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Rev. Soc. Bras. Cir. Plást. 2005; 20(1): 8-11
8
Gregório TCR et al.
RESUMO
O câncer cutâneo é a malignidade mais freqüente, com incidência crescente nas últimas
décadas. O achado de margens positivas após a ressecção inicial não é incomum, e seu manejo
adequado ainda é bastante controverso. Procurou-se identificar e analisar os casos com
ressecções incompletas no Instituto Nacional de Câncer, no ano de 1997, de forma a avaliar a
conduta adotada e o porcentual de recidiva em um seguimento de cinco anos. Foram operados
no serviço 853 casos de carcinoma basocelular, com 87 (10,2%) pacientes com margens
comprometidas. A principal conduta adotada foi o acompanhamento clínico em 87% dos casos.
O índice de recidiva foi de 36%, sobretudo em pacientes com tumores maiores de 2cm e do
subtipo histológico esclerodermiforme. O tempo médio de seguimento foi de 43 meses. Este
trabalho reforça que o acompanhamento clínico é uma conduta adequada em casos devida-
mente selecionados, na medida em que estabelece que recidivas ocorrem em até 1/3 dos casos
também na população nacional, e que é possível o acompanhamento a longo prazo em uma
instituição pública, como observado nesta série.
Descritores: Carcinoma basocelular, recidiva. Neoplasias cutâneas. Procedimentos cirúrgicos
reconstrutivos. Cirurgia plástica.
ARTIGO
ARTIGO
ARTIGO
ARTIGO
ARTIGO ORIGINAL
ORIGINAL
ORIGINAL
ORIGINAL
ORIGINAL
ACOMPANHAMENTO A LONGO PRAZO DE
CARCINOMAS BASOCELULARES COM MARGENS COMPROMETIDAS
TELMA CAROLINA RITTER DE GREGORIO1
, JULIANO CARLOS SBALCHIERO2
, PAULO ROBERTO DE ALBUQUERQUE LEAL3
1. MédicoResidentedoServiçodeCirurgiaPlástica,ReparadoraeMicrocirurgiadoInstitutoNacionaldoCâncer–INCa–RJ,MembroresidentedaSBCP.
2. Médico Assistente do Serviço de Cirurgia Plástica, Reparadora e Microcirurgia do Instituto Nacional do Câncer – INCa – RJ, Membro Titular da SBCP.
3. ChefedoServiçodeCirurgiaPlástica,ReparadoraeMicrocirurgiadoInstitutoNacionaldoCâncer–INCa–RJ,MembroTitulardaSBCP.
Correspondênciapara: TelmaCarolinaRitterdeGregorio
PraçadaCruzVermelha,23–Centro–RiodeJaneiro,RJ–Brasil–CEP:20230-130–Tel:0xx212506-6087
E-mail: telmaritter@globo.com
Rev. Soc. Bras. Cir. Plást. 2005; 20(1): 8-11
9
Acompanhamento a longo prazo de carcinomas basocelulares com margens comprometidas
INTRODUÇÃO
Ocâncermaisprevalentenapopulaçãobrasileiraéocâncer
de pele, com uma estimativa de 62.190 casos de tumores não
melanocíticos para o ano de 2002, sendo uma incidência estima-
da de 36,57/100000 novos casos para o ano de 2002 e nas
mulheres de 34,56/1000001
.
Quanto ao carcinoma basocelular (CBC), extensões do
tumor além das margens podem resultar em excisão incompleta
e recidiva em 12 a 41% dos casos2,3
, com uma média de 30%4
.
Entretanto, estudos revelam que pacientes que apresentaram
margens positivas na excisão primária, quando submetidos à re-
intervenção, somente um terço apresenta doença residual5,6
.
Devido a essas características, a conduta nos casos de margens
comprometidas é bastante controversa7
, com poucas séries
significantes para a compreensão do problema, já que a maioria
dos trabalhos apresenta amostra reduzida, tempo curto de
seguimento pós–operatório, grupos heterogêneos e avaliação
de várias modalidades de tratamento em um único estudo8
.
