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SUMÁRIO
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Apresentação ............................................................................. 5
Capítulo 1
Economia na ponta do lápis ...................................................... 6
Capítulo 2
Demanda e oferta .................................................................... 10
Capítulo 3
Causas e efeitos da inflação .................................................... 28
Capítulo 4
Juros, empréstimo e crédito .................................................... 40
Capítulo 5
O PIB e seu negócio ................................................................ 54
Capítulo 6
Exportações e importações ..................................................... 68
Capítulo 7
Altos e baixos do Brasil ............................................................ 74
Sobre a autora ......................................................................... 94
Referências .............................................................................. 95
6. 31.08.06
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Como entender o mercado
Como planejar o próximo passo
Como vender seu peixe
Como gerenciar pessoas
Como cuidar de seu dinheiro
Como deixar as contas em dia
Como garantir a eficiência
Como motivar sua equipe
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livro08_01-05
Como usar a matemática financeira
A publicar
Coleção Gestão Empresarial
Como ser um empreendedor de sucesso
7. livro08_01-05
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APRESENTAÇÃO
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Para seu empreendimento prosperar, não basta ter dinheiro para
investir. É preciso saber como, quando e onde investi-lo. Da
mesma forma, não basta ter clientes hoje. É necessário projetar
como será o comportamento do mercado amanhã.
Como entender o mercado – A Economia na Prática funciona
como guia de referências básicas sobre a economia brasileira para
que o pequeno e médio empreendedores entendam as nuances
que podem fazer a diferença no sucesso do negócio.
Tudo de uma forma clara, com uma linguagem simples e, ao
mesmo tempo, envolvente.
A Coleção Gestão Empresarial foi especialmente desenvolvida
para auxiliá-lo a aprimorar a gestão de seus negócios. Elaborados
e supervisionados por especialistas, os livros visam proporcionar
conhecimento em Finanças, Contabilidade, Marketing, Recursos
Humanos, Planejamento Estratégico e em muitos outros temas
fundamentais para a administração eficaz do negócio próprio.
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6
1
25.08.06
17:04
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ECONOMIA NA PONTA DO LÁPIS
Como empreendedor, por
que é preciso conhecer os
conceitos de economia?
Como este livro vai ajudar
meus negócios?
Economia é um tema com o qual a
maioria das pessoas têm pouca
familiaridade, mesmo sendo afeta-
empreendedor, a quais aspectos
Por que os preços sobem? Como
de nós vive todos os dias.
com dinâmicas que qualquer um
conceitos estão bem relacionados
é um bicho-de-sete-cabeças. Os
Mas você vai ver que de perto não
De longe, tudo parece complicado.
explicar o vaivém econômico.
ros, conceitos e siglas que tentam
formado exclusivamente por núme-
des num mundo que parece ser
é o único a navegar com dificulda-
dia. Portanto, não pense que você
nômicas. Em tese, a economia não
sobre os objetivos das políticas eco-
Para começar, vamos discorrer
úteis para seu empreendimento.
a fazer sentido para você e sejam
pais conceitos de economia passem
que, ao final da leitura, os princi-
de uma linguagem didática para
a perguntas como essas por meio
O objetivo deste livro é responder
estabilidade econômica?
comporta em busca da almejada
internacional? Como o Brasil se
Qual a importância do comércio
no aumenta ou reduz os juros?
das diretamente por ela no dia-a-
devo ficar atento? Por que o gover-
9. 17:04
Page 7
equilíbrio, o governo tem em mãos
Para tentar encontrar o ponto de
menos do que a arrecadação.
25.08.06
objetivo geral é promover o cresci-
tem mistério, uma vez que seu
livro08_06-09
mento da produção e dos empredeterminados instrumentos, como:
7
gos e melhorar a vida das pessoas,
mente ao considerar que no Brasil
assuntos econômicos – principal-
que voltamos a atenção para
Aliás, é por causa de nosso bolso
políticas econômicas.
políticas monetárias.
juros é o principal instrumento das
O estabelecimento da taxa de
dinheiro que circula na economia.
controla o crédito ou o tanto de
• Política monetária, com a qual
os agentes e objetos diretos das
o funcionamento da economia não
ligadas a nosso bem-estar do que à
questões econômicas estão mais
Logo concluímos que, para nós, as
Interno Bruto (PIB), é tímido.
que compõem o chamado Produto
to da produção de bens e serviços,
centração de renda e o crescimen-
Faltam empregos, há grande con-
política fiscal.
do governo, também faz parte da
define os investimentos e gastos
política de gastos públicos, que
carga tributária do País abusiva. A
sariado brasileiro, que considera a
constante alvo de crítica do empre-
aumento ou redução de impostos,
• Política fiscal, pela qual há
é um exemplo de perfeição.
compreensão dos objetivos ou con-
que se situa o “nó” econômico.
No ponto de vista do governo é
sações comerciais entre os países.
rior, que define os pilares das tran-
• Política cambial e comércio exte-
ceitos em si.
Não é fácil encontrar o ponto de
contas do País em dia, com a meta
da população e a manutenção das
ços e salários.
ce os critérios de reajuste de pre-
• Política de rendas, que estabele-
equilíbrio entre o bem-estar geral
de atingir superávit fiscal, gastar
10. livro08_06-09
móveis sofisticados – e um tanto
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Para nos localizarmos como agende gente querendo vender – as
17:04
tes e objetos das dinâmicas econôempresas –, surge o preço. A preci-
25.08.06
micas, é bom explicar a divisão da
ficação dos bens econômicos é,
8
economia em seus dois segmentos:
portanto, o objeto da microecono-
Nesse jogo entre um tanto de
seus produtos e serviços.
necessidades de quem procura por
lhar de forma a atender àquelas
sos de produção, tendo de traba-
vezes também com recursos escas-
oferta, empresas produtoras, às
limitados pela renda; do lado da
sumo diversas e, em muitos casos,
famílias com necessidades de con-
Do lado da demanda, indivíduos e
a formação dos preços.
movimentos de procura e oferta e
ção entre essas partes, surgem os
prestadores de serviços. Da rela-
empresas, fabricantes de bens e
tamento dos consumidores e das
economia diz respeito ao compor-
relacionamos. Esse segmento da
Na microeconomia é onde nos
Micro e macroeconomia
micro e macroeconomia.
gente querendo comprar – seja o
trumentos para frear a ameaça
campo da macroeconomia, os ins-
mãos das políticas públicas, no
tasmas da economia. Estão nas
mos no capítulo 4, é um dos fan-
cionário. A inflação, como vere-
de dar início a um processo infla-
pressão grande nos preços capaz
economia, de modo que haja uma
do que a oferta, terreno da micro-
minado bem pode ser tão maior
Por exemplo: a procura por deter-
tura econômica geral.
maiores sobressaltos para a estru-
microeconomia, funcionem sem
prador-vendedor, característica da
que as dinâmicas da relação com-
governos atuam para fazer com
nomia, o terreno no qual os
principais questões da macroeco-
Outros capítulos do livro situam as
mento de demanda e oferta.
são as regras teóricas desse movi-
mia. O capítulo 2 explicará quais
alimento de cada dia, sejam auto-
11. livro08_06-09
25.08.06
17:04
Page 9
inflacionária. No Brasil, o mais
tradicional instrumento para
conter a inflação é o aumento
das taxas de juros.
Apenas por esses primeiros elementos, é possível concluir que o
mundo da economia é, por natureza, um universo de contradições
– contradições de objetivos e contradições das próprias medidas em
si. A alta das taxas de juros, por
exemplo, desestimula o consumo
e, portanto, o processo inflacionário ao mesmo tempo que inibe os
investimentos. Sem investimentos,
não há crescimento econômico,
nem aumento de empregos e
muito menos possibilidade de
melhorias na distribuição de
renda, entre outros.
Em muitos momentos, optar por
um caminho para atingir determinado objetivo significa sacrificar
parte dos outros. De nossa parte,
como donos de empresas ou candidatos a empreendedor, o importante é conhecer minimamente
esses movimentos para fazer
nosso negócio prosperar.
O que você viu no capítulo 1
1 > O panorama geral do universo da
micro e da macroeconomia.
2 > A importância de conhecer conceitos
econômicos para administrar seu negócio.
9
12. livro08_10-27
10
2
31.08.06
15:46
Page 10
Um dos pontos importantes dessa
elas e os consumidores atuam.
e os tipos de mercados nos quais
logias de produção das empresas
dos. Considera também as tecno-
forma seus preços são determina-
dade de uma mercadoria e de que
produzir maior ou menor quanti-
outro, o que leva uma empresa a
pagarem certo valor por ele; e, de
prarem determinado produto e a
razões que levam pessoas a com-
Procura identificar, de um lado, as
sobem demais, diminui o número
o preço do bem subir. Se os preços
para atender todos, a tendência é
não existem unidades suficientes
por comprar um mesmo produto e
Se há muitos consumidores ávidos
lado interfere nas ações do outro.
de jogo em que o fôlego de um
demanda, localizadas numa espécie
tetiza a relação das forças oferta e
preço”. Essa expressão familiar sin-
“Quanto maior a procura, maior o
ta em economia, já ouviu a frase
soa, mesmo que não seja especialis-
Quem decidir investir num
carrinho de cachorro-quente
deve saber primeiramente
onde será seu ponto-devenda, qual a quantidade
de pão e salsicha a ser
comprada para atender
à procura diária, que
preço cobrar.
DEMANDA E OFERTA
Qual o melhor posicionamento
de meu negócio num mercado
de alta competitividade? Quais
os pontos a observar em um
planejamento empresarial?
Como vimos no capítulo 1, a
microeconomia trata do comportamento dos consumidores e das
relação consumidor-produtor é a
dos interessados em comprá-lo.
empresas em seus mercados.
teoria da demanda. Qualquer pes-
13. 15:46
Page 11
da para atender à procura diária,
de de pão e salsicha a ser compra-
ponto-de-venda, qual a quantida-
saber primeiramente onde será seu
nho de cachorro-quente deve
Quem decidir investir num carri-
onde ofertar e quanto cobrar.
decidir o que e quando produzir,
dedor precisa ficar atento para
decisões de produzir. O empreen-
compra que devem orientar as
consumidor e sua disposição de
o preço deles cair. É o desejo do
sados em adquiri-los, a tendência é
estoque sem consumidores interes-
de produtos nas prateleiras ou em
mia tenha tido certo resultado e
fim do mês, cada setor da econo-
relacionam e fazem com que, ao
consumo são fatores que se inter-
cas de incentivo ou a restrição ao
ponibilidade de crédito, as políti-
outros do gênero, a renda, a dis-
preço do produto comparado a de
A preferência do consumidor, o
menor por um produto.
sável pela demanda maior ou
que não há um único fator respon-
chamada lei da demanda. Claro
tenta responder e sistematizar a
É aqui que a teoria da demanda
nado produto?
ou desejar mais ou menos determi-
fato de o consumidor demandar
Mas quais fatores interferem no
31.08.06
que preço cobrar, considerando
Por outro lado, se há um excesso
livro08_10-27
que nas imediações há outras
vendido mais ou menos.
11
opções de refeição.
14. livro08_10-27
preço do melão aumentou porque
O feirante pode até explicar que o
que a fruta subiu para 7 reais.
vai à mesma barraca e constata
levar dois. Na semana seguinte,
da, a 5 reais na feira. Ela resolve
encontre melão, sua fruta preferi-
Imagine que uma dona de casa
vão poder ou querer comprar.
quantidade que os consumidores
preço do produto, menor é a
Veja por que: quanto maior o
forma inversamente proporcional.
Essa relação se estabelece de
des de mercadorias ou serviços.
relação entre preços e quantida-
A lei da demanda se baseia na
Lei da demanda
dutos mais baratos e que ela
de dinheiro, optou por levar pro-
renda. Com a mesma quantidade
possibilidades, principalmente de
entanto, reagiu dentro de suas
adiante. A dona de casa, no
da lei de oferta, que veremos
aumentou, num típico movimento
na central distribuidora também
ficou atolado na estrada e o preço
dor final subiu porque o caminhão
O preço do melão para o consumi-
de comprar com seus 10 reais.
Afinal, é o que ela tem condições
abacaxi em vez de comprar melão.
dona de casa, que decide levar
Mas quem manda é o bolso da
riam levar melão e blablablá.
de suficiente para todos que que-
Page 12
a chuva impediu que um carrega-
pudesse comprar em quantidade
15:46
mento chegasse ao centro de dis-
suficiente para servir à família.
