1) O documento descreve as técnicas de reconstrução de couro cabeludo, calota craniana, região frontal e pálpebras, incluindo opções de enxertos, retalhos e reconstruções em casos de perdas parciais ou totais de tecidos. 2) É detalhada a classificação e tratamento cirúrgico de diferentes tipos de ptose palpebral como congênita, neurogênica, miogênica e pseudoptose. 3) As opções cirúrgicas variam de acordo com o grau de ptose e
1. RECONSTRUÇÃO DE COURO CABELUDO E CALOTA
CRANIANA.
Irrigação: vasos temporais superficiais, supra orbitários, supra trocleares,
auricular posterior e occipital.
SCALP: pele, subcutâneo, gálea, tecido areolar frouxo e periósteo.
Reconstruções:
Partes Moles
1- Espessura Parcial:
a- Sem perda de substancia:
-sutura primaria;
b- Com perda de substancia:
- descolamento no plano subgaleal e sutura primária;
- cicatrização por segunda intenção;
- enxertos de pele parcial;
- retalhos locais: rotação, avançamento (simples, V-Y,bipediculados,
transposição e múltiplos)
Nas grandes avulsões e avulsões totais, os melhores resultados são com
reimplantes microcirurgicos imediatos (até 24 hs de isquemia!!!).
2- Espessura Total:
a- Sem perda de substancia:
- limpeza exaustiva, reposicionamento, sutura primaria;
b- Com perda de substancia:
- perfuração da calota externa com formação de tecido de granulação e
posterior enxerto parcial;
- retalhos expandidos;
- retalhos microcirurgicos e enxertia de pele parcial (retalho de musc.
Grande Dorsal, Reto Abdominal- com ou sem pele local-, retalhos
fasciocutãneos extensos- escapular e/ou paraescapular)
Reconstrução da Calota Craniana
1-Perda Óssea de Espessura Parcial:
- reconstrução com finalidades estéticas, como enxertos ósseos, implantes
aloplásticos (metilmetacrilato, hidroxiapatita porosa, polietileno poroso-
porex);
2- Perda Óssea de Espessura Total:
- enxerto ósseo autógeno, materiais aloplásticos.
Áreas Doadoras de Enxerto Ósseo:
Calota craniana, crista ilíaca, arcos costais.
2. RECONSTRUÇÃO DA REGIÃO FRONTAL E DO SUPERCÍLIO
1-Cicatrização por segunda intenção:
- não é a opção de escolha;
2- Fechamento primário:
- opção ideal quando possível;
3- Enxerto de Pele: tem pouca qualidade estética;
- pele total de preferência, sendo as áreas doadoras as regiões antero-
superior do tórax ou clavicular (coloração e textura de pele semelhantes e
possibilidade de fechamento primário).
4- Retalhos Locais: é a opção quando o fechamento primário não é
possível;
- áreas doadoras: temporal, glabela, couro cabeludo, retro auricular(retalho
de Waschio);
-tipos: retalhos em avanço unilateral ou bilateral, rotação e avanço bilateral
(duplo S), em transposição (monolobado, bilobado, rômbico).
5- Retalhos a Distancia:
-deltopeitoral, cutâneo ou fasciocutãneo direto do antebraço.
6- Retalhos Expandidos:
-excelentes resultados estéticos.
7- Microcirurgicos:
-com indicações mais restritas e atuais, grande qualidade de resultados,
porem exige equipe habilitada.
REGIÃO FRONTAL COMO ÁREA DOADORA DE RETALHOS
Ótima área doadora de retalhos, e como tal necessita de reconstrução após.
Os principais são: Retalho Frontal ou de Converse, Retalho
Médiofrontal ou Indiano.
Retalho Frontal: indicado para reconstrução dos terços médio e inferior da
face (pálpebras, nariz, bochecha, lábios, língua), cervical, cavidade oral,
seio frontal e maxilar;
Retalho Médiofrontal: indicado para reconstrução do nariz, pálpebras,
órbita e terço médio da face.