O presente trabalho mostra a casuística de 2 anos na
ressecção de CBC no Instituto Nacional de Câncer (INCa) do Rio
deJaneiro,umhospitaldereferêncianacionalparaotratamento
desta doença e o seguimento de cinco anos destes pacientes,
de modo a detectar a real incidência de carcinoma basocelular
recorrente em nosso meio, fazendo uma revisão recente da
literatura sobre este tema, de modo a sugerir uma conduta
adequada frente a este grave problema de saúde pública.
MÉTODO
Foram revisados os registros de tumores do INCa do Rio de
Janeiro e identificados os pacientes matriculados no período de
janeiro a dezembro de 1997, cadastrados sob número no Código
Internacional de Doenças C 44 (neoplasia maligna de pele não
melanoma). Foram revisados os laudos histopatológicos destes
pacientes e selecionados para revisão dos prontuários aqueles
com os seguintes critérios de inclusão:
- Diagnóstico de carcinoma basocelular;
- A excisão inicial intencionou ser completa, com exclusão das
biópsias incisionais, por agulha ou curetagens;
Foram analisados: idade, sexo, localização da lesão, tama-
nho da lesão, tipo histológico, conduta frente ao achado de
margens positivas, incidência de recorrência, tempo de
recorrência, tempo de acompanhamento, histopatológico da
recidiva.
RESULTADOS
No ano de 1997, foram matriculados e operados no INCa 853
casos de CBC, com um total de 87 (10,2%) pacientes com
margens cirúrgicas comprometidas e 18 (2,1%) pacientes com
margens escassas, isto é, inferiores a 1mm de margem livre de
doença.
Dentre estes pacientes com margens comprometidas, en-
contramos 51% de mulheres e 49% de homens. A faixa etária
variou de 33 a 85 anos, com uma média de 65 anos.
As condutas adotadas foram as seguintes:
• Ampliação imediata da margem cirúrgica: sete (8%) pacien-
tes. Tratavam-se de pacientes com todas as margens com-
prometidas ou pacientes com tipo histológico escleroder-
miforme e margem profunda comprometida.
• Radioterapia pós-operatória: quatro (4,6%) pacientes. Dois
delescommargensprofundasecomidadeacimade80anos
com alto risco cirúrgico, e os outros dois receberam radiote-
rapia complementar após a terceira recidiva clínica.
• Acompanhamento clínico e reintervenção em caso de reci-
diva: Trata-se do maior grupo, num total de 76 (87,4%)
pacientes.
As condutas adotadas estão resumidas na Figura 1.
Quanto ao tamanho, 41,3% eram portadores de lesão
tumoral superior a 2 cm de diâmetro. Neste grupo de 36 pacien-
tes, 58,3% apresentaram recidiva clínica (21 casos) no período de
seguimento e foram submetidos à ressecção cirúrgica com
diagnóstico histopatológico semelhante ao da excisão primá-
ria. Já no grupo com lesão inferior a 2 cm (58,6% da casuística),
a recidiva clínica ocorreu em 21,6% (11 casos), estes pacientes
também foram tratados com reintervenção cirúrgica, conforme
ilustrado na Tabela 1.
Quanto ao tipo histológico das margens comprometidas, os
resultados são apresentados na Tabela 2. A taxa de recidiva
geral foi de 36,8% nos pacientes com margens positivas na
ressecção inicial, perfazendo um total de 32 casos.
Nesses pacientes, o tipo histológico predominante foi o CBC
esclerodermiforme em 70% das recidivas e basoescamoso em
10%, subtipos tumorais de conhecida alta agressividade. Setenta
por cento deles apresentavam apenas uma margem lateral
comprometida, 30% mais de uma margem e 30% margem
profunda.
Osprincipaissítiosdelocalizaçãodelesõesincompletamente
excisadas estão demonstrados na Tabela 3 e Figura 2.
O tempo de recidiva médio foi de 35 meses, variando de 5
a60meses.Ospacientestiveramseguimentomédiode43meses,
variando de 18 a 72 meses. Oitenta e sete por cento dos
pacientes tiveram seguimento superior a 48 meses, quando
Figura 1 – Conduta adotada frente ao
achado de margem (ns) comprometida (s).
