3. Aspectos Clínicos
Doenças com repetições de bases
3,4,5 e até 6
X-Frágil (5’ UTR) – inibição da expressão gênica
DMM1 (3’ UTR) – expressão de RNA tóxico com ganho de função
Doença de Huntington (Região Codificante) – expressão de proteína tóxica
Autossômica Dominante
Fadiga muscular progressiva, arritmias cardíacas, resistência à
insulina e distúrbios neuropsiquiátricos.
Miotonia, caracterizada por excitabilidade acima do normal dos
músculos, causando rigidez no paciente.
(Harper, 2001)
4. Classificada em dois tipos distintos: sendo o tipo 1 o mais comum
com uma taxa de prevalência de 1 para 20,000, e o tipo 2 que
cursa com uma clínica mais favorável.
(Bird et al., 1999)
O tipo 1 é a segunda causa mais comum de distrofia muscular,
precedida apenas pela distrofia muscular de Duchenne. Em
adultos é a maior causa, com uma incidência de 1 para cada
8500.
(Day and Ranum, 2005)
Sofrem antecipação: o fenômeno do aumento de severidade
fenotípica e diminuição da idade de manifestação nas gerações
seguintes – na DM1 de 25 a 30 anos por geração. O trinucleotídeo
expandido é instável e tende a se expandir em gerações
sucessivas.
(Pratter, A., 2015; C.J. Howeller., 1989)
5. A severidade da doença e a idade de aparecimento dos sintomas
na DM1 estão relacionadas ao tamanho da expansão:
Indivíduos normais têm de 5 a 34 repetições.
Os sintomas costumam aparecer em pacientes com 50+
As formas mais severas se manifestam em pacientes com 1000+
(Brook et al., 1992; Day and Ranum, 2005; Cho and Tapscott, 2007)
De acordo com a idade de acometimento:
Congenital (ao nascimento);
Childhood (1-10),
Early Adult (11-20),
Adult (entre 21-40),
Mild (depois dos 40 anos)
A idade de acometimento é inversamente relacionada ao número
de expansões e diretamente relacionada à severidade dos
sintomas.
(Koch et al., 1991)
6. A forma de acometimento em idade adulta (Adult Onset) é a mais
prevalente, aparecendo na 2ª ou 3ª década de vida, e é a forma
clínica típica da DM1. Os sintomas incluem degeneração muscular
levando a fraqueza e cansaço dos músculos faciais, do pescoço, e dos
músculos distais dos membros (mãos e pés).
A expectativa de vida é reduzida, e costumam falecer de pneumonia e
arritmias cardíaca.
A forma congênita (congenital) é a mais severa, sendo caracterizada
por hipotonia, respiratory distress no nascimento, assim como déficit
motor e cognitivo.
O progresso dos sintomas cardíacos da doença pode levar à repentina
e imprevista morte, portanto é importante identificar esse subgrupo e
tratar adequadamente
(Khalighi e Kodali, 2015)
7. Aspectos Genéticos
A DM1 resulta da expansão de um segmento de trinucleotídeos
(CTG) repetidos na 3’-UTR do gene DMPK, gene localizado em
19q13.3
(Brook et al.,1992; Caskey et al., 1992)
A DM2 é causada pela expansão de um tetranucleotídeo (CCTG)
no primeiro íntron do gene ZNF9/CNBP, no 3q21.
(Liquori CL., 2001)
As expansões de
CUG no mRNA
inibiam a tradução
da proteína DMPK,
Ratos knockout
para DMPK não
foram afetados.
Outra hipótese era que
presença das expansões
pudessem afetar a expressão de
genes adjacentes, como o SIX5,
Entretanto ratos knockout para
Six5 não exibiram nenhuma
patologia muscular
(Jansen et al., 1996; Berul et al., 1999) (Klesert et al., 2000)
8. Somente em 1997, descobriu-se que o mRNA mutado formava hairpin
loops estáveis que se agregavam na célula e que tinham afinidade
com proteínas reguladoras, causando sequestro e desregulação de
vários processos.
(Davis et al., 1997; Napierala and Krzyzosiak, 1997)
A superexpressão da repetições de CUG em ratos provaram a
hipótese de que o RNA tóxico era a base da fisiopatologia da doença
provocando miotonia, miopatia, acumulação de RNA tóxico e
sequestro de reguladoras, características encontradas em vários
paciente.
Hairpin Loops
MBNL
PKC
micRNA
CELF
9.
10. Ambas as proteínas desreguladas no processo são necessárias para a regulação do
splicing normal dos produtos de vários genes, incluindo alguns como CLCN1, BIN1, IR,
PKM e TNNT2, explicando grande parte dos achados semiológicos nos pacientes.
CLCN1
O splicing da transcrição do gene codificador dos canais de cloro (CLCN1) é dependente das proteínas
MBNL e CELF splicing do gene inclui exóns contendo códons de parada inviabilidade e
degradação dos RNAs miotonia
(Lueck et al., 2007)
IR
O splicing do RNA para os receptores de insulina também é regulado pelas proteínas envolvidas na
fisiopatologia da DMM. A CELF exclui do splicing o exon 11, produzindo um receptor com baixa atividade
quando comparado ao receptor produzido com a inclusão do exon (MBNL) Resistência Insulínica
(Kellerer et al., 1992)
BIN 1
Tem mecanismo semelhante à IR, a função da proteína é organizar os microtubulos e as miofibrilas
durante a contração Cansaço
(Fugier et al., 2011).