3. RECONSTRUÇÃO PALPEBRAL
PERDAS PARCIAIS:
- Enxertos de pele total: pálpebra contralateral, retroauricular.
- Enxertos Condro-cutãneos: concha auricular.
- Enxertos de Mucosa: mucosa oral, septal.
- Enxerto Condro-mucoso: septo nasal.
- Enxertos Mucoperiosteal: palato duro.
-Retalhos Locais ou de Vizinhança: Retalho de Fricke (monopediculado),
Tripier (bipediculado), Retalhos de Avançamento ou Rotação Lateral.
PERDAS EM PLANOS TOTAIS:
PALPEBRA INFERIOR
Defeitos até 25% da dimenensão horizontal:
- aproximação direta camada a camada.
SUTURA DE MUSTARDÉ: conjuntivaé suturada com mononailon 6-0
em chuleio contínuo, para evitar nós em contato com a córnea; ponto de
seda 5-0 na linha cinzenta para manter a continuidade do bordo
palpebral;fioabsorvível (vicryl 5-0) na musculatura; e pontos separados
de mononailon 6-0 na pele.
Defeitos de 25 a 60% da dimensão horizontal:
- cantólise seletiva e transposição medial da pálpebra, com ou sem um
retalho de pele local (retalhos de avançamento de Reese, ou retalho
semicircular de Tenzel).
Defeitos de 75 a 100% da dimensão horizontal:
- Retalho tarsoconjuntival de Hugh (2 estágios, defeitos com dimensão
vertical de 4 a 5 mm) associado a um enxerto de pele ou retalho de avanço;
ou um Retalho de Bochecha de Mustardé (1 estágio) com enxerto
composto para sustentar e forrar a pálpebra. Outra opção seria o Retalho
em V-Y de Destro.
PALPEBRA SUPERIOR
Defeitos de até 25% da dimensão horizontal, ou pouco maires em
pacientes com flacidez de pele (idosos):
- aproximação direta.
4. Defeitos entre 25 e 60% da dimensão horizontal:
- cantólise lateral seletiva da cruz superior do tendão cantal lateral com
transposição medial da pálpebra; a combinação com um retalho cutâneo
local pode ser necessário.
- retalhos de trocas palpebrais (inf. p/ sup.): podemser confeccionados 25%
mais estreitos do que a largura do defeito, entretanto, o pedículo deve ser
confeccionado com 5 a 6 mm na dimensão vertical para evitar lesão da
artéria marginal.
-enxertos compostos da pálpebra contralateral para defeitos de até 50%,
sendo a área doadora de 25% da pálpebra contralateral e fechamento direto
da área doadora.
Defeitos entre 60 a 100% da dimensão horizontal:
- Retalho de Cutler-Beard (2 estágios): é um retalho de avanço de toda a
espessura da pálpebra inferior que é avançado sob a margem intacta da
pálpebra inferior (ponte), e então depositado sobre o defeito da pálpebra
superior.
- Retalho de Mustardé (2 estágios) de pálpebra total fecha o defeito da
pálpebra superior com uma cantotomia lateral e um retalho de troca de
pálpebra de toda a espessura da mesma, usando o quanto for necessário de
pálpebra inferior. Esse procedimento é seguido da reconstrução do defeito
da zona doadora da pálpebra inferior com um enxerto composto e retalho
de avanço de bochecha.
- Retalhos locais como nasolabial ou glabelar, associados com enxertos
compostos quando necessários.
RECONSTRUÇÕES DO CANTO LATERAL
-Lesões do canto lateral com comprometimento de até 25% da pálpebra
superior ou inferior podem ser corrigidos com suturas do tarso ao canto
lateral da órbita (tubérculo de Whitnall) e as deformidades locais corrigidas
com retalhos locais ou enxertos de pele; lesões com perdas maiores podem
necessitar de retalhos de periósteo para a fixação do tarso ao canto lateral, e
as deformidades locais corrigidas por retalhos laterais tipo Mustardé,
tarsoconjuntivais, Fricke bipartido.