5%
87%
Ampliação
Clínico
Radioterapia
4,6%
8%
87,4%
Rev. Soc. Bras. Cir. Plást. 2005; 20(1): 8-11
10
Gregório TCR et al.
excluídos os óbitos. Ocorreram 9 (10,3%) óbitos no período,
dentre os pacientes estudados. As mortes ocorreram por proble-
mas não relacionados à doença estudada, com exceção de um
caso em que o óbito se deveu à sepse por infecção em recidiva
pós-maxilarectomia.
DISCUSSÃO
Embora o CBC recorrente compreenda apenas 5% de todos
os tumores iniciais, existe considerável controvérsia sobre sua
patogênese e manejo adequado9
. É bem estabelecido que a
presença de margens comprometidas não representa um risco
absolutoderecidiva10,11
.
AFigura2apresentaaincidênciaealocalizaçãodeCBCcom
margens positivas em 32 pacientes estudados. Embora 80% dos
CBC primários ocorram na face, 90% de todas as nossas lesões
com margens positivas foram encontradas na face. Este fato
ilustra preocupações estéticas na ressecção de tumores faciais12
.
Entre elas, as áreas nasais e periorbitais são aquelas com maior
incidência de margens positivas e, portanto, com maior proba-
bilidade de recorrência13
, conforme também se observou neste
trabalho.
A incidência total de comprometimento das margens varia
entre5,5e12,5%naliteraturainternacional,resultadocompatível
com a casuística de 10,2% em nossa instituição, que é um serviço
de formação profissional.
O intervalo médio entre excisão primária e recorrência varia
na literatura entre 15,6 e 30 meses. Em nossos pacientes, o tempo
médio de recorrência observado foi de 35 meses.
Lesões acima de 2 cm têm maior risco de apresentar margens
positivas e, conforme observado, de apresentar recidivas. Isso
pode ser observado porque tumores maiores são de ressecção
mais complexa e comportamento biológico mais agressivo.
A habilidade de excisar todas as margens se correlaciona
diretamente com o tipo histológico da lesão. Os tipos nodulares
e ulcerados são aqueles que têm as margens mais definidas. Já
os tipos superficial e escleriforme são os mais encontrados nos
espécimes com margens comprometidas. Em nosso estudo, foi
observado que 42,5% dos espécimes com margens positivas
eram do tipo escleriforme, apesar de sua incidência global não
ultrapassar 10%. Isto é verificado devido à pobre definição de
suas margens, dificultando a delimitação da ressecção.
Quando o tumor invade as margens de ressecção, a incidên-
ciamédiaderecorrênciaencontradanaliteraturaéde33%,com
intervalo médio de recorrência de 24 meses14
. É interessante
observar que dos 87 pacientes com margens comprometidas,
houve recorrência em 32 (36%) quando submetidos a um perío-
do longo de seguimento (43 meses). Estes números revelam uma
porcentagem muito semelhante à detectada em vários traba-
lhosestrangeiros15
.
CONCLUSÃO
A excisão cirúrgica é o tratamento de escolha para o CBC
recorrente, sendo recomendável o estudo de congelação
Tabela 1 – Relação entre o tamanho do
tumor e o porcentual de recidiva.
Tamanho do Tumor Nº de pacientes % Recidiva
> 2 cm 36 58,3
< 2 cm 11 21,6
Tabela 2 – Incidência dos tipos histológicos
nas lesões com margens positivas.
Tipo Histológico Nº de pacientes % do total
Nodular / Ulcerado 46 52,9
Esclerodermiforme 37 42,5
Basoescamoso 2 2,3
Multicêntrico 2 2,3
Total 87 100
Tabela 3 – Localização anatômica dos
tumores com margens positivas.
Localização Anatômica Nº de pacientes
Nariz 33
Região Palpebral 14
Orelha 14
Região Nasogeniana / Malar 8
Região Frontal 5
Região Temporal 4
Tórax Anterior 4
Mão 4
Região Cervical 2
Total 88
Figura 2 – Localização e incidência das margens positivas.
