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Discursos sobre a
Morte
FILOSOFIA
1° BIMESTRE
PROF. DANIEL
@ALABARCEDANIEL
TEXTOS PUBLICADOS NA PLATAFORMA MEDIUM:
HTTPS://MEDIUM.COM/@DANIELALABARCE
Escola Amália Patto – Tremembé/SP
Março de 2022
 Controlar o discurso que se faz sobre a morte
significa controlar o modo como as pessoas devem
viver, quais comportamentos devem ter enquanto
estão vivos, a quem devem responder, por quais
razões precisam se culpar e ressentir, quem se pode e
quem não se pode amar.
 Todas as culturas humanas, ao longo da história,
desenvolveram ritos fúnebres específicos, uns mais
sofisticados outros menos, de lidar com a morte. Há
um aspecto sombrio que paira sobre o cadáver e que
está ligado fundamentalmente à própria capacidade
que a espécie humana possui de pensar e sofrer com
a iminência de sua própria morte.
 De acordo com Philippe Ariês, no início da
Idade Média a morte se constituía como
morte domada, pois havia uma familiaridade
com a morte, peculiar ao pensamento, à
cultura e contexto histórico.
 “O lugar dos mortos era aquele em que se vivia. O cemitério, o centro
da vida social. Com a igreja, ele não constituía só ou principalmente o
lugar onde se enterravam os mortos: até o século XVII, é uma praça
pública, um sítio onde se comercia, em que as proclamações e todos
os modos de informação coletiva têm lugar. Aí se passeia, brinca-se e
diverte-se. Em suma, ele o lugar mais barulhento, movimentado e
confuso da cidade” (RODRIGUES, p. 110, 2006)
 Houveram inúmeras transformações nos discursos,
comportamentos e na mentalidade acerca da morte ao
longo da história. A partir do século XV, por exemplo, a ars
moriendi, passa a desvelar um tipo de drama diverso do
que citamos anteriormente. Agora, o moribundo se vê
diante de um tribunal cósmico no seu próprio quarto.
Passa-se a utilizar o argumento da morte como um meio de
instaurar o medo da condenação eterna no post-mortem e
a imagem terrível da punição no inferno, garantindo a
obediência das pessoas e a ordem estabelecida pela Igreja.
“O drama abandonou os
espaços do além. Aproximou-
se e joga-se agora no próprio
quarto do doente, em redor do
seu leito [...] seres
sobrenaturais invadiram o
quarto e comprimem-se à sua
cabeceira” (ARIES, 2000, p 130)
Ars Moriendi
 No início do século XVI o cemitério começa a ganhar novo
aspecto, pois a sociedade não pode mais tolerar essa
proximidade com a morte. As revoluções científicas estão
a um passo de seu início, o universo não é mais finito e
fechado, mas completamente aberto e iluminado pela
razão.
 A morte precisa ser afastada para que fosse possível um
novo discurso sobre a morte, agora a sociedade começava
sua aventura em busca de formas de adiar a morte, de
evita-la, de possibilitar mais tempo de vida.
A morte agora passa
a ser emudecida,
não se deve falar
sobre ela, ela gera
constrangimento e
inquietação.
 “No curso das últimas décadas do século XX, todavia, nós
presenciamos uma verdadeira revolução das práticas
funerárias e dos pensamentos e sentimentos a elas
associados. Esta transformação revolucionária, em duas
palavras, consiste no seguinte: a morte, que sempre foi
‘tudo’ (sempre foi considerada absolutamente importante
pela sociedade e pelos indivíduos), agora começa a ser
olhada com aparente indiferença, desaparece do mundo
do dia-a-dia, está em vias de tornar-se ‘nada”.
(RODRIGUES, 2006, p 163).
A Indiferença
diante da vida
como
resultado da
negação da
morte
A negação da morte estampada nas
mercadorias
 Essa indiferença diante da morte vai se projetar cada vez com mais força
em nossa época.
 A negação da morte começa a aparecer quando os seres humanos se
tornam mercadorias nas prateleiras do Mercado de Trabalho, se
esforçando para manter a aparência sempre nova, sempre original, nunca
envelhecida, como se a morte não fizesse parte da vida.
 A mercadoria simplesmente aparece, não se sabe sua origem, ela é sempre
nova, estampada, colorida, brilhante, atraente. A mercadoria, seja qual for
ela, só pode ser vendida se prometer ou te fazer acreditar que ela própria
representa o novo discurso sobre a morte.
O ser humano com defeitos é como
lixo, devem ser descartados.
 Os moribundos, os marginalizados, as pessoas mais velhas, os
doentes, as pessoas com alguma deficiência (qualquer que seja ela)
pode simplesmente ser colocada num lugar afastado dos olhos, nas
ruas, em orfanatos, em asilos, hospitais psiquiátricos ou coisa muito
pior. O aumento de abandono de incapacitados, o aumento de
violência contra pessoas com deficiência, o aumento de crianças
abandonadas, maltratadas, torturadas, abusadas, o aumento das
mortes pelas várias guerras que acontecem em vários lugares do
mundo, nada disso pode aparecer – o ideal é que se esconda tudo,
ou que não se fale sobre isso.
Você agora pode escolher ver
apenas aquilo que você acredita,
você não precisa mais ficar vendo
essas imagens, muito menos
perder tempo se preocupando
com o aumento de homicídios
cometidos pelo Estado, por meio
da ação policial ou das milícias. É
possível só ver gatinhos ou
dancinhas no celular, memes e
outras formas de entretenimento.
Onde está a morte agora?
Bibliografia Utilizada
 Ariès, Philippe. História da Morte no Ocidente. Rio de
Janeiro: Ediouro, 2003.
 Rodrigues, José Carlos. Tabu da Morte. Rio de Janeiro:
Fiocruz, 2006.