TNNT1
O gene para troponina T também passa por splicing coordenado pelas proteínas MBNL e,
principalmente CELF. Os mecanismos ainda não foram bem entendidos, mas a forma da
troponina presente em DM1 é mais sensível ao cálcio. arritmias.
(McAuliffe et al.,1990; Godt et al., 1993)
Essa descoberta tornou a DMM a primeira doença que envolve o ganho de função
de RNA tóxico em sua patologia.
11. Diagnóstico
Miotonia e Fraqueza dos músculos faciais e temporais são as
primeiras características a se manifestarem na DM. Degeneração
de músculos distais dos membros (pés e mãos) são outros
importantes achados.
Exames como a Eletromiografia também são utilizados, tendo um
achado característicos da doença “mergulho do bombardeiro”.
Eletrocardiogramas devem ser realizado frequentemente, para
avaliação do estado cardiológico.
PCR e Southern Blot são utilizados na identificação das mutações e
na extensão das repetições.
12. Terapias
O sequestro de MBNL corresponde a 80% dos missplicing e
consequentemente das apresentações fenotípicas super-
expressar MBNL1 através de infecção viral pode ser uma via de
ataque.
(Kanadia et al., 2006; Chamberlain and Ranum, 2012)
Reduzir os níveis de CELF é outra forma de combater os sintomas,
principalmente os musculares inibindo a via da PKC, e reduzindo
a fosforilação de CELF. Ratos knockout para CELF tiveram ainda
taxa de sobrevivência maiores.
(Wang et al., 2009)
Atacar diretamente o RNA toxico pode ser feito de duas maneiras:
degradando-o ou cobrindo os hairpinloopings com moléculas que
impeçam a ligação e consequente sequestro de MBNL.
(Furling et al., 2003)
13.
14. Premature senescence in primary muscle
cultures of myotonic dystrophy type 2 is not
associated with p16 induction.
L.V. Renna, R. Cardani, A. Botta, G. Rossi, B. Fossati, E. Costa, G. Meola
15. Introdução
Ainda não existe explicação para a atrofia e hipertrofia (em menor grau)
observado nos pacientes de DM, ou para as características histopatológicas da
doença, que incluem aumento do número de núcleos centrais e a presença de
fibras com nuclear clumps.
Músculos de pacientes com DM tem várias similaridades com o músculo de
pacientes sadios com idade superior, assim como a fraqueza muscular e atrofia
com capacidade regenerativa baixa.
A capacidade regenerativa está relacionada com as células satélites, que em
situação de injúria se ativam, proliferam e se fundem em miotubos para
regenerar o músculo.
A diminuição da capacidade proliferativa dessas células está relacionada na
DM1 com diminuição progressiva dos telômeros em cada divisão celular ou por
vias adicionais, como a via de stress p16, que também induz a senescência
prematura em mioblastos.
16. Objetivos
Elucidar se os mioblastos derivados de células satélites, obtidos de
músculo esquelético de pacientes com DM2 também exibem
senescência prematura como acontece na DM1.
Se as alterações no potencial de proliferação dessas células pode
contribuir para algumas das características clínicas e
histopatológica observados em DM2.
Que mecanismos estão envolvidos na perda da capacidade
proliferativa da DM2
17. Métodos
Biópsias do bíceps braquial de humanos portadores de DM1 (n=3) e DM2 (n=4) foram
feitas em condições estéreis.
Foram utilizados controles agematched (n=4) sem nenhum sinal de doença
neuromuscular.
Os diagnósticos de DM2 foram feitos por fluorescência in situ em secções de músculos
usando um (CAGG) probe, para verificar a presença de inclusões ribonucleares.
(Cardani et al.)
A genotipagem de DM1 e DM2 foi feita em DNA extraído de leucócitos do sangue
periférico.
Foram realizados testes de: Histopatologia e Imunohistoquímica, Cultura celular,
Capacidade proliferativa e Senescência, Capacidade Diferenciativa, Western Blot,
Imunofluorescência, Análise do comprimento de telômeros.
18. Resultados
Todos os pacientes avaliados no estudo mostraram aumento da
atrofia da fibra muscular, em particular um aumento da atrofia dos
dois tipos de fibra em pacientes com DM1 e aumento de atrofia da
fibra do tipo 2 em pacientes com DM2.
19. A capacidade proliferativa de mioblastos DM1 e DM2 estava
reduzida em 50% e 36%, respectivamente, quando comparada aos
controles. Foi observado também que os mioblastos doentes
tinham menos divisões que os controles.
20. Para avaliar os mecanismos que afetam a capacidade proliferativa
dessas células, avaliaram-se biomarcadores usualmente
reconhecidos em células senescentes (b galactosidase).
No início do experimento não foram detectados nenhuma célula
com atividade da bgal, entretanto, no final, o número de células
senescentes e portanto positivas para bgal aumentou
consideravelmente.
21. A expressão da proteína p16 foi analisada no começo e no final do
experimento para verificar se o mecanismo estava envolvido na
DM2 também.
Como era esperado, nos mioblasto com DM1 notou-se grande
expressão da proteína, entretanto os níveis de p16 na DM2 foram
similares aos do controle.