Frontal:4,5%
Temporal:6%
Periorbitário:16%
Orelha:16%
Nariz:38%
90%
2,3%
7,7%
Rev. Soc. Bras. Cir. Plást. 2005; 20(1): 8-11
11
Acompanhamento a longo prazo de carcinomas basocelulares com margens comprometidas
TrabalhorealizadonoInstitutoNacionaldeCâncer–INCa–RiodeJaneiro.
Artigorecebido:02/09/2004
Artigoaprovado:22/10/2004
durante sua excisão devido à pobre definição das margens com
cicatrizes16
.
Já para os tumores com margens positivas, o assunto
persiste controverso. O INCa vem adotando recentemente,
após deliberação do Grupo para Estudo e Tratamento de
Tumores Cutâneos do INCa, a ampliação das margens cirúrgi-
cas somente quando se detecta mais de uma margem positiva
ou margem profunda envolvida. Este trabalho reforça esta
conduta, na medida em que estabelece que recidivas ocorrem
em até 1/3 dos casos também na população nacional – o que
justifica o acompanhamento clínico; e que é possível o segui-
mento a longo prazo em uma instituição pública, como
observado nesta série.
SUMMARY
Long-term follow-up of incomplete resection of basal cellular
carcinomas
Cutaneous cancer is the most frequent malignancy with
increasing rate seen over the last decades. Incomplete initial
resection seen in histopathologic specimens is not uncommon
and the appropriate approach to these cases is still very
controversial. This study identified and analyzed cases of
incomplete resection in the Instituto Nacional de Câncer in 1997,
aiming at evaluating the conduct adopted and the percentage
of relapse over a 5-year follow-up period. In the service, 853
patients with basal cellular carcinoma were surgically treated
and 87 cases of incomplete resection (10.2%) were identified. The
main adopted conduct was clinical follow-up in 87% of the cases.
The index of recurrence was 36%, mainly affecting patients with
tumors of greater than 2 cm in size and of the sclerodermiform
histologic subtype. The mean follow-up time was 43 months. This
work suggests that clinical follow-up is an adequate conduct in
duly selected cases, as reoccurrence also occurs in up to 1/3 of
the cases in the national population and that long-term follow-
up is possible even in public institutions, as was seen in this series.
Descriptors:Carcinoma,basalcell,recurrence.Skinneoplasms.
Reconstructivesurgicalprocedures.Surgery,plastic.
REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS
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mortalidade por câncer no Brasil. Rev Bras Cancer. 2002;
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review concerning the incidence, behaviour, and
management of recurrent basal cell carcinoma, with
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Reconstr Surg. 1980;65(5):656-64.
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Jones PW et al. Cutaneous basal cell carcinomas:
distinct host factors are associated with the deve-
lopment of tumors on the trunk and on the head and
neck. Cancer. 2001;92(2):354-8.
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excised basal cell carcinomas: recommendations for
management by re-excision. Br J Plast Surg. 1999;
52(1):24-8.