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Discursos sobre a morte

  • 1. Discursos sobre a Morte FILOSOFIA 1° BIMESTRE PROF. DANIEL @ALABARCEDANIEL TEXTOS PUBLICADOS NA PLATAFORMA MEDIUM: HTTPS://MEDIUM.COM/@DANIELALABARCE Escola Amália Patto – Tremembé/SP Março de 2022
  • 2.
  • 3.  Controlar o discurso que se faz sobre a morte significa controlar o modo como as pessoas devem viver, quais comportamentos devem ter enquanto estão vivos, a quem devem responder, por quais razões precisam se culpar e ressentir, quem se pode e quem não se pode amar.
  • 4.  Todas as culturas humanas, ao longo da história, desenvolveram ritos fúnebres específicos, uns mais sofisticados outros menos, de lidar com a morte. Há um aspecto sombrio que paira sobre o cadáver e que está ligado fundamentalmente à própria capacidade que a espécie humana possui de pensar e sofrer com a iminência de sua própria morte.
  • 5.  De acordo com Philippe Ariês, no início da Idade Média a morte se constituía como morte domada, pois havia uma familiaridade com a morte, peculiar ao pensamento, à cultura e contexto histórico.
  • 6.  “O lugar dos mortos era aquele em que se vivia. O cemitério, o centro da vida social. Com a igreja, ele não constituía só ou principalmente o lugar onde se enterravam os mortos: até o século XVII, é uma praça pública, um sítio onde se comercia, em que as proclamações e todos os modos de informação coletiva têm lugar. Aí se passeia, brinca-se e diverte-se. Em suma, ele o lugar mais barulhento, movimentado e confuso da cidade” (RODRIGUES, p. 110, 2006)
  • 7.
  • 8.  Houveram inúmeras transformações nos discursos, comportamentos e na mentalidade acerca da morte ao longo da história. A partir do século XV, por exemplo, a ars moriendi, passa a desvelar um tipo de drama diverso do que citamos anteriormente. Agora, o moribundo se vê diante de um tribunal cósmico no seu próprio quarto. Passa-se a utilizar o argumento da morte como um meio de instaurar o medo da condenação eterna no post-mortem e a imagem terrível da punição no inferno, garantindo a obediência das pessoas e a ordem estabelecida pela Igreja.
  • 9. “O drama abandonou os espaços do além. Aproximou- se e joga-se agora no próprio quarto do doente, em redor do seu leito [...] seres sobrenaturais invadiram o quarto e comprimem-se à sua cabeceira” (ARIES, 2000, p 130) Ars Moriendi
  • 10.  No início do século XVI o cemitério começa a ganhar novo aspecto, pois a sociedade não pode mais tolerar essa proximidade com a morte. As revoluções científicas estão a um passo de seu início, o universo não é mais finito e fechado, mas completamente aberto e iluminado pela razão.  A morte precisa ser afastada para que fosse possível um novo discurso sobre a morte, agora a sociedade começava sua aventura em busca de formas de adiar a morte, de evita-la, de possibilitar mais tempo de vida.
  • 11. A morte agora passa a ser emudecida, não se deve falar sobre ela, ela gera constrangimento e inquietação.
  • 12.  “No curso das últimas décadas do século XX, todavia, nós presenciamos uma verdadeira revolução das práticas funerárias e dos pensamentos e sentimentos a elas associados. Esta transformação revolucionária, em duas palavras, consiste no seguinte: a morte, que sempre foi ‘tudo’ (sempre foi considerada absolutamente importante pela sociedade e pelos indivíduos), agora começa a ser olhada com aparente indiferença, desaparece do mundo do dia-a-dia, está em vias de tornar-se ‘nada”. (RODRIGUES, 2006, p 163).
  • 13. A Indiferença diante da vida como resultado da negação da morte
  • 14. A negação da morte estampada nas mercadorias  Essa indiferença diante da morte vai se projetar cada vez com mais força em nossa época.  A negação da morte começa a aparecer quando os seres humanos se tornam mercadorias nas prateleiras do Mercado de Trabalho, se esforçando para manter a aparência sempre nova, sempre original, nunca envelhecida, como se a morte não fizesse parte da vida.  A mercadoria simplesmente aparece, não se sabe sua origem, ela é sempre nova, estampada, colorida, brilhante, atraente. A mercadoria, seja qual for ela, só pode ser vendida se prometer ou te fazer acreditar que ela própria representa o novo discurso sobre a morte.
  • 15. O ser humano com defeitos é como lixo, devem ser descartados.  Os moribundos, os marginalizados, as pessoas mais velhas, os doentes, as pessoas com alguma deficiência (qualquer que seja ela) pode simplesmente ser colocada num lugar afastado dos olhos, nas ruas, em orfanatos, em asilos, hospitais psiquiátricos ou coisa muito pior. O aumento de abandono de incapacitados, o aumento de violência contra pessoas com deficiência, o aumento de crianças abandonadas, maltratadas, torturadas, abusadas, o aumento das mortes pelas várias guerras que acontecem em vários lugares do mundo, nada disso pode aparecer – o ideal é que se esconda tudo, ou que não se fale sobre isso.
  • 16. Você agora pode escolher ver apenas aquilo que você acredita, você não precisa mais ficar vendo essas imagens, muito menos perder tempo se preocupando com o aumento de homicídios cometidos pelo Estado, por meio da ação policial ou das milícias. É possível só ver gatinhos ou dancinhas no celular, memes e outras formas de entretenimento. Onde está a morte agora?
  • 17. Bibliografia Utilizada  Ariès, Philippe. História da Morte no Ocidente. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003.  Rodrigues, José Carlos. Tabu da Morte. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2006.