31.08.06
tribuição, onde ele se abastece de
Se ela dispusesse de mais dinheiro
12
frutas, e ali o preço já estava
do que na primeira semana, talvez
“frutas” estava maior.
destinada à aquisição do bem
cada, já que parte de sua renda
optasse por uma fruta mais sofisti-
dar com o preço ou talvez até
levasse o produto sem se incomo-
maior, porque não havia quantida-
Produtos são concorrentes ou
substitutos quando, diante do
aumento do preço de um,
sobe a demanda pelo outro.
15. livro08_10-27
31.08.06
15:46
Page 13
Complementar ou concorrente
Em relação à procura por um produto e seu condicionamento ao
preço de outros similares, podemos classificar os bens como complementares ou concorrentes.
São complementares quando o
aumento do preço de um bem
determinar a queda da procura
toma um cafezinho todos os dias,
queijo subir no bar onde o cliente
Ou, ainda, se o preço do pão de
É o caso do melão e do abacaxi.
demanda pelo outro.
aumento do preço de um, sobe a
substitutos quando, diante do
Os produtos são concorrentes ou
como um todo naquele feriado.
movimento do setor de turismo
de Janeiro, haverá queda no
de viagem para o Carnaval do Rio
aumento nos preços dos pacotes
programas. Ou, mesmo, se tiver
será menor a procura por seus
sutis do mercado, seja vendendo
a compreensão desses movimentos
querê-lo. Para um empreendedor,
reais os consumidores não vão
abacaxi, porque já sabe que a 7
deve levar menos melão e mais
na hora da compra, o feirante
preço do melão ainda estiver alto
horas. Na semana seguinte, se o
esta fruta acabar nas primeiras
melão pelo abacaxi a ponto de
tes cativos resolveram trocar o
fruta, porque muitos de seus clien-
apenas metade da quantidade da
expediente na feira vendendo
13
ele pode optar pelo pão de batata
melão, carros ou computadores, é
barraca de melão encerrou seu
por outro. Por exemplo: se os pre-
se o preço deste for mantido.
de extrema importância.
ços de computadores subirem,
Agora, digamos que o dono da
16. livro08_10-27
quantidades demandadas (ou ofer-
– é a relação entre as diferentes
dido para “elasticidade da oferta”
da” – que também pode ser esten-
O termo “elasticidade da deman-
de elasticidade da demanda.
da e as decisões empresariais é o
contribui para a análise da deman-
Outro conceito econômico que
Elasticidade
da inelástica: falta de similares,
que o produto tenha uma deman-
Outras características fazem com
tagem do aumento do preço.
consumo é menor do que a percen-
Então, a percentagem de queda no
mo, mas não substituí-lo.
gasolina pode até reduzir o consu-
midor que tem um carro movido a
da maioria dos veículos, e o consu-
inelástica. Trata-se do combustível
Page 14
tadas) de um produto em função
casos em que o consumidor valori-
15:46
das alterações de seus preços ou da
za o desempenho do produto, pro-
31.08.06
renda do consumidor.
duto diferenciado ou sob medida,
14
Sob o conceito de elasticidade-
fidelidade à marca, entre outros.
• Elástica
preço da demanda, qualquer mercadoria pode ser classificada como
bem de demanda:
aqueles que não se consideram
Já os bens de demanda elástica são
• Inelástica.
indispensáveis ou que podem ser
diante do aumento do preço ou do
midores não abrem mão, mesmo
indispensáveis, dos quais os consu-
aqueles de primeira necessidade,
Os bens de demanda inelástica são
• Inelástica
• Elástica.
barateamento de outros produtos.
clássico de bens com demanda elás-
Os bens de luxo são um exemplo
na receita da empresa.
de preços. Haverá, portanto, queda
do que o percentual do aumento
o percentual da queda será maior
mente com o aumento do preço, e
Sua demanda declina substancial-
substituídos por similares.
A gasolina é um bem de demanda
17. 31.08.06
15:46
Page 15
é o bem inferior. Nesse caso, os
livro08_10-27
tica. Esse conceito, porém, abarca
consumidores tendem a querer
trabalhar com um bem ou serviço
dor, é muito relevante o fato de se
registram aumento de demanda
Os bens de luxo são aqueles que
• De luxo
15
de demanda elástica ou não.
acentuado quando a renda do con-
recursos disponíveis.
bens melhores se tiverem mais
uma vasta gama de bens e serviços.
Variação de renda
A elasticidade serve de base para a
sumidor cresce.
Para um vendedor ou empreende-
política de preços e para estabele-
da variação de renda do consumi-
A elasticidade-renda ocorre diante
quase não apresentam alteração de
Os bens de primeira necessidade
• De primeira necessidade
cer a estratégia de vendas.
dor, e sob esse conceito os bens
demanda conforme a variação da
• Normais.
podem ser classificados como:
• Inferiores.
famílias e dos indivíduos.
parte do consumo mínimo das
realmente necessários, já faziam
renda. Como se trata de produtos
• De luxo.
• De primeira necessidade.
• Normais
O produto que registra aumento de
demanda quando há crescimento
de renda é chamado bem normal.
• Inferiores
O produto que apresenta queda de
demanda quando a renda aumenta
18. livro08_10-27
desestimula os consumidores a
dores. Se o aumento de preço
atitude diferente da dos compra-
renda, os vendedores possuem uma
Diante das variações do preço e da
determinado preço.
mais ou menos um produto a
variam sua disposição de vender
portamento dos vendedores, que
dores, a lei da oferta trata do com-
ve o comportamento dos compra-
Enquanto a lei da demanda descre-
Lei da oferta
ção é conhecido por todos: se o
cado. O mote que rege essa situa-
pelo governo para regular o mer-
do, subsídios ou tributos usados
número de concorrentes no merca-
produção, preços dos insumos,
por fatores como tecnologia de
A oferta é influenciada também
tem maior lucratividade.
moção de produtos que apresen-
concentrarão seus esforços na pro-
margem de lucro, e os vendedores
ção, há também uma queda da
cai, mantidos os custos da produ-
Page 16
comprarem, já os vendedores e
preço de um bem sobe, aumenta a
15:46
fabricantes ficam animados a pro-
quantidade desse bem ofertada no
31.08.06
duzirem e a venderem mais.
mercado. É a lei da oferta.
16
Quando o preço de um produto
Elasticidade
A elasticidade-preço da oferta de
um produto apresenta comportamento bastante diverso no curto e
no longo prazo.
Na maioria das vezes, ela é mais
elástica no longo prazo, pois, nesse
caso, as empresas têm mais tempo
de se organizar e se adaptar para
aumentar a produção e a oferta de
um produto que passou por uma
19. livro08_10-27
31.08.06
elevação de preço.
15:46
Page 17
Muitas vezes, a elasticidade é restrita pela falta de investimentos,
sobretudo no curto prazo. Porém,
os empresários podem amenizar
esse quadro com o aumento de um
turno de trabalho ou pagando
hora-extra.
Há setores em que a oferta é extre-
Apartamentos e casas demandam
como o da construção civil.
aumentando a demanda, e, por
duos passam a consumir mais,
abaixo do de equilíbrio, os indiví-
17
Muitas vezes, a elasticidade
é restrita pela falta de
investimentos, sobretudo
no curto prazo. Porém, os
empresários podem amenizar
esse quadro com o aumento
de um turno de trabalho ou
pagando hora-extra.
um tempo predeterminado de
conseqüência, os preços.
mamente inelástica no curto prazo,
construção, independentemente de
a procura ser enorme ou os preços
Mercado e limitação tecnológica
estimula uma queda nos preços
excesso de oferta de bens, o que
nível de preço mais alto, haverá um
da seguinte forma: para qualquer
A dinâmica do equilíbrio funciona
das de um produto.
quantidades ofertadas e as deman-
chegar a um valor que equalize as
Os preços no mercado tendem a
Equilíbrio de mercado
dos imóveis alcançarem as alturas.
praticados no mercado. Por sua
me veremos a seguir.
ge a maximização do lucro, confor-
mento que, de certa forma, restrin-
produção, o mercado é um ele-
com as limitações tecnológicas de
situação de mercado. Juntamente
pra e a venda de algum bem é uma
vez em que estão presentes a com-
mos bens ou serviços. Assim, toda
ra – o desejo de comprar os mes-
vender bens e serviços – e a procu-
ção entre a oferta – o desejo de
Dá-se o nome de mercado à rela-
vez, com qualquer nível de preço
20. livro08_10-27
o empresário chegar rapidamente
por um preço exorbitante, fazendo
fabulosa de um bem ou produto
poderia vender uma quantidade
houvesse restrição, uma empresa
a obtenção de lucro? Fácil: se não
Como o próprio mercado restringe
possível ou mesmo à sua existência
Em relação ao tipo de concorrência
brio de produtos e serviços.
o preço e a quantidade de equilí-
mercados e uma forma de regular
mecanismo de organização dos
Na economia, a concorrência é um
Estrutura da concorrência
Page 18
ao maior lucro possível. Porém,
ou não, o mercado se divide em
15:46
diante da restrição de mercado,
diferentes tipos de estruturas.
31.08.06
numa situação hipotética, uma
Entre eles, destacam-se:
18
empresa até poderia produzir o
consumidores quisessem comprar.
de vender a quantidade que seus
• Oligopólio.
• Monopólio.
• Mercados de concorrência perfeita.
quanto quisesse, mas só seria capaz
Quanto às restrições da tecnologia
mentos e à oferta de insumos que,
tivos ao desempenho de equipa-
que trata da concorrência perfeita.
acima são idealizados, sobretudo o
Cabe ressaltar que os conceitos
de produção, esses fatores são rela-
por exemplo, impõem um limite
Porém, vale a pena ter uma breve
concorrência perfeita.
preço, é o chamado mercado de
partes exerça influência sobre o
dores, de modo que nenhuma das
tanto compradores quanto vende-
Um ambiente no qual existam
• Mercados de concorrência perfeita
noção sobre eles.
em sua capacidade de produção.
A oferta, a demanda e o
preço de um produto numa
situação de concorrência
perfeita são determinados
pelo mercado. Cada empresa
aceitará o preço como um
dado fixo.
21. livro08_10-27
31.08.06
15:46
Page 19
As características desse tipo de
mercado são:
• Homogeneidade do produto.
• Transparência do mercado.
• Liberdade de entrada e saída
de empresas.
A homogeneidade do produto
opera o mercado. Nenhum dos
mento das condições gerais em que
participantes têm pleno conheci-
mercado, supõe-se que todos os
Numa situação de transparência do
preço de todas será similar.
das vendas da concorrente. O
vanque suas vendas em detrimento
conta com um diferencial que ala-
de espalhar, então nenhuma delas
produto com cheiro forte e difícil
caracterizam-se por oferecer um
por exemplo, todas as marcas
cado de cera de pisos de madeira,
diferentes fabricantes. Se no mer-
por seus custos de produção. As
duzirá a quantidade estabelecida
A partir desse preço, cada uma pro-
fixo sobre o qual não pode influir.
aceitará o preço como um dado
dos pelo mercado. Cada empresa
corrência perfeita são determina-
um produto numa situação de con-
A oferta, a demanda e o preço de
produtos no mercado.
começar a operar e a vender seus
não encontre dificuldades para
sário que uma nova fábrica de cera
continuar sendo perfeita, é neces-
concorrentes. Para a concorrência
19
fabricantes de cera fica sabendo
margens de lucro das diferentes
fazer um estoque antes de seus
ocorre quando não há diferenças
antecipadamente do aumento do
empresas tendem a ser iguais.
significativas entre os produtos de
preço de um de seus insumos para
22. livro08_10-27
do que o preço de mercado em
A regra geral é: o preço será maior
será determinado pelo vendedor.
res. Dessa forma, o preço de venda
um vendedor e muitos comprado-
econômica é composta de apenas
Nesse tipo de mercado, a estrutura
No monopólio, o cenário é outro.
• Monopólio
determinada, estabelecida numa
de cada fabricante é bastante
Nesse cenário, a fatia de mercado
influência sobre os preços.
os consumidores terem qualquer
importados, fica muito difícil para
Se não houver produtos similares
preços dos produtos.
exercem grande controle sobre os
res, de forma que os primeiros
Page 20
concorrência perfeita, e o nível de
relação de interdependência entre
15:46
produção inferior. Os consumidores
as organizações.