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CBC com Margem.pdf

  • 1. Rev. Soc. Bras. Cir. Plást. 2005; 20(1): 8-11 8 Gregório TCR et al. RESUMO O câncer cutâneo é a malignidade mais freqüente, com incidência crescente nas últimas décadas. O achado de margens positivas após a ressecção inicial não é incomum, e seu manejo adequado ainda é bastante controverso. Procurou-se identificar e analisar os casos com ressecções incompletas no Instituto Nacional de Câncer, no ano de 1997, de forma a avaliar a conduta adotada e o porcentual de recidiva em um seguimento de cinco anos. Foram operados no serviço 853 casos de carcinoma basocelular, com 87 (10,2%) pacientes com margens comprometidas. A principal conduta adotada foi o acompanhamento clínico em 87% dos casos. O índice de recidiva foi de 36%, sobretudo em pacientes com tumores maiores de 2cm e do subtipo histológico esclerodermiforme. O tempo médio de seguimento foi de 43 meses. Este trabalho reforça que o acompanhamento clínico é uma conduta adequada em casos devida- mente selecionados, na medida em que estabelece que recidivas ocorrem em até 1/3 dos casos também na população nacional, e que é possível o acompanhamento a longo prazo em uma instituição pública, como observado nesta série. Descritores: Carcinoma basocelular, recidiva. Neoplasias cutâneas. Procedimentos cirúrgicos reconstrutivos. Cirurgia plástica. ARTIGO ARTIGO ARTIGO ARTIGO ARTIGO ORIGINAL ORIGINAL ORIGINAL ORIGINAL ORIGINAL ACOMPANHAMENTO A LONGO PRAZO DE CARCINOMAS BASOCELULARES COM MARGENS COMPROMETIDAS TELMA CAROLINA RITTER DE GREGORIO1 , JULIANO CARLOS SBALCHIERO2 , PAULO ROBERTO DE ALBUQUERQUE LEAL3 1. MédicoResidentedoServiçodeCirurgiaPlástica,ReparadoraeMicrocirurgiadoInstitutoNacionaldoCâncer–INCa–RJ,MembroresidentedaSBCP. 2. Médico Assistente do Serviço de Cirurgia Plástica, Reparadora e Microcirurgia do Instituto Nacional do Câncer – INCa – RJ, Membro Titular da SBCP. 3. ChefedoServiçodeCirurgiaPlástica,ReparadoraeMicrocirurgiadoInstitutoNacionaldoCâncer–INCa–RJ,MembroTitulardaSBCP. Correspondênciapara: TelmaCarolinaRitterdeGregorio PraçadaCruzVermelha,23–Centro–RiodeJaneiro,RJ–Brasil–CEP:20230-130–Tel:0xx212506-6087 E-mail: telmaritter@globo.com
  • 2. Rev. Soc. Bras. Cir. Plást. 2005; 20(1): 8-11 9 Acompanhamento a longo prazo de carcinomas basocelulares com margens comprometidas INTRODUÇÃO Ocâncermaisprevalentenapopulaçãobrasileiraéocâncer de pele, com uma estimativa de 62.190 casos de tumores não melanocíticos para o ano de 2002, sendo uma incidência estima- da de 36,57/100000 novos casos para o ano de 2002 e nas mulheres de 34,56/1000001 . Quanto ao carcinoma basocelular (CBC), extensões do tumor além das margens podem resultar em excisão incompleta e recidiva em 12 a 41% dos casos2,3 , com uma média de 30%4 . Entretanto, estudos revelam que pacientes que apresentaram margens positivas na excisão primária, quando submetidos à re- intervenção, somente um terço apresenta doença residual5,6 . Devido a essas características, a conduta nos casos de margens comprometidas é bastante controversa7 , com poucas séries significantes para a compreensão do problema, já que a maioria dos trabalhos apresenta amostra reduzida, tempo curto de seguimento pós–operatório, grupos heterogêneos e avaliação de várias modalidades de tratamento em um único estudo8 . O presente trabalho mostra a casuística de 2 anos na ressecção de CBC no Instituto Nacional de Câncer (INCa) do Rio deJaneiro,umhospitaldereferêncianacionalparaotratamento desta doença e o seguimento de cinco anos destes pacientes, de modo a detectar a real incidência de carcinoma basocelular recorrente em nosso meio, fazendo uma revisão recente da literatura sobre este tema, de modo a sugerir uma conduta adequada frente a este grave problema de saúde pública. MÉTODO Foram revisados os registros de tumores do INCa do Rio de Janeiro e identificados os pacientes