Slides utilizados em palestra sobre a pesquisa, na visão de Pedro Demo. Estudos estes que fazem parte do GEFOPI - Grupo de Estudos em Formação de Professores e Interdisciplinaridade, coordenado pela Prof. Andréa Kochhann, pela Universidade Estadual de Goiás, desde 2006.
1. PESQUISA: PRINCÍPIO CIENTÍFICO
E EDUCATIVO
DEMO (2006)
GEFOPI
Grupo de Estudos em
Formação de Professores
e Interdisciplinaridade
Slides utilizados para a palestra proferida pela Prof. Andréa Kochhann, no Grupo de
Estudos do GEFOPI, em abril de 2017, a qual foi realizada presencialmente na UEG
Câmpus Luziânia e transmitida via Skype para vários pontos do Estado de Goiás.
2. CONTEÚDOS
Introdução
I – Pesquisar – o que é?
II – A pesquisa como princípio científico
III – A pesquisa como princípio educativo
IV – Prática de pesquisa e educação
3. Para introduzir a discussão..........
* O que é pesquisa científica?
* Qual a relação entre o ensino e a pesquisa?
* O que é ser um professor pesquisador?
* O que é elaborar com as próprias mãos?
* O que é ser elaborador científico?
* O que é ingestão teórica?
* A prática da pesquisa na educação pode se efetivar na
extensão?
4. INICIANDO A REFLEXÃO TEÓRICA...
* A desmistificação crucial é sobre a separação entre
pesquisa e ensino. Eles são indissociáveis. Mas, como
diz Demo (2006, p. 12) “Muitos estão dispostos a
aceitar universidades que apenas ensinam, como é o
caso típico de instituições noturnas, nas quais os alunos
comparecem somente para aprender e passar, e os
professores, quase todos biscateiros de tempo parcial
somente dão aula.”.
5. * “Quem ensina carece pesquisar, quem pesquisa
carece ensinar. Professor que apenas ensina jamais o
foi. Pesquisador que só pesquisa é elitista explorador,
privilegiado e acomodado.” (p.14)
* “Não se atribui a função de professor a alguém que
não é basicamente pesquisador.” (p. 15)
* “Pesquisa é processo que deve aparecer em todo
trajeto educativo, como princípio educativo que é, na
base de qualquer proposta emancipatória. Se educar é
sobretudo motivar a criatividade do próprio educando,
para que surja o novo mestre, jamais o discípulo, a
atitude de pesquisa é parte intrínseca.” (p. 17)
6. * “Desmistificar a pesquisa há de significar, então, a
superação de condições atuais da reprodução do
discípulo, comandadas por um professor que nunca
ultrapassou a condição de aluno. [...]. Mais degradante
ainda é o professor que nunca foi além da posição de
discípulo, porque não sabe elaborar ciência com as
próprias mãos. Como caricatura parasitária que é,
reproduz isso no aluno.” (p. 17)
* É preciso que o professor faça digestão teórica.
7. * “Compreendida como capacidade de elaboração
própria, a pesquisa condensa-se numa
multiplicidade de horizontes no contexto
científico.” (p. 18)
* Quem pesquisa precisa se preocupar com a
questão teórica e metodológica e pode seguir a linha
da hermenêutica, que tem por princípio ler
entrelinha, ver o contexto para muito além do
texto...
8. * As ciências sociais e humanas não conseguem
neutralidade científica. Pois, “O cientista não é ente
desencarnado, mesmo quando se traveste de neutro,
mas animal político sempre. A ciência tem sempre a
marca do seu construtor, que nela não só retrata a
realidade, mas igualmente a molda do seu ponto de
vista” (p. 33).
* “Pesquisa se define aqui sobretudo pela capacidade
de questionamento [...].”(p. 34).
* “Para descobrir e criar é preciso primeiro
questionar.”. (p. 35)
9. * “Uma definição pertinente de pesquisa poderia ser:
diálogo inteligente com a realidade.” (p. 36).
* “Diálogo é fala contrária, entre atores que se encontram
e se defrontam.” (p. 37).
* “Pesquisar, assim, é sempre também dialogar, no
sentido específico de produzir conhecimento do outro
para si, e de si para o outro, dentro de contexto
comunicativo nunca de todo devassável.”(p. 39)
10. * “Quem pesquisa tem o que comunicar. Quem não
pesquisa apenas reproduz ou apenas escuta. Quem
pesquisa é capaz de produzir instrumentos e
procedimentos de comunicação. Quem não pesquisa
assiste à comunicação dos outros.” (p. 39)
* “Dialogar com a realidade talvez seja a definição
mais apropriada de pesquisa, porque a apanha como
princípio científico e educativo.”(p. 44).
11. * A discussão deve ser quanto a quem é o professor. Os
conceitos precisam ser revistos. Professor para Demo
(2006) é pesquisador, socializador, motivador de novos
pesquisadores.
