Bernardo Ramazzini foi o primeiro a descrever distúrbios músculo-esqueléticos relacionados ao trabalho excessivo das mãos, como em notários. Mais tarde, foram descritas diversas doenças ocupacionais, como a "cãibra do escrivão". Atualmente, essas doenças são conhecidas como DORTs (Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho), sendo multifatoriais e requerendo abordagem ergonômica e de saúde do trabalhador para prevenção.
2. Em 1713 Bernardo Ramazzini, médico.
Considerado o PAI da Medicina Ocupacional.
Descreveu um grupo de afecções músculo
esqueléticas entre as quais a encontrada em notários e
escreventes que, acreditava ele, ser pelo uso excessivo das
mãos no trabalho de escrever.
3. Esta doença que mais tarde foi chamada de “cãibra do
escrivão” ou “paralisia do escrivão”.
Segundo Ramazzini era secundária a três fatores básicos que,
em seu conjunto, influenciavam de maneira determinante o seu
aparecimento. Eram eles:
Sedentarismo
Uso contínuo e repetitivo da mão em um mesmo
movimento.
Grande atenção mental para não borrar a escrita
4. Caracterizava-se esta doença por uma sensação
de parestesia de MMSS acompanhada por sensação
de peso e fadiga nos braços, podendo ainda estar associada
a dores cervicais e/ou lombares.
Estava descrita uma nova doença, que mais tarde, por
possuir sintomas comuns, foi também descrita em inúmeras
outras atividades.
5. No ano de 1833 uma descrição de grande número de casos de
trabalhadores acometidos por sintomas semelhantes aos já
descritos por Ramazzini ocorreu na Inglaterra.
1908 primeira descrição como doença profissional.
Movimentos rápidos e repetitivos, na Inglaterra, o serviço de
saúde Britânico)
Anotadores do serviço britânico
Pena de aço mais pesada
Câimbra do telegrafista – Fraqueza
muscular
6. Surgia, à partir deste momento, uma relação entre doença –
lesão – incapacidade, sendo esta considerada pela Cortê
Britânica como passível de indenização.
A criação e reconhecimento do conceito de doença
indenizável em meados dos anos 70/80, fez com que
verdadeiras epidemias destas doenças começassem a ser
descritas .
Estando sempre associadas a distúrbios emocionais e
insatisfação pessoal ao trabalho ou no trabalho.
7. Reino Unido: década de 40 a 60 revolução
industrial, IEA 1961.
Japão: década de 60 a 80.
Austrália: década de 70 a 80 analisa os fatores
determinantes no aparecimento.
Brasil: década de 80 a 90 ABERGO 1983.
8. Metade anos 80: os números de casos de LER cresceram de
maneira assustadora.
No Brasil, o aumento da incidência de LER/DORT foi
observado nas estatísticas do INSS de concessão de
benefícios por doenças profissionais.
Segundo os dados disponíveis, respondem
80% dos diagnósticos que resultaram em concessão de
auxílio-acidente e aposentadoria por invalidez pela
previdência social em 1998.
9. Atribui-se também o grande aumento no diagnóstico
de DORT- LER pela influência dos sindicatos,
publicidade, facilidade na simulação dos sintomas e
o oportunismo.
Associados à deficiência e desconhecimento na
abordagem diagnóstica da doença, e a possibilidade
de um sistema de compensação financeira
permissivo.
13. O termo DORT foi adotado no Brasil de acordo com a Norma
Regulamentadora do Sistema Único de Saúde ( NR - SUS),
em 1998, sendo designada a sigla como Distúrbios
Osteomusculares Relacionados ao Trabalho.
A legislação brasileira descreve que o desenvolvimento das
DORT / LER é multicausal, sendo importante analisar os
fatores de risco.
14. Conjunto de disfunções musculoesqueléticas que acometem
os MM SS e região cervical relacionada ao trabalho. Sendo um
termo genérico, pois se refere à diversas patologias, portanto é
necessário determinar o diagnóstico específico (Deliberato,
2002).
Lombalgias e Dorsalgias.
Principal causa de afastamentos
do trabalho
15. ↑ da carga de trabalho.
Movimentos repetitivos em grande velocidade.
Posturas inadequadas.
Sobrecarga de grupos musculares.
Ausência de pausa.
Exigência de produtividade.
Mobiliário inadequado
16. Síndrome do desfiladeiro torácico (compressão do feixe
vascular e nervoso, num estreito triângulo formado pelos
músculos escaleno anterior e médio e a primeira costela).
Síndrome do supinador (o músculo supinador
hipertrofiado comprime o nervo interósseo posterior que
passa dentro dele).