matriculados no período de janeiro a dezembro de 1997, cadastrados sob número no Código Internacional de Doenças C 44 (neoplasia maligna de pele não melanoma). Foram revisados os laudos histopatológicos destes pacientes e selecionados para revisão dos prontuários aqueles com os seguintes critérios de inclusão: - Diagnóstico de carcinoma basocelular; - A excisão inicial intencionou ser completa, com exclusão das biópsias incisionais, por agulha ou curetagens; Foram analisados: idade, sexo, localização da lesão, tama- nho da lesão, tipo histológico, conduta frente ao achado de margens positivas, incidência de recorrência, tempo de recorrência, tempo de acompanhamento, histopatológico da recidiva. RESULTADOS No ano de 1997, foram matriculados e operados no INCa 853 casos de CBC, com um total de 87 (10,2%) pacientes com margens cirúrgicas comprometidas e 18 (2,1%) pacientes com margens escassas, isto é, inferiores a 1mm de margem livre de doença. Dentre estes pacientes com margens comprometidas, en- contramos 51% de mulheres e 49% de homens. A faixa etária variou de 33 a 85 anos, com uma média de 65 anos. As condutas adotadas foram as seguintes: • Ampliação imediata da margem cirúrgica: sete (8%) pacien- tes. Tratavam-se de pacientes com todas as margens com- prometidas ou pacientes com tipo histológico escleroder- miforme e margem profunda comprometida. • Radioterapia pós-operatória: quatro (4,6%) pacientes. Dois delescommargensprofundasecomidadeacimade80anos com alto risco cirúrgico, e os outros dois receberam radiote- rapia complementar após a terceira recidiva clínica. • Acompanhamento clínico e reintervenção em caso de reci- diva: Trata-se do maior grupo, num total de 76 (87,4%) pacientes. As condutas adotadas estão resumidas na Figura 1. Quanto ao tamanho, 41,3% eram portadores de lesão tumoral superior a 2 cm de diâmetro. Neste grupo de 36 pacien- tes, 58,3% apresentaram recidiva clínica (21 casos) no período de seguimento e foram submetidos à ressecção cirúrgica com diagnóstico histopatológico semelhante ao da excisão primá- ria. Já no grupo com lesão inferior a 2 cm (58,6% da casuística), a recidiva clínica ocorreu em 21,6% (11 casos), estes pacientes também foram tratados com reintervenção cirúrgica, conforme ilustrado na Tabela 1. Quanto ao tipo histológico das margens comprometidas, os resultados são apresentados na Tabela 2. A taxa de recidiva geral foi de 36,8% nos pacientes com margens positivas na ressecção inicial, perfazendo um total de 32 casos. Nesses pacientes, o tipo histológico predominante foi o CBC esclerodermiforme em 70% das recidivas e basoescamoso em 10%, subtipos tumorais de conhecida alta agressividade. Setenta por cento deles apresentavam apenas uma margem lateral comprometida, 30% mais de uma margem e 30% margem profunda. Osprincipaissítiosdelocalizaçãodelesõesincompletamente excisadas estão demonstrados na Tabela 3 e Figura 2. O tempo de recidiva médio foi de 35 meses, variando de 5 a60meses.Ospacientestiveramseguimentomédiode43meses, variando de 18 a 72 meses. Oitenta e sete por cento dos pacientes tiveram seguimento superior a 48 meses, quando Figura 1 – Conduta adotada frente ao achado de margem (ns) comprometida (s). 5% 87% Ampliação Clínico Radioterapia 4,6% 8% 87,4%
  • 3. Rev. Soc. Bras. Cir. Plást. 2005; 20(1): 8-11 10 Gregório TCR et al. excluídos os óbitos. Ocorreram 9 (10,3%) óbitos no período, dentre os pacientes estudados. As mortes ocorreram por proble- mas não relacionados à doença estudada, com exceção de um caso em que o óbito se deveu à sepse por infecção em recidiva pós-maxilarectomia. DISCUSSÃO Embora o CBC recorrente compreenda apenas 5% de todos os tumores iniciais, existe considerável controvérsia sobre sua patogênese e manejo adequado9 . É bem estabelecido que a presença de margens comprometidas não representa um risco absolutoderecidiva10,11 . AFigura2apresentaaincidênciaealocalizaçãodeCBCcom