇÃO
Fórmula
Baxter e Parkland
4 ml de Lactato de Ringer
ou Soro Fisiológico
kg Área queimada
Composição do Ringer
Sódio
Cloro
Potássio
Cálcio
Lactato
A solução deverá ser administrada nas
primeiras 24 horas
½ nas 8 hs após trauma
41. TRATAMENTO CLÍNICO
Tratamento do Choque- Reposição Volemica- Transfusão
Íleo Paralítico: SNG ( SCQ>20%) Bloq. de bomba de protons- Evitar
Úlcera de Curling
RX pulmonar a cada 5d (75% obitos devido Sepse- 90% iniciam com
PNM)
Infecção: Secreção, odor, bx+ ATB IV (Excisão Escara tangencial)
Curativo : Sulfadiazina de prata1% (1X/d) ação Gram +
Nitrato de Cério ( fixa ao Polimero lipoproteico)
Aberto – Períneo, pescoço, face
Reepitelização : Vaselina