-Lesões do canto medial restritas ao tegumento e que não atinjam a
comissura ou canto propriamente dito, podem ser corrigidas por enxertos
ou retalhos locais (V-Y da região glabelar- tem ótima indicação em lesões
de até 2 cm). As lesões que atinjam o canto medial também podem ser
tratadas com esses retalhos bipartidos, ou associações de retalhos
tarsoconjuntivais e enxertos. Lesões que acometam além do canto medial e
mais de 25% da pálpebra devem ser tratados com retalhos mediofrontais
(expandidos em pacientes jovens para retalhos de grandes dimensões).
5. PTOSE PALPEBRAL
Ptose palpebral ou blefaroptose corresponde a situação onde a margem
da pálpebra superior esta situada abaixo do nível normal na posição
primaria do olhar. Considerando-se que o posicionamento adequado
do bordo palpebral superior seja cobrindo o limbo superior da íris em
1 a 2mm, abaixo deste ponto considera-se como ptose palpebral.
Graus de Ptose:
- 2 a 4mm do limbo: ptose suave (menor que 2mm);
- 4 a 6mm do limbo: ptose moderada (entre 2 e 4mm);
- 6mm ou mais do limbo: ptose severa (maior que 4mm).
Função do músculo levantador:
- normal: excursão maior ou igual a 15mm;
- boa: entre 8 e 14mm;
- regular: entre 5 e 7mm;
- fraca: menor que 4mm;
- ausente: nenhuma elevação.
Posição da margem palpebral superior na infraversão:
- acima de 2mm do limbo escleral superior: o músculo levantador não é
capaz de relaxar, o que fala a favor de ptose congênita distrófica;
- abaixo de 2mm do limbo escleral superior: sugere desinserção da
aponeurose do levantador.
Fenômenos associados:
- Fenômeno de Bell: o movimento do globo ocular durante a oclusão é
supero-lateral. Costuma estar ausente nos casos de oftalmoplegia, paralisia
congênita do levantador, fibrose congênita generalizada e ptose miogênica.
Obriga a adoção de tratamentos mais conservadores, com hipocorreçào da
ptose.
- Fenômeno de Marcus-Gunn: consiste num reflexo de retração da pálpebra
ptosada quando a mandíbula é deslocada para o lado oposto.
Testes farmacológicos:
- Miastenia grave: utilização de drogar anticolinesterásicas de ação rápida;
- Síndrome de Horner: colírios estimuladores de norepinefrina. O teste
positivo para hidroxianfetamina (midriase) diagnostica lesão do III nervo;
- Ptose suave: instilação de colírio de fenilefrina a 10% para avaliar a
função do músculo de Muller.
6. CLASSIFICAÇÃO:
PTOSES CONGENITAS:
Ptose congenita simples:
-ocorre distrofia do músculo elevador de causa desconhecida.
-maioria dos casos é unilateral e não melhora espontaneamente,
necessitando de cirurgia.
-ptose suave (2mm ou menos), com boa função do elevador (8mm ou
mais), com teste da fenilefrina a 10% positivo (correção da ptose): podem
ser tratadas por encurtamento muscular, preferencialmente pelas técnicas
de conjuntivo-mullerectomia ou tarso-conjuntivo-mullerectomia de
Fasanella-Servat;
- ptose suave, com boa função do elevador, com teste da felefrina a 10%
negativo: indica-se pequena ressecção do elevador (10-13mm) por via
cutânea ou transconjuntival;
- ptose moderada (3mm), com boa função do elevador: ressecção
moderada do elevador (14-17mm);
-ptose moderada (3mm), com media função do elevador (5-7mm): grande
ressecção (18-22);
- ptose congênita severa (4mm ou mais), com média função do elevador (5-
7mm): ressecção máxima (23mm ou mais).