margens positivas em 32 pacientes estudados. Embora 80% dos CBC primários ocorram na face, 90% de todas as nossas lesões com margens positivas foram encontradas na face. Este fato ilustra preocupações estéticas na ressecção de tumores faciais12 . Entre elas, as áreas nasais e periorbitais são aquelas com maior incidência de margens positivas e, portanto, com maior proba- bilidade de recorrência13 , conforme também se observou neste trabalho. A incidência total de comprometimento das margens varia entre5,5e12,5%naliteraturainternacional,resultadocompatível com a casuística de 10,2% em nossa instituição, que é um serviço de formação profissional. O intervalo médio entre excisão primária e recorrência varia na literatura entre 15,6 e 30 meses. Em nossos pacientes, o tempo médio de recorrência observado foi de 35 meses. Lesões acima de 2 cm têm maior risco de apresentar margens positivas e, conforme observado, de apresentar recidivas. Isso pode ser observado porque tumores maiores são de ressecção mais complexa e comportamento biológico mais agressivo. A habilidade de excisar todas as margens se correlaciona diretamente com o tipo histológico da lesão. Os tipos nodulares e ulcerados são aqueles que têm as margens mais definidas. Já os tipos superficial e escleriforme são os mais encontrados nos espécimes com margens comprometidas. Em nosso estudo, foi observado que 42,5% dos espécimes com margens positivas eram do tipo escleriforme, apesar de sua incidência global não ultrapassar 10%. Isto é verificado devido à pobre definição de suas margens, dificultando a delimitação da ressecção. Quando o tumor invade as margens de ressecção, a incidên- ciamédiaderecorrênciaencontradanaliteraturaéde33%,com intervalo médio de recorrência de 24 meses14 . É interessante observar que dos 87 pacientes com margens comprometidas, houve recorrência em 32 (36%) quando submetidos a um perío- do longo de seguimento (43 meses). Estes números revelam uma porcentagem muito semelhante à detectada em vários traba- lhosestrangeiros15 . CONCLUSÃO A excisão cirúrgica é o tratamento de escolha para o CBC recorrente, sendo recomendável o estudo de congelação Tabela 1 – Relação entre o tamanho do tumor e o porcentual de recidiva. Tamanho do Tumor Nº de pacientes % Recidiva > 2 cm 36 58,3 < 2 cm 11 21,6 Tabela 2 – Incidência dos tipos histológicos nas lesões com margens positivas. Tipo Histológico Nº de pacientes % do total Nodular / Ulcerado 46 52,9 Esclerodermiforme 37 42,5 Basoescamoso 2 2,3 Multicêntrico 2 2,3 Total 87 100 Tabela 3 – Localização anatômica dos tumores com margens positivas. Localização Anatômica Nº de pacientes Nariz 33 Região Palpebral 14 Orelha 14 Região Nasogeniana / Malar 8 Região Frontal 5 Região Temporal 4 Tórax Anterior 4 Mão 4 Região Cervical 2 Total 88 Figura 2 – Localização e incidência das margens positivas. Frontal:4,5% Temporal:6% Periorbitário:16% Orelha:16% Nariz:38% 90% 2,3% 7,7%
  • 4. Rev. Soc. Bras. Cir. Plást. 2005; 20(1): 8-11 11 Acompanhamento a longo prazo de carcinomas basocelulares com margens comprometidas TrabalhorealizadonoInstitutoNacionaldeCâncer–INCa–RiodeJaneiro. Artigorecebido:02/09/2004 Artigoaprovado:22/10/2004 durante sua excisão devido à pobre definição das margens com cicatrizes16 . Já para os tumores com margens positivas, o assunto persiste controverso. O INCa vem adotando recentemente, após deliberação do Grupo para Estudo e Tratamento de Tumores Cutâneos do INCa, a ampliação das margens cirúrgi- cas somente quando se detecta mais de uma margem positiva ou margem profunda envolvida. Este trabalho reforça esta conduta, na medida em que estabelece que recidivas ocorrem em até 1/3 dos casos também na população nacional – o que justifica o acompanhamento clínico; e que é possível o segui- mento a longo prazo em uma instituição pública, como observado nesta série. SUMMARY Long-term follow-up of incomplete resection of