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logo resultará, isto é, será traduzida, será
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tarde, como seu aniquilamento ou sua separação).
A exclusão, se é que pode ser então
alguma coisa, é um processo cultural,
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espaço-tempo em que vivem e se
apresentam os outros. O excluído é
somente um produto da
impossibilidade de integração. Não é
um sujeito, é um dado.
Precisamos do louco, do deficiente, da criança, do
estrangeiro, do selvagem, do marginal, da mulher,
do violento, do preso, do indígena etc. E
precisamos deles, basicamente, conforme uma
invenção que nos reposicione no lugar de
partida para nós mesmos; como um resguardo
para nossas identidades, nossos corpos, nossa
racionalidade, nossa liberdade, nossa maturidade,
nossa civilização, nossa língua, nossa
sexualidade. Precisamos, tragicamente, do outro.
O multiculturalismo simplesmente é. Representa uma
condição do modo de vida ocidental de fim de século:
vivemos uma sociedade multicultural.
 Multiculturalismo conservador: usa da
diversidade para manter a diferença. A tolerância
é usada como uma arma de desprezo, de
indiferença.
 Multiculturalismo liberal: usa a diversidade para
igualar a diferença. Todos os negros vivem a sua
negritude da mesma maneira, todas as mulheres
vivem seu gênero do mesmo modo.
A alteridade deficiente, anormal, como
significado que parece referir-se a um
outro, só tem sentido se foge e refoge
desse outro e se confronta a normalidade;
se fere de morte a normalidade; se
transfigura a normalidade.
Egocêntrica normalidade cuja infame
tentação é a invenção do anormal.
É evidente que existe uma prática de
medicalização diretamente orientanda
para o corpo (do) deficiente, mas
existe, sobretudo, uma medicalização
de sua vida cotidiana, da pedagogia,
da escolarização, de sua sexualidade,
da vida e da morte do outro deficiente.
A educação especial conserva para si um olhar iluminista
sobre a identidade da alteridade deficiente, isto é, vale-se
das oposições de
 normalidade/anormalidade, de
 racionalidades/irracionalidade e de
 completude/incompletude
como elementos centrais na produção de discursos e
práticas pedagógicas. Os sujeitos são homogeneizados,
infantilizados e, ao mesmo tempo naturalizados, valendo-
se de representações sobre aquilo que está faltando em
seus corpos, em suas mentes, em sua linguagem etc.
Uma pedagogia que acabe de uma vez
com aquilo dos princípios da pedagogia de
sempre (está mal ser o que se está sendo;
está bem ser o que nunca se poderá ser) e
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radicalmente outros: não está mal ser o
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Representação do outro na educação especial

  • 2. O conflito inter/intraculturas tem sido representado principalmente por metáforas espaciais e de polaridades geopolíticas binárias – por exemplo, urbanos versus suburbanos, nativos versus imigrantes, imigrantes antigos versus imigrantes novos, e hoje, sobretudo, modernistas ocidentais versus fundamentalistas islâmicos, etc.
  • 3. O outro não é um outro natural, mas um outro da linguagem e dos sistemas de classificação nos quais estão e estamos insertos, embora em diferentes temporalidades e especialidades ou, melhor, em assimetria temporais e espaciais.
  • 4. A representação do outro: 1. esse outro que geralmente é considerado um alter ego que não deixa de ser um eu deslocado para um indivíduo diferente. 2. o outro, no sentido de que esse outro talvez esteja ausente ou invisível, isto é, negado como tal. 3. nossa própria percepção do outro, percepções geralmente errôneas, distorcidas, tentativas de mascaramento, etc.
  • 5. O mundo do politicamente correto é um mundo onde seria melhor não nomear o negro como negro, não chamar o deficiente de deficiente, onde não seria melhor chamar o índio de índio. É o mundo do eufemismo, do travestismo discursivo. Não nomeá-los, não dizê-los, não chamá-los, mas manter intactas as representações sobre eles, os olhares em torno deles.
  • 6. Arquetípicos na construção e na produção da exclusão:  a exclusão por aniquilamento (o massacre, o genocídio, a matança do outro),  a exclusão por separação institucional (o afastar o outro, a distância do outro),  a exclusão através da inclusão (uma aproximação somente momentânea do outro que logo resultará, isto é, será traduzida, será compreendida e será praticada mais cedo ou mais tarde, como seu aniquilamento ou sua separação).
  • 7. A exclusão, se é que pode ser então alguma coisa, é um processo cultural, um discurso de verdade, uma interdição, uma rejeição, a negação mesma do espaço-tempo em que vivem e se apresentam os outros. O excluído é somente um produto da impossibilidade de integração. Não é um sujeito, é um dado.
  • 8. Precisamos do louco, do deficiente, da criança, do estrangeiro, do selvagem, do marginal, da mulher, do violento, do preso, do indígena etc. E precisamos deles, basicamente, conforme uma invenção que nos reposicione no lugar de partida para nós mesmos; como um resguardo para nossas identidades, nossos corpos, nossa racionalidade, nossa liberdade, nossa maturidade, nossa civilização, nossa língua, nossa sexualidade. Precisamos, tragicamente, do outro.
  • 9. O multiculturalismo simplesmente é. Representa uma condição do modo de vida ocidental de fim de século: vivemos uma sociedade multicultural.  Multiculturalismo conservador: usa da diversidade para manter a diferença. A tolerância é usada como uma arma de desprezo, de indiferença.  Multiculturalismo liberal: usa a diversidade para igualar a diferença. Todos os negros vivem a sua negritude da mesma maneira, todas as mulheres vivem seu gênero do mesmo modo.
  • 10. A alteridade deficiente, anormal, como significado que parece referir-se a um outro, só tem sentido se foge e refoge desse outro e se confronta a normalidade; se fere de morte a normalidade; se transfigura a normalidade. Egocêntrica normalidade cuja infame tentação é a invenção do anormal.
  • 11. É evidente que existe uma prática de medicalização diretamente orientanda para o corpo (do) deficiente, mas existe, sobretudo, uma medicalização de sua vida cotidiana, da pedagogia, da escolarização, de sua sexualidade, da vida e da morte do outro deficiente.
  • 12. A educação especial conserva para si um olhar iluminista sobre a identidade da alteridade deficiente, isto é, vale-se das oposições de  normalidade/anormalidade, de  racionalidades/irracionalidade e de  completude/incompletude como elementos centrais na produção de discursos e práticas pedagógicas. Os sujeitos são homogeneizados, infantilizados e, ao mesmo tempo naturalizados, valendo- se de representações sobre aquilo que está faltando em seus corpos, em suas mentes, em sua linguagem etc.
  • 13. Uma pedagogia que acabe de uma vez com aquilo dos princípios da pedagogia de sempre (está mal ser o que se está sendo; está bem ser o que nunca se poderá ser) e que suponha outros dois princípios radicalmente outros: não está mal ser o que se é e não está mal ser além daquilo que já se é e/ou se está sendo, ser outras coisas.