O documento discute a aplicação da teoria da aprendizagem significativa e dos estilos de aprendizagem para alunos disléxicos no ensino superior. Aborda como o conhecimento dos estilos de aprendizagem pode ajudar professores a escolherem metodologias adequadas e como a aprendizagem significativa, focando no significado dos conteúdos, pode favorecer a aprendizagem desses alunos.
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho compõe um projeto de pesquisa maior intitulado
“ESTILOS DE APRENDIZAGEM E APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA:
uma experiência no Ensino Superior”, vinculado ao GEFOPI – Grupo de
Estudos em Formação de Professores e Interdisciplinaridade, registrado no
Câmpus São Luís de Montes Belos.
A teoria de David Paul Ausubel propõe que os conhecimentos já
adquiridos do aluno sejam valorizados, de maneira que novos conhecimentos
(conceitos, ideias, proposições, modelos, fórmulas) passam a significar algo para
o aprendiz caracterizando, assim, uma aprendizagem prazerosa e eficaz mediado
pelas escolhas metodológicas do docente, com base nas modalidades de
aprendizagem do aluno.
A teoria de Daniela Melaré Barros propõe que o professor conheça o
estilos de aprendizagem de seus alunos para então escolher o material didático e
as metodologias. Os estilos são teórico, reflexivo, ativo e pragmático.
A dislexia tradicionalmente reconhecida como um distúrbio de
aprendizagem da linguagem escrita, compreensão e produção, é uma dificuldade
de processar informações, visto que seu tratamento adequado, ainda cedo na
vida escolar, pode corrigir as falhas nas conexões cerebrais ao ponto que elas
desapareçam por completo.
Com base nisso, dá-se a importância de se conhecer novas
metodologias de ensino como forma de possibilitar ao aluno disléxico uma
aprendizagem eficaz. Nesse contexto, procura-se analisar quais metodologias
favorecem significativamente o aprendizado, visto que nosso público alvo
carece de estímulo, apoio e suporte.
OBJETIVO GERAL E ESPECÍFICOS
Apresentar as contribuições da teoria da aprendizagem significativa e
dos estilos de aprendizagem para a aprendizagem de disléxicos. Como objetivos
específicos foi discutido os estilos de aprendizagem de Barros, a aprendizagem
significativa de Ausubel, as causas da dislexia, seu tratamento, metodologias
para o disléxico, entre outros.
METODOLOGIA
A pesquisa realizada foi qualitativa, seguindo o método materialismo
histórico-dialético, de caráter bibliográfico e realizou-se uma entrevista com
uma psicóloga que já trabalhou com disléxicos e que atende os alunos do ensino
superior na Universidade Estadual de Goiás.
RESULTADOS E/OU DISCUSSÃO
A Teoria da Aprendizagem Significativa (TAS) do teórico norte-
americano David Paul Ausubel tem como princípio a mediação na figura do
professor. O professor tem o importante papel de trazer o conteúdo para o
conhecimento do aluno, com significado. Segundo a TAS para que o aluno
aprenda é necessário que o professor comece a sua aula a partir dos
conhecimentos prévios dos alunos, sendo assim, os educadores precisam trazer
para a sala algumas situações didáticas para descobrir esses conhecimentos,
conhecidos por subsunçores. Além disso é importante que o professor utilize o
mapa conceitual, que proceda com a aula introdutória, faça a análise dos
conteúdos, que suas explicações partam do geral para o particular, que seu
planejamento metodológico seja variado, valorize as modalidades de
aprendizagem (cinestésica, visual e auditiva) entre outros.
Daniela Melaré Barros, uma estudiosa brasileira, afirma que existem
quatro estilos de aprendizagem e para cada estilo de aprendizagem existem
metodologias. O estilo de aprendizagem ativo valoriza as ações e as
experiências do aluno que se entusiasma com novas atividades, além de ser ágil
ao executá-las. Já o aluno com o estilo de aprendizagem reflexivo é aquele que
atualiza dados com uma velocidade mental muito acelerada, sua reflexão é
muito aguçada e as analisa com a mesma intensidade. O aluno do estilo de
aprendizagem teórico se envolve em teorias. Não menos importante, o estilo de
aprendizagem pragmático segue as regras e os procedimentos rigidamente.
A APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA COMO METODOLOGIA PARA O DISLÉXICO: algumas possibilidades
Sávio Pires de Souza¹, Amanda Cristinny Santos Monteiro², Andréa Kochhann³
¹Acadêmico do Curso de Letras Português/Inglês da Universidade Estadual de Goiás, São Luís de Montes Belos-GO, Pesquisador Bolsista do Projeto PVIC/UEG. E-mail: avelar.savio@outlook.com
²Acadêmica do Curso de Letras Português/Inglês da Universidade Estadual de Goiás, São Luís de Montes Belos-GO, Pesquisadora Colaboradora do Projeto. E-mail: amanda_cristinny03@hotmail.com
³Docente Dedicação Exclusiva da Universidade Estadual de Goiás, Orientadora do Projeto de Pesquisa Campus – São Luís de Montes Belos. E-mail: andreakochhann@yahoo.com.br
A dislexia vem sendo descrita na literatura como um transtorno genético
e hereditário da linguagem, de origem neurobiológica que se caracteriza pela
dificuldade de decodificar o estímulo escrito ou símbolo gráfico. Ocorre em uma
proporção maior em meninos do que meninas e a causa do distúrbio é uma
alteração cromossômica hereditária, o que explica a ocorrência em pessoas da
mesma família. O cérebro dos disléxicos devido às falhas nas conexões cerebrais,
não funciona como em outras pessoas. Em relação aos tipos de dislexia, há três
grandes tipos de dislexia: dislexia visual, auditiva e mista.
Segundo a Associação Brasileira de Dislexia (ABD), Fundada em 1993,
alguns dos sintomas mais presentes são: a falta de interesse por livros, dificuldade
de montar quebra-cabeças, dificuldades em apresentar rimas e canções, dificuldade
em manusear mapas e dicionários, dificuldade em decorar sequências, desatenção,
dispersão, timidez excessiva, depressão entre outros.
Sabe-se que a dislexia é um transtorno de aprendizagem, em que o aluno
pode apresentar como modalidade de aprendizagem auditiva e cinestésica, de
estilo de aprendizagem reflexivo e ativo. Levando isso em consideração o
professor deve escolher as metodologias para trabalhar com o disléxico.
Segundo a psicóloga Fernanda Mª Tavares, “O que se sabe é que na
ressonância magnética funcional é possível perceber que durante uma leitura no
indivíduo não disléxico 7 áreas do cérebro são ativadas, enquanto no disléxico
apenas 2”;“Os pais devem tratar o filho disléxico da mesma maneira que tratam
os outros filhos, pois não são diferentes. A atenção tem que ser variada, pois as
atividades não podem ficar apenas no papel.”; “as atividades não precisam ser
próprias para os disléxicos, elas podem ser as mesmas, contando que sejam
orais.”;“A maior dificuldade para alcançar a aprendizagem significativa é a falta
de conhecimento dos professores, dos colegas e do próprio portador de
dislexia.”;“O aluno disléxico não tem dificuldade na aprendizagem, mas na
identificação. Ele consegue aprender muito bem, ele só necessita de ajuda para
identificar as letras que se apresentam invertidas. Se consigo fazer com que o
cérebro dele entenda isso, se ele faz terapia, acompanhamentos, de forma a
compreender a inversão das letras, eu não preciso fazer uma atividade
diferente.”;“A dislexia e a má alfabetização no início são parecidas, uma vez que
ambas encontram dificuldades, uma em entender as letras e outra em formulá-las.
Na dislexia percebemos que na identificação dessas letras a troca delas coincide
como P e B. Na má alfabetização isso varia, a criança troca as letras o tempo
todo e não há uma coerência nessa troca, já na dislexia há essa coerência.”.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base na pesquisa realizada, pode-se constatar que é importante
repensar a figura do professor que atua com disléxicos, em todos os níveis de
ensino e, principalmente no Ensino Superior. Docentes e futuros docentes
precisam entender a forma de aprendizagem destes alunos e passar novas
informações com significados transparentes, propondo espaço para uma troca
dentro de sala, para que os mesmos possuem uma postura ativa em parte da sua
aprendizagem e se sintam integrantes do processo.
O que se percebe é que nenhuma metodologia, nem mesmo a TAS e os
Estilos de Aprendizagem, irão atender as necessidades por completo do disléxico,
mas poderá auxiliar nas atividades do processo ensino-aprendizagem. O disléxico
apresenta particularidades que o professor precisa dominar e buscar nas várias
correntes teóricas as melhores metodologias para aplicar, visando resultados
positivos. As principais estão na mediação e na oralidade.
REFERÊNCIAS
ABREU, S.I.A. Dislexia: aprender a aprender. Lisboa, 2012.
AUSUBEL, D.P. A Aprendizagem Significativa: a teoria de David Ausubel.
São Paulo: Moraes, 1982.
BARROS, D. M. Estilos de aprendizagem.In:www.estilosdeaprendijage.es
SANTOS, J.C.F. Aprendizagem significativa: modalidade de aprendizagem e o
papel do professor. 2.ed. Porto Alegre: Mediação,2009.
GEFOPI
Grupo de Estudos em
Formação
de Professores e
Interdisciplinaridade