O documento discute emergências psiquiátricas, definindo-as como alterações mentais que colocam o paciente ou terceiros em risco significativo e necessitando de intervenção imediata. Ele aborda os locais de tratamento, principais diagnósticos e situações como agitação, violência, risco de suicídio e intoxicações, enfatizando a importância da avaliação rápida e do manejo comportamental, ambiental e medicamentoso destas emergências.
2. Emergências Psiquiátrica
Definição
• Qualquer alteração de natureza psiquiátrica em que ocorram alterações
do estado mental, as quais resultam em risco atual e significativo de
morte ou lesão grave, para o paciente ou para terceiros, necessitando de
intervenção terapêutica imediata.
3. Diferença entre urgências e emergências
psiquiátricas...
• EMERGÊNCIA - Situação de risco grave - intervenções imediatas e
inadiáveis (minutos ou horas)
• URGÊNCIA - Situação de um risco menor intervenções a curto prazo
(dias ou semanas)
Em psiquiatria essa diferenciação tem menor aplicabilidade prática
4. • A quantidade de pacientes em situação de emergência está
aumentando.
O âmbito da emergência psiquiátrica é amplo:
• incluir problemas especializados:
• Abuso de substâncias
• Abuso de crianças e cônjuges,
• Violência na forma de suicídio, homicídio e estupro
• Questões sociais: (condição de sem-teto, envelhecimento, HIV)
Emergências Psiquiátrica
5. LOCAIS DE TRATAMENTO
• A maioria das avaliações é realizada no pronto-socorro geral,
• É necessário garantir uma atmosfera de segurança e proteção
Quantidade adequada de funcionários da equipe:
• Psiquiatras,
• Enfermeiros,
• Ajudantes e assistentes sociais
Responsabilidades específicasdevem ser claramente definidas e praticadas
por toda a equipe de emergência.
6. • Crianças e adolescentes são melhor tratadas em locais pediátricos
• As opções psicofarmacológicas devem estar disponíveis para o psiquiatra.
• Violência no serviço de emergência não pode ser desculpada nem tolerada.
• A segurança é melhor administrada como questão clínica pela equipe clínica
• Salas de isolamento e contenção devem estar situadas próximo à estação de
enfermagem para observação atenta.
LOCAIS DE TRATAMENTO
7. EPIDEMIOLOGIA
• Setores de emergência psiquiátrica são usados mais por indivíduos solteiros do que
casados.
• 20% são pacientes suicidas,
• 10% são violentos
• 40% dos pacientes precisam de hospitalização.
• Ocorrem mais de noite
• 5% São idosos.
Os diagnósticos mais comuns:
Transtornos do humor (Depressivos e episódios maníacos),
Esquizofrenia
Dependência de álcool.
8. AVALIAÇÃO
O objetivo principal é avaliar em tempo hábil o paciente em crise:
• Fazer um diagnóstico inicial
• Identificar os fatores precipitantes
• Identificar as necessidades imediatas
• E iniciar o tratamento ou encaminhar o paciente para o local de
tratamento mais adequado.
• História, exame do estado mental , exame físico e testes adicionais
• Qualquer estratégia introduzida na sala de emergência para atingir
o objetivo de avaliar o paciente é considerada coerente com a boa
prática clínica
10. A avaliação leva em conta cinco questões:
O paciente está seguro?
O problema é orgânico, funcional ou uma combinação dos dois?
O paciente está psicótico?
O paciente está suicida ou homicida?
Até que ponto o paciente é capaz de cuidar de si mesmo?
AVALIAÇÃO
11. Características que indicam causa médica
de um transtorno mental
• Início agudo, Primeiro episódio, Idade avançada
• Doença ou lesão médica atual
• Abuso significativo de substância
• Perturbações não auditivas da percepção
• Sintomas neurológicos – perda de consciência, convulsões, lesão na cabeça,
mudança no padrão de cefaleia, mudança na visão
• Sinais clássicos de estado mental – diminuição do estado de alerta,
desorientação, prejuízo da memória, prejuízo da concentração e da atenção,
discalculia, dificuldade de abstração
• Outros sinais de estado mental – transtornos da fala, do movimento ou da marcha
• Apraxia de construção – dificuldades em desenhar um relógio,
13. Situação de violência
AGRESSIVIDADE E AGITAÇÃO PSICOMOTORA
• Desafio da prática psiquiátrica
• Apresentação clínica em diversos quadros
• Agressão: ato intencional que causa dano físico ou mental em outra
pessoa
• Agitação psicomotora: atividade motora e cognitiva excessiva, em
grande parte improdutiva e decorrente de tensões internas
14. Síndrome de Agitação-Psicomotora
• É a elevação da atividade motora e cognitiva com a presença de
comportamentos verbais e/ou motores exacerbados e improdutivos, muitas
vezes decorrentes de tensões internas.
É caracterizada por:
• Inquietação,
• Aumento da excitabilidade psíquica,
• Resposta exacerbada a estímulos,
• Irritabilidade,
• Atividade motora e/ou verbal aumentada, inadequada e repetitiva.