Síndrome do pronador redondo (compressão do nervo
mediano, abaixo da prega do cotovelo, entre dois ramos
musculares do pronador redondo)
17. Síndrome do interósseo anterior (compressão do nervo na
borda de origem dos músculos flexores superficiais dos
dedos).
Síndrome do túnel de carpo (compressão do nervo
mediano ao nível do punho).
Lesão do nervo mediano na base da mão (conseqüência
da compressão extrínseca do nervo);
18. Síndrome do Canal de Guyon (compressão do nervo ulnar
ao nível do canal de Guyon no punho).
Síndrome do interósseo posterior (comprometimento do
ramo profundo do nervo radial, após sua bifurcação na
extremidade proximal do antebraço).
19.
20. Doença de De Quervain (inflamação da bainha comum
dos tendões do abdutor longo e extensor curto do polegar
no ponto onde eles passam juntos por uma única polia: o
sulco ósseo do processo estilóide do rádio).
Dedo em gatilho (a inflamação dos tendões flexores dos
dedos pode produzir espessamentos e nódulos que
dificultam o deslizamento dos mesmos em suas bainhas)
21.
22. Epicondilite lateral (também conhecida como cotovelo de
tenista, é a inflamação da inserção dos músculos
responsáveis pela extensão e supinação do antebraço).
Epitrocleíte (ou epicondilite medial, é a inflamação dos
músculos flexores do carpo na borda medial do cotovelo).
Tendinite biciptal (inflamação da bainha sinovial do tendão
na porção longa do bíceps, no sulco bicipital);
23.
24. Tendinite do supra-espinhoso (também conhecida como
síndrome do impacto, é ocasionada pela compressão das
fibras do supra-espinhoso pelo acrômio ao realizar a
abdução do braço acima de 45 graus).
Tenossinovite dos extensores dos dedos e do carpo (são
mais comuns em digitadores e operadores de mouse, e
decorrem da contratura estática desses músculos).
Tenossinovite dos flexores dos dedos e dos flexores do
carpo (acometem os tendões na face ventral do antebraço
em punho)
25. Tenossinovite do Braquiorradial (decorre de atividades
que exijam movimentos de flexão do antebraço pronado
sobre o braço).
A eventual constatação de fator individual predisponente,
como, por exemplo, a presença de costela cervical em caso de
síndrome do desfiladeiro torácico, não invalida sua ocorrência,
desde que o nexo tenha sido bem estabelecido, isto é, se
constatado um gesto ou postura capazes de desencadearem o
quadro clínico presente).
26. Tendões e ligamentos: funcionam transmitindo a carga
muscular do trabalho ao osso (tendão) ou do osso p/o
osso (ligamento).
Cápsula articular: papel de envolver as articulações
sinoviais, limitando movimentos excessivos e indesejados.
Túneis fibrosos: estruturas rígidas que circundam tendões
e/ou nervos próximos a articulações.
27.
28. Conforme a Ordem de Serviço nº 606 do MPAS, alterada pela
Instrução Normativa nº 98 INSS/DC, de 5 de dezembro de
2003, o diagnóstico é eminentemente clínico e comumente
difícil. São minoria os casos em que os exames
complementares apóiam o diagnóstico.
Exames laboratoriais, raios-X e eletroneuromiografia não têm
se mostrado eficazes na detecção das LER/DORT, porém, têm
sido realizados para fins de diagnóstico diferencial de outras
doenças de base
29. A eventual constatação de fator individual
predisponente, como, por exemplo, a
presença de costela cervical em caso de
síndrome do desfiladeiro torácico, não
invalida sua ocorrência, desde que o nexo
tenha sido bem estabelecido, isto é, se
constatado um gesto ou postura capazes
de desencadearem o quadro clínico
presente.
30. A prevenção das doenças estudadas passa pelas
questões ergonômicas.
Pequenas melhorias podem ser feitas.
Uma vez assimilados os principais conceitos relacionados
às LER/DORT, os supervisores diretos tornam-se aptos
para implementar as mudanças necessárias.
31. Devem ser seguidos os seguintes passos: pausas
programadas durante a jornada de trabalho para o descanso
de músculos e tendões (10 minutos para cada 50 minutos de
trabalho repetitivo), adequação dos postos de trabalho (as
características físicas dos trabalhadores através do mobiliário,
ferramentas e máquinas utilizadas), controle e avaliação do
ambiente de trabalho quanto ao ruído, temperatura,
iluminação, etc., exames médicos periódicos; diminuição do
ritmo de trabalho quando aparecer qualquer sintoma;
realização de estudo para análise ergonômica (relação entre o
homem e o trabalho), de forma a conhecer a situação de
trabalho, os movimentos realizados pelo trabalhador, o tipo de
atividade, ritmo de trabalho, entre outros.