1. LAMPSI – Liga Acadêmica de Medicina Psiquiátrica do
Rio Grande do Norte
Curso de Psicopatologia
PSICOPATOLOGIA – Aula 02
Palestrante: Rafael Heitor Nunes R. Costa
12 de maio de 2012
3. AVALIAÇÃO PSICOPATOLÓGICA
• Entrevista: principal instrumento de
conhecimento da psicopatologia.
• Importância da entrevista:
Diagnóstico clínico;
Dinâmica afetiva do paciente;
Melhor intervenção e planejamento
terapêuticos;
Permite realizar os principais aspectos
da avaliação:
Anamnese e exame psíquico
4. AVALIAÇÃO FÍSICA
• Morbidade física mais frequente.
• Doenças físicas subdiagnosticadas.
• Clínico não examina por “não ser seu
doente” e o psiquiatra não examina por
ser “especialista”.
• Estigma de “louco” invalida as queixas
somáticas.
• Exame como forma de aproximação
afetiva.
5. AVALIAÇÃO NEUROLÓGICA
• Identificar possível lesão ou disfunção do SNC
ou SNP (nem todas alterações
neuropsiquiátricas produzem sintomas
localizatórios).
• Observar assimetria de forças, reflexos
miotáticos profundos e musculocutâneos
superficiais.
• Sinais e reflexos neurológicos primitivos (lesões
frontais/cerebrais difusas e encefalopatias):
Preensão: Se bilateral, indica, no adulto,
lesão/disfunção frontal ou sofrimento cerebral
difuso.
6. AVALIAÇÃO NEUROLÓGICA
Sucção: protrusão labial + desvio para o lado estimulado
+ sucção após a estimulação da região perioral. Ex: lesão
frontal e encefalopatia.
Orbicular dos lábios: percussão da área acima do lábio
superior gera projeção para a frente dos lábios (faz um
“bico”). Ex: Dano cerebral difuso.
Palmomentual: estímulo cutâneo da eminênia tenar gera
contração e elevação do músculo mentual e, eventual-
mente, do lábio inferior ipsilaterais. Ex: idoso, lesão pira-
midal e encefalopatia difusa.
7. PSICODIAGNÓSTICO
• Área desenvolvida pela psicologia
clínica.
• Mais usados na prática: testes de
personalidade e rastreamentos para
organicidade.
Testes projetivos: Rorschach.
Testes estruturados de
personalidade: MMPI (Minnesota
Multiphasic Personality Inventory).
Alterações orgânicas.
8. EXAMES COMPLEMENTARES
• Líquor: encefalites, doenças inflamatórias,
neoplasias, infecções do SNC.
• EEG: diagnóstico diferencial de quadros
confusionais agudos, classificação das
diferentes formas de epilepsia e avaliação de
transtornos do sono (polissonografia).
• Neuroimagem estrutural e funcional (TC,
RNM, PET, SPECT): diagnóstico diferencial
em psicopatologia.
10. INTRODUÇÃO
• Entrevista: um dos elementos mais importantes da prática
psiquiátrica e da Psicopatologia.
• Particularidades da entrevista e do entrevistador:
Profissional habilidoso é qualificado pelo capacidade de dominar a
técnica de entrevista.
Psiquiatra:“perito do campo das relações interpessoais”.
Importância da entrevista: informações fornecidas e efeitos
terapêuticos que gera.
Habilidade de entrevista: intuitiva + patrimônio da personalidade +
sensibilidade nas relações interpessoais.
11. INTRODUÇÃO
• Iniciando a entrevista:
Apresentar-se para o paciente;
Atitude de respeito e interesse, sem criticar;
Iniciar com perguntas mais gerais, menos
constrangedoras;
Permitir que o paciente fale livremente;
A entrevista tem finalidades diagnósticas e
terapêuticas (mesmo as iniciais).
12. INTRODUÇÃO
• Variáveis da entrevista:
Paciente: personalidade, estado
mental/emocional e capacidades cognitivas.
Contexto institucional: PS, enfermaria,
ambulatório...
Objetivos: diagnóstico clínico, estabelecimento
de vínculo terapêutico, questão forense.
Personalidade do entrevistador.
13. INTRODUÇÃO
• O sigilo
Esclarecer ao paciente que ele está sendo visto por um
psiquiatra, que visa ajudá-lo;
Deve ficar claro aos pacientes que as informações
fornecidas são sigilosas. Caso perceba dúvidas, explicitar
isto ao paciente.
Esclarecer quando necessário que o sigilo poderá ser
rompido se houver risco para o paciente, seus familiares
ou a sociedade.
14. INTRODUÇÃO
• Atitudes inadequadas:
Posturas rígidas e estereotipadas.
Atitude excessivamente neutra ou fria.
Reações exageradamente emotivas.
Comentários valorativos/emissão de julgamentos.
Reações emocionais intensas de pena ou compaixão.
Responder com hostilidade ou agressão.
Permitir que o paciente seja demasiadamente prolixo.
Fazer muitas anotações ao longo da entrevista.
15. INTRODUÇÃO
• Regras “de ouro” da entrevista:
1a) Organizados, inteligência normal, boa e razoável es-
colaridade e fora da psicose: entrevista de forma aberta.
2a) Desorganizados, baixo nível intelectual, estado psi-
cótico ou paranóide, “travados” por alto nível de ansie-
dade: forma + estruturada, falando mais e com pergun-
tas simples e dirigidas.
3a) Tímidos, ansiosos e paranóides: perguntas neutras e,
depois, mais profundas.
16. PRIMEIRAS ENTREVISTAS
• Importância da entrevista inicial:
Crucial no diagnóstico e tratamento;
Gerar confiança e esperança no alívio do sofrimento ou
abortamento do tratamento.