-Ptose congênita severa (4mm ou mais), com função pobre do elevador
(4mm ou menos): suspensão frontal.
Ptose congênita com fraqueza do reto superior:
- deficiência na elevação da palpebra e na elevação do olho associada.
-alguns procedimentos para ptose congênita simples podem ser realizados.
Síndrome da blefarofimose:
-encurtamento horizontal e vertical da fenda palpebral, telecanto, epicanto
inverso e, excepcionalmente, ectrópio da pálpebra inferior e falha óssea na
borda supra-orbital.
-Tecnica de Mustardé para tratamento da blefarofimose: correção do
telecanto pela dupla zetaplastia, aproximação dos ligamentos cantal medial,
correção do ectrópio da pálpebra inferior com enxerto de pele. Correção da
ptose após 6 meses da correção do epicanto.
Ptose sincinética mandíbulo-palpebral (Fenômeno de Marcus Gunn):
-tende a desaparecer com a idade.
7. PTOSES ADQUIRIDAS:
Ptose Neurogenica:
-ruptura dos impulsos nervosos normais ao músculo levantador, de algum
lugar da saída do nervo (III Par) até o músculo.
-resultado cirúrgico frequentemente é pobre.
-tratamento conforme a causa e grau de comprometimento do elevador.
Ptose Miogenica:
- qualquer ptose adquirida cuja causa é o defeito no complexo muscular
levantador.
Exemplos:
-oftalmoplegia crônica progressiva externa: a conduta méis adequada é a
plicatura conservadora da aponeurose do elevador;
-miastenia grave: é de tratamento medicamentoso;
-ptose involucional ou senil (idosos).
Ptose traumática:
-causada por acidentes.
Ptose mecânicas:
-ação mecânica de um peso sobre as pálpebras ( tumor, cicatriz,
neurofibromatose, linfedema, anomalias arteriovenosas).
PSEUDOPTOSE:
A posição mais baixa da margem palpebral pode ser real ou aparente, sem
alterações no mecanismo da elevador.
Pseudoptose causada pela falta de suporte para a pálpebra superior:
-enoftalmo ou microftalmia: encurtamento do elevador;
-anoftalmia: aumento da loja do globo ocular ou próteses.
Pseudoptose causada por hipotropia:
- deslocamento do globo ocular para baixo, em direção ao seio maxilar:
correção da hipotropia com correção do estrabismo primeiro.
Pseudoptose causada por Dermatocalasis:
- perda da elasticidade da pele da pálpebra, que se torna fina e estirada,
formando uma dobra sobre o sulco palpebral, simulando um mal
posicionamento da pálpebra. Deve ser tratada por blefaroplastia superior.
8. RECONSTRUÇÃO DO NARIZ
PROCEDIMENTOS CIRURGICOS SIMPLES
- Sutura primaria quando possível.
- Cicatrização por segunda intensão: lesões de até 0,5cm na ponta.
RECONSTRUÇÕES PARCIAIS DO NARIZ
Enxerto Condrocutâneo
- reconstruções de asa nasal em lesões de até 1,5cm.
Retalho Nasogeniano
- região geniana e asa do nariz.
Retalho Biológico de Esser (pedículo em túnel subcutâneo)
- região dorsal próxima da glabela e no canto interno das pálpebras.
Retalho Glabelar ou de Mc Gregor
- retalho glabelar com base vascular em um dos lados da glabela, sendo
rodado para defeitos da região glabelar e dorsal.
Retalho Nasoglabelar
- retalho quadrangular de dorso nasal com base na região glabelar.
Reconstrução de dorso até a ponta nasal.
Retalho Mediofrontal ou Indiano
- reconstrução de todo o nariz, principalmente a ponta nasal.
Retalho Falciforme de New
- retalho em forma de foice com pedículo baseado no ramo parietal da
artéria temporal. Ponta e asa nasal. (2 tempos).
Retalhos triangulares com pedículo subcutâneo
- retalhos em V-Y. Dorso/lateral e região glabelar.