basal cellular carcinomas Cutaneous cancer is the most frequent malignancy with increasing rate seen over the last decades. Incomplete initial resection seen in histopathologic specimens is not uncommon and the appropriate approach to these cases is still very controversial. This study identified and analyzed cases of incomplete resection in the Instituto Nacional de Câncer in 1997, aiming at evaluating the conduct adopted and the percentage of relapse over a 5-year follow-up period. In the service, 853 patients with basal cellular carcinoma were surgically treated and 87 cases of incomplete resection (10.2%) were identified. The main adopted conduct was clinical follow-up in 87% of the cases. The index of recurrence was 36%, mainly affecting patients with tumors of greater than 2 cm in size and of the sclerodermiform histologic subtype. The mean follow-up time was 43 months. This work suggests that clinical follow-up is an adequate conduct in duly selected cases, as reoccurrence also occurs in up to 1/3 of the cases in the national population and that long-term follow- up is possible even in public institutions, as was seen in this series. Descriptors:Carcinoma,basalcell,recurrence.Skinneoplasms. Reconstructivesurgicalprocedures.Surgery,plastic. REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS 1. Kligerman J. Estimativas sobre a incidência e mortalidade por câncer no Brasil. Rev Bras Cancer. 2002; 175-9. 2. Friedman HI, Williams T, Zamora S, al-Assaad Z. Recurrent basal cell carcinoma in margin positive tumors. Ann Plast Surg. 1997;38(3):232-5. 3. Robinson JK, Fisher SG. Recurrent basal cell carcinoma after incomplete resection. Arch Dermatol. 2000; 136(11):1318-24. 4. Berlin J, Katz KH, Helm KF, Maloney ME. The signifi- cance of tumor persistence after incomplete excision of basal cell carcinoma. J Am Acad Dermatol. 2002;46(4):549-53. 5. Eliezri YD, Cohen PR. Cancer recurrence following Mohs micrographic surgery: a mechanism of tumor persis- tence. Plast Reconstr Surg. 1992;90(1):121-5. 6. Holmkvist K, Rogers G, Dahl P. Incidence of residual basal cell carcinoma in patients who appear tumor free after biopsy. J Am Acad Dermatol. 1999; 41(4): 600-5. 7. Goldberg LH. Basal cell carcinoma. Lancet. 1996; 347(9002):663-7. 8. Hallock GG, Lutz DA. A prospective study of the accuracy of the surgeon´s diagnosis and significance of positive margins in nonmelanoma skin cancer. Plast Reconstr Surg. 2001;107(4):942-7. 9. Lindsey WH. Diagnosis and management of cutaneous malignancies of the head and neck. Compr Ther. 1997;23(11):724-9. 10. Har-Shai Y, Hai N, Taran A, Mayblum S, Barak A, Tzur E et al. Sensitivity and positive predictive values of presurgical clinical diagnosis of excised benign and malignant skin tumors. Plast Reconst Surg. 2001;108(7):1982-9. 11. Pascal RR, Hobby LW, Lattes R, Crikelair GF. Prognosis of incompletely excised versus completely excised basal cell carcinoma. Plast Reconstr Surg. 1968;4(4): 328-32. 12. Hochman M, Lang P. Skin cancer of the head and neck. Med Clin North Am. 1999;83(1):261-82. 13. Kumar P, Watson S, Brain AN, Davenport PJ, McWilliam LJ, Banerjee SS et al. Incomplete excision of basal cell carcinoma: a prospective multicenter audit. Br J Plast Surg. 2002;55(8):616-22. 14. Koplin L, Zarem H. Recurrent basal cell carcinoma: a review concerning the incidence, behaviour, and management of recurrent basal cell carcinoma, with emphasis on the incompletely excised lesion. Plast Reconstr Surg. 1980;65(5):656-64. 15. Ramachandran S, Fryer AA, Smith A, Lear J, Bowers B, Jones PW et al. Cutaneous basal cell carcinomas: distinct host factors are associated with the deve- lopment of tumors on the trunk and on the head and neck. Cancer. 2001;92(2):354-8. 16. Griffiths RW. Audit of histologically incompletely excised basal cell carcinomas: recommendations for management by re-excision. Br J Plast Surg. 1999; 52(1):24-8.