31.08.06
sairão perdendo diante das amplas
Essa interação comercial pode até
20
possibilidades de lucro da única
dar origem a um cartel, que é o
Consiste na forma de mercado em
• Oligopólio
empresa vendedora.
que existem poucos vendedores e
oferta e procura.
evolução dos preços pela lei da
te, fatias de mercado, anulando a
fixação de preços e, eventualmen-
acordo entre empresas visando a
um grande número de comprado-
23. livro08_10-27
31.08.06
15:46
Page 21
O Brasil registra uma taxa
de mortalidade empresarial
bastante elevada. O índice
chega a 49,4% entre as
empresas com até dois
anos de existência e de
56,4% entre as que têm até
três anos. A porcentagem
das que não sobrevivem
quatro anos é de 59,9%.
talidade empresarial bastante ele-
21
vada. O índice chega a 49,4% entre
as empresas com até dois anos de
existência e de 56,4% entre as que
têm até três anos. A porcentagem
das que não sobrevivem quatro
anos é de 59,9%.
Tipos de mercado
Vamos conhecer os três mercados
com os quais o empreendedor lida
Em meio a essas estruturas de
• Mercado fornecedor.
• Mercado consumidor.
no dia-a-dia:
mercado, os empreendedores tam-
• Mercado concorrente.
Da teoria à prática
bém devem conhecer detalhes do
Afinal, não podemos esquecer que
estratégias de um empreendedor.
fundamentais para orientar as
mais práticas e, ao mesmo tempo,
mos a partir de agora questões
básicos de microeconomia, veja-
Descritos alguns dos conceitos
pontos a seguir.
o empreendedor que virão nos
tam das orientações voltadas para
e fornecedor. São tópicos que tra-
quado para seu negócio.
para o produto e qual o local ade-
vender, qual a demanda potencial
dê-lo, sabendo o que produzir ou
torna-se mais fácil agir para aten-
Com base nessa caracterização,
poder de compra.
negócio, suas necessidades e seu
veis compradores e clientes de seu
consumidor é identificar os prová-
O objetivo de estudar o mercado
Mercado consumidor
mercado consumidor, concorrente
o Brasil registra uma taxa de mor-
24. livro08_10-27
22
31.08.06
15:46
Mercado fornecedor
É formado pelo conjunto de
Page 22
empresas que fornecem equipamentos, máquinas, matéria-prima,
mercadorias e outros materiais
necessários ao funcionamento de
qualquer negócio.
Para exemplificar, vamos analisar o
dia-a-dia de um restaurante, um
estrada asfaltada. De posse dessa
de uma pequena cidade sem
restaurante, morem na zona rural
“caiu no gosto da clientela” do
um delicioso tipo de lingüiça, que
Digamos que os fabricantes de
do interior de difícil acesso.
te pode se concentrar numa cidade
produto principal de um restauran-
Às vezes, o mercado fornecedor do
com diversos fornecedores.
outro exemplo: o ramo gráfico.
Para responder, vamos analisar
caso seja possível. Como?
busca por produtos importados
ços. Se assim for, deve-se estudar a
margem de manipulação dos pre-
estrutura de oligopólio, com ampla
de matéria-prima trabalha numa
diferença saber se seu fornecedor
mesmo modo, faz uma grande
precisa bolar uma estratégia. Do
Ou seja, o dono do restaurante
ramo de atividade que precisa lidar
informação, o empreendedor terá
Esse tipo de negócio depende do
• Aprender a fazer a lingüiça por
fluxo da entrega da mercadoria.
• Criar condições para manter o
de escolher entre:
conta própria.
comandam os preços no mercado.
poucas e grandes as empresas que
de mercado oligopolizada. São
Brasil por meio de uma estrutura
duto produzido e distribuído no
fornecimento de papel, um pro-
• Adaptar seu cardápio.
25. 15:46
Page 23
de manobra quando o governo
que, por vezes, pode ter margem
dorismo brasileiro, seguido pelo
é o principal ramo do empreende-
da GEM, o setor de alimentação
De acordo com o levantamento
mais empreendedor do mundo.
31.08.06
reduz a tarifa de importação do
Nesse caso, o dono da gráfica sabe
livro08_10-27
papel. Assim, torna-se mais vantasetor de vestuário.
23
joso buscar o produto importado
Essas informações sinalizam que o
superá-las, com base na avaliação
deve-se procurar alternativas de
essas empresas e onde elas estão,
seu negócio. Sabendo quais são
ços iguais ou semelhantes aos de
que oferecem mercadorias ou servi-
Empresas concorrentes são aquelas
Mercado concorrente
em vez de optar pelo nacional.
dos pontos fortes e fracos seus e
mínimos detalhes o produto ou
atividade, além de dominar nos
conhecer bem o próprio ramo de
Para isso, o passo fundamental é
conta própria.
cio antes de iniciar um projeto por
para que se planeje bem um negó-
concorrência. É mais um motivo
encontra desde cedo uma forte
atividade empresarial no País
empreendedor que começa uma
delas. Com esse mapeamento, é
serviço que será oferecido.
O empreendedor que começa
uma atividade empresarial
no País encontra desde cedo
uma forte concorrência. É
mais um motivo para que se
planeje bem um negócio
antes de iniciar um projeto
por conta própria.
possível traçar estratégias de como
operar melhor os processos internos e ganhar mercado.
Domínio da atividade
Uma pesquisa que mede as taxas
do empreendedorismo mundial,
realizada pela Global
Entrepreneurship Monitor (GEM) e
divulgada no início de 2006, revelou que o Brasil é o sétimo país
26. livro08_10-27
devem atender às necessidades de
gens e a variedade de cardápio
O tamanho correto das embala-
para sua conservação.
mas sim requisitos fundamentais
produtos não são meros detalhes,
cionamento e display de seus
de saber que a técnica de acondi-
Primeiramente, o empresário tem
mentos congelados.
as condições de produção de ali-
ramo de alimentos, vamos verificar
empreendedores brasileiros, o
setor mais procurado pelos
Para ilustrar com um exemplo do
questões ficarem sem respostas na
tos necessários. Se alguma dessas
que será usado e dos equipamen-
ção e da organização do material
cional deve se encarregar da sele-
mento ao cliente. A parte opera-
prestação do serviço e do atendi-
cialização, o que inclui a forma de
cação do produto e de sua comer-
cer as etapas do processo de fabri-
É necessário identificar e estabele-
será feito e quem o fará.
do negócio: qual o trabalho que
muito bem a gestão operacional
O empreendedor deve planejar
Planejamento operacional
Page 24
seu mercado. Essas informações
fase de planejamento, é necessário
15:46
podem ser obtidas, por exemplo,
buscá-las com urgência para evitar
31.08.06
com base numa pesquisa entre os
que sejam respondidas quando “o
24
próprios consumidores.
avião já estiver no ar”.
Nada pode ser realizado sem
que seja feita uma análise dos
custos da abertura do negócio
e dos custos futuros, levandose em conta investimento em
local, equipamentos, materiais
e despesas diversas.
Nessa pesquisa pode ser detectado
que a maior parte do público-alvo
é formada por pessoas que moram
sozinhas e que tendem a optar
pela praticidade da comida congelada. É possível descobrir que esses
consumidores prefiram porções
unitárias, pequenas quantidades
sortidas de salgadinhos, entre
outras particularidades.
27. livro08_10-27
31.08.06
Produção e vendas
15:46
Page 25
O mesmo planejamento deve ser
considerado com variáveis como
projeção do volume de produção,
de vendas ou de serviços.
Para realizar esses cálculos com boa
margem de precisão, dois itens
básicos têm de ser avaliados:
25
• A necessidade e a procura do
futuros, levando-se em conta inves-
abertura do negócio e dos custos
• A capacidade de produção da
mercado consumidor por seu tipo
timento em local, equipamentos,
estrutura da qual disporá.
de serviço ou produto.
Outros fatores
lhistas e promoção.
impostos, salários, encargos traba-
materiais e despesas diversas –
São diversos fatores que devem ser
levados em conta para o sucesso de
• Localização
É preciso estabelecer o número de
• Equipe
um empreendimento, entre eles:
pessoas necessárias para o tipo e
bus pode ser um péssimo lugar
Uma avenida com corredor de ôni-
varia conforme o tipo de negócio.
atenção especial, e o melhor lugar
A localização da empresa merece
volume de trabalho a ser desenvol-
para uma livraria, devido à polui-
• Custos
vido e as qualificações exigidas.
Nada pode ser realizado sem que
da falta de vagas na via pública.
para um estacionamento por conta
lho, mas pode ser um ótimo ponto
ção que estraga os livros e ao baru-
seja feita uma análise dos custos da
28. livro08_10-27
uma lanchonete que pretenda ofe-
vo. Porém, não será adequada para
montar um salão de beleza exclusi-
pode ser o endereço ideal para
Uma ruazinha isolada, por sua vez,
tenha em mãos uma estrutura
Para isso, é imprescindível que se
das mais fundamentais.
serviços ou produtos é uma etapa
Estabelecer preços competitivos de
Cálculo de preço
Page 26
recer lanches rápidos e dependa
minuciosa de custos. Esse cálculo é
15:46
fundamentalmente dos passantes.
feito com base nos chamados cus-
31.08.06
Entre outras opções que não sejam
tos fixos e variáveis.
26
a rua, o empreendedor tem de avade espaços como shopping centers,
São aqueles que não variam com a
• Custos fixos
liar as vantagens e desvantagens
galerias e edifícios comerciais.
• Promoção de lançamento
estabelecimento comercial.
produção. Exemplo: o aluguel do
quantidade nem com o ritmo da
Por fim, o empreendedor deve
instrumentos como propaganda,
lançado. Para isso, pode utilizar
ção do produto ou do serviço a ser
produzida. Exemplo: a contratação
nuem de acordo com a quantidade
São os que aumentam ou dimi-
• Custos variáveis
pensar em algum tipo de promo-
estratégia de relacionamento com
de trabalhadores temporários para
de produção e vendas que permi-
cação das quantidades mínimas
even point) por meio da identifi-
seu ponto de equilíbrio (break-
Toda empresa tem de encontrar
época do ano.
suprir a demanda em determinada
clientes e preços promocionais.
Toda empresa tem de
encontrar seu ponto de
equilíbrio (break-even point)
por meio da identificação
das quantidades mínimas
de produção e vendas.
29. livro08_10-27
31.08.06
15:46
Page 27
tam continuar seus negócios de
maneira lucrativa.
Entre os objetivos da fixação do
preço de um produto ou serviço,
podemos destacar:
• A penetração do produto ou da
empresa no mercado.
• A seleção de um segmento específico como seu consumidor-alvo.
• A recuperação de caixa por meio
de preços baixos que permitam um
rápido retorno financeiro.
• A maximização dos lucros.
• A promoção do produto por
meio de descontos e preços
de lançamento.
O que você viu no capítulo 2
1 > A lei da demanda e as diferenças entre
produtos complementares e concorrentes.
2 > O conceito de elasticidade de preços
na lei da demanda e da oferta.
3 > A influência da concorrência e do
mercado em seu negócio.
4 > O domínio da atividade e a precificação como fatores de sucesso.
27
30. livro08_28-39
28
3
25.08.06
17:17
Page 28
“crime” deixar qualquer nota de
1990 quando era quase um
anos 1980 e início da década de
Quem não se lembra do fim dos
de entregá-lo ao supermercado.
para acomodar seu produto antes
maior, digamos, pelo vasilhame
mês paga um preço diferente e
de molho de tomates, que todo
de tomate, até o dono da fábrica
bolsar centavos a mais pelo molho
que a cada semana tem de desem-
inflação. Desde uma dona de casa,
pelo efeito danoso dela no bolso
inflação galopante, exatamente
sentem saudade dos tempos da
por todos. Os trabalhadores não
sileiros e uma experiência vivida
um termo bem conhecido dos bra-
Fenômeno monetário, a inflação é
distribuição de renda.
consumidor, gerando distorções na
dinheiro e o poder de compra do
inflação corroíam o valor do
Naquela época, as altas taxas de
ro do que se tinha no dia anterior?
risco de acordar com menos dinhei-
As conseqüências do
processo inflacionário recaem
sobre os assalariados,
refletem nos donos de
negócios, influem no mercado
de capitais e na balança
comercial e alteram o sistema
produtivo numa espécie
de efeito dominó.