RECONSTRUÇOES TOTAL DO NARIZ
Retalhos expandidos da região frontal
- quando parte da região frontal estiver comprometida.
Retalhoplastia múltipla por avançamento direto
9. Retalho Frontal em Forma de “Gaivota” (Millard)
- retalho frontal com dois prolongamentos laterais e um superior.
Reconstrução de dorso, asa e columela. O forro nasal é realizado com dois
retalhos nasogenianos.
Retalho em Escalpo (Converse)
-é o retalho mais utilizado nas reconstruções totais de nariz. O plano de
dissecção é entre a gálea e o periósteo. Enxerto de pele total na área
doadora, e as áreas que receberão novamente o retalho podem ser fechadas
temporariamente com enxerto de pele parcial ou curativos. Baseado na
artéria temporal superficial. Tem seu pedículo seccionado de 2 a 3
semanas.
RECONSTRUÇÕES LABIAIS
DEFEITOS SUPERFICIAIS
Reconstrução do Vermelhão
- Sutura primaria
- “Lip-Shave”: ressecção do vermelhão total labial e sua reparação por
avançamento da mucosa vestibular do lábio.
- Retalhos do vermelhão e retalhos de língua: com secção do pedículo de
14 a 21 dias.
Reparação de defeitos de pele e subcutâneo
- Retalhos Locais: rotação, avançamento ou transposição.
- Retalho Nasogeniano: comprimento:largura é de 5:1.
- Retalhos de Avançamento: tipo A-T.
DEFEITOS EM PLANO TOTAL
Pequena: Até 30%
Sutura Primaria em V
- técnica de eleição para defeitos traumáticos ou de ressecções tumorais de
até ¼ do lábio superior e até 1/3 do lábio inferior, podendo ser aplicada
para defeitos maiores em pacientes idosos ou com flacidez pronunciada.
Sutura primaria em W
- para ressecções maiores que poupam o sulco mentoniano.
10. Grandes: 30 a 80%
Fan Flap de Gillies
- indicados para reconstruções de lábio inferior.
Retalhos de Avançamento de Webster
- Retalho de avançamento com secção de crescentes perialares, em plano
total.
Retalho de Karapandzic
- Retalho neurovascular com melhor resultado funcional. Para ambos os
lábios, defeitos de até 50%, sendo sua melhor indicação os defeitos
centrais.
Retalho de Abbé
- Retalho de transferência labial, para reconstruções (em 2 tempos- com
intervalo de 2 a 4 semanas) de grandes defeitos (30 a 50%) que poupam a
comissura labial.
Retalho de Abbé-Estlander
- Retalho de Abbé modificado, para defeitos envolvendo a comissura labial
Retalho de Buck
- Transfere um defeito de medial para lateral, para ser reparado pela técnica
de Abbé-Estlander.
Retalho de Webster-Bernard
- Avançamento horizontal da região geniana através de incisões de pele e
subcutâneo com triângulos de Burrow, e secção parcial do orbicular na
altura das comissuras.
Retalho de Dieffenbach Modificada.
- Reconstrução de lábio inferior com avançamento em plano total da região
geniana.
11. QUEIMADURAS
CLASSIFICAÇÃO
PRIMEIRO GRAU: eritema extremamente doloroso, edema decorrente de
vasodilatação local sem repercussões hemodinâmicas, reepitelização
expontanea em 1 a 2 semanas;
SEGUNDO GRAU: acometimento de toda epiderme e derme superficial ou
profundamente, com preservação ou destruição pacial de anexos da pele,
como folículos pilosos e glândulas anexas. Há necrose de coagulção.
Reepitelização em 2 a 3 semanas (15 a 20 dias), com áreas de hipocromias,
retrações e hipertrofias. As de segundo grau profundo podem ter uma
reepitelização retartada, commais de 21 dias, levando a retrações
cicatriciais, devendo ser enxertadas precocemente (enxerto de pele parcial);
TERCEIRO GRAU: destruição de toda epiderme e derme até tecidos
profundos, com necrose de coagulação, apresentando se com perda da
elasticidade da pele, e aspecto esbranquiçado ou marmóreo. Veias
trombosadas, com aspecto de couro. São indolores.