• Sandifer et al. (1970): Primeiros 3 minutos da entrevista
são significativos e decisivos para a identificação do perfil
dominante de sintomas do paciente e a formulação da
hipótese diagnóstica final.
• APRESENTAÇÃO:
17. PRIMEIRAS ENTREVISTAS
Sigilo e discrição.
Colaboração mútua entre profissional e paciente.
Colher dados sociodemográficos.
Intervir para melhorar o prosseguimento da fala do pa-
ciente e evitar posição passiva.
Evitar pausas e silêncios prolongados: deixa a entrevista
tensa e improdutiva e o nível de ansiedade.
• Fases iniciais da entrevista: paciente usa manobras e
mecanismos defensivos como risos, silêncio, perguntas
inadequadas e comentários circunstanciais.
18. PRIMEIRAS ENTREVISTAS
• Procedimentos para facilitar a lide do silêncio do
paciente:
Perguntas e colocações breves, demonstrando
atenção e tranquilidade para ouvi-lo.
Evitar perguntas fechadas e perguntas
complexas demais.
Usar frases tais como: “Como foi isso?”,
“Explique melhor!”, “Conte um pouco mais sobre
isso!”.
Particularizar a interação com o paciente.
19. PRIMEIRAS ENTREVISTAS
• Importância da fala livre:
Melhor avaliação da personalidade e avaliação dos
conflitos do paciente.
Catarse e desabafo.
20. PRIMEIRAS ENTREVISTAS
• O sigilo
Esclarecer ao paciente que ele está sendo visto por um
psiquiatra, que visa ajudá-lo;
Deve ficar claro aos pacientes que as informações
fornecidas são sigilosas. Caso perceba dúvidas, explicitar
isto ao paciente
Esclarecer quando necessário que o sigilo poderá ser
rompido se houver risco para o paciente, seus familiares
ou a sociedade
21. TRANSFERÊNCIA E
CONTRATRANSFERÊNCIA
• TRANSFERÊNCIA:
Sua compreensão torna a entrevista mais habilidosa e
facilita abordagem menos ingênua e mais profunda.
Inclui sentimentos positivos e negativos.
Freud: repetição inconsciente do passado onde o ana-
lista ocupa o lugar do pai/mãe, levando a relações emo-
cionais que não se baseiam na situação real.
22. TRANSFERÊNCIA E
CONTRATRANSFERÊNCIA
• CONTRATRANSFERÊNCIA:
Projeção inconsciente, no paciente,de sentimentos que o
analista nutria/nutre por pessoas significativas de sua
vida.
23. AVALIAÇÃO PSIQUÁTRICA GERAL
• Entrevista inicial com anamnese e coleta de dados socio-
demográficos, queixa principal, antecedentes mórbidos
somáticos e psíquicos pessoais (incluindo hábitos e uso
de substâncias químicas), antecedentes mórbidos famili-
ares, história de vida (desenvolvimento somático, neuro-
lógico, psicológico e psicossocial) e avaliação das intera-
ções familiares e sociais do paciente.
• Exame do estado mental, exame físico geral, neurológico.
• Exames complementares: testes de personalidade e
cognição.
25. PONTOS ADICIONAIS
• Avaliar e averigüar os sintomas objetivos e a vivência
subjetiva deles, com a cronologia dos fenômenos, dados
pessoais e familiares.
• Alguns pacientes podem não ter nenhuma queixa ou,
simplesmente, não terem insight sobre o que sentem.
• DADOS DE UM INFORMANTE:
- Também há o componente subjetivo.
- Fundamental para pacientes: demenciais, déficits cogni-
tivos, psicose grave e mutismo.
26. PONTOS ADICIONAIS
• DISSIMULAÇÃO:
Esconde ou nega voluntariamente a presença de sinal ou
sintoma psicopatológico.
Motivações: evitar internação, medo de ser medicado ou
medo do rótulo de “louco”.
• SIMULAÇÃO:
Cria sintoma/sinal inexistente de forma consciente.
Motivações; dispensa laboral, aposentadoria, esconder-
se de traficante.
27. PONTOS ADICIONAIS
• DIMENSÕES DA HISTÓRIA:
Longitudinal: descrição de relações temporais de forma
clara e compreensível e observação dos sentimentos e
reações aos eventos passados.
Transversal: história atual.
• ESCREVENDO A HISTÓRIA:
Linguagem simples, precisa e compreensível, detalhada
no que for essencial e concisa no que for secundário por
razões clínicas, por razões legais (proteção de possíveis
acusações futuras) e por razões institucionais.
28. PONTOS ADICIONAIS
Evitar tecnicismo exagerado.
O relato deve ser sempre organizado e coerente, mesmo
quando descreve fenômenos caóticos e irracionais.
Deve fornecer compreensão suficientemente ampla da
personalidade do paciente, da dinâmica de sua família e
de seu meio sócio-cultural imediato.
Uso das próprias palavras do paciente e informante
quando descreve sintomas mais relevantes.
30. ADVERTÊNCIAS
• Separação da vida e da atividade mental em diferentes
áreas ou funções psíquicas é um procedimento
essencial-mente artificial.
• Divisão em funções é um construto da psicologia e psi-
copatologia para permitir uma comunicação mais fácil e
um melhor entendimento dos fatos.
• Separação em funções é teórica e, não, real.
31. FUNÇÕES PSÍQUICAS
• Mais afetadas nos transtornos psicorgânicos:
Consciência, atenção, orientação, memória, inteligência e
linguagem.
• Mais afetadas nos transtornos afetivos, neuróticos e de
personalidade:
Afetividade, vontade, psicomotricidade e personalidade.
• Mais afetadas nos transtornos psicóticos:
Sensopercepção, pensamento, vivência do tempo e es-
paço, juízo da realidade e vivência do eu.