* “Esta postura permite afirmar que somente tem algo a
ensinar quem pesquisa.”(p. 49).
* Mas, nas universidades encontra-se muito o
“professor-papagaio, que sempre diz a mesma coisa e
já sequer sabe o que diz” (p. 51)
12. * “O importante é compreender que sem pesquisa não há
ensino. A ausência de pesquisa degrada o ensino a
patamares típicos da reprodução imitativa.” (p. 51)
* “Se a pesquisa é a razão do ensino, vale o reverso: o
ensino é a razão da pesquisa.” (p. 52)
* “Podemos colocar para o professor, exigências tais
como: […] exigência de pesquisa, […] domínio teórico e
elaboração própria, […] versatilidade metodológica, […]
experiência prática, […] descobrir relações dadas na
realidade, […] atitude de diálogo com a realidade, […]
construtor de conhecimento novo e ageste de mudança na
sociedade.” (p. 53)
13. * Condições necessárias para o elaborador
científico: “indução do contato pessoal do aluno com
teorias […] manuseio de produtos científicos e teorias,
[…] transmissão de alguns ritos formais do trabalho
científico, […] preocupação metodológica, […]
cobrança de elaboração própria[...]” (p.55).
* É preciso tomar cuidado com indigestão teórica.(p.
57).
* “Parece claro que a 'aula' vai perdendo importância,
à medida que surge o cientista autônomo, o novo
mestre, que aprende por elaboração própria, não por
imitação.” (p.62)
14. * “O professor tem seu lugar, como pesquisador e
orientador, para motivar no aluno o surgimento do novo
mestre.” (p. 64)
* Mas, muitas vezes “O estudante conclui o curso sem
saber dar conta de um tema, não consegue escrever
com clareza e sistematização, não ordena, manuseia,
constrói e interpreta dados, o que revela continuar ainda
apenas 'aluno', até porque aprendeu com um 'professor'
que nunca saiu da condição de 'aluno'.” (p. 67).
15. * “O medíocre foge da avaliação como o diabo da
cruz, por razões óbvias.” (p. 69)
* “Se desfazer polêmicas pertinentes, é possível
discutir alternativas de avaliação à luz do conceito
de pesquisa. De partida, coloca-se a relevância
positiva da avaliação, se não se restringir à sanção e
ao castigo, mas transbordar para o incentivo
produtivo. A avaliação pode conter o desafio da
própria pesquisa, como realimentação do processo
de produção científica […]” (p. 70)
16. * “Com isso o professor enfrenta outros riscos e
desafios. Terá que ler mais material produzindo pelos
alunos, estar disponível para consulta e discussão,
facilitar retroalimentações constantes e recorrentes.
Pode ser ludibriado por outras maneiras, via trabalho
de grupo onde somente u m trabalha, via cópia e
plágio, via compra de trabalhos.” (p. 73-74).
* A pesquisa gera emancipação. “Emancipação é o
processo histórico de conquista e exercício da
qualidade de ator consciente e produtivo.” (p. 78)
17. * “Emancipação não é atitude isolada, porque nada em
sociedade é espontâneo estritamente. Precisa ser
motivada, mas não pode ser conduzida. O filho não se
emancipa sem os pais, mas estes precisam assumir
uma postura instrumental de motivação.” (p. 80).
* “É patente a relevância da educação e da pesquisa
para o processo emancipatório.” (p.81).
* “A sala de aulas, lugar em si privilegiado para
processos emancipatórios através da formação
educativa, torna-se prisão da criatividade […] “ (p. 83)
18. * “A escola continua curral formal, onde o gado é
tratado. Aluno, como discípulo, é gado. Numa analogia
forte, é como penico, que tudo aceita sem reclamar, e
acha que não passa disso. O conluio perfeita dessa
imbecilização está na coincidência entre aula, prova e
cola.” (p. 89).
* Para a elaboração própria é preciso condições como um
currículo que possibilite e fundamente, atividades no
espaço escolar, espaço para complementações
necessárias e recomendáveis e programações culturais.
“É difícil embutir no currículo a prática, a começar pelos
vícios históricos dos 'estágios' e da 'extensão'. (p. 99)
19. * Ao longo da formação é importante a prática inicial,
intermediária e profissional.
* “Os estágios são concessões à prática, com presença
curricular residual, mal organizados, sem
acompanhamento de qualidade por parte do curso e por
parte dos responsáveis no local do estágio. […]” (p. 99).
* “A extensão – pertinente quando intrínseca – arrasta-
se no voluntariado e na ilusão de evitar o afastamento
da universidade de seus compromissos sociais. Há
exemplos de atividade extensionista, que, além do
impacto na comunidade, motivou a formação política
dos aluno. ” (p.99)