EXTENSÃO DA QUEIMADURA
A avaliação final deve ser feita em 48 hs.
Método da tabela de Lund e Browder
Leva em consideração as diferenças de proporção entre as varias regiões do
corpo e a idade, permitindo a estimetiva exata da área queimada. É ideal
para crianças. (variações de valores para cabeça e membros inferiores).
Método da regra dos noves
Método pratico, devendo ser aplicada a adultos e crianças pós púberes.
CABEÇA:9
MEMBROS SUPERIORES: 9 (cada um)
MEMBROS INFERIORES: 18 (cada um)
TRONCO ANTERIOR: 18
TRONCO POSTERIOR: 18
CERVICAL: 1
GENITAL: 1
Regra dos noves modificada
Utilizada para crianças, com diferenças de valores para cabeça e membros
inferiores.
CABEÇA: 19 – A IDADE
MEMBROS INFERIORES: 13 + (IDADE÷2) (CADA MEMBRO)
12. Método da mão espalmada
A mão tem 1% da superfície corporal em todas as idades.
CRITÉRIOS PARA INTERNAÇÃO EM UTQ
- queimaduras de vias aéreas.
- SCQ > 10% em menores de 10 anos ou maiores de 50 anos.
- SCQ > 20% em adultos, ou maiores que 10% quando de 3° grau.
- queimaduras importantes em face, mãos e pés, e articulações.
- queimaduras perineal ou em genitália.
- queimadura circunferencial de extremidades.
- queimaduras elétricas ou químicas.
- queimaduras em menores de 2 anos.
- doenças associadas.
- traumas associados.
- impossibilidade de hidratação oral (vômitos).
ATENDIMENTO INICIAL
TODO QUEIMADO É UM POLITRAUMATIZADO ATÉ PROVA
EM CONTRARIO, DEVENDO SER ATENDIDO CONFORME AS
NORMAS DO ATLS. (ABCDE)
A: VIAS AÉREAS
- descartar queimaduras de vias aéreas, manter via aérea definitiva.
B: RESPIRAÇÃO
- capacidade ventilatória pode estar comprometida decorrentes de lesões
inalatórias, dor, queimaduras restritivas em tórax (circular).
- fornecer O2 a 100% 3 a 5 litros por minuto, em máscara ou cateter,
diminuindo a meia vida da carboxihemoglobina de 4 a 5 horas para 45
minutos. Manter O2 a 100% até nível de carboxihemoglobina < 10%.
C: CIRCULAÇÃO
- acesso venoso periférico.
- reservar dissecção venosa para casos selecionados.
- colher exames laboratoriais: hemograma completo, eletrólitos, glicemia,
uréia, creatinina, proteínas totais e frações, gasometria arterial, hemocultura
e outras culturas. Radiografia de tórax.
- HIDRATAÇÃO: para queimaduras de 2° e 3°graus. Com calculo de
SCQ de no máximo de 50%. Administrar Ringer Lactato, sendo metade do
volume nas primeiras 8 hs após a lesão, e a outra metade nas próximas 16
hs seguintes.
13. - Colóides: Albumina e plasma. Iniciar nas 24 hs seguintes, pois nas
primeiras 24 hs teríamos um extravasamento maior para o interstício,
aumentando o edema e seqüestro para 3° espaço.
Fórmula de Parkland: com Ringer Lactato.
4 X PESO (kg) X SCQ em %
Formula de Parkland Modificada: para crianças substitui-se a
constante 4 por 3, e acrescenta-se uma dose de manutenção:
1000 ml para crianças até 10 kg +
50 ml para cada kg, entre 10 e 20 kg+
20 ml para cada kg entre 20 e 30 kg
= volume de manutenção.
volume de infusão = volume total ÷ (3x n° de horas) = n de gotas
INDICAÇÃO DAS SOLUÇÕES CONFORME O TIPO DE
QUEIMADURA
SOLUÇÃO ISOTÔNICA:
- médios e pequenos queimados;
- sem choque hipovolêmico;
- sem lesões circulares.