CAUSAS E EFEITOS DA INFLAÇÃO
O que gera inflação e como
ela afeta meu negócio? Por
que o descontrole inflacionário
é ruim para minha empresa
e também para o País?
De todos os termos econômicos
com os quais nos deparamos no
dia-a-dia, talvez o mais fácil de
dinheiro na carteira de uma noite
ou nos negócios de cada um.
entender e visualizar seja o da
até a manhã do dia seguinte, sob o
31. 25.08.06
17:17
Page 29
poder aquisitivo, com a moeda
correções salariais, há queda do
de reajuste dos salários. Entre as
mentos fixos e com data anual
sobre os assalariados com rendi-
A inflação tem um efeito negativo
livro08_28-39
perdendo valor dia a dia devido
controle, desde o Plano Real em
zou os brasileiros e mesmo sob
ralizada dos preços que já penali-
cesso de elevação contínua e gene-
Mas o que está por trás desse pro-
los, e não conseguir retorno.
de massa de tomates ou de veícu-
negócio, seja aumentar a produção
29
ao choque inflacionário.
Efeito dominó
das políticas econômicas?
objeto de proteção e preocupação
1994, continua sendo o grande
As conseqüências do processo
inflacionário recaem sobre os assalariados, refletem nos donos de
negócios, influem no mercado de
capitais e na balança comercial e
alteram o sistema produtivo numa
espécie de efeito dominó, que
afeta todo o sistema econômico.
No caso do sistema produtivo,
situações de economias instáveis e
com ameaças inflacionárias desestimulam o investimento e inibem a
situação ideal de pleno emprego.
Processos de inflação alta geram
incertezas quanto à possibilidade
dos lucros, o que, normalmente,
deixa a classe empresarial em compasso de espera para não assumir
os riscos de colocar dinheiro num
32. livro08_28-39
• A inflação envolve aumentos de
Page 30
Causas e efeitos
preços contínuos e generalizados
17:17
Primeiro, é preciso entender que
e não apenas elevações esporádi-
25.08.06
inflação não é um aumento espocas e isoladas.
30
rádico ou isolado de preços, como
encarecer 1 ou 2 reais nos meses
veis causas da inflação:
A teoria econômica lista três possí-
no caso de seu vinho preferido
de inverno. No livro Economia
Evaristo Teixeira Lanzana, mestre
Atualidades, o autor Antônio
• Inflação inercial.
• Inflação de custos.
• Inflação de demanda.
Brasileira – Fundamentos e
e doutor pela USP e professor da
para dois pontos:
Administração, chama a atenção
Inflação de demanda
sar cada uma delas.
A seguir, vamos entender e anali-
Faculdade de Economia e
• A inflação é um processo e não
Quando a inflação é causada pela
população, seja por incremento
como o aumento de renda da
um crescimento de demanda,
São vários fatores que explicam
ca um aumento de preços.
duos que deseja adquiri-lo provo-
a grande quantidade de indiví-
oferta inferior à procura. Ou seja,
sua vez, apresenta produção ou
mesmo bem ou serviço que, por
gente está em busca de um
demanda, significa que muita
apenas um fato isolado.
O governo é um dos
principais consumidores de
bens e serviços. Assim, ao
mesmo tempo em que atua
como “árbitro do jogo”, para
tentar conter indícios de
descontrole econômico, é
um dos “jogadores” que
podem desencadear o
processo inflacionário.
33. livro08_28-39
25.08.06
17:17
Page 31
de salários, seja por redução da
carga tributária. Economistas costumam lembrar do hábito de consumo dos brasileiros e da pouca
prática de guardar dinheiro em
poupança, o que faz com que um
aumento de renda seja destinado
mais às compras, seja de alimentos, da geladeira nova ou do primeiro computador, do que ao
chamado “pé-de-meia” para ga-
componentes que pesam num
quer nível de governo, é um dos
ra governamental, seja em qual-
É importante saber que a estrutu-
custos do governo.
adotada é a própria redução de
to, outra medida que pode ser
a inflação. Além desse instrumen-
menor, o que contribui para frear
mais altos, a demanda torna-se
demanda. A regra é: com os juros
bra para controlar o crédito e a
juros como instrumento de mano-
governo pressionam a demanda
micos. Desse modo, gastos do
demandador dos produtos econô-
o governo como concorrente ou
estrutura, por exemplo, colocam
Brasil, investimentos em infra-
volvimento, como é o caso do
Na situação de um país em desen-
processo inflacionário.
dores” que podem desencadear o
trole econômico, é um dos “joga-
tentar conter indícios de descon-
atua como “árbitro do jogo”, para
31
processo inflacionário. Isso porque
e interferem no processo de
Assim, ao mesmo tempo em que
rantir uma segurança no futuro.
o governo é um dos principais
aumento de preços.
O governo costuma usar a taxa de
consumidores de bens e serviços.
34. livro08_28-39
exagero para ilustrar a cena – em
hipotética – e com uma dose de
Podemos imaginar uma situação
leiras do eletrodoméstico.
necedor do aço usado nas prate-
diversas, pagou mais caro ao for-
últimos quatro meses, por razões
quantidade de produto, mas nos
ras vendeu por mês a mesma
ano o dono da fábrica de geladei-
Imagine que no período de um
pende do tamanho da demanda.
Esse processo inflacionário inde-
Inflação de custos
rem na composição dos custos e
de salários são fatores que interfe-
fas de energia, de combustíveis e
do preço do aço, aumentos de tari-
Da mesma forma que a elevação
pagar mais caro por ela.
uma geladeira nova, vai ter de
Resultado: se o consumidor quiser
do ao preço final dos produtos.
dos custos de produção é repassa-
quer perder dinheiro, o aumento
Como, evidentemente, ninguém
inviabilizariam os lucros.
produção tremendamente altos
caria prejuízo. Ou seja, os custos de
Page 32
que o preço do aço subiu de forma
podem ser elementos catalisadores
17:17
tal que manter os valores de venda
de um processo inflacionário.
25.08.06
da geladeira no mesmo nível do
Portanto, a inflação de custos está
32
primeiro mês daquele ano signifi-
35. livro08_28-39
25.08.06
17:17
associada principalmente ao
Page 33
aumento de preços de matériaprima, seja minério de ferro, aço,
petróleo ou alimentos.
Mas essa não é a única causa da
pressão inflacionária. Setores econômicos que atuam em forma de
monopólio ou oligopólio podem,
por exemplo, adotar reajustes de
preços acima do custo de produção
num movimento que visa ao crescimento dos lucros e que interfere
no processo inflacionário.
33
minério de ferro e aço motivado,
mentou aumento da demanda por
ramo industrial brasileiro experi-
metalúrgicos e siderúrgicos. Esse
dutor e exportador de produtos
a situação. O Brasil é grande pro-
O aço é bom exemplo para ilustrar
cutir no bolso do brasileiro.
re na China, digamos, pode reper-
territoriais de um país. O que ocor-
resumem à dinâmica nos limites
rido, as oscilações de custos não se
balizada, na qual o Brasil está inse-
em virtude do crescimento da
lação do preço do minério de ferro
ram os reajustes nos preços à osci-
tiva e a própria siderurgia credita-
mia brasileira. A indústria automo-
elevação de preços finais na econo-
foi uma das justificativas para a
O aumento do preço internacional
cativa elevação.
cional do produto registrou signifi-
ve do Brasil – que o preço interna-
rio e aço de outros países – inclusi-
prar tamanha quantidade de miné-
ma década. A China passou a com-
A China passou a comprar
tamanha quantidade de
minério e aço de outros
países – inclusive do Brasil –
que o preço internacional
do produto registrou
significativa elevação. O
aumento do preço
internacional foi uma
das justificativas para
a elevação de preços finais
na economia brasileira.
em especial, pelo crescimento con-
demanda internacional.
Além disso, em uma economia glo-
tínuo da economia chinesa na últi-
36. livro08_28-39
plesmente por causa da constata-
preços poderem aumentar sim-
indexação ou à possibilidade de os
Está associada ao instrumento de
Inflação inercial
mento da meta estabelecida para
juros, deveriam visar ao cumpri-
ria, como a definição da taxa de
Todas as ações da política monetá-
terminada pelo próprio governo.
a trabalhar com uma meta prede-
Page 34
ção de inflação numa dinâmica
cada ano. O Brasil não inventou a
17:17
quase automática. O instrumento
roda ao adotar essa política, pois
25.08.06
da indexação vigorou no Brasil até
ela já era utilizada por vários paí-
34
a instituição do Plano Real, quanses, como Inglaterra, Suécia,
deles era manter a estabilidade da
constatar que o objeto central
décadas de 1980 e 1990, é fácil
deflagrados no Brasil entre as
sos planos econômicos que foram
Ao conhecer a essência dos diver-
Sistema de metas
do foi extinto.
moeda e, portanto, tornar a infla-
Estatística (IBGE).
Instituto Brasileiro de Geografia e
(IPCA), índice medido pelo
Preços ao Consumidor Amplo
referência é sempre o Índice de
sistema, a meta era de 8% – e a
No ano de implementação desse
tantos outros.
Peru, México e Colômbia, entre
Austrália e os latino-americanos
ção controlável.
controlar um aumento hipotético
monetária no sentido de tentar
vez de trabalhar sua política
na prática, significa dizer que em
ção. O termo inflation targeting,
de metas para o controle da infla-
1999, o Brasil adotou um sistema
economia. Entre elas, vamos ver:
do funcionamento perfeito da
instabilidade e alcançar o deseja-
melhores medidas para eliminar a
nos se apegam em busca das
rias às quais economistas e gover-
É útil conhecer as principais teo-
Teorias da inflação
A partir do segundo semestre de
de preços, o Banco Central passou
37. livro08_28-39
25.08.06
• Teoria monetarista.
• Keynesianos.
17:17
• Teoria estruturalista.
Teoria monetarista
Page 35
Quando você ouvir falar sobre
teoria monetarista, por exemplo,
saiba que ela nada mais é do que
uma corrente do pensamento eco-
seqüência da inflação. Chamados
dor da expansão da moeda e na
cit do setor público seria o causa-
que há esse descompasso? O défi-
necessidade da economia. E por
de moeda em ritmo superior à
inflação o movimento de emissão
superávits públicos – seria a porta
desses dois fatores – gastos e
Para os monetaristas, o controle
acordos do Brasil com o FMI.
sentes quando ouvimos falar dos
públicos são conceitos sempre pre-
controle dos gastos e de superávit
Milton Fiedman. Não por acaso, o
35
de conservadores ou ortodoxos, os
para a estabilidade econômica.
nômico que aponta como causa da
monetaristas defendem o funcio-
essa corrente tem suas bases cen-
Monetário Internacional (FMI),
Preconizada pelo Fundo
dinâmica do setor privado.
das governamentais do que da
seriam resultantes mais de medi-
da. As oscilações econômicas
base numa política monetária rígi-
após os gastos já realizados.
quanto ao efeito dominó advindo
inflacionário, mas divergem deles
explicar a origem do processo
valorizam os gastos públicos para
nam com os monetaristas quando
de John Maynard Keynes, combi-
Os keynesianos, adeptos da teoria
Keynesianos
namento livre do mercado com
tradas nas idéias do economista
38. livro08_28-39
36
25.08.06
17:17
Page 36
Como vimos, para os monetaristas,
os gastos públicos levam à emissão
de moeda que, por sua vez, geram
inflação. Já os keynesianos consideram que gastos públicos produzem
inflação quando interferem na
demanda agregada a ponto de
dios e pequenas culturas de subsis-
afetar os fatores de produção. Esse
movimento ocasionaria aumento
tência não consegue crescer no
teoria sugere que as causas do pro-
Como o próprio nome indica, essa
Teoria estruturalista
de preços e, portanto, inflação.
cesso inflacionário estão relacionaa aumento de preços.
necessidade dos consumidores leva
mento da produção aquém da
colas numa conjuntura de cresci-
Maior demanda por produtos agrí-
ritmo da demanda pelos produtos.
das às deficiências estruturais da
grandes latifúndios e na agricultu-
dos, cuja produção baseia-se em
agrícola dos países subdesenvolvi-
lizados no Brasil.
índices de medição de inflação uti-
Vamos conhecer agora os principais
Índices inflacionários
economia. Por exemplo: a estrutura
ra de subsistência, sem preocupa-
produtos agrícolas, a estrutura
urbanização e de demanda por
com um incremento no processo de
país muda sua estrutura geográfica
estrada do desenvolvimento, um
princípio de que, para trilhar a
to de 1 a 40 salários mínimos.
universo de famílias com rendimen-
a meta de inflação. Abrange um
índice-referência do governo para
Medido pelo IBGE desde 1978, é o
Amplo (IPCA)
Índice de Preços ao Consumidor
ção com o mercado. Partindo do
agrícola sedimentada em latifún-
39. 17:17
Page 37
alimentícios têm peso de 25,21%;
Na composição do índice, produtos
1.360 produtos.
200 mil cotações de preços de
públicos e domicílios. São cerca de
serviços, concessionárias de serviços
mentos comerciais de prestação de
As coletas são feitas em estabeleci-
30% da população brasileira.
que somadas representam cerca de
Curitiba, Goiânia e Distrito Federal,
Belém, Fortaleza, Salvador,
Horizonte, Porto Alegre, Recife,
Paulo, Rio de Janeiro, Belo
regiões metropolitanas de São
primeiro e o último dia do mês nas
coletas de preços realizadas entre o
para o quarto. Nessa faixa de
do segundo item com maior peso
transporte e comunicações passam
peso de 33,10%. Já gastos com
Alimentação, por exemplo, adquire
sição de índices.
tem diferenças de peso na compo-
dimento menor do que o IPCA,
de vida para um universo com ren-
Por retratar o aumento do custo
rência para os reajustes salariais.
mínimos. O INPC é o índice-refe-
dimento entre um e oito salários
tos que afetam as famílias com ren-
IPCA, pesquisa as variações de cus-
mesmas regiões metropolitanas do
mesmo intervalo de tempo e nas
Também medido pelo IBGE no
Consumidor (INPC)
Índice Nacional de Preço ao
25.08.06
transporte e comunicação, 18,77%;
O IPCA é calculado com base em
livro08_28-39
despesas pessoais, 15,68%; vestuá-
renda, gastos com esses serviços
37
rio, 12,49%; habitação, 10,91%;
adquirem peso de 11,44%.
O IPCA é utilizado na
correção de balanços e
demonstrações financeiras
trimestrais e semestrais das
Companhias Abertas.
saúde e cuidados pessoais, 8,85%;
e artigos de residência, 8,09%.
Além de ser a referência do governo para a meta inflacionária, o
IPCA é utilizado na correção de
balanços e demonstrações financeiras trimestrais e semestrais das
Companhias Abertas.
40. livro08_28-39
38
25.08.06
17:17
Índice de Preço ao Consumidor
(IPC-Fipe)
Page 38
Criado em 1939, a medição do índice realizada apenas na cidade de
São Paulo investiga o aumento do
custo de vida para famílias com
rendimento entre 1 e 20 salários
mínimos. A coleta também é feita
do primeiro ao último dia do mês.
Desde sua criação até 1968, a responsabilidade de produção do índice era da prefeitura de São Paulo.
Faculdade de Economia e
Econômicas (Fipe), órgão ligado à
Fundação Instituto de Pesquisas
subdivide em três outros índices:
Vargas, o Índice Geral de Preços se
Medido pela Fundação Getúlio
Índice Geral de Preços (IGP)
A partir de 1968, foi transferida à
Administração da USP. É utilizado
IGP-M, IGD-DI e IGP-10. O que os
feita no município de São Paulo
30 salários mínimos. A pesquisa é
famílias com rendimentos entre 1 e
(Dieese), o ICV tem como universo
Estatísticas e Estudos Econômicos
Departamento Intersindical de
Sob responsabilidade do
Índice de Custo de Vida (ICV)
em reajustes contratuais.
entre o primeiro e o último dia do
IGP é feita também com base em
gia o atacado. A composição do
de preços no varejo, o IGP privile-
riores, que investigam o aumento
Diferentemente dos índices ante-
elétrica e os contratos de aluguéis.
za a correção das tarifas de energia
públicos ou privados. O IGPM bali-
contratos de longo prazo, sejam
gência. É o índice mais usado nos
diferencia é o período de abran-
mês. É usado nos acordos salariais.
41. livro08_28-39
25.08.06
17:17
Page 39
dados de três outras medições da
FGV: O IPA (Índice de Preço no
Atacado), que pesquisa o aumento
de custos de preços de mais de 500
empresas brasileiras; o IPC (Índice
de Preço ao Consumidor), que
investiga o aumento para os consumidores finais; e o Índice Nacional
da Construção Civil (INCC). Na composição do IGP, o IPA tem peso de
60%, o IPC de 30% e o INCC de
10%. As pesquisas são realizadas
nas regiões metropolitanas de São
Paulo, Rio de Janeiro, Belo
Horizonte, Recife, Salvador,
Fortaleza, Belém, Porto Alegre,
Curitiba, Florianópolis, Distrito
Federal e Goiânia, e têm como teto
famílias com rendimento de até 33
salários mínimos.
O que você viu no capítulo 3
1 > Os três fatores que geram inflação:
demanda, custos e componentes inerciais.
2 > O sistema de metas inflacionárias
adotado pelo Brasil.
3 > Três teorias para explicar a inflação:
monetarista, keynesiana e estruturalista.
4 > Os principais índices utilizados no
Brasil para medir a inflação.
39
42. livro08_40-53
40
4
25.08.06
17:41
Page 40
sede do Banco Central (BC), em
tam a cada 45 dias para o edifício-
na rentabilidade e na prosperida-
de juros no Brasil e sua influência
verificar o funcionamento da taxa
O tamanho dos juros (altos
ou baixos) determina a
mobilidade da economia e,
conseqüentemente, o
desempenho dos negócios
dos muitos agentes que a
compõem. Como regra
geral, juros altos inibem o
consumo e juros baixos
incentivam as compras.
JUROS, EMPRÉSTIMO E CRÉDITO
Por que é útil entender a
taxa de juros para evitar o
endividamento da empresa?
Qual a relação dos juros com
empréstimos e créditos?
Não é por acaso que as atenções
de economistas, empresários, banqueiros, consultores, analistas de
investimentos e jornalistas que
Brasília, à espera da decisão do
de de seu empreendimento.
escrevem sobre economia se vol-
Comitê de Política Monetária
mo e juros baixos incentivam as
geral, juros altos inibem o consu-
que a compõem. Como regra
dos muitos agentes
te, o desempenho dos negócios
da economia e, conseqüentemen-
baixos) determina a mobilidade
O tamanho dos juros (altos ou
de compra para evitar financia-
por exemplo, pode adiar a decisão
ra adquirir a geladeira a prazo,
altos, uma dona de casa que quei-
geladeira. Numa situação de juros
que estão em busca de uma nova
comportamento de consumidores
Para começar, observaremos o
Juros altos
(Copom) sobre a taxa de juros.
compras. Neste capítulo vamos
43. 17:41
Page 41
maior e mais moderna, mas dei-
jam comprar uma geladeira nova,
mesmo procedimento. Elas dese-
de casa em todo o país adotem o
Imagine, então, que várias donas
superior ao preço original.
tulo 3, é um dos fantasmas que
E a inflação, como vimos no capí-
estimulam o aumento da inflação.
subir. Preços em alta, por sua vez,
oferta, a tendência dos preços é
um produto é maior do que sua
demanda, quando a procura por
cionamento das leis de oferta e
Como já vimos, ao tratar do fun-
25.08.06
xam de fazê-lo pelo fato de o
mentos longos e custo final muito
livro08_40-53
preço final a prazo ser muito
assombram a economia.
41
superior ao do valor à vista.
Se elas não compram, a loja de
eletrodomésticos não vende. Se
a loja não vende, a fábrica não
produz. Se a fábrica não produz,
dispensa um ou vários funcionários, da mesma forma que o faz
a loja cujo vendedor passou o
dia, a semana ou o mês inteiro
sem nada vender.
Juros baixos
Agora imagine uma situação diferente. O custo da geladeira, seja à
vista, seja a prazo, cabe perfeitamente no orçamento de todas as
donas de casa que queiram comprá-la, e as lojas têm tanta procura pelo eletrodoméstico que o
estoque não é suficiente.
44. livro08_40-53
o fôlego de consumo resulte em
empregos, e, por outro, evitar que
investimentos, manter e gerar
lado, criar condições para atrair
ditório, com o desafio de, por um
brar numa espécie de jogo contra-
A política de juros deve se equili-
Jogo de equilíbrio
Ao estabelecer a taxa de juros, o
sobressaltos da economia.
“perfeito” ou, ao menos, sem
condições para o funcionamento
ficada, o papel do Copom é criar
Para explicar de uma forma simpli-
meta de inflação estabelecida.
de juros de modo a viabilizar a
tulo 3), o Copom determina a taxa
Page 42
descontrole inflacionário.
Banco Central, na prática, está
17:41
A mesma lógica da procura por
determinando a liquidez da eco-
25.08.06
geladeiras vale também para
nomia ou, em outras palavras, a
42
tomates, arroz, carros e todos os
disponibilidade de dinheiro no
Desde 1999, quando o Brasil pas-
Taxa de juros
demais bens de consumo.
sou a trabalhar com o regime de
mi-la, sobe a taxa.
de juros. Quando pretende repri-
quer estimulá-la, o BC corta a taxa
controlar a demanda. Quando
mercado. É uma ferramenta para
metas inflacionárias (veja no capí-
45. livro08_40-53
25.08.06
17:41
Page 43
Willian Eid, professor da Fundação
Getúlio Vargas, costuma ser prático e objetivo na definição sobre
juros: “É o custo do dinheiro que
posterga o consumo e o prazer”.
Tomando emprestada essa defini-
43
que a taxa de juros deveria cair a
dia no início de 2006 a idéia de
Estado de São Paulo (Fiesp) defen-
Federação das Indústrias do
de entidades empresariais. A
sileiro é alvo constante de críticas
juros praticada pelo governo bra-
imaginar por que a política de
Apenas por essa lógica, já dá para
no tamanho desse custo.
que pautam suas decisões de olho
geladeira, sejam de empresas,
com vontade de comprar uma
físicas, como a dona de casa e
minadas contas, sejam de pessoas
influência na hora de pagar deter-
da taxa feita pelo Copom até a
brasileiros – desde a divulgação
e seu impacto no dia-a-dia dos
der o significado do indicador
juros; de outro, os que apóiam o
dem a queda acelerada da taxa de
De um lado, aqueles que defen-
e da economia.
de setores importantes da política
move os mais diversos interesses
dadeiro “carro de batalha” que
O valor da taxa de juros é um ver-
crescer sem pressionar os preços.
produção teriam condições de
cionais, tanto o consumo quanto a
elevada para os padrões interna-
Com uma taxa ainda tida como
ocasionar a volta da inflação.
onda de consumo que pudesse
e não abrupta era evitar uma
tificativas para a queda paulatina
agentes econômicos. Uma das jus-
vezes, considerado lento pelos
um ritmo compassado e, muitas
de queda das taxas de juros, mas a
Uma das justificativas para
a queda paulatina e não
abrupta era evitar uma onda
de consumo que pudesse
ocasionar a volta da inflação.
saltos maiores. O que se viu nos
decréscimo moderado.
ção, torna-se mais fácil compreen-
meses seguintes foi uma trajetória
46. livro08_40-53
preocupe. Vamos saber agora o
Caso não tenha entendido, não se
que significa essa informação?
parágrafo, você compreendeu o
Muito bem, depois de ler esse
nos últimos anos.
(PIB) dentro da média verificada
51,8% do Produto Interno Bruto
dívida pública brasileira beirava
No primeiro semestre de 2006, a
Juros e dívida pública
e LTN significam, respectivamente,
Para seu conhecimento, NTN, LFT
atenuar sua dívida interna.
aos bancos e captar recursos para
tidos pelo governo para vender
nada mais são do que títulos emi-
de NTN, LFT e LTN, saiba que elas
Portanto, quando você ouvir falar
conhecidas e comentadas.
estão amparados em siglas bem
Tesouro Nacional. Esses títulos
os vende em leilões feitos pelo
Page 44
que é a dívida pública, como ela
Notas do Tesouro Nacional, Letras
17:41
se forma e o que ela tem a ver
Financeiras do Tesouro e Letras do
25.08.06
com os juros.
Tesouro Nacional.
44
Tradicionalmente, o Brasil gasta
seguir juntar dinheiro para saldar
A taxa de juros definida pelo
Remuneração de títulos
mais do que arrecada. E, para conseus compromissos e equiparar
Copom, a chamada Selic, utilizada
ra também o é. Isso porque os
que faz alguma aplicação financei-
indiretamente qualquer pessoa
tes diretos desses produtos, mas
Os bancos são os principais clien-
E paga a quem?
de seus títulos.
posto a pagar pela remuneração
o preço que o governo está dis-
como taxa básica da economia, é
receita e despesas, emite títulos e
O investidor poderá optar
por emprestar ao governo,
com um nível de risco
relativamente baixo, ou
emprestar às empresas
ou pessoas físicas, com
um nível de risco
razoavelmente mais alto.
47. livro08_40-53
25.08.06
17:41
Page 45
bancos captam dinheiro de seus
clientes e o usa nessas transações
com o Tesouro Nacional.
A maioria dos fundos de renda
fixa dos bancos está lastreada em
operações de compra e venda de
títulos públicos.
Referência ao mercado
Ao manter as taxas de juros altas, o
Banco Central não determina a
taxa de juros como se fosse uma
lei. Ele apenas oferece uma refe-
porte) presente na economia. Toda
dor (de pequeno ou de grande
soas físicas, com um nível de risco
ou emprestar às empresas ou pes-
nível de risco relativamente baixo,
rência de taxa de juros ao merca-
vez que o Banco Central de um
razoavelmente mais alto.
do, disponível a qualquer investi-
país desrespeitou as leis de merca-
aos títulos da dívida governamen-
juros oferecida pelo Banco Central
Com base na referência de taxa de
perda de reservas, recessão etc.
lorizações da taxa de câmbio,
que especulativo, com altas desva-
dinheiro, acabou sofrendo um ata-
bancos garantem boa parte de
juros oferecidas pelo Copom, os
de baixo risco e com as taxas de
sua dívida. Com esses empréstimos
brasileiro, que precisa financiar
opção o empréstimo ao governo
No Brasil, os bancos têm como
Empréstimo ao governo
45
tal, o investidor poderá optar por
suas margens de lucro.
do, de oferta e demanda por
emprestar ao governo, com um
48. livro08_40-53
o maior tomador de recursos da
como em diversos outros países, é
Dessa forma, o governo brasileiro,
Selic. De modo similar, as lojas
cobra remuneração acima da taxa
emprestar dinheiro a seus clientes,
que aquela taxa. Além disso, ao
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economia, concorrendo com a
também cobram de seus consumi-
17:41
população pelo dinheiro dos
dores taxas de juros superiores em
25.08.06
investidores e poupadores.
relação à referência do BC.
46
Aqui está um dos motivos pelos
sócio de uma carteira de investi-
remuneração. Porém, repassa ao
governo recebendo a taxa Selic de
bancos compram os títulos do
O mecanismo funciona assim: os
últimos anos.
tido tão bons resultados nos
exemplo, desembolsam juros
Empresas de pequeno porte, por
eleva as taxas para cima.
“risco” é outro referencial que
tributos, um fator denominado
as transações financeiras, como os
Além dos custos incidentes sobre
Fator de risco
quais os bancos brasileiros têm
mento rentabilidade menor do
maiores do que grandes grupos
por não terem como oferecer as
mesmas condições de garantia.
Isso ajuda a explicar a distância
entre as taxas com as quais os
bancos são remunerados e aquelas
com que eles remuneram seus
clientes ou cobram destes.
Uma dica para quem queira comprar títulos do governo é conhecer
o Tesouro Direto, um instrumento
disponível desde 2002 e que permite a qualquer pessoa comprar
49. livro08_40-53
25.08.06
17:41
Page 47
títulos do governo e receber uma
melhor remuneração.
No site do Tesouro Nacional do
Ministério da Fazenda (www.
tesouro.fazenda.gov.br) ou no do
Banco do Brasil (www.bb.com.br),
você encontra o passo-a-passo para
a aquisição de títulos públicos.
Mocinho ou vilão?
47
nomia não cresce.
rios por falta de trabalho e a eco-
empresário demite seus funcioná-
fábrica reduz a produção, o
geladeira, a loja não vende, a
dona de casa desiste de comprar a
cadeando o processo em que a
desestimularia o consumo, desen-
econômico, exatamente porque
elevados impediria o crescimento
taxas a patamares considerados
juros altos é simples: manter as
O argumento dos críticos dos
nho ou vilão na economia?
derada elevada faz papel de moci-
capítulo, uma taxa de juros consi-
economistas para estudar formas
assim, não precisaríamos mais de
Se as coisas fossem tão simples
na certa. Correto? Claro que não!
de juros e pronto: prosperidade
seria muito fácil: baixar as taxas
ta” para o sucesso de um país
Por esse ponto de vista, a “recei-
sos produtivos.
bancos para financiar seus proces-
ram contrair empréstimos dos
crédito para empresas que quei-
juros altas também encarecem o
a prazo de geladeiras, taxas de
2,3%. Além de reprimir o consumo
brasileiro em 2005, que foi de
pelo fraco desempenho do PIB
A “receita” para o sucesso
de um país seria muito
fácil: baixar as taxas de
juros e pronto: prosperidade
na certa. Correto? Claro
que não! Se as coisas
fossem tão simples assim,
não precisaríamos mais
de economistas.
Ainda para os críticos, as altas
de crescimento de um país...
Voltando ao tema central deste
taxas de juros seriam responsáveis
50. livro08_40-53
os fatores considerados para ten-
não se descontrole. E são muitos
um ambiente para que a inflação
juros, o Copom precisa considerar
assim, para decidir sobre a taxa de
Como a questão não é tão simples
Fatores diversos
nos custos de produção e, conse-
desencadeia um impacto direto
Logo, a cotação mais alta do barril
res da economia.
te em praticamente todos os seto-
máquinas, o petróleo está presen-
do para movimentar veículos e
entorno: como combustível utiliza-
Page 48
tar antecipar qual será a tendênqüentemente, nos custos finais
17:41
cia dos índices inflacionários.
que, cedo ou tarde, serão repassa-
25.08.06
Para se ter uma idéia da complexidos aos consumidores.
48
dade de dados, um componente
do aumento inflacionário. Por
leo, por exemplo, jogam a favor
Preços em alta do barril de petró-
nacional de petróleo.
comportamento do mercado inter-
influência da taxa de juros é o
tar o endividamento.
para qualquer consumidor – é evi-
para o empreendedor – e também
se livrar deles? Uma das saídas
economia, como fazer para tentar
Se juros altos são um dos males da
Aprender a poupar
crucial que orbita a zona de
quê? A resposta pode ser medida
É notório, por exemplo, que o bra-
sam aprender a poupar.
dação básica: os brasileiros preci-
juros serem altas. Daí a recomen-
em parte, o fato de as taxas de
por crédito no Brasil explica,
do a créditos. Aliás, a demanda
me mesmo sem dinheiro, recorren-
exagerados – muitas vezes, conso-
sileiro tem hábitos de consumo
na simples observação de nosso
Se juros altos são um dos
males da economia, como
fazer para tentar se livrar
deles? Uma das saídas para
o empreendedor – e também
para qualquer consumidor –
é evitar o endividamento.
51. livro08_40-53
25.08.06
17:41
Page 49
De olho no mercado
Ao mesmo tempo, na administração do dia-
fundamental é evitar endividamentos.
aconselha que, em tempos de juros altos,
José Luiz Másculo, professor do Ibmec,
negócio prosperar num país como o Brasil?
dedor pode sobreviver e ainda fazer seu
estar se perguntando: como um empreen-
Ao ler este capítulo sobre juros, você deve
Ou seja, é melhor fazer reservas
a-dia dos negócios é importante estar
para eventualidades futuras do
“As decisões de produção e investimento
futuros da política de juros.
rando antecipar tendências para os ciclos
atento ao movimento do mercado, procu-
que ir às compras, trocar a gela-
devem estar antenadas com essas tendên-
das taxas de juros, por exemplo, revela
Uma observação atenta ao comportamento
sário, tenho de entender esse jogo”, diz.
em trajetória crescente. Eu, como empre-
to de produção, quando os juros estiverem
pode se dar mal numa situação de aumen-
para isso. Quem não estiver atento a isso,
uma assessoria econômica exatamente
mento do Banco Central. É importante ter
cias, tendo sempre em vista o comporta-
deira ou o carro toda vez que
sobra dinheiro na conta.
Taxa Referencial
A Selic é a taxa básica de juros,
mas não é a única definida pelo
governo. A Taxa Referencial ou TR
também é definida por ele.
Com cálculo diário pelo Banco
Central, a TR é um indicador que
sobre depósitos em cadernetas de
Coincidência ou não, os anos pares são
uma trajetória de queda nos anos pares.
uma tendência de alta nos anos ímpares e
poupança e recolhimentos nas
exatamente aqueles em que há eleições.
remunera os recursos aplicados
contas do Fundo de Garantia por
Tempo de Serviço (FGTS).
49
52. livro08_40-53
da: TJLP. Com validade trimestral,
no cuja sigla é bastante conheci-
É outra taxa definida pelo gover-
Taxa de Juros de Longo Prazo
a liquidez do mercado em busca
tica, tem em mãos para manipular
Central, como executor dessa polí-
o único instrumento que o Banco
vel da política monetária, mas não
Page 50
a Taxa de Juros de Longo Prazo é
do almejado funcionamento per-
17:41
utilizada para estimular investifeito da economia.
25.08.06
mentos em infra-estrutura.
Também integram essa operação:
50
A TJLP é usada, por exemplo, nos
cedidos pelo Banco Nacional de
• Taxas de redesconto.
• Depósitos compulsórios.
empréstimos de longo prazo conDesenvolvimento Econômico e
Tanto a TR quanto a TJLP apresen-
expansão de negócios no País.
dos ao setor produtivo para a
prazo que os bancos comerciais
de parte de depósitos à vista e a
São recolhimentos obrigatórios
Depósitos compulsórios
Social (BNDES) – recursos destina-
tam taxas menores do que a Selic.
Outros instrumentos
de recolhimento como mecanismo
Central. O BC determina a taxa
precisam fazer junto ao Banco
A taxa de juros é a face mais visí-
53. livro08_40-53
25.08.06
17:41
Page 51
51
sem dinheiro em caixa para honrar
suas operações.
Aumentar as taxas cobradas pelo
redesconto – normalmente calculado pelo valor taxa Selic acrescido
de um percentual – também é
prerrogativa do Banco Central
para desestimular os bancos de
lançar mão do dispositivo.
Antes de irem ao BC em busca do
socorro do redesconto, os bancos
ciais, por intermédio dos depósitos
dos recursos dos bancos comer-
conter o consumo, ao reter parte
tam as taxas de juros para tentar
Do mesmo modo que se aumen-
ro no mercado.
de contenção da oferta de dinhei-
Tanto o CDI como a Selic
caracterizam a melhor
referência da taxa de juros
de mercado. O CDI
representa a taxa que os
bancos estão dispostos a
pagar para zerar suas
diferenças de caixa.
Já a Selic representa a taxa
de juros paga pelo governo.
compulsórios, o Banco Central
do. O CDI representa a taxa que
rência da taxa de juros de merca-
Selic caracterizam a melhor refe-
Dessa forma, tanto o CDI como a
as instituições financeiras.
a transferência de recursos entre
Interbancários (CDI), que permite
do Certificado de Depósitos
rações entre si pelo instrumento
podem ainda negociar essas ope-
procura diminuir o volume de
os bancos estão dispostos a pagar
mos que a instituição faz aos ban-
Central para remunerar emprésti-
São taxas estabelecidas pelo Banco
Taxas de redesconto
recursos disponíveis ao crédito.
cos comerciais para socorrê-los, no
taxas de juros bastante próximas.
ca por que o CDI e a Selic são
recursos (bancos e governo) expli-
O baixo risco dos tomadores de
de juros paga pelo governo.
caixa. Já a Selic representa a taxa
para zerar suas diferenças de
caso de um banco fechar o dia
54. livro08_40-53
dos juros. Assim, as taxas de juros
a tendência de alta ou de queda
mento do viés, com o qual aponta
mento futuro por meio do instru-
o Copom pode indicar o comporta-
Ao estabelecer as taxas de juros,
política monetária.
taxas de juros e as diretrizes da
1996 com a missão de definir as
o Copom, foi criado em junho de
O Comitê de Política Monetária,
Definição da taxa de juros
tre outras variáveis. Com base nes-
estado de liquidez bancária, den-
com reservas internacionais, do
finanças públicas, das operações
nível de atividade industrial, das
de conjuntura da inflação, do
taxa. Faz-se, por exemplo, relatos
veis consideradas para definir a
que fazem análise sobre as variá-
de departamento da instituição
tem também a presença de chefes
taxa, com duração de dois dias,
decide sobre o movimento da
Page 52
podem ser anunciadas com a infor-
sas informações, a diretoria do BC
17:41
mação adicional de viés de alta ou
vota pela taxa. Nem sempre a
25.08.06
baixa ou, então, sem viés.
decisão é consensual.
52
Ao presidente do Banco Central,
que também preside as reuniões
do Copom, é concedida a prerrogativa de anunciar a revisão da
taxa para cima ou para baixo no
intervalo entre as reuniões.
Entre 2000 e 2005, o Copom se
reunia uma vez por mês. A partir
de 2005, as reuniões passaram a
ser a cada 45 dias, o que resulta
em oito reuniões anuais.
Além do presidente, toda a diretoria do BC participa do comitê com
direito à voto. Mas a reunião que
55. livro08_40-53
25.08.06
17:41
Page 53
Cada reunião do Copom é
sucedida de uma ata com o
relato detalhado dos
elementos considerados no
estabelecimento da taxa. É
um bom instrumento para
quem queira entender o
mercado financeiro.
Por dentro da reunião
A distância, pensar no mercado
financeiro, na taxa de juros e
nas muitas variáveis que a influenciam parece ser uma tarefa difícil
de compreender.
Mas não é bem assim. Cada reunião do Copom é sucedida de uma
ata com o relato detalhado dos
elementos considerados no estabelecimento da taxa. É um bom instrumento para quem queira entender o mercado financeiro.
É possível ler a ata no site do
Banco Central (www.bc.gov.br) e
acompanhar as variáveis que fizeram com que a instituição fosse
mais ou menos conservadora ao
definir a taxa de juros.
O que você viu no capítulo 4
1 > O comportamento da economia com
taxas altas e baixas de juros.
2 > Os elementos que determinam a taxa
de juros do Copom.
3 > TR, Taxa de Juros de Longo Prazo, depósitos compulsórios e taxas de redesconto.
53
56. livro08_54-67
54
5
25.08.06
17:40
Page 54
O PIB E SEU NEGÓCIO
Por que tenho de torcer para
o País “dar certo”? O que
Bruto (PIB) brasileiro foi de 2,2%,
crescimento do Produto Interno
Nos últimos dez anos, a média de
tro das fronteiras de um país
bens ou serviços, produzidos den-
todos os produtos finais, sejam
econômica, o PIB é a soma de
O PIB é o valor de toda a
produção ocorrida dentro
das fronteiras do país, sem
considerar a nacionalidade
dos que se apropriam dela.
um resultado que pode ser consi-
durante um período determinado.
ocorre quando a economia
não cresce? Como extrair
informações baseadas no PIB?
derado tímido quando comparado
de países.
apenas superado por um punhado
cresceu 110 vezes – desempenho
Entre 1901 e 2000, o PIB brasileiro
econômico vigoroso.
Brasil experimentou crescimento
do século XX, constata-se que o
Aliás, ao realizar a retrospectiva
que foi de 4,8%.
média ao longo do século XX,
ou mesmo à taxa de crescimento
10% ao ano na década de 1970
do ou município.
de um país, uma região, um esta-
medem a evolução da economia
até mês a mês. Os números
ano a ano, trimestre a trimestre e
A variação do PIB pode ser medida
diferentes países.
tados e entre os resultados de
comparações periódicas de resul-
do Brasil, em real – para facilitar
monetário – em dólar ou, no caso
O PIB é sempre expresso em valor
Evolução da economia
à taxa de crescimento média de
Principal indicador da atividade
57. 17:40
Page 55
cresceu; se for negativa, houve
positiva, significa que a economia
da taxa de crescimento. Se for
De fato, o PIB é o valor de toda a
pertence aos brasileiros.
e ainda o que se exporta daqui,
consome e se investe no Brasil,
no PIB, ou seja, tudo o que se
Nem tudo o que está registrado
25.08.06
recessão. Taxa próxima de zero,
Essa variação é expressa por meio
livro08_54-67
como registrada no Brasil em 2003
produção ocorrida dentro das
55
expansão econômica com igual
uma recessão ou um período de
os setores da economia sentem
que nem todos os indivíduos nem
seu comportamento. Mesmo por-
é preciso mensurá-lo para estudar
pela população em geral, porém
sentido por agentes econômicos e
O pulsar da enonomia pode ser
Utilidade do PIB
(0,5%), indica estagnação.
intensidade e simultaneamente.
tenha tido origem “interna”.
valor integrar o PIB, basta que ele
enviam a seus países. Para um
estrangeiros ganham no Brasil e
bém a parte dos salários que
de royalties. Não se desconta tam-
forma de lucros ou pagamentos
aqui e enviada ao exterior na
empresas estrangeiras instaladas
se desconta a renda obtida pelas
priam dela. No cálculo do PIB não
a nacionalidade dos que se apro-
fronteiras do país, sem considerar
Daí a utilidade do cálculo do PIB.
58. livro08_54-67
importante, que embute o concei-
Existe outro indicador, igualmente
Produto Nacional Bruto
maior do que PIB, uma vez que
outros países, registram o PNB
diversas empresas atuando em
Estados Unidos, que possuem
Page 56
to de “nacional”, ou seja, de proparte da renda dessas empresas é
17:40
priedade de brasileiros.
enviada de volta às matrizes
25.08.06
É o chamado Produto Nacional
norte-americanas.
56
Bruto (PNB), que inclui as rendas
o PNB apresenta resultados ligei-
É interessante notar que no Brasil
estrangeiras enviados para fora.
obtidos por pessoas e empresas
brasileiros e desconta os valores
renda e despesa.
também por outras óticas, como
medir o desempenho econômico
ca pela ótica da produção. Pode-se
O PIB avalia a atividade econômi-
Renda e despesa
obtidas no exterior enviadas por
ramente menores do que o PIB –
juros do capital estrangeiro.
rior como lucros, dividendos e
lam no País são remetidos ao exte-
Interna Bruta (RIB).
produzir o PIB, a chamada Receita
Soma dos fatores recebidos para
• Pela renda
cerca de 3% dos valores que circu-
Para efeito de comparação, os
59. livro08_54-67
25.08.06
• Pela despesa
17:40
Page 57
Soma dos pagamentos feitos pela
produção do PIB, resultando na
Despesa Interna Bruta (DIB).
O valor dessas diferentes formas
de medição é exatamente o
mesmo, porque se trabalha sobre
o mesmo produto, analisado de
pontos de vista diferentes. Se o
PIB for de 1 trilhão de dólares, a
RIB e a DIB também o serão.
57
contribuição de cada setor da eco-
res”, torna-se possível averiguar a
Com a “decomposição de fato-
rado o produto final.
etapa da produção até ser elabo-
serviços empregados em cada
Ou seja, os valores dos produtos e
seus valores agregados.
todos os produtos finais, mas de
do, somando-se não os valores de
realizado de modo mais elabora-
verifica-se que o cálculo do PIB é
Em uma análise mais profunda,
agrega valor ao produto embalado
supermercado, o setor de serviços
dispor o suco na gôndola do
suco processado; ao transportar e
etapa industrial agrega valor ao
adicionar conservantes, outra
valor à fruta; ao embalar o suco e
suco de laranja, a indústria agrega
cado e no varejo. Ao espremer o
da indústria e do comércio no ata-
meiro lugar, mas sem se esquecer
participação da agricultura em pri-
ja, por exemplo, considera-se a
Para a produção do suco de laran-
Com a “decomposição de
fatores”, torna-se possível
averiguar a contribuição de
cada setor da economia na
produção de determinado
bem ou serviço. Para a
produção do suco de laranja,
por exemplo, considera-se a
participação da agricultura
em primeiro lugar, mas sem
se esquecer da indústria
e do comércio.
nomia na produção de determina-
que chegou da fábrica.
Valores agregados
do bem ou serviço.
60. livro08_54-67
Page 58
• Terciário
17:40
Soma de três setores
Comércio, serviços, setor financei-
25.08.06
Por meio dessas somatórias partiro, entre outros.
58
cularizadas, levantam-se muito
to, é composto da soma de resulta-
dos produtos finais. O PIB, portan-
ção do que a simples contagem
longo dos anos, é possível extrair
setor na composição do PIB ao
Ao analisar a participação de cada
Estágio de desenvolvimento
mais informações sobre a produ-
dos dos três setores da economia:
• Primário
No Brasil, verificou-se o desenvol-
vimento de um país.
indícios dos estágios de desenvolAtividades ligadas à agricultura e
vimento clássico da maioria das
transporte, de construção civil, e
eletroeletrônica, de material de
mação (metalúrgica, química), de
Indústria extrativista, de transfor-
• Secundário
à pecuária.
serviços industriais de utilidade
ceira, quando o setor primário se
aumento do secundário. E a ter-
ticipação do setor primário e
ria. A segunda, com perda da par-
configurando uma economia agrá-
participação do setor primário,
três fases. A primeira, com grande
economias mundiais, marcado por
pública, de energia, de telecomu-
estabiliza, com uma participação
PIB brasileiro foi reduzida de 45%,
A participação da agricultura no
Trajetória por setor
o terciário.
expansão, perde participação para
setor secundário, até então em
relativamente baixa no PIB, e o
nicações, entre outros.
A partir de 1993, houve
aumento do peso da
agropecuária no PIB e
observou-se a estabilização
nas participações de
todos os setores.
61. livro08_54-67
25.08.06
17:40
Page 59
Três fases
59
Como vimos no início deste capítulo, o Brasil apresentou médias de
crescimento bastante diferentes ao
longo do século XX. A partir da
década de 1950, podem-se verificar
A indústria, por sua vez, represen-
últimas décadas.
em 1900, para cerca de 10% nas
três fases principais:
tava 12% do PIB no início do sécu3,5% ao ano.
nomia mundial crescia em média
cimento de 7,4%, enquanto a eco-
brasileiro, com taxa média de cres-
Período de forte expansão do PIB
• De 1950 a 1980
lo XX. Aumentou continuamente
do peso da agropecuária no PIB e
A partir de 1993, houve aumento
do setor de serviços cresceu.
queda, enquanto a porcentagem
pação da indústria apresentou
PIB. Entre 1987 e 1993, a partici-
corresponder a 34% do total do
década de 1970, quando passou a
mento do PIB.
gráfico foi maior do que o cresci-
capita, pois o crescimento demo-
fase verificou-se queda no PIB per
cimento de 1,7% ao ano. Nessa
recessão, com taxa média de cres-
to do PIB, incluindo momentos de
Ritmo de crescimento bem modes-
• De 1981 a 1993
sua participação até meados da
observou-se a estabilização nas
nos anos 1930, até atingir 61% na
de 44% em 1900, chegando a 50%
A cota do setor de serviços partiu
de 2,8% ao ano.
quando o PIB registrou taxa média
Retomada gradual do crescimento,
• De 1994 a 2001
participações de todos os setores.
última década do século XX.
62. livro08_54-67
60
25.08.06
17:40
Indicador econômico
Page 60
Por muitas décadas, a partir de
meados do século XX, o PIB serviu
como parâmetro de comparação
entre os países.
Seus números eram utilizados
como balizadores da situação eco-
vida e do grau de escolaridade
IDH é composto da expectativa de
Além da variável econômica, o
para avaliar a qualidade de vida.
Desenvolvimento Humano (IDH)
mento de comparação: o Índice de
Unidas (ONU) criou outro instru-
1990, a Organização da Nações
Por isso, a partir da década de
da sociedade.
um país em relação ao bem-estar
ções e não refletia a realidade de
ses, como o Brasil, causava distor-
tração de renda em diversos paí-
Porém, o elevado grau de concen-
riqueza dos habitantes.
resultado refletiria o grau de
do pela população. Em tese, o
per capita – o valor do PIB dividi-
Com base nele, foi criado o PIB
de materiais promocionais, peças
gráfica é voltada para a confecção
mico. Grande parte do serviço da
mômetro do aquecimento econô-
economia, como se fosse um ter-
tante sensível ao desempenho da
podemos intuir, é um negócio bas-
Moreira. A atividade gráfica, como
e de propriedade de Wilson
localizada na cidade de São Paulo
vamos conhecer a gráfica Águia,
Para exemplificar a situação,
Caso contrário, nada feito.
economia do País tem de crescer.
seu empreendimento prospere, a
com seu negócio? Tudo! Para que
Mas, afinal, o que isso tem a ver
finais, desempenho da economia...
mento do país, soma de produtos
Até agora, falamos de PIB, cresci-
Termômetro de crescimento
nômica de determinado país.
da população.