• Pode estar acompanhada de ativação vegetativa (taquicardia, midríase, etc)
15. Etiologia
• Agitação Psicomotora é uma manifestação psicopatológicas
complexas e inespecífica
• Podem ser decorrentes de condições clínicas variadas, o que exige o
estabelecimento de raciocínio clínico voltado para um amplo
diagnóstico diferencial
• Aspecto importante na avaliação é o fato de que essas alterações
podem ser manifestações de outras condições e não necessariamente
um transtorno mental funcional,
19. Transtornos Mentais Funcionais
• Esquizofrenia
• Episódios maníacos/mistos
• Transtornos da personalidade
• Abuso de substâncias psicoativas
• Transtornos da conduta e desafiador de oposição
• Retardo mental
• Delirium
20. Pontos a ter em conta na diferenciação da agitação
psicomotora orgânica e funcional
Causas Orgânicas Causas Funcionais
Alucinações visuais, olfativas e
tácteis,
Discurso desconexo, confusão
mental,
Desorientação,
História e/ou sinais físicos de
trauma, / achados no exame físico
Alucinações auditivas
Ideias Delirantes Persecutórias
História de doença mental
anterior
Consciência preservada
Alteração da afectividade
21. Princípios gerais para o tratamento de situação de agitação
ou violência
O manejo de um paciente agitado ou violento deve ser planificado e
executado em três níveis:
1. Manejo ambiental e organizacional
2. Manejo comportamental e atitudinal
3. Contenção
Verbal
Física
Medicamentosa
24. CONTENÇÃO
• Último recurso: quando alternativas menos coercivas não tiverem efeito
• Uso de meios físicos ou farmacológicos para impedir comportamentos
destrutivos
Contenção física
• Procedimento coercivo e contraditório (pode ser uma forma de violência
dirigida ao paciente (critérios e técnica)
• Não é terapêutica – objetivo de segurança
• Potencialmente traumática para paciente e equipe
• Risco apresentado deve ser proporcional
• Medicação: VO (preferencialmente) Tranquilização sem sedação BZD,
anstipsicotico atípico, antipsicótico típico, combinações
26. RISCO DE SUICÍDIO
• SUICÍDIO: Uma morte autoinduzida que tem provas suficientes (explícitas ou implícitas) para permitir
a dedução de que o desejo da pessoa era morrer.
• TENTATIVA DE SUICÍDIO: todo ato não fatal praticado deliberadamente com a intenção de causar
morte a si mesmo.
Influenciado por:
• Fator físico,
• Psicológico,
• Espiritual,
• Social e econômico,
• Histórico, político, cultural e ambiental.
27. SUICÍDIO
• Entre as 10 primeiras causas de morte no mundo
• Entre as 3 primeiras causas de morte na faixa etária entre 15 e 34 anos
• Aumento progressivo: 49% de todas as mortes por causas externas
• Estima-se que as tentativas de suicídio sejam 30 vezes superiores ao ato
letal em si
• Suicídio consumado - Homens
• Tentativas de suicídio - mulheres
28. História, sinais e sintomas de risco suicida
• Tentativa anterior ou fantasia de suicídio
• Ansiedade, depressão, exaustão
• Disponibilidade de meios para suicídio
• Preocupação com o efeito do suicídio sobre membros da família
• Ideação suicida verbalizada
• Elaboração de testamento
• Proximidade de crise de vida, como período de luto ou cirurgia iminente
• História familiar de suicídio
• Pessimismo ou desesperança generalizados
30. Ideação suicida
• A avaliação da frequência, intensidade e duração do pensamento
suicida pode providenciar pistas do risco atual de um dado paciente.
Não existem fórmulas prontas
Manole educação
31. Avaliação de risco (SAD PERSONS)
• S: Male sex → 1
• A: Age 15-25 or 59+ years → 1
• D: Depression or hopelessness → 2
• P: Previous suicidal attempts or psychiatric care → 1
• E: Excessive ethanol or drug use → 1
• R: Rational thinking loss (psychotic or organic illness) → 2
• S: Single, widowed or divorced → 1
• O: Organized or serious attempt → 2
• N: No social support → 1
• S: Stated future intent (determined to repeat or ambivalent) → 2
A pontuação é então mapeada em uma escala de avaliação de risco da seguinte forma:
0-5: Pode ser seguro para alta (dependendo das circunstâncias) 6-8: Provavelmente requer
consulta psiquiátrica >8: Provavelmente requer internação hospitalar
32. EMERGÊNCIAS RELACIONADAS A
SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS
AVALIAÇÃO
• Substância utilizada
• Estimativa da quantidade
• Frequência do uso
• Último consumo (estimar tempo para abstinência)
• Riscos...
35. SÍNDROME DE ABSTINÊNCIAALCOOLICA
• Sinais e sintomas decorrentes de uma interrupção total ou parcial de
consumo de bebidas alcoólicas em dependentes que apresentam um consumo
prévio significativo
37. SÍNDROME DE ABSTINÊNCIAALCOOLICA
Delirium Tremes
• Desorientação
• Alterações cognitivas
• Alucinações (táteis e visuais)
• Ansiedade intensa
• Agitação e agressividade
• Estado psíquico flutuante
• Tremor
• Hipertensão
• Taquicárdia
• Febre
• Sudorese
38. DELIRIUM TREMENS
CUIDADOS
• Monitoração de hora em hora
• Medidas de suporte clínico (sinais vitais, hidratação, nutrição)
• Segurança
• Redução de estímulos ambientais
• Evitar acesso a soluções a base de álcool
• Preparo de materiais para suporte respiratório (caso necessário)
• Terapia medicamentosa: Benzodiazepínico; Haloperidol; Complexos
vitamínicos
• Arrefecimento corporal
39. Considerações Finais
• Momento crítico marcado por fragilidade e instabilidade
• Desafios...
• Qualquer contexto de assistência
• Atuação rápida, humanizada e efetiva
• Avaliar o prognóstico do cliente
• Competências para o cuidado
• Liderança e educação continuada da equipe de trabalho
• Educação