Ringer Lactato:
- osmolaridade de 275 mOsm/L; 130 mEq/L de sódio; 109
mEq/L de cloro; 4 mEq/L de potássio; 3 mEq/L de cálcio; 28 mEq/L de
lactato.
SOLUÇÕES HIPERTÔNICAS:
- grande queimado;
- choque hipovolêmico;
- lesão grave da face;
- lesões circulares;
- lesões inalatórias.
“Salgadão” ou Solução de Baxter:
- 100 ml contem: 1.275 mEq/L de sódio (solução a 7,5% de
NaCl) = 65 ml de SF a 0,9% + 35 ml de NaCl 20%.
- infundir 4ml/kg em 30 minutos (depois manter com RL).
A MELHOR FORMADE AVALIAR A HIDRATAÇÃO É ATRAVÉS DA
AVALIAÇÃO DA DIURESE.
Sondagem vesical de demora, ou coletor externo para homens com mais de
5 dias de sondagem vesical.
14. - adultos: 0,5 ml/kg/h ou 30 a 50 ml/h; ou 75 a 100 ml/h para
queimaduras elétricas.
- crianças: 1 ml/kg/h; ou 2 ml/kg/h para queimaduras elétricas.
COLÓIDES
ALBUMINA:
- Albumina Humana: frascos de 50 ml a 20%;
- fazer até 10 frs/dia;
- dose de 1 a 2 g/kg/dia;
- infundir em ritmo constante com outras soluções de manutenção;
- manter níveis séricos acima de 3g% e redução do volume;
- é praticamente isento de riscos.
PLASMA:
- preferência para plasma fresco congelado;
- usar se não houver albumina disponível;
- Dose: 0,5 x 1%SCQ x kg em cada dia;
- suporte nutricional adequado reduzirá a necessidade de infusão
protéica durante todo o período de tratamento.
D: NEUROLÓGICO
- ANALGESIA:
- sempre por via endovenosa;
- morfina:
- adulto: 5 mg + 9 ml de AD, infundidos de 4/4 hs.
- crianças: 0,1 a 0,2 mg/kg/dose + 9 ml de AD, 6/6 hs.
- paracetamol com codeína por via oral (30 mg 6/6 hs) para adultos.
- cloridrato de tramadol via oral 2 mg/kg/dose 6/6 hs para crianças.
- compressas geladas sobre as áreas queimadas.
-TRANQUILIZANTES NÃO DEVEM SER ADMINISTRADOS
E: TRATAMENTO DA ÁREA QUEIMADA E PROFILAXIA
DO TÉTANO
- profilaxia do tétano: se comprovadamente confirmado, não há
necessidade de imunização; na dúvida deve se aplicar 250 unidades de
gamaglobulina hiperimune contra o tétano.
- limpeza da área queimada com água e degermantes a base de clorexidine;
- tricotomia e debridamento (excisão tangencial necessita de cc e
anestesia).
- cuidado comqueimaduras químicas com sódio, potássio, fenol e lítio, que
podem entrar em combustão quando em contato com água.
- curativos com SULFADIAZINA DE PRATA, 2x ao dia.
15. F: PROFILAXIA DA ULCERA DE CURLING E ÍLEO
PARALÍTICO
- a melhor forma de profilaxia é através da instituição de dieta oral, se
possível, ou através de sonda nasoenteral e infusão contínua,
principalmente para pacientes com mais de 20% de SCQ e crianças
internadas (fórmula de Curreri).
- Ranitidina ev:
- adulto: 50 mg ev 8/8 hs.
- crianças: 1 a 2 mg/kg/dose ev 8/8 hs.