63. 17:40
Page 61
empresas, como folders, adesivos,
quedos, os impressos da gráfica do
caderno, filme fotográfico, brin-
Arroz, feijão, detergente, pastel,
• Consumo de bens não duráveis
25.08.06
catálogos, cartazes e displays.
publicitárias e brindes para outras
livro08_54-67
As encomendas variam na proporsenhor Wilson etc.
61
ção direta da vitalidade dos negó-
marcas e seus serviços por meio
de estar dispostas a promover suas
móveis, automóveis etc.
Eletrodomésticos em geral, TVs,
• Consumo de bens duráveis
cios das demais empresas, que têm
dos produtos gráficos de fino aca-
A curto prazo
economia cresça.
ros, é fundamental, então, que a
assim como para todos os brasilei-
É toda despesa destinada a aumen-
Investimento
beleza, lazer etc.
Saúde, educação, setor financeiro,
• Consumo de serviços
bamento. Para o senhor Moreira,
A evolução do PIB, a curto prazo,
tar a capacidade de produção.
Até agora, falamos de PIB,
crescimento do país, soma
de produtos finais,
desempenho da economia...
Mas, afinal, o que isso tem
a ver com seu negócio?
Tudo! Para que seu
empreendimento prospere,
a economia do País tem
de crescer.
é determinada pela demanda imediata por produtos. É a chamada
demanda agregada, formada com
base nos níveis de consumo e
investimento, dos gastos do governo e das exportações líquidas.
Vamos checar o que significa isso:
Consumo
Refere-se ao valor de todos
os bens e serviços comprados
pela população. Divide-se em
três subcategorias:
64. livro08_54-67
bilidade de capital interno ou
Page 62
Gastos do governo
externo; o gasto público depende
17:40
Incluem os bens ou serviços comde decisões políticas e institucio-
25.08.06
prados pelos governos federal,
nais; já a exportação e importação
62
estadual ou municipal.
renda externa ou demanda inter-
dependem de taxa de câmbio,
Exportações líquidas
na, tarifas e crédito externo.
A longo prazo
Trata-se da diferença entre as
exportações e importações realizadas num dado período.
Cada um desses fatores listados
duas variáveis:
PIB, a longo prazo, depende de
A capacidade de crescimento do
corresponde a uma variável da
de outros fatores econômicos.
(máquinas, equipamentos, cons-
• Estoque de capital no país
demanda agregada, dependente
O consumo, por exemplo, depentruções etc.).
de rodovias, hospitais, hidrelétricas,
tado), de imóveis, pela construção
bens de capital (nacional ou impor-
ser efetuados pela aquisição de
meio de investimentos, que podem
estoque de capital só ocorre por
da produtividade. O aumento do
mento do estoque de capital e/ou
cresça, é imprescindível o cresci-
Portanto, para que a produção
• Produtividade desse capital.
de da renda, do crédito e do estoque de riqueza disponíveis na
sociedade; o investimento depende das taxas de juros e da disponi-
Para a economia crescer,
o nível de investimento
deve ser maior do que
o de depreciação dos
equipamentos já em
funcionamento na
atividade produtiva, senão
ocorre estagnação.
65. livro08_54-67
25.08.06
17:40
Page 63
63
podem ser deixadas em aplicações
e usadas pelos bancos como crédito para terceiros investirem em
seus negócios.
A poupança das empresas é o
lucro, que pode ser reinvestido
que o de depreciação dos equipa-
de investimento deve ser maior do
Para a economia crescer, o nível
públicos ou privados.
escolas… Podem, portanto, ser
nas próprias empresas.
mentos já em funcionamento na
rente do déficit público, pois este
ou município. Seu conceito é dife-
sas correntes de um país, estado
ça entre a arrecadação e as despe-
Já a poupança pública é a diferen-
em busca de negócios.
de investidores que entra no país
A poupança externa é o capital
atividade produtiva, senão ocorre
inclui os próprios investimentos.
co ou de fonte externa.
lias, das empresas, do setor públi-
com origem em recursos das famí-
melhor fonte de investimento,
Esta última, aliás, talvez seja a
nacionais de capital e poupança.
outros, taxa de juros, fluxos inter-
nível de investimento são, entre
Os fatores que influenciam no
Poupança de investimento
estagnação.
A poupança das famílias, enquan-
promover o crescimento do PIB.
poupança pública para investir e
forma, ficou difícil depender da
ção e ainda 5% do PIB. Dessa
governo usava toda sua arrecada-
ou seja, para cobrir seus gastos, o
poupança equivalia a -5% do PIB,
Já no final dos anos 1990, essa
vários setores da economia.
de fonte de investimento em
do PIB e foi realmente uma gran-
pública no Brasil equivalia a 5%
Na década de 1970, a poupança
to não consumida pelas próprias,
66. livro08_54-67
modelos de política pública, como
é influenciada por diferentes
A longo prazo, a evolução do PIB
Cenário bom ou ruim
ses. No Brasil, o gasto público é
dor de demanda em diversos paí-
foi largamente usado como cria-
investimento. O gasto público já
sos para fomentar o consumo e o
Page 64
a política fiscal, a monetária, a
apontado como responsável pelo
17:40
cambial ou a de renda.
desequilíbrio do setor público e
25.08.06
Vamos comentar brevemente cada
gerador de inflação.
64
uma dessas políticas, para que seja
des e decisões do governo podem
Por meio dela, pode-se incentivar
Política monetária
possível entender como as atitucriar um cenário que favoreça ou
o uso do crédito para aquecer a
política fiscal, a lógica é que haja
mentos a longo prazo por meio da
cimento da produção ocorre pela
Por meio dela, o incentivo ao cres-
Política cambial
da taxa de juros, por exemplo.
demanda, promovendo a queda
prejudique seu empreendimento.
Política fiscal
mais gasto público e queda dos
desvalorização da moeda, o que
Para o Estado incentivar os investi-
impostos, disponibilizando recur-
facilita as exportações de produtos
nacionais e a substituição de produtos importados – que ficam
mais caros com a moeda desvalorizada – por produtos feitos aqui.
Política de renda
Pode determinar o aumento do
PIB por meio do aumento do salário real, que estimula o consumo.
67. 25.08.06
17:40
Page 65
tra 4,9% registrado em 2004. O
Em 2005, o PIB cresceu 2,3%, con-
esses instrumentos disponíveis?
modestamente mesmo com todos
por que o País tem crescido tão
Neste momento, você se pergunta:
Perguntas e respostas
livro08_54-67
resultado foi abaixo da média de
leia o quadro a seguir.
Para tentar encontrar respostas,
de 9,9% em 2005.
por sua vez, registrou crescimento
3,5% em relação a 2004. A China,
apresentaram crescimento de
a maior economia do mundo,
e México (3%). Os Estados Unidos,
Argentina (9,1%), Venezuela (9%)
65
vizinhos latino-americanos como
dade instalada. Em resposta a um estímulo de
nomia operava com cerca de 80% da capaci-
exemplo, sem temer a inflação, porque a eco-
agregada com o corte da taxa de juros, por
governo poderia ter estimulado a demanda
ção teria contido o crescimento. Para Batista, o
cas restritivas voltadas para o combate à infla-
de 2003, a adoção de políticas macroeconômi-
tarifas e outras barreiras à importação). Depois
abertura unilateral da economia (redução de
sobrevalorizado (até o início de 1999) e da
Foi o resultado da combinação de câmbio
tral foi a vulnerabilidade das contas externas.
aponta que, de 1995 a 2002, o problema cen-
Fundação Getúlio Vargas Paulo Nogueira Batista
brasileiro, o economista e professor da
Numa análise sobre o baixo crescimento do PIB
situação de pleno emprego.
toda a capacidade produtiva, ocorre a chamada
sendo produzido efetivamente estiver ocupando
se igualam, ou seja, quando o que estiver
menor do que o potencial. Quando os dois PIBs
do país. O PIB efetivo sempre tende a ser
todas as máquinas, escritórios e trabalhadores
mente está sendo produzido, sem o uso de
dução do país, e o PIB efetivo mede o que real-
potencial se refere à capacidade total da pro-
conceitos de PIB potencial e PIB efetivo. O PIB
demanda. Nessa análise, estão implícitos os
diminuem o risco da chamada inflação de
disso, as altas taxas de desemprego atuais
outras adaptações do processo produtivo. Além
trabalho, nos investimentos marginais e em
com base no aumento do número de turnos de
aumentar mesmo sem grandes investimentos,
Crescimento do PIB: possíveis causas e soluções
demanda, os níveis de produção poderiam
68. livro08_54-67
so que o empreendedor tenha cla-
interpretações da questão. É preci-
Nogueira é uma das possíveis
A análise do professor Paulo
Pontos de vista diversos
pequena, e o aumento do PIB efe-
mista, no Brasil essa diferença é
PIB potencial. Segundo o econo-
sentam PIB efetivo bem abaixo do
recomendadas a países que apre-
e monetária de curto prazo são
Page 66
reza que existem diversos pontos
tivo, sem que haja investimentos
17:40
de vistas sobre o assunto muitas
na capacidade de produção, gera-
25.08.06
vezes conflitantes.
ria inflação.
66
Para o economista-chefe do
taxas de juros não resultaria num
por exemplo, a redução brusca das
seguintes dicas:
Para o empreendedor, ficam as
Atenção às informações
Santander Banespa, André Loes,
crescimento maior da economia,
uma vez que as políticas fiscal
• Procure acompanhar a divulgação dos resultados do PIB e as
interpretações dos analistas pela
imprensa, porque essas informações auxiliam na própria avaliação
da situação econômica.
• Busque um resultado mais detalhado do PIB nos cadernos de
economia dos jornais ou em
sites especializados.
• Preste atenção no desempenho
dos diversos setores e subsetores
da economia.
69. livro08_54-67
25.08.06
17:40
Page 67
Se os indicadores estiverem
apontando para a expansão
econômica, prepare-se:
podem estar surgindo
oportunidades de
prosperidade nos negócios,
inclusive com potencial
entrada de novos
consumidores no mercado.
• Tenha cautela se o setor de seu
ramo de atividade estiver com
pequena taxa de crescimento ou
mesmo apresentar taxa negativa
(em estagnação ou retração), pois
isso significa que até recentemente havia uma procura menor que a
oferta de bens/serviços em seu
setor, o que torna a concorrência
mais acirrada.
• Se os indicadores estiverem
apontando para a expansão econômica, prepare-se: podem estar
surgindo oportunidades de prosperidade nos negócios, inclusive
com potencial entrada de novos
consumidores no mercado.
O que você viu no capítulo 5
1 > O que é Produto Interno Bruto (PIB) e
como ele se compõe.
2 > Como utilizar o PIB como termômetro
de curto e longo prazos.
3 > Como interpretar as informações sobre
o PIB para relacioná-las a seu negócio.
67
70. livro08_68-73
68
6
25.08.06
17:56
Page 68
EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES
O que é taxa de câmbio?
Como entender as medidas do
governo relativas à importação
e exportação? O que é balança
de pagamentos?
Os países realizam transações
entre si, comprando e vendendo
produtos, entre bens e serviços,
para atender a demandas que seu
mercado interno não é capaz de
Como as moedas têm restrições
onde o País importa produtos.
não é aceito nos mercados de
Da mesma forma, o real brasileiro
produtos do Brasil.
moedas dos países que compram
euros nem dólares nem quaisquer
moeda de troca. Nem pesos nem
aceita pesos argentinos como
belecimento comercial brasileiro
Argentina. Porém, nenhum esta-
vende automóveis para a
a cotação cai.
dendo do que comprando dólares,
contrário, se há mais pessoas ven-
ção dessa moeda está em alta; ao
por dólares, por exemplo, a cota-
demanda. Se há grande procura
cionado com a lei da oferta e da
O valor de cada moeda está rela-
de valores entre moedas.
de modo a permitir a conversão
estabelecer uma taxa de câmbio,
lização internacional possível é
ra medida para tornar a comercia-
suprir. O Brasil, por exemplo,
geográficas